Imagem: Freepick |
E o leitor? O que fazer com ele? O que fizemos dele?
Este personagem parece que anda desaparecido. Na verdade, se considerarmos o celular como "leitura", mais do que nunca todas as pessoas leem. Mas, que tipo de leitura? Será que as pessoas conseguem ler de verdade, textos reflexivos, por exemplo? Ah, sabemos que é difícil. Pelos resultados dos vestibulares e ENEM, sabemos bem que a situação do "leitor" está complicada. Mal e mal consegue passar da superfície. Não consegue reelaborar o que leu e muito menos discutir com pertinência o que lhe foi oferecido.
Vira e mexe, aqui mesmo, ocorrem os ataques de leitores que leem com armas em riste, como se toda argumentação explicitada fosse uma cruzada pessoal contra sabe-se lá o quê. O texto só tem validade se corroborar as opiniões dele, leitor.
Têm leitores que veem no posicionamento do escritor um mero "falar mal" direcionado ou um "denegrir" gratuito. Leitores que não sabem sequer o contexto do que leem e a articulação disso com o que mais ocorre, inclusive com eles. Não sabem, por outro lado, se aproximar, conversar, trocar ideias, abordar um escritor (que, bem ou mal, conquistou este espaço) ou aproveitar o ensejo para colaborar de forma inteligente. Essas confusões são típicas de quem confunde autor com narrador, ator com personagem, de quem bate no ator na rua porque ele fez papel de machão na novela das oito.
A enome máquina da tecnologia de comunicação nos proporcionou conhecimentos infinitos, espaços antes inalcansável e tempo sem contar as horas do relógio. E o que o leitor faz com isso? Nada. Se a escrita tiver mais que três linhas, é cansativo demais e não vale a pena.
Quando foi que você leu um livro pela última vez? E que teor ele tinha? Conversou com alguém a respeito? Quando foi que você participou de uma reunião em que as pessoas discutem aspectos de uma ideia? Quando foi que escreveu algo provocado pelo que lia? E sua abordagem foi interessante? Iniciou um diálogo inteligente com alguém?
Tomara que sim. E tomara que aumentem as oportunidades que temos de
escrever, principalmente de escrever textos que merecem ser lidos e discutidos.
A recompensa do texto é ele encontrar leitores. A graça do autor é saber uma
resposta bem-disposta à provocação escrita e, quem sabe, conhecer outros
leitores capazes da autoria.
Ângela Rocha
(Adaptação de um texto do Rider's Digest. Lembra dele?)
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