“E, admirando-se
sobremaneira, diziam: Tudo faz bem; faz ouvir os surdos e talar os mudos”. (Mc
7, 37)
A primeira
leitura da missa deste domingo, que é do profeta Isaias, nos diz que: “Deus já vem ... então os olhos dos
cegos se despregarão, e os ouvidos dos surdos se abrirão, os coxos
saltarão como cabrito e a língua dos mudos gritará de alegria.” (Is
35, 5-6) Isso significa dizer que esses milagres são sinais messiânicos, isto
é, acontecerão quando o Messias estará presente no meio deles. É por
isso que os evangelhos nos relatam muitos desses milagres, como vemos
nesse domingo.
As pessoas
da época de Jesus conheciam o Antigo testamento. Elas sabiam que as promessas
contidas ali se realizariam com a vinda do Messias. Por isso afirmar que
Jesus curava os mudos, os surdos, os cegos e os coxos, era demonstrar
concretamente de que Ele era o Messias esperado.
De
fato, quando João Batista pede a seus discípulos que perguntem a Jesus se ele
era realmente o Messias prometido, Jesus simplesmente responde: “Contem a João o que vocês viram e ouviram:
os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os
mortos ressuscitam, se anuncia a Boa Nova aos pobres”. (Lc 7,
22). Para quem queria crer, bastavam esses sinais para reconhecer em Jesus
o Messias. Mas para aqueles que não queriam crer, nenhum sinal seria suficiente
para fazê-los crer.
Portanto, a
grande mensagem do Evangelho é: Jesus é o Messias, o Cristo. Ele é o Deus
que nos veio visitar. Ele é o verbo encarnado. Ele é aquele que pode curar-nos
de nossas doenças e dar-nos a Vida verdadeira.
Porém
além desta grande verdade (a encarnação de Deus, que junto a sua morte e
ressurreição, são o coração do Evangelho), nós podemos também meditar
sobre o significado que pode ter para nós essas curas: do ouvido (ser
capaz de escutar) e da língua (ser capaz de falar bem).
Não
devemos pensar somente ao sentido físico-biológico do fato. Jesus não tem
nenhum interesse em ser um médico prestigioso, que faz, por exemplo, operações
aos olhos, dando assim às pessoas a possibilidade de recuperar a visão, sem
importar-se com a totalidade de suas vidas. Os sinais que Ele faz querem
recuperar o homem em sua totalidade. O sentido de curar os ouvidos de
uma pessoa, é fazê-la capaz de escutar, em primeiro lugar a Deus
mesmo que nos fala continuamente e de muitos modos, e por certo
também escutar os demais. Talvez esta seja uma das piores enfermidades da
humanidade: não somos capazes de escutar! Quantas vezes alguém nos está
falando, mas nós não o escutamos. Estamos ali, mas pensamos em outras
coisas. Ou quantas vezes fugimos das pessoas porque não queremos
escutá-las, não temos tempo, ou não temos paciência. Ou então,
quantas vezes não escutamos (isto é, não fazemos caso dos conselhos que nos
dão) porque pensamos que somente o que eu penso é o correto. Quantas vezes
nossa oração, que deveria ser um dialogo com Deus, não passa de um monologo no
qual somente nós falamos e apresentamos nossas listas de pedidos. É esse
ouvido que necessita ser curado. Peçamos ao Senhor que nos dê a capacidade de
escutar, de ser dóceis a sua Palavra. Sem dúvidas é uma cura necessária se queremos
inaugurar em nossas vidas um novo tempo messiânico.
A
outra cura que fez Jesus foi dar a possibilidade de falar bem, pois era uma
pessoa que falava mal. Seguramente esse gesto pode ter muitos sentidos.
Quantas vezes, nosso falar é um falar mal? Quantas vezes nossa língua é uma
espada afiada que fere e destrói aos demais? Quantas vezes somos mudos em
relação a Palavra de Deus, ou em agradecer os benefícios que recebemos, ou em
elogiar a alguém por o bem que faz? Também nossa língua necessita ser curada
por Jesus.
Toca
Senhor nossos ouvidos e nossa boca. Cura-nos de todos os males que nos impedem
de ser o que tu queres. Ajuda-nos a utilizar nossos sentidos para construir o
Reino de Paz e de amor.
O Senhor te abençoe e te guarde,
O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha
misericórdia de ti.
O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.
Frei Mariosvaldo Florentino, capuchinho.
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