A internet é um ótimo ambiente
também para a vivência da fé. Ela reduz
tempo, encurta espaços, enfim, gera um novo ambiente antropológico e também
eclesial. O telefone celular já faz parte da vida de mais de 85% da população
brasileira. E isso inclui muitas crianças e jovens. Por isso, proibir o
uso do celular pode criar um grande abismo entre a catequese e a vida dos
catequizandos.
Sem contar que o celular pode
se tornar um instrumento muito rico para exposição de algum tema ou conteúdo. A
grande maioria dos smartphones atuais, possui inúmeros recursos que podem ser
utilizados: câmeras, gravador de voz, mapas, além de, é claro, o acesso à
internet. Estar conectado durante um encontro não necessariamente significa
distração e perda de foco, pode ser uma maneira de “pesquisar”, coletar dados,
conhecer outras fontes e inteirar-se de assuntos atuais em tempo real. O
catequizando acaba se tornando o protagonista do próprio
aprendizado/conhecimento.
Há diferenças entre virtual e
real? Podemos dizer que não há diferenças porque as redes sociais são fruto da
interação humana, faz parte do dia a dia das pessoas. O uso do celular nos
encontros de catequese, precisa deixar de ser um “vilão” para tornar-se parte
das “ferramentas” de comunicação e interação entre catequizandos e catequista.
A catequese precisa rever sua
missão para não se tornar uma vivência fora do tempo, da moda ou de uso, em
relação à realidade dos catequizandos, tanto no mundo presencial (off-line)
quanto no mundo digital (online), constituído e habitado por seres reais, que
interagem e crescem a partir de suas próprias experiências. Em ambas as
situações o que se busca é a relação com o outro. Quanto mais próximos,
fraternos, solidários, caridosos e respeitosos com os outros nós formos, mais
perto de Deus estaremos e isso é possível também no ambiente digital.
“Os catequistas podem
contar, hoje, com novos recursos para a educação da fé, oferecidos pelos
suportes midiáticos tradicionais (Catecismos, livros, folhetos e áudio visuais
e digitais). Os materiais audiovisuais, as produções musicais, cinematográficas
e televisivas, os sites, blogs e as redes de relacionamentos, com conteúdo
culturais e religiosos, apresentam-se dessa forma, como preciosos recursos para
os catequistas e catequizandos”. (DC, nº 73)
Os catequistas devem conhecer
as ferramentas midiáticas e dar testemunho do bom uso dos meios de comunicação
para que eles não substituam a relação interpessoal e não sejam contraditórios
à mensagem do Evangelho.
Obviamente, o uso de celular
em um encontro de catequese sem nenhuma estratégia ou tipo de controle não é,
absolutamente, recomendado. O ideal é que o catequista consiga desenvolver
práticas catequéticas que insiram o celular de maneira lúdica e voltada para o
estímulo da curiosidade da criança ou jovem. Há momentos e momentos para
utilizar dispositivos móveis durante os encontros. E é importante que os
catequizandos tenham consciência e respeitem esta determinação.
A cultura do encontro não pode
ser substituída, mas pode aliar-se as novas tecnologias. Nada substitui o olhar
um para o outro, o abraço, um bom dia, mas mais do que isso é preciso levar o
catequizando a ter intimidade e comunhão com Jesus, pois Ele é quem nos leva ao
Pai por intermédio do Espirito Santo. Também, no ambiente digital, podemos
ajudar na propagação a boa nova.
Algumas dicas podem nos ajudar
a explorar este mundo digital:
• Não oferecer respostas
prontas, mas provocar discussões, interação e troca de experiências, os jovens
vão encontrando as respostas. O catequista é um guia para não haver desvios,
mas precisa de compreensão para os resultados nem sempre favoráveis.
• Os adolescentes são impacientes
e multitarefa. Por isso é preciso propor ações práticas e diversificadas que os
próprios catequizandos podem oferecer ao grupo.
• Valorizar o que
eles valorizam! Neste caso a internet.
• Nas redes sociais
eles costumam prolongar as relações que começam no mundo real. Nunca é demais
dizer que a catequese tem que criar laços entre catequistas e catequizandos. E
a internet pode fomentar isto.
• Muitas vezes
reclamamos do pouco tempo de catequese que temos por semana com os
catequizandos. A internet é uma possibilidade de ampliar este espaço. Um erro
comum é tentar transpor a linguagem do mundo real para a internet. A internet
tem seu jeito próprio de comunicar e devemos explorar isto. Geralmente é uma
linguagem objetiva, curta, audiovisual, lúdica e emotiva.
• Propor vídeos,
frases reflexivas, poesias, músicas, imagens, fóruns de discussões nas redes
sociais. Sempre com bom gosto. Achar que colocar uma imagem de Jesus
ensanguentado na cruz é catequética pode, pelo contrário, trazer aversão.
• Ser presença amiga nas redes.
Afastar a tentação de ser fiscal, com posições moralistas, mas, dialogar
carinhosamente e questionar certas posturas e opiniões.
• Pode-se marcar
encontros na rede para alguma determinada tarefa ou discussão. Mas cuidado! Se
algum catequizando não tiver acesso à internet isso poderá causar sentimento de
exclusão. Ver com o grupo como incluir todos e tornar participativo este
momento.
• Muitas vezes na
catequese não temos tempo de amarrar tudo que surge nos bate papos. Certos
pontos podem ser aprofundados com o grupo pela internet. Ou mesmo propor que
façam vídeos com conclusões dos encontros e postem para que todos vejam.
• Criar uma página
do grupo. Onde eles postem livremente ou sob orientação do catequista diversas
coisas que sintonizem com a motivação do grupo. Pode-se inclusive, através
desta página, começar parte do tema do encontro.
• Ajudar o jovem
crismando a ter senso crítico, principalmente em relação aos conteúdos que
encontram na rede. Estes conteúdos podem inclusive ser fonte de discussão na
catequese se certas coisas que aparecem na rede estão de acordo com a mensagem
cristã.
CATEQUESE CRISMAL VOLUME II
Nenhum comentário:
Postar um comentário