Isso,
no entanto, não é bem assim!
No
capítulo oitavo do Diretório Nacional de Catequese, dedicado aos Lugares e
Organização da catequese, encontramos no item 1.1 um título bastante
interessante: “Lugares privilegiados de
catequese”. Depois de uma breve introdução sobre a necessidade de se
aproveitar as novas conquistas tecnológicas, pedagógicas e científicas para o
anúncio do Evangelho, o documento nos exorta, do parágrafo 296 em diante, a
aproveitar os espaços já ‘constituídos’ como lugares de catequese. A saber: a família, a comunidade cristã e por último a paróquia.
Apesar
de a família estar descrita como: “... o
lugar onde se colocam os fundamentos para a construção da personalidade do ser
humano a partir de valores humanísticos, enriquecidos pelo evangelho” (DNC
296) e entendermos que os pais são os primeiros e principais responsáveis pela educação
dos filhos na fé, o que vemos hoje, é uma realidade muitas vezes diversa.
Alguns pais estão colocando inteiramente sobre a responsabilidade da Paróquia
(Igreja), a transmissão de valores cristãos e a educação na fé.
O
processo de crescimento da fé brota da convivência familiar, da harmonia e do
testemunho dos pais. Os pais são os primeiros mestres da fé e, se os filhos não
tiverem tais mestres, a catequese como pastoral, necessitará de muito mais
competência e acolhimento para ter sucesso (DNC 299).
Outro
lugar que tem sido deixado de lado é a própria comunidade cristã. O DNC diz que
as famílias precisam estar engajadas na comunidade onde, através de um clima
fraterno, da percepção da realidade e da leitura da Palavra de Deus busca-se
uma sociedade mais justa e uma catequese integral. Para isso é preciso que a
comunidade seja espaço acolhedor, de amizade, de convivência fraterna, de
solidariedade e de celebração da Eucaristia. A comunidade cristã deve ter
iniciativas como: novenas, terços, festa do padroeiro, grupos de reflexão,
círculos bíblicos, grupos de oração, grupos de caridade, encontros de
preparação para os sacramentos e outros momentos propícios ao engajamento
social. A criança deve ser incentivada a participar destes momentos para que
aprenda os fundamentos da vida comunitária e cristã.
Não
vemos isso, porém. É cada vez mais difícil trazer a família para a Igreja. É
cada vez mais difícil as famílias se encontrarem, fora do espaço físico da
igreja, como verdadeira IGREJA. As crianças vêm para a catequese sem nunca
terem ido à missa, sem nunca terem participado de uma novena, sem realmente
conhecer a comunidade CRISTÃ onde vivem.
Por
último, como espaço privilegiado de catequese, encontramos a Paróquia, que é
uma rede de comunidades que acolhe, educa e anima a vida dos cristãos (DNC
303). É a casa do povo de Deus. É lugar da celebração dos sacramentos e da
caridade. É onde encontramos as Pastorais, movimentos, grupos e associações
dedicados a multiplicar o número de fiéis e a disseminar a palavra de Deus. Ali
é o coroamento da educação para a vida em comunidade. É a última etapa da
catequese. A partir dali a criança nunca mais deveria se afastar da Igreja e da
comunidade.
Infelizmente
algumas famílias estão “privilegiando” somente a Paróquia (entenda-se como a
Pastoral Catequética), como lugar de catequese. Algumas crianças são deixadas
aos cuidados das (os) catequistas sem qualquer base de formação cristã e
percebe-se que alguns valores como: respeito, cuidado com as coisas de Deus e
até mesmo a crença no Divino, não existem para as crianças. Tristemente se observa
que a família não está cumprindo seu papel de primeira formadora de cristãos.
Por
quê? O que está acontecendo com as nossas famílias? Será que não está faltando iniciativa da
própria Igreja em tornar a comunidade espaço
privilegiado de catequese? Afinal, a família se forma e cresce na comunidade. Muito mais do que culpar a
família pela falta de catequese das crianças, devemos, como comunidade cristã, nos culparmos pela
falta de catequese com as famílias.
A família só será formadora de cristãos se for cristã. Se der valor à
comunidade e a Paróquia. Assim precisamos como discípulos missionários,
encontrar o caminho ideal para tornar estes espaços privilegiados, continuidade
um do outro, interligados no mesmo fim, para que a nossa missão tenha sentido.
Angela Rocha
Fonte
Consultada: Diretório Nacional de Catequese – Doc 84 - CNBB.
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