Homilia da Festa do Batismo do
Senhor – A
João Batista batizava para o perdão dos pecados, visando
preparar a todos para a vinda do messias. O Evangelho de Mateus manifesta a
surpresa do Batista que não aceita dispor do rito ao próprio Jesus. Se alguém
tinha que batizar ali era o Messias. Então, por que Jesus foi batizado?
Jesus se deixou batizar para se tornar solidário aos
pecadores. Mesmo sem pecado, Jesus deseja estar no meio dos pecadores. O Senhor
quis descer para resgatar a todos: o caminho da salvação é o rebaixar-se e
encontrar o caído onde ele está.
Jesus se deixou batizar “para cumprir toda a justiça”: para
que o Plano da Salvação se cumpra. Ele veio para realizar a vontade do Pai,
para cumprir as profecias. Cumprir a justiça, para Jesus, é doar a vida a
todos.
Jesus se deixou batizar para que o Espírito marcasse o
início de sua missão. O Batismo de Jesus é marcado por um sinal de manifestação
de Deus que o declara o “filho amado”. A ação do Espírito faz dele o “ungido”
do Pai: é o Cristo (=Messias, ungido, enviado), aquele que recebeu a missão de
entregar-se pela humanidade. “Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o
Espírito e com poder. Ele andou por toda a parte fazendo o bem e curando...”
(At 10,38).
O Batismo cristão, mais do que lavar a sujeira do pecado, é
o sacramento que nos faz participar da mesma unção do Cristo. Somos também
selados pelo mesmo Espírito. Desde o Batismo recebemos o nome de cristãos
(=enviados, ungidos). Também o termo crismar
é semelhante ao termo Cristo, e
também significa ungido e enviado. Nossa vida cristã é uma identificação com a
missão de Jesus Cristo, este é o grande significado do Batismo que precisamos
ressaltar.
A missão do Messias e de todos nós é resumida por Isaías:
“ser luz das nações, abrir os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão,
livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,7). Esta missão não é
realizada pela força. A imposição fundamentalista que obriga, oprime, sufoca e
exige não está nos planos de Deus. O servo anunciado pelo profeta Isaías é tão
suave e manso que não quebra a cana que
está quase rompendo, nem apaga a
chama que quase se apaga. Sua voz não é uma gritaria pelas ruas, mas é
marcada pela ternura.
Que neste dia, seja renovada a nossa unção de filhos e
filhas de Deus. Que possamos ser luz para o mundo, orientação para os que
precisam de um caminho seguro e promotores da liberdade para todos os que residem
na escravidão. Que nossa ação no mundo se realize pela mansidão e ternura, tão
necessárias no mundo do ódio e da intolerância.
Pe. Roberto Nentwig
Arquidiocese de Curitiba
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