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sábado, 25 de junho de 2016

HOMILIA - 13º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C


"Te seguirei por onde quer que vás"
Mesmo sabendo que em alguns países este domingo se celebra a festa de São Pedro e São Paulo (para dar maior possibilidade do fieis participarem na celebração), creio que a maioria dos países celebra esta festa no dia 29 de junho, por isso faremos a nossa reflexão sobre o evangelho de domingo. No entanto aproveitamos a oportunidade para pedir a todos de fazer uma oração ao Pai celestial, pelo sucessor de Pedro, o nosso Papa Bento XVI, para que Deus o ilumine e abençoe o seu ministério.

A eucaristia deste domingo nos leva a refletir e rezar sobre nossa relação com Jesus Cristo: como somos diante dele - indiferentes, simpatizantes, aproveitadores, admiradores ou seus seguidores.

Para muitos, Jesus não conta nada, não importa o que tenha dito ou feito. Para outros, algumas de suas palavras podem parecer interessantes, e até é bonito levar a cruz no peito, ou participar eventualmente de uma celebração.

Outros ainda são interessados no título de cristão. Correm atrás de vantagens políticas ou sociais por serem amigos de sacerdotes, ou por terem uma foto tirada ao lado bispo, ou do Papa, ou ainda por terem dado generosas esmolas. Contudo, quanto a Jesus e suas propostas, pensam que são coisas do passado. Outros estão somente interessados em algum milagre, ou em sair de um problema.

Não faltam também os admiradores. Aqueles que até se emocionam e choram durante uma Via Sacra. Mas que não conseguem sair do sentimentalismo para assumir, na vida concreta, um modo novo de agir.

A proposta de Jesus vai muito além disso. Jesus desafia: "segue-me". Seguir uma pessoa significa colocar-se no seu próprio caminho. Acompanhar os seus passos. Não é um fato intelectual, é vivencial. Não basta estudar e conhecer o que fez, é muito mais, é repetir no concreto da vida cotidiana a sua ação. (Certamente é fundamental conhecer, mas não se pode parar aí, seria inútil).

Não posso dizer que estou seguindo uma pessoa, quando o meu percurso é outro, quando meus passos vão em outra direção.Há uma diferença muito grande entre seguir a Cristo e levá-lo comigo em MEU caminho. Penso que muitos de nós confundimos isto. Não é muito difícil encontrar pessoas disponíveis a levar Jesus consigo. Elas querem que Jesus esteja em seus planos, suas ocupações, seu mundo, mas nem pensam na possibilidade de mudar estes planos ou esta vida. É Jesus quem tem que se adaptar.

Temos uma forte resistência a levar uma vida de seguimento. Esta resistência não é gratuita. O próprio Evangelho nos fala das dificuldades que comporta o seguir a Cristo.

Em primeiro lugar, o Evangelho deste domingo nos fala das dificuldades que Jesus sabia que enfrentaria e ainda assim decidiu caminhar "resolutamente" para Jerusalém. Ele sabia que caminhava em direção da ressurreição, mas sabia também que teria que passar pela cruz. Jesus sabia que o rumo que estava tomando não era o da boa vida, dos aplausos e dos prazeres. Mas ele caminhava "resolutamente". Também seus seguidores devem, descobrindo as suas motivações, tomar o mesmo caminho, o mesmo rumo. É sinal de maturidade assumir as dores do caminho, quando se tem claro aonde se chegar.

Em segundo lugar, o Evangelho nos alerta para a experiência da rejeição. Os samaritanos não quiseram receber Jesus porque ele ia para Jerusalém. Também a nós, muitos rejeitarão quando souberem que estamos indo para "Jerusalém" (quando souberem que queremos ser cristãos de verdade e não somente nas aparências e nas palavras). Contudo, é muito interessante as reações que surgem diante das rejeições. Alguns discípulos disseram a Jesus: "quereis que mandemos descer fogo dos céus para consumir os samaritanos? Mas Jesus os repreendeu". Seguramente também nós teremos a mesma tentação de destruir nossos oponentes. Quantas vezes fazemos "descer fogo do céu" com nossas palavras, gestos, desejos e vinganças. Porém, se somos seguidores de Jesus, estas coisas não são boas. Diante das oposições ou rejeições, devemos continuar em frente no nosso caminhar.

Em terceiro lugar Jesus nos previne que segui-lo não significa ter tudo a mão. Pelo contrário, muitas vezes nos faltará até mesmo as comodidades básicas ("o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça"). Aquele que segue deve estar disposto a correr o risco de que faltem até mesmo as coisas que nos parecem muito importantes, porém que depois descobriremos que não eram tão necessárias e que pudemos passar sem elas.

Em quarto lugar, a experiência do seguimento implica sempre em deixar algo. Seguir é movimento e quando alguém se move, na medida em que avança, deixa outras coisas para trás. É impossível mover-se sem deixar algo para trás. Muitos passam a vida estáticos, por terem medo de despedir-se, de deixar. Jesus nos desafia: "deixa que os mortos enterrem os mortos".
Em quinto lugar Jesus nos fala da direção a ser vislumbrada. Quem o segue deve ter os olhos postos Nele, pois só assim não perderá o caminho. Quem caminha olhando para traz, perde o rumo. ("Todo o que põe a mão no arado e olha para trás, não serve para o Reino de Deus"). O passado não é capaz de indicar o rumo ou uma direção. Nos faz apenas girar em torno de nós mesmos até que nos vença o cansaço. Contudo, não só o passado nos atrapalha, mas também é importante ter a consciência que a paisagem dos lados pode ser uma tentação e pode nos fazer perder o equilíbrio e cair, ou mesmo tirar-nos do caminho. Podemos dizer ainda, que fechar os olhos não é próprio de quem segue. Olhar para frente, quando estamos indo atrás de Jesus, significa vê-lo constantemente, e esta é a única garantia de que chegaremos a ser como Ele: pessoas plenas, realizadas e felizes.

Oh Jesus, dai-nos a graça de fazer uma verdadeira experiência de seguimento.
 
O Senhor te abençoe e te guarde
O Senhor te faça brilhar o seu rosto e tenha misericordia de ti.
O Senhor volva seu olhar carinhoso e te de a PAZ.

Frei Mariosvaldo Florentino, Capuchinho.

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