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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

DIA DE TODOS OS SANTOS

 


O DIA DE TODOS OS SANTOS

 “A Cristo, nós O adoramos, porque Ele é o Filho de Deus; quanto aos mártires, nós os amamos como a discípulos e imitadores do Senhor; e isso é justo, por causa da sua devoção incomparável para com o seu Rei e Mestre. Assim nós possamos também ser seus companheiros e condiscípulos!”.  (Martyrum sancti Polycarpi 17, 3).

A Igreja Católica celebra a Festum Omnium Sanctorum (Festa de Todos os Santos) no dia 1° de novembro, que é seguido pelo dia dos Fiéis defuntos ou Finados, no dia 2 de novembro. Na prática cristã ocidental, a celebração litúrgica começa na véspera na noite de 31 de outubro (Véspera de Todos os Santos), e termina no final de 1° de novembro.

O dia de “Todos os Santos” foi instituído com o objetivo de suprir quaisquer faltas dos fiéis em recordar os santos nas celebrações das festas ao longo do ano. Esta tradição de fazer memória aos santos está na origem da composição do calendário litúrgico, em que constavam inicialmente as datas de aniversário da morte dos cristãos martirizados como testemunho pela sua fé, realizando-se nelas orações, missas e vigílias, habitualmente no mesmo local ou nas imediações de onde foram mortos. Posteriormente tornou-se habitual erguerem-se igrejas e basílicas dedicadas em sua memória nesses mesmos locais. 

O desenvolvimento da celebração conjunta de vários mártires, no mesmo dia e lugar, deveu-se ao fato do martírio de grupos inteiros de cristãos e também devido ao intercâmbio e partilha das festividades entre as dioceses e paróquias por onde tinham passado e se tornaram conhecidos. A partir da perseguição de Diocleciano o número de mártires era tão grande que se tornou impossível designar um dia do ano separado para cada um. O primeiro registro de um dia comum para a celebração de todos os santos, dá-se no século IV, em Antioquia, no domingo seguinte ao de Pentecostes, tradição que se mantém nas igrejas orientais. O sentido do martírio que os cristãos respeitam, alarga-se ao da entrega de toda a vida a Deus e assim a designação "todos os santos" visa celebrar conjuntamente todos os cristãos que se encontram na glória de Deus, tenham ou não sido proclamado santos.

Segundo o ensinamento da Igreja, a intenção catequética desta celebração que acontece em todo o mundo, ressalta o chamamento de Cristo a cada pessoa para segui-lo e ser santo, à imagem de Deus, a imagem em que foi originalmente criada e para a qual deve continuar a caminhar. Isto não só faz ver que existem santos vivos, não apenas os já martirizados e canonizados (e que cada pessoa o pode ser), mas, sobretudo faz entender que são inúmeros os potenciais santos que não são conhecidos, mas, que da mesma forma, igualmente veem Deus face a face, têm plena felicidade e intercedem por nós.  Segundo o John Henry Newman, canonizado pelo papa Francisco em 2019: “Não somos simplesmente pessoas imperfeitas em necessidade de melhoramentos, mas sim rebeldes pecadores que devem render-se, aceitando a vida com Deus, e realizar isso é a santidade aos olhos de Deus”. 

Segundo Catecismo da Igreja Católica, a Comunhão com os Santos: “Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do Povo de Deus.” (CIgC, 957).           

Em resumo a Igreja é Comunhão dos Santos: esta expressão designa, em primeiro lugar, as coisas santas e, antes de mais, a Eucaristia, pela qual é representada e se realiza a unidade dos fiéis que constituem um só Corpo em Cristo.  Este termo também designa a comunhão das pessoas santas em Cristo, que morreu por todos, de modo que o que cada um faz ou sofre por Cristo e em Cristo reverte em proveito de todos. (CIgC 946-948). 

Pela profissão de fé católica (Creio), nós cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja; e cremos que, nesta comunhão, o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre atento às nossas orações. (CIgC 960-962). 

História

A Igreja Católica define o Dia de Todos os Santos como uma festa em “honra a todos os santos, conhecidos e desconhecidos”. No fim do século II, os cristãos começaram a honrar os que haviam sido martirizados por causa da sua fé e, certos de que eles já estavam com Cristo no céu, oravam a eles para que intercedessem a seu favor. 

A comemoração regular começou quando, em 13 de maio de 609 ou 610, o Papa Bonifácio IV dedicou o Panteão (o templo romano em honra a todos os deuses) a Maria e a todos os mártires. Assim, os deuses romanos cederam seu lugar aos santos da religião católica. 

A data foi mudada para novembro quando o Papa Gregório III (731-741) dedicou uma capela em Roma a Todos os Santos e ordenou que eles fossem homenageados em 1° de novembro. Não se sabe ao certo por que ele fez isso, mas, pode ter sido porque já se comemorava um feriado parecido, na mesma data, na Inglaterra. A Enciclopédia da Religião afirma: O Samhain (festival pagão da mudança de ano) continuou a ser uma festa popular entre os povos  celtas durante todo o tempo da cristianização da Grã-Bretanha. A Igreja britânica tentou desviar esse interesse em costumes pagãos acrescentando uma comemoração cristã ao calendário, na mesma data. É possível que a comemoração britânica medieval do Dia de Todos os Santos tenha sido o ponto de partida para a popularização dessa festividade em toda a Igreja cristã. 

A Enciclopédia Católica americana afirma: “Os irlandeses costumavam reservar o primeiro dia do mês para as festividades importantes e, visto que 1.° de novembro era também o início do inverno para os celtas, seria uma data propícia para uma festa em homenagem a todos os santos.” Finalmente, em 835, o Papa gregório IV declarou-a uma festa universal. 

Relação com o Dia dos Mortos 

O feriado do Dia de Finados, no qual as pessoas rezam a fim de ajudar as almas no purgatório a obter a bem-aventurança celestial, teve sua data fixada em 2 de novembro durante o século XI pelos monges de Cluny, na França. Embora se afirmasse que o Dia de Finados era um dia santo católico, é óbvio que, na mente do povo, ainda havia muita confusão. A Nova Enciclopédia Católica afirma que “durante toda a Idade Média era popular a crença de que, nesse dia, as almas do purgatório podiam aparecer em forma de fogo fátuo, bruxa, sapo etc. 

Incapaz de desarraigar as crenças pagãs do coração do seu rebanho, a Igreja simplesmente as escondeu por trás de uma máscara “cristã”. Destacando esse fato, a Enciclopédia da Religião diz: “A festividade cristã, o Dia de Todos os Santos, é uma homenagem aos santos conhecidos e desconhecidos da religião cristã, assim como o Samhain lembrava as deidades celtas e lhes pagava tributo”. Todavia, mais que uma semelhança a festa de Todos os Santos celebra-se os santos conhecidos ou não que fizeram de sua vida uma oração, testemunho e fé na paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. São, como revela o livro do Apocalipse, a multidão de pessoas de várias nações que alvejaram as suas vestes brancas no sangue do Cordeiro e diante do trono de Deus proclamam hinos e cânticos de louvor e agradecimento dizendo que a salvação procede do Cordeiro (Ap 7, 2-14). 

Com o avançar do tempo, mais homens e mulheres se sucederam como exemplos de santidade e foram com estas honras reconhecidos e divulgados por todo o mundo. Inicialmente apenas mártires (com a inclusão de São João Batista), depressa se deu grande relevo a cristãos considerados heroicos nas suas virtudes, apesar de não terem sido mortos. O sentido do martírio que os cristãos respeitam alarga-se ao da entrega de toda a vida a Deus e, assim, a designação “todos os santos” visa a celebrar conjuntamente todos os cristãos que se encontram na glória de Deus, tenham ou não sido canonizados, para o apuramento da heroicidade de vida cristã de alguém aclamado pelo povo e através do qual se pode ser chamado universalmente de beato ou santo, e pelo qual se institui um dia e o tipo e lugar para as celebrações, normalmente com referência especial na missa. 

Oração a Todos os Santos 

Ó, Deus, Onipotente e Eterno, que pela força do teu Espírito Santo santificastes a vida de tantos fiéis que vos serviram ao longo de todos os tempos e em todos os lugares, testemunhando a vossa grandeza, amor e bondade, fazei que, pela poderosa intercessão de Todos os Santos, que vós bem conheceis, cheguemos nós também à graça da vida eterna junto de vós, na companhia de Vosso Santíssimo Filho Jesus Cristo, Nossa Senhora e Todos os Santos e Santas. Todos os Santos de Deus, rogai por nós. Amém.

 

FONTES:

Dia de todos os Santos. Pesquisa Google. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_de_Todos_os_Santos

HERBERMANN, Charles George (org.). Enciclopédia Católica. EUA: Robert Appleton Company, 1905.

JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica (CIgC). Edição típica vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.



 

 

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