Muitos catequistas se
perguntam se devem fazer - e alguns fazem - “avaliação” de conteúdos na
catequese. Penso que essa é uma ação que não cabe no processo de evangelização.
Claro que usamos alguns recursos pedagógicos para trabalhar os temas, como por
exemplo: dinâmicas, brincadeiras, canto, etc. Na verdade, a “dinâmica” mesmo, é
uma técnica ou método didático para tornar os conteúdos mais atraentes e não
uma "avaliação". Da mesma forma, algumas atividades para fixação de
conteúdos podem se fazer necessárias, mas, nunca pensando em
"corrigir" e apontar erros.
Estou na catequese de crianças
há quase 15 anos. Normalmente fico com a mesma turma até receberem a primeira
Eucaristia, ou seja, três anos, e nunca fiz qualquer tipo de avaliação, mesmo
porque, se fizesse, ia chegar à conclusão de que elas não “aprenderam” nada.
Nosso universo é muito mais de “experiências” do que aprender conteúdos ou
reter “conhecimento”.
E essa é a questão na
catequese: ela não existe para se "aprender” alguma coisa. E isso o
documento Catequese renovada, já apontou em 1983. A Catequese é “iniciação à vida cristã”! E vida, leva
à “vivência” cristã. E essa é uma das características apontadas pelo DNC (2006,
item 13) é: “catequese como processo de iniciação à vida de fé: é o deslocamento
de uma catequese simplesmente doutrinal para uma modelo mais experiencial (...)”
E até quando a gente vai
teimar em conduzir um barco a remo se temos "motores" potentes hoje?
Temos informação! Temos ajuda das
ciências (pedagogia/psicologia). E elas nos ajudam a entender o universo da
criança e como ela “aprende” e incorpora na sua vida as experiências que vai
tendo. É simplesmente fora de propósito avaliar a “experiência” de fé de
alguém, ainda mais de uma criança que está construindo seu mundo e suas
crenças.
Como se avalia a fé de uma
pessoa? Saber, “decor e salteado",
os mandamentos e sacramentos, indica que essa pessoa se converteu? Em que grau
isso vai proporcionar mudanças na vida do nosso catequizando? Não tem como a
gente saber se o que estamos trabalhando na catequese hoje vai ou não mudar a
vida de uma criança no futuro, portanto, vamos nos acalmar e pensar que
catequese é a vida toda e não simplesmente aqueles três ou cinco anos da
infância.
Ao invés de esquentar a cabeça
pensando numa "avaliação", vá lá fora, em algum lugar que tenha uma
grama bem gostosa para deitar, e fique uma meia hora olhando para o céu azul,
brincando de “pintar” figuras nas nuvens. Olhando e se maravilhando com a criação
do Altíssimo. Garanto a você que daqui uns 30 anos suas crianças vão
"voltar ao passado" e pensar: "Como foi bom estar na catequese!".
O que se pode, e deve fazer
sempre, é uma avaliação conjunta, pela equipe de catequese e pelo padre, sobre
a eficácia e o alcance da evangelização que está sendo feita pela paróquia.
Analisando isso, se está pondo a "prova" a catequese feita por todos
nós.
Ângela Rocha – Catequista
Especialista em Catequética pela FAVI – Curitiba
Graduando em Teologia pela PUCPR - Curitiba
Nenhum comentário:
Postar um comentário