1.
Origem e formação do Livro dos Salmos.
Na
origem de cada salmo está um salmista, um poeta, um a pessoa. Na origem do
livro dos Salmos está uma comunidade, um povo. O povo se reconhecia nos salmos,
pois eram a expressão da sua fé, esperança e amor. Por isso os cantava,
selecionava e guardava na memória. Assim chegou ao Livro dos Salmos. Foi um
processo longo, muito semelhante ao que acontece hoje na formação dos Livros de
canto usados na catequese e na evangelização de nossas comunidades.
O Livro dos Salmos visto bem
de perto, parece uma colcha de retalho. Os retalhos vêm de coleções que já
existiam antes do livro.
Um simples levantamento dos títulos oferece o
seguinte quadro geral:
1.
Salmos 3 a 41 -------------- de Davi
(menos o 33)
2.
Salmos 42 a 49 -------------- dos
filhos de Coré
3.
Salmos 51 a 65 -------------- de Davi
4.
Salmos 68 a 70 -------------- De Davi
5.
Salmos 73 a 83 ------------- de Asaf
6.
Salmos 84 a 88 ------------ dos
filhos de Coré (menos o salmo 86)
7.
Salmos 105 a 107 ----------- começam
com aleluia
8.
Salmos 111 a 118 ---------- Começam
com aleluia (menos o Sl 115)
9.
Salmos 120 a 134 ---------- Cânticos
de subida
10.
Salmos 146 a 150 ---------- Começam
com aleluia.
Este
quadro mostra que antes do Livro dos salmos, havia várias Coleções de salmos:
algumas atribuídas a determinados autores: Davi, Filhos de Coré e Asaf, outras
feitas em determinadas ocasiões e solenidades. Isso explica certas repetições.
Por exemplo, o salmo 14 se repete no 53. Os dois são atribuídos a Davi, mas de
coleções diferentes. O Salmo 70 se repete nos versículos 14 a 18 do Sl 40. Aqui também,
os dois são de Davi, mas de coleções diferentes. Na edição final do Livro dos
Salmos, as coleções menores foram reunidas na grande coleção dos 150 Salmos. Se
o livro dos Salmos fosse uma única de um único autor, não haveria tais
repetições. Os hebreus deram à inteira coleção o título de Tehillim (louvores),
privilegiando o hino ou louvor, embora as súplicas sejam mais numerosas. Na
verdade, a Bíblia hebraica atribui 73 salmos a Davi.
A
tradução grega, do século III a. C., atribui a ele 82 salmos. No tempo de Jesus
atribuíam todos os salmos a Davi (cf Lc 20, 42). Por que os salmos são
atribuídos a Davi? Desde o rei Josias (640-609) e, sobretudo depois do Exílio
(586-538). Davi tornou-se um expressão da esperança do povo. Isto aconteceu
muito provavelmente, sob a influência dos sacerdotes do Templo de Jerusalém. O
povo esperava um novo Davi para estabelecer o direito e a justiça dos pobres
(Sal 72, 1-2; 78, 70; 8, 4. 21; 132, 1.10.17; 144, 10). Por isso que os Livro
das Crônicas, escrito depois do Exílio,
omite os pecados de Davi e o apresenta como um homem santo e perfeito.
2.
Gênero Literários dos Salmos
Hoje é
comum a classificação dos salmos por Gêneros Literários. O gênero é definido
pelo tema, desenvolvimento, recursos formais e pela situação em que nasce ou
para qual foi composto. Do ponto de vista literário e estilístico, os salmos
distinguem-se em três grandes Gêneros: HINOS- SÚPLICAS E AÇÃO de GRAÇA.
A) Hinos: Sua composição é bastante uniforme.
Todos começam por uma exaltação de louvor a Deus. O corpo do hino descreve os
motivos deste louvor, os prodígios realizados por Deus na natureza,
especialmente sua obra criadora na história
- Salmos:
8; 19; 33; 46; 48; 76; 84; 87; 93; 96; 97; 98; 99; 100; 103; 104; 105; 106;
113; 114; 117; 122; 135; 136; 143; ; 144; 145; 146-150.
B) Súplicas: As súplicas começam sempre com uma
invocação, acompanhada de pedido de socorro, de prece ou de expressão de
confiança. São classificados em súplicas coletivas e súplicas individuais.
Estas preces suplicantes são particularmente numerosas e seu conteúdo é muito
variado.
- Súplicas Coletivas: Salmos: 12; 44; 60; 74; 78; 79; 80;
83; 85; 105; 106; 123; 129; 137.
- Súplicas Individuais: Salmos: 3; 5; 6; 7; 13; 17; 22;
25; 26; 28; 31; 35; 38; 42; 43; 51; 54; 55; 56; 57; 59; 63; 64; 69; 70; 71; 77;
86; 102; 120; 130; 140; 141; 142; 143.
C) Ação de Graças: São salmos de agradecimentos a Deus.
A estrutura literária destes salmos é semelhante a dos hinos.
- Ação de graças: Salmos: 18; 21; 30; 33; 40; 65;
66; 67; 68; 92; 116; 118; 124; 129; 138; 144; 14 8; 149; 150.
Há outros salmos chamados de Cânticos régios, ou seja, são oráculos em favor do Rei.
- Salmos: 2; 16; 18; 20; 28; 43; 61; 63; 72; 101; 110; 132;
144.
3.
Os Salmos e a Catequese
Os
salmos são de um profundo conteúdo catequético. É o lado orante da caminhada do
povo de Deus. É uma amostra da oração que brota de um coração desejoso de Deus;
provoca a criatividade e leva os catequizandos a fazer seu próprio salmo;
alimenta a esperança. Os salmos são de um valor inestimável para na vida do
cristão. Deve ser amplamente explorado na catequese por causa de sua riqueza
incomparável. Na catequese, seu uso é indispensável para ensinar a rezar, pois
eles:
v
Vem carregado de
experiência da vida de um povo;
v
Ensinam-nos a
rezar com e a partir da vida;
v
Levam-nos à
descoberta do sentido comunitário da oração;
v
Corrigem nossa
oração instintiva, exclusiva ou quase exclusivamente de repetição de outras
orações;
v
Colocam-nos à
escuta de Deus que nos fala pela sua Palavra;
v
Estimulam-nos na
oração centrada no amor;
v
Conserva a
memória do povo, pois lembra os fatos importantes da história;
v
Educa o povo na
escuta dos apelos de Deus, pois traz os grandes apelos dos profetas e dos
sábios;
v
Reforça a fé,
pois convida para um contato mais íntimo com Deus;
v
Anima a
caminhada, pois aprofunda o compromisso da Aliança.
Na
catequese, convém usá-los com muito zelo apostólico e catequético. Apresentar
de maneira simples considerando a realidade de cada interlocutor. Para que o
catequista use com proveito os salmos na catequese deve, ele, em primeiro
lugar, ter o gosto pela oração através dos salmos. Familiarizar com a Bíblia,
criar gosto e hábito de oração através com a Bíblia. Ter gosto de ler
diariamente as Sagradas Escrituras, como fonte e alimento da nossa mística
cristã.
Texto organizado por
Ir. Maria Aparecida Barboza
Teóloga e Doutoranda em Teologia Bíblica
pela PUC- RIO
Fontes
pesquisadas
1-
Sagradas
Escrituras: Tradução Jerusalém e CNBB;
2-
KUISNR, Maria da
C; BAGUINSKI, Thereza. A Bíblia fonte da
Catequese e do Ensino Religioso.Vozes, 1998;
3-
SICRE, José
Luis. Introdução ao Antigo Testamento.
Vozes, 1999.
4-
CONFERÊNCIA DOS
RELIGIOSOS DO BRASIL. Sabedoria e poesia
do povo de Deus. Coleção Tua Palavra é vida, Loyola, 1993.
Nenhum comentário:
Postar um comentário