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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Catequese junto a pessoa com deficiência



Um apostila com várias informações disponibilizada pela Equipe de catequese junto a pessoa com deficiência da Arquidiocese de Londrina




CONCEITOS FUNDAMENTAIS E ASPECTOS METODOLÓGICOS RELACIONADOS À CATEQUESE JUNTO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA
n     O QUE É DEFICIÊNCIA?

Deficiência é descrita como perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica; traduz a ocorrência de defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou outra estrutura do corpo, inclusive funções mentais (OMS, 1980).
Ø       É um fenômeno multifacetado variáveis biológicas, variáveis sociais e variáveis psicológicas.
Ø  No modelo médico a deficiência é vista como problema do indivíduo, decorrente de doença, trauma ou outra condição.
Ø  No modelo social a deficiência é atribuída às características da sociedade, que exclui a participação de indivíduos afetados por tais condições.
Ø  Concepção biopsicossocial de deficiência considera o impacto dos fatores ambientais sobre a saúde e funcionalidade; ao contrário da visão tradicional de incapacidade como um atributo do indivíduo, esta concepção aponta para a incapacidade socialmente construída;              considera a interação da pessoa com a sociedade;
Ø  Excepcional? Deficiente? Incapacitado? Portador de necessidades especiais?...
Como nos expressar quando nos referimos à pessoa com deficiência? Devemos evitar termos pejorativos, depreciativos ou inespecíficos, por ex: “doentinho”, “mongolóide”, “bobinho”, “excepcional”, “aleijado”...

Ø  É preferível usarmos o termo: Pessoa com deficiência... (especificar, ex: Pessoa com deficiência física) Þ expressa deficiência como uma característica do indivíduo, não como um adjetivo. Quando dizemos deficiente ou aleijado Þ a deficiência é expressa como um sinônimo/adjetivo do indivíduo.

Na catequese, dizemos Þ CATEQUIZANDO ESPECIAL.

n     ONDE ESTÃO ESSAS PESSOAS?
Historicamente, as pessoas com deficiências têm sido segregadas e excluídas dos espaços comuns da vida nas comunidades.
Ø  As sociedades vêm se tornando progressivamente inclusivas desde a Antiguidade (Omote, 2004).
Ø  A INCLUSÃO propõe um novo modo de interação social, no qual há uma revolução de valores e atitudes que exige mudanças na estrutura da sociedade.
Ø  JESUS se coloca do lado de todos os marginalizados e oprimidos, aqueles que na sociedade de seu tempo sofriam o desprezo social, a marginalização e a condenação religiosa... (Formação Básica para Catequistas Iniciantes).
Ø  JESUS CRISTO os convida a se achegarem: “Levanta-te e vem para o meio” (Mt 3,3) Þ Lema da Campanha da Fraternidade 2006.

n     QUAIS OS TIPOS DE DEFICIÊNCIA?

Deficiência Visual Þ Redução significativa ou perda da capacidade de ver após a melhor correção ótica (cegueira, visão subnormal).
Deficiência Auditiva Þ Perda total ou parcial da capacidade de perceber os sons e de compreender a fala por intermédio do ouvido (surdez).
Deficiência Física Þ Condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, coordenação motora ou fala (ex: paralisia cerebral, epilepsia, espina bífida, lesão medular, distrofia muscular, artrite, amputação).
Deficiência Múltipla Þ Associação de duas ou mais deficiências primárias (ex: mental e visual; física e mental...).
Deficiência Mental (DM) (AAMR-1994):         
Funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, manifestado antes dos 18 anos e associado à limitação em duas ou mais áreas da conduta adaptativa: Comunicação; Cuidados pessoais; Autonomia em casa; Habilidades sociais; Independência na locomoção; Desempenho na família e comunidade; Habilidades acadêmicas funcionais; Saúde e segurança; Lazer; Trabalho.
Na identificação da DM / Intelectual dá-se atenção a duas áreas:
Ø  Funcionamento intelectual (relacionado à área acadêmica, a capacidade de um indivíduo resolver problemas e acumular conhecimentos);
Ø  Comportamento adaptativo (relacionado às capacidades necessárias para o indivíduo se adaptar e interagir em seu ambiente de acordo com seu grupo etário e cultural).
Crianças com DM apresentam dificuldade em: aprender conceitos abstratos; prestar atenção; memorizar (esquecem mais depressa); resolver problemas e generalizar para novas situações as informações aprendidas. Conseguem generalizar situações específicas utilizando um conjunto de regras. Podem atingir objetivos escolares, mas de forma mais lenta.

Comunicação Þ habilidade de compreender e expressar informações. Crianças com DM podem apresentar dificuldades de fala, compreensão e/ou ajustamento social.
Cuidados pessoais Þ habilidades de higiene corporal, alimentação, vestuário e uso do sanitário;
Saúde e segurança Þ cuidar da saúde, evitar perigos, respeitar as leis de trânsito;
Habilidades sociais Þ cuidados com seus pertences, participação nos trabalhos domésticos e relações familiares. A discrepância entre as idades mental e cronológica levam à diminuição das capacidades para interagir socialmente. A interação com pessoas da mesma idade favorece a aprendizagem de comportamentos, valores e atitudes apropriados à sua idade.
Desempenho na família e comunidade Þ relações com vizinhos, amigos, respeita limites, ordens, controla impulsos;
Independência na locomoção Þ cumprir tarefas, resolver problemas;
Habilidades acadêmicas funcionais Þ conteúdos curriculares relacionados com sua vida, como: ler, escrever, conhecimento sobre sexualidade e outros;

Durante muitos anos as pessoas que apresentavam deficiência mental foram classificadas de acordo com os seguintes níveis de função:

Þ Deficiência Mental Leve: discretamente vagarosos; conseguem alfabetizar-se e são capazes de independência pessoal e vocacional.
Þ Deficiência Mental Moderada: notadamente vagarosos em aprender AVDs, alguns não conseguem se alfabetizar; são capazes de emprego supervisionado.
Þ Deficiência Mental Severa: poucas habilidades de toalete, de fala e outras AVDs; precisam de supervisão e cuidados permanentes dos pais e comunidade.
Þ Deficiência Mental Profunda: Raramente aprendem a falar, a se alimentar, a executar habilidades de toalete e outras AVDs. Precisam de cuidado permanente de enfermagem (dependente).
Þ Catequizandos com deficiência intelectual / mental que podem precisar de adaptações e/ou estratégias que favoreçam sua interação com o conteúdo:
1-            Aqueles que apresentam deficiência mental moderada, severa ou profunda;
2-            Catequizandos com deficiência múltipla, que envolve comprometimento mental associado à outra área de deficiência (física, auditiva, visual);
3-            Portadores de Condutas típicas, ex: autismo, outros quadros psicológicos, síndromes que causam atraso no desenvolvimento e prejuízo no relacionamento social.

COMO ACOLHER NOSSO CATEQUIZANDO E FAVORECER SUA INTERAÇÃO COM O GRUPO E COM A COMUNIDADE?

Þ Ser natural; cumprimentá-lo de maneira normal e respeitosa, dando-lhe atenção e tentando manter o diálogo tanto quanto possível;
Þ Lembrar que não se trata de DOENÇA, mas uma condição, não é contagiosa;
Þ Evitar a superproteção: tratá-lo como criança enquanto criança; e quando adulto, tratá-lo como tal;
Þ Deixar que o catequizando faça sozinho tudo o que puder, ajudá-lo quando realmente for necessário;
Þ Enaltecer, nunca subestimar suas capacidades;
Þ Ter firmeza de atitudes, tratando-o como os demais; estabelecer limites de forma positiva;
Þ Adaptar conteúdos, tarefas, materiais;
Þ Envolver os colegas como tutores para auxiliarem nas tarefas, locomoção / transporte Þ promove a sensibilização dos demais catequizandos quanto às necessidades do companheiro e favorece a socialização;
Þ Atenção quanto às barreiras arquitetônicas (ex: pisos escorregadios, escadas, desníveis). Devem-se oferecer espaços adaptados que permitam livre acesso e mobilidade aos catequizandos com dificuldades motoras: como rampa/elevador, piso antiderrapante sem desníveis, mobiliário adaptado (na sala, Igreja e sanitário), respeito à diversidade, ao direito de ir e vir.

JUSTIFICATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE ESPECIAL:

ü  “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt 11, 25).
ü  “Vinde a mim , vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei, tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e acharei o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mt 11, 28-30).
ü  “No Senhor qualquer limite humano é resgatado e redimido. Graças a Ele, a deficiência não é a última palavra da vida. O amor é a última palavra e dá sentido à vida (João Paulo II, 2000).
ü  A catequese é educação para a vivência na fé (Formação Básica para Catequistas Iniciantes).
ü  A Catequese Especial cumpre o processo de desenvolvimento e entrosamento dos irmãos especiais na comunidade, tendo como direcionamento as Palavras de Jesus: IDE POR TODO O MUNDO E PREGAI O EVANGELHO A TODA CRIATURA (Mc 16, 15).
ü  Todos somos FILHOS DE DEUS, portanto temos o direito de conhecer e experimentar o seu AMOR: TOMAI E COMEI TODOS VÓS, ESTE É O MEU CORPO QUE É DADO POR VÓS (Mt 26, 26-27). Todos somos convidados a participar da CEIA DO SENHOR, portanto, somos todos iguais perante DEUS.

OBJETIVOS DA CATEQUESE ESPECIAL:
Ø  Promover a integração e a participação dos catequizandos na comunidade em que vivem;
Ø  Oportunizar ao catequizando vivenciar o amor de Deus por meio do respeito ao próximo, da união e da participação na Missa e festas litúrgicas da Igreja;
Ø  Despertar os catequizandos para a oração e a caridade, estimulando-os a comunicar-se com Deus cada qual de seu modo;
Ø  Proporcionar aos catequizandos a Graça de conhecerem a Palavra de Deus e receberem os Sacramentos para seu crescimento espiritual;
Ø  Evangelizar os pais dos catequizandos e conscientizá-los da importância de sua participação nas Missas e em casa com as orações, leitura da Palavra de Deus e tarefas, acompanhando e dando exemplo aos filhos.

METODOLOGIA

A catequese não pode ser confundida com decoreba de doutrina e mera recepção de sacramentos. Ela faz parte da ação educadora da Igreja.
O termo CATEQUESE no Novo Testamento significa dar instrução a respeito da vida na Fé Þ fazer escutar e repercutir a PALAVRA DE DEUS (Formação Básica para Catequistas Iniciantes).

n     Métodos usados na Catequese (Formação Básica para Catequistas Iniciantes):
1- Doutrinário Þ decoreba Þ conhecimento teórico da Fé. Preocupação com o nível intelectual, o conhecimento.
2- Empirista Þ experiências pessoais. O mais importante é a maneira da pessoa viver, sem embasamento teológico doutrinal.
3- Interação Fé e vida Þ equilíbrio entre o saber e o viver. Ligação entre catequese, família e comunidade, criando um espírito de Fé e compromisso com a vida cristã concreta no mundo atual Þ empregado também na Catequese Especial.
A Catequese especial procura seguir uma metodologia na qual os encontros são transmitidos numa linguagem simples, com exemplos práticos por eles vivenciados de acordo com a pedagogia de Jesus: Ele conhecia a realidade, a tradição das pessoas e era sensível a essa realidade.

Aspectos metodológicos que favorecem a aprendizagem do catequizando:
1-            Enfocar os objetivos que realmente se quer ensinar;
2-            Criar situações de aprendizagem positivas e significativas.
3-            Devido à dificuldade na aquisição de conceitos abstratos e generalização/transferências de comportamentos para situações novas, é preferível que a aprendizagem ocorra em ambientes e situações o mais variados, naturais e concretos possível.
4-            Dividir tarefas em partes, ou conteúdos mais simples, buscando o sucesso e a motivação;
5-            Correlação com a prática, experiência diária;
6-            Dar importância às competências sociais: Iniciativa e respostas de interação, boa postura e apresentação, otimismo, empatia, comunicação, comportamentos adequados em diferentes situações.
7-            Para favorecer a compreensão, alguns conteúdos podem ser desenvolvidos através de dramatização com os catequizandos e/ou com fantoches, por exemplo: algumas parábolas e alguns Sacramentos (Batismo, Crisma, Confissão, Eucaristia e Matrimônio);
8-            Alguns ensinamentos são transmitidos através de ensaios, repetição de gestos, treinamento (principalmente o sinal da Cruz e a atitude de oração/reflexão; ensaio da recepção da Eucaristia; da confissão);
9-            Outros conteúdos podem envolver histórias/parábolas que ilustrem a mensagem a ser transmitida;
10-         Quando possível, os cânticos são escolhidos de acordo com o tema trabalhado, favorecendo a assimilação (é interessante contextualizar o cântico explicando a mensagem contida nele e repetir algumas vezes para que aprendam a letra/refrão);
11-         Sempre que possível, o (a) catequista leva os catequizandos na presença de Jesus Eucarístico no Sacrário para rezarem (estimular a oração espontânea e o louvor);
12-         Participar da Santa Missa juntos. Combinar ao menos um domingo por mês Þ A participação do grupo reunido com o catequista na Santa Missa é de grande valor para orientar os catequizandos quanto às partes da celebração e em relação à participação, atenção e atitude de respeito, de forma a estimular sua comunhão com Jesus e os irmãos;
13-         Materiais ilustrativos como: Fotografias da família, figuras, cartazes, situação/material concreto (vela, suco de uva, pão, terço, Bíblia; levar os catequizandos a locais que tenham relação com o tema);
14-         Atividades diversificadas em papel Þ substituir atividades escritas por desenhos livres sobre o que o catequizando entendeu, pinturas de desenhos fornecidos pelo catequista, colagem de figuras que tenham relação com o tema.
15-         Material reproduzido por fotocópia para as tarefas, orações e trechos Bíblicos de modo a envolver os pais na orientação de seus filhos em casa;
16-         Leitura da Palavra de Deus Þ ler trechos curtos sobre o conteúdo (diretamente da Bíblia), explicando que não é o catequista que está dizendo, mas o próprio Cristo;
17-         Falar de forma simples sobre a mensagem da leitura. O catequizando pode ser estimulado a ler, mesmo que não saiba (ele imitará a atitude de leitura e poderá verbalizar o que entendeu do conteúdo);

“TAL COMO A CHUVA E A NEVE CAEM DO CÉU E PARA LÁ NÃO VOLVEM SEM TER REGADO A TERRA, SEM A TER FECUNDADO, E FEITO GERMINAR AS PLANTAS, SEM DAR O GRÃO A SEMEAR E O PÃO A COMER, ASSIM ACONTECE À PALAVRA QUE MINHA BOCA PROFERE: NÃO VOLTA SEM TER PRODUZIDO SEU EFEITO, SEM TER EXECUTADO SUA VONTADE E CUMPRIDO SUA MISSÃO (Is 55, 10-11).

n     É perigoso e prejudicial para toda a ação catequética, o método tomar o lugar da evangelização (Formação Básica para Catequistas Iniciantes);
n     Os pais devem ser aliados do (a) catequista, favorecendo o conhecimento dos hábitos, interesses dos filhos e a melhor forma de se comunicar com os mesmos, contribuindo, assim, para sua evangelização.

AVALIAÇÃO: Os catequizandos não são avaliados pelo conhecimento do conteúdo teórico, mas por:
1) Seu comportamento/atitude em relação à Santa Missa e à oração;
2) Sua participação e envolvimento nos encontros catequéticos;
3) Seu interesse, testemunho de vida (relatos dos pais) e desejo em receber Jesus na Eucaristia e/ou o Sacramento do Crisma.
PORQUE É GRATUITAMENTE QUE FOSTES SALVOS MEDIANTE A FÉ. ISTO NÃO PROVÉM DE VOSSOS MÉRITOS, MAS É PURO DOM DE DEUS (Ef 2, 8).
“O VENTO SOPRA ONDE QUER; OUVE-LHES O RUÍDO, MAS NÃO SABES DONDE VEM, NEM PARA ONDE VAI. ASSIM ACONTECE COM AQUELE QUE NASCEU DO ESPÍRITO(Jo 3, 8).

A TODOS OS CATEQUISTAS
“... a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana. Porque o amor de DEUS foi derramado em nossos corações pelo ESPÍRITO SANTO que nos foi dado (Rom 5, 3-5).


CATEQUESE JUNTO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA – ARQUIDIOCESE DE LONDRINA
06 de outubro de 2012


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