A terminologia Páscoa
surgiu do hebraico Pessach (passagem), que para o povo hebreu, lembra o
fim da escravidão e o início da liberdade. Para os cristãos a Páscoa é a
passagem de Cristo, da morte para a vida, ou seja, a Ressurreição. É
considerada na Igreja católica, a festa das festas, a solenidade maior que
celebra a vida, a comunhão de Deus com os homens e, a esperança do reencontro.
Todos os anos trabalhamos
na catequese, a temática da Páscoa, dando uma ênfase especial aos símbolos que
a representam: o Pão e o Vinho, as Velas, o Círio Pascal, as vestes brancas, o
cordeiro, a Cruz... Lembramos o Domingo de Ramos, a Paixão de Cristo, a benção
dos santos óleos, a benção da água e do fogo e o domingo da Ressurreição do
Senhor. Tentamos tocar o coração das crianças para lembrar o que essa data
representa para nós, cristãos.
No entanto, às vezes nos
sentimos um pouco frustrados com relação à lembrança que a palavra Páscoa traz
às crianças. A Festa da Ressurreição perde sua importância para o Theobroma
Cacau, o “néctar dos deuses” para os gregos: o chocolate. Tomando a
forma de ovos e coelhos, que representam respectivamente a força da vida e a
fecundidade, ele tomou o lugar daquela que seria a Festa da Vida.
As crianças já nem
lembram mais que Jesus ressuscitou no Domingo de Páscoa. Elas querem chocolate:
Ovo da Barbie, Heelo Kitty, Ben 10, Trakinas, Pucca, Batman, meninas
super-poderosas... São tantos nomes e temas que é praticamente impossível à
criança escolher. Melhor nem levá-las ao supermercado, corre-se o risco de sair
falido dali...
Mas de onde vem essa tradição?
Começou com os povos antigos, que costumavam
presentear os amigos com ovos. Os chineses costumavam distribuir ovos coloridos
entre amigos, na primavera, lembrando à renovação da vida. Os cristãos
foram os primeiros a dar ovos coloridos na Páscoa simbolizando o nascimento
para uma nova vida e a ressurreição de Jesus Cristo. Os ovos eram mais um
presente decorativo.
Lembro de quando criança, nossos vizinhos ucranianos
presentearem as crianças com ovos pintados à mão, recheados de amendoim
açucarado. A substituição dos ovos cozidos e pintados à mão por ovos de
chocolate, pode ser justificada pela abstinência no consumo de alguns alimentos
de origem animal por alguns cristãos durante a quaresma. A indústria do
chocolate viu aí uma grande oportunidade de colocar definitivamente o produto
no mercado.
E os ovos de chocolate viraram o símbolo maior da
Páscoa. Não se concebe mais Páscoa sem chocolate. E vemos, a cada ano que passa,
embalagens mais sofisticadas e chamativas. Temos até ovos quadrados. São
cestas, coelhos, cenouras, ovos de todos e tipos e tamanhos. Chocolate com
todas as misturas possíveis. Corredores e corredores apinhados de guloseimas.
E novamente vemos uma data que deveria ser de
alegria, festa, oração, partilha e encontro, corrompidos pelo poder do
consumismo. Já não lembramos mais de, na manhã do domingo, visitar o sepulcro e
nos alegrarmos por vê-lo vazio, porque Jesus Ressuscitou. Acordamos e vamos ver
o que o “Coelhinho da Páscoa” trouxe para nós: quantos e de que tamanho, são os
ovos que ganhamos, se Lacta, Garoto, Nestlé, Arcor, Kinder, Ferrero Rouché...
A gente também nem lembra, que aí pelo mundo afora,
existem crianças que sequer sabem o gosto que o chocolate tem.
Ângela Rocha
Catequista
Catequista
3ª
Etapa - Eucaristia
Um comentário:
Estou sozinha, onde atuo como Catequista, no sentido de promover as figuras dos símbolos pascais acompanhadas de trovinhas, as quais resumi o mais possível para que crianças as proclamassem no fim da missa da Páscoa. E serão usadas apenas 3 (do Cordeiro Pascal, Ovo da Páscoa e Coelhinha).
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