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domingo, 5 de novembro de 2023

ABRIR MÃO... VOLTAR ATRÁS

Texto tão lindo, feito um buquê de flores...

Custa muito abrir mão… voltar atrás… Custa muito! MUITO mesmo! Lágrimas. Noites de insónia. Enjoos. Psiquiatra. Tribunal… ou, decidir percorrer um Caminho de MUDANÇA!!!

É que são tantas as coisas a que “tenho direito e tantos os “trastes” que não cansamos de chamar MEU! MEU! MEU!

E as pessoas? De quantas pessoas eu já me senti dona, com direito a guardá-las na minha mão fechada sem perceber que, quanto mais as agarro. mais elas vão escorregar da minha mão? Acaba sempre vindo um belo dia em que vão perceber que eu estou lhes roubando a possibilidade de SER e, lá vão elasas “mal-agradecidas”! E “eu que lhes dei tanto”, e “eu que tanto as ajudei” (S[o falta falar como quem compra! Quantas? Nem os dedos das mãos dão conta. E a você? Amigos… Irmãos… Filhos … Amados?

Mas, algumas vezes já, também me senti apanhada, presa em nome do "amor", da "amizade", da "comunhão", da "paz" (nós temos o vício de abusar das palavras!). Quando dei por mim, quando descobri que estava a ser sugada, zarpei para outras águas.

Penso que uma das grandes (A)venturas da nossa Vida é nos educarmos para deixar que as pessoas pousem nas nossas mãos bem abertas. E todos os dias olhar para elas para ver se a tentação de fechá-las foi mais forte que a consciência dela.

AMAR BEM é amar com leveza. AMAR BEM é deixar que o outro possa pousar e repousar,  já que é esse o jeito do Espírito do Amor, do Espírito Santo do nosso Deus.

Só esse jeito de Amar nos pode vestir e assentar como uma luva, para que aqueles que amamos se FAÇAM BEM, se FAÇAM segundo a Liberdade! Que é uma fonte inesgotável de delicadeza, de criatividade, um horizonte imenso de possibilidades e descobertas, um Mistério no qual se nos vai desvelando o Amor Todo-poderoso do nosso Deus, que tudo faz para que cada um de nós SEJA o que É, aquilo que está chamado a SER: Inteiro! SALVO!

É em Liberdade que vamos nos fazendo, uns aos outros, artesãos de Comunhão. Construtores do Novo. Naturalmente. De tal modo que o Silêncio, as Palavras e os Gestos acabam por falar sempre de Humanidade, aconteçam eles no meio das nossas fragilidades, das mais dolorosas experiências de impotência ou das maiores alegrias. Também na doença. Também na Morte.

Porque, sempre que tocamos o mais fundo e o mais definitivo da Vida é TEMPO de SER. Porque é lá, onde a Vida grita, geme ou ri, lá onde estamos nus, que percebemos o quê e quem guardámos na nossa mão fechada. E, também é lá que percebemos que guardar coisas empobrece-nos e, guardar pessoas deixa-nos sozinhos.

Sinto que hoje pode ser um primeiro dia, dia de empurrar para bem longe de nós todos os amores que prendem, porque fazem de nós anões porque se tornam empecilho ao Crescimento. Amor que prende, pede ou espera retribuição, cria culpas sem sentido e está condenado a azedar. Não tem futuro. A Gratidão chega quando não se espera nem se procura. Vem SEMPRE por acréscimo, a regurgitar de Graça.

Sinto que ainda vou aprender a AMAR largando, voltando atrás… a tempo de poder ser participante na FELICIDADE de um Deus que Cria mas diferencia para unir, na pluralidade e na riqueza dos Dons que o Seu Espírito suscita em nós.

O Amor que diferencia, aprende a dar um passo atrás para VER MELHOR o outro e poder dizer, encantado: Tão ELE! Tão ELA! Tão BOM! Tão BELO!


Glória Marques - CER - Braga, Portugal



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