“Mais que um caminho metodológico, a dinâmica catecumenal é um espírito
que deve permear todas as ações da ‘nova evangelização’”. Esta é uma frase
dita pelo Padre Luiz Alves de Lima, um dos maiores, senão o maior, defensor e
articulador da IVC pelo processo catecumenal na nossa Igreja. E ele lembra
também que a Igreja pede, desde o Concílio Vaticano II, há 50 anos, o retorno dos
processos catecumenais de evangelização. Estranho é que, força mesmo, somente
de uns 10 anos pra cá a Igreja tem dado para que se faça este resgate.
Mas, o que nos intriga mesmo
é: COMO FAZER ACONTECER? Que metodologias, que itinerários, que roteiros
seguir? O RICA, sendo um livro
litúrgico, traça o caminho das celebrações, ritos, entregas, exorcismos e
outras práticas litúrgico-rituais do processo catecumenal. No entanto, além das
dificuldades normais de se integrar tais práticas desconhecidas da tradição
catequética com a catequese de instrução e aprendizado, temos que o RICA é em
linguagem pouco entendida pelos agentes de pastoral e praticamente desconhecido
até dos presbíteros. Sem contar ainda que vemos paróquias que, equivocadamente,
estão usando o RICA como “itinerário” para a catequese. O livro não é uma “metodologia”
ou um itinerário de iniciação, é apenas um complemento litúrgico a ela!
Tratando-se de textos, a
catequese é o resultado de três livros: A BÍBLIA, o CATECISMO DA IGREJA
CATÓLICA e RICA. Sabemos até trabalhar com a Bíblia e o CIC, mas, como fazê-los
interagir com o RICA? Quais seriam os itinerários ou roteiros para colocar em
prática esses processos catecumenais?
Pensando nisso, uma Comissão
Nacional da CNBB, reuniu-se para criar um Itinerário de iniciação cristã para 4
idades distintas: adultos não batizados,
jovens-adolescentes e crianças. Esses itinerários baseiam-se nos 4 tempos
do chamado processo catecumenal: Pré-Catecumenato, Catecumenato, Purificação/iluminação
e Mistagogia. Cada um com seus objetivos, eixos temáticos e celebrações. Quanto
à catequese propriamente dita (2º tempo ou catecumenato), seria o mais longo
(dois anos ou mais), é subdividido em fases, igualmente com seus objetivos e
eixos temáticos.
O Itinerário Catequético, lançado no mercado pelas Edições CNBB, no
final de 2014, é, segundo as palavras de D. Jacinto Bergmann: “um instrumento que vai servir muito às Igrejas
uma vez que apresentará grandes orientações sobre como fazer a iniciação à vida
cristã. Essas orientações gerais criarão unidade e ajudarão as igrejas locais a
elaborarem os seus roteiros e manuais.” As várias igrejas particulares ou
regionais deverão, então, traduzir tais linhas de ação em prática concreta e
inculturada. Que se pese aqui que
muitas dioceses do Brasil, já se adiantaram e criaram seus itinerários sem
estas orientações. Infelizmente, em alguns textos a Iniciação Cristã permanece
somente no título.
E aqui fica a grande
pergunta: Como trabalhar o primeiro tempo do catecumenato? O chamado “pré-catecumenato”,
ou seja, o querigma, primeiro anúncio, a evangelização propriamente dita; como
fazer isso no ambiente fortemente secularizado de hoje? Tem como dar indicações
práticas às paróquias e dioceses de como fazer o anúncio querigmático para a
multidão de pessoas afastadas da Igreja?
Mesmo o Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização (2012) apontando
algumas sugestões, não se pensa em grandes mudanças na estrutura da Igreja para
promover uma nova evangelização de fato. Ainda há uma grande carência de
vocações sacerdotais e os padres que estão trabalhando não dão conta de atender
plenamente os anseios da comunidade.
No Brasil, em todos os 18
regionais há tentativas isoladas de se promover a implantação do catecumenato,
algumas com resultados positivos. Mas sempre quando esta implantação é fruto de
um esforço coletivo de toda paróquia. Não se muda somente a catequese, muda-se
toda a paróquia. Com renovado ardor missionário vai-se em busca daqueles que estão
afastados, cria-se novos ministérios, renovam-se as estruturas paroquiais.
Quase
todos os catequistas com quem conversamos ao longo dos últimos dez anos (depois
do DNC, DAp, Estudo 97...), estão convencidos de que uma mudança radical se faz
necessária nos processos catequéticos. A ânsia é saber o “Como?”. Como colocar em prática o esquema catecumenal proposto
pelo RICA, como envolver toda a comunidade nesse processo, sobretudo o clero,
os religiosos? Nós catequistas leigos nos mostramos, muita vezes, extremamente entusiasmados com isso tudo, mas, levamos um “banho de água fria” de nossos párocos, que parecem não sentir
necessidade de mudanças ou não tem tempo para isso. E também há sempre o perigo
do “nominalismo”, ou seja, dar-se o nome de Iniciação a Vida Cristã a processos
que, no fundo, permanecem os mesmos, só ligeiramente modificados. "Dar uma nova
capa ao mesmo conteúdo". Pior ainda é a
tentação do Ritualismo, incluindo no processo catequético alguns ritos a mais
sem a preocupação de que os mesmos sejam compreendidos e realizados
corretamente. Quantas celebrações de entregas e ritos temos visto sem a
presença dos padres e da comunidade...
Mais que convencer os catequistas, é preciso que a Igreja, em suas estruturas arcaicas, se abra a este "nem tão novo" processo, com uma vontade sincera de promover, de fato, uma nova evangelização, tão necessária a sobrevivência da nossa fé em Jesus Cristo e da nossa Igreja.
Ângela
Rocha
Catequista
FONTES DE CONSULTA:
-
Revista de Catequese 143/144. UNISAL, 2014.
-
Itinerário Catequético. Brasília: Edições CNBB, 2014.
2 comentários:
Que alegria em saber que você está conosco no grupo dos "Catequistas Unidos"!!! Então, convido você a fazer seu cadastro em nosso formulário, para que possamos conhecer melhor quem são os integrantes do nosso grupo; Basta copiar esse link e colar no seu navegador: http://goo.gl/forms/Yns8jnpUUn
Um forte e Fraterno Abraço
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