1. Tempo. Trata-se de um tempo litúrgico, mas, que se refere ao tempo histórico, a promessa e a preparação da vinda do Messias, o rei da sabedoria, da retidão, da justiça. Em nosso tempo há sinais de Deus. O que Deus está dizendo para nós hoje? No hoje, no agora, no instante que vivemos construímos a história e recebemos a graça da salvação.
2. Esperança. O Advento é carregado de esperança,
porque as espadas se transformarão em arados, as lanças em foices, o deserto em
fonte, a estepe em jardim, o luto em festa. O leopardo e o cabrito, o bezerro e
o leão, a vaca e o urso, a criança e a cobra, o menino e a serpente estarão
juntos. Um não fará mal ao outro.
3. Vigilância. Estar atentos,
antenados, conectados com Deus é necessário, porque ele vem no Natal, no fim
dos tempos e no cotidiano. Ele vem curar a ferida, libertar das cadeias, trazer
a salvação. A vinda, a chegada de Deus deve ser bem preparada. Estai
preparados, alertou Jesus.
4. Justiça
e direito.
Estes são o fundamento do reino do Messias. Os olhos dos cegos se abrirão, o
coxo andará, o mudo falará, o fraco terá vigor, justiça e paz habitarão na
terra. Os pobres rejubilarão. Os humildes se alegrarão. O prepotente, o
malfeitor, o trapaceiro, cairão. As mãos enfraquecidas se fortalecerão. Os
joelhos fracos se firmarão. Os deprimidos criarão ânimo. O orgulhoso lamberá o
chão, mas, o pobre caminhará sobre os escombros.
5. Deserto. No deserto há
silêncio, meditação e ao mesmo tempo se ouve a voz e o grito dos profetas.
Silêncio e profecia são inseparáveis. O grito que vem do deserto consiste em
endireitar os caminhos tortuosos, abrir as portas ao Deus que vem, abandonar
orgias, bebedeiras, brigas, rivalidades. Entrar em oração para alcançar a
conversão, e assim viver na alegria e na paz. Escutar a Palavra e permitir que
ela transforme nossas vidas.
6. Preparação. Preparai os corações
para a chegada do Senhor. Despertai, porque a noite vai avançando e o dia vem.
A melhor preparação é uma boa confissão que nos santifica. Despertai, abandonai
as trevas, andai na luz. Ficai atentos, pois, revestido de nossa fragilidade
Jesus nasceu em Belém, mas, revestido de sua gloria ele virá uma segunda vez.
Que ele nos encontre em oração e na prática do amor fraterno. Estes são
conselhos e admoestações próprias do Advento.
7. Genealogia. Surgirá uma planta,
uma flor da descendência de Davi. A genealogia culmina com a gravidez de Maria,
por obra do Espírito Santo. Até a esterilidade é vencida. Sansão, João Batista,
nascem de pais estéreis. Deus fecunda nossa esterilidade espiritual e
psicológica. O Advento nos convida a valorizar a vida, a gravidez, a respeitar
o embrião. Na terra deve germinar a justiça e o louvor. Lembremos de nossa
genealogia, nossa historia cuja origem é o amor de Deus.
8. Caminho. Endireitar os
caminhos tortuosos, andar na estrada e na direção certa, não se perder pelo
caminho, saber retornar à direção correta, alcançar o alvo, ter bússola que nos
guia, é um apelo da espiritualidade do Advento. Aplainar a estrada, nivelar os
vales, baixar os montes é necessário porque somos como feno, como a flor do
campo que seca, murcha e morre. O que permanece é a Palavra de Deus que indica
Jesus como caminho, verdade, vida. A mão de Deus nos conduz pelo caminho, que
ele mesmo dispôs para nós.
9. Vinda. Deus vem e por isso desce, chega, visita-nos,
faz moradia entre nós, mora dentro de nós. Fazemos no Advento a experiência do
encontro, da presença, do diálogo, da amizade, da proximidade de Deus. Somos
também convidados a sair de nós mesmos, estar em constante êxodo na direção dos
irmãos e das periferias, como visitadores e peregrinos.
10. Novena. Participemos das
novenas de preparação para o Natal. Transformemos nossas ruas, edifícios,
condomínios em uma família. A novena nos evangeliza e oportuniza encontros e
novas amizades. Sentiremos a alegria da comunhão, da participação, da
convivência. A novena pode transformar-se numa nova comunidade, num grupo
bíblico de reflexão. Deixemo-nos cativar pela esperança do profeta Isaias, pelo
chamado à conversão de João Batista, pela resposta de fé de Maria, pelo Menino
que vai nascer, pelo silêncio e obediência de José, que são os personagens
centrais do Advento.
Não sejamos escravos nem vitimas da
correria, do stress, do mercado, do consumismo. A novena nos oferece reflexão,
paz, confraternização, partilha da vida. Seja nosso grupo de novena o presépio
vivo de Jesus. Nosso foco é o Menino Jesus nosso Salvador, não Papai Noel, o
sedutor.
Preparemos em nossas casas um presépio
cristão, o qual simboliza amor de Deus, de reconciliação entre Deus, o homem,
os anjos e a natureza. Que escola de fé e de amor é o presépio. Ali, aprendemos
todas as ciências. Ali está o primeiro altar de Jesus, pobre, humilde, humano.
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina
Folha de Londrina, 07 de dezembro de 2013.
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