A INSPIRAÇÃO CATECUMENAL DA INICIAÇÃO À
VIDA CRISTÃ
A Iniciação à Vida Cristã resgatada pelo Concílio
Vaticano II busca inspiração nas fontes do cristianismo, ou seja, nas
experiências de transmissão e educação da fé das primeiras comunidades.
O fato: a ressurreição de Jesus.
A experiência: a unidade da fé em
comunidade.
A experiência pascal da
ressurreição de Jesus revelou à comunidade o valor de permanecerem unidos (Jo
20,19). Outra experiência, agora pós-pascal, foi a consciência de que Jesus se
tornou corporalmente ausente: “Homens da Galileia, por que vocês estão aí
parados?” (At 1,11).
Neste misto de experiências, a
comunidade dos seguidores e seguidoras de Jesus dá destaque para os fatos que
ficaram na memória, passando a recordar os lugares e os gestos de Jesus de
Nazaré. Dizemos, portanto, que a comunidade se dá conta da importância das
experiências pré-pascais. E viverá da recordação destes fatos, interpretando-os
na força da ressurreição.
Mas, onde fica a inspiração catecumenal da Iniciação à Vida Cristã, em
meio a tantos fatos e experiências?
Conversamos anteriormente que a
novidade da Iniciação à Vida Cristã se dá na transmissão da fé ao longo de um
caminho, um itinerário. Em vista disso é que se fala em inspiração catecumenal
da Iniciação à Vida Cristã, ou seja, a educação da fé que leva em conta as
experiências da comunidade dos seguidores e seguidoras de Jesus antes, durante
e depois da Páscoa. O que nos revela um percurso de transmissão e educação da
fé cristã.
Na Apresentação do Documento 107
da CNBB temos: “Um itinerário! Um caminho de pertencimento. O movimento de quem
está a caminho, que se põe a caminho, que faz o caminho, percorre o caminho de
Jesus Cristo. Uma pessoa discípula, aprendiz, seguidora. A pessoa que aprende
com o Mestre Jesus”.
A inspiração catecumenal,
portanto, é despertar para a arte de anunciar Jesus de Nazaré, o Cristo de
Deus, com a mesma motivação, sentimentos e testemunho como os cristãos e
cristãs faziam nos primeiros séculos. Ainda somos reféns de itinerários lineares,
que ensinam doutrinas e preparam tão somente para os sacramentos.
Na inspiração catecumenal o mais
importante é a pessoa de Jesus Cristo. O que salva é a pessoa de Jesus Cristo,
e nãos as ideias e teorias acerca dele. “O caminho de formação do seguidor de
Jesus lança suas raízes na natureza dinâmica da pessoa e no convite pessoal de
Jesus Cristo, que chama os seus pelo nome e estes o seguem porque lhe conhecem
a voz” (DAp 277).
E, por último, a iniciação à vida
cristã, que passa pelo itinerário formativo e pela centralidade de Jesus
Cristo, é uma metodologia destinada aos adultos. Pessoas adultas são capazes de
fazer sua opção de escolha. Em se tratando de fé, a escolha é fundamental para
o seguimento, àquilo que dá sentido no caminhar. Em nosso contexto, em que a
maioria dos católicos são batizados quando crianças, a inspiração catecumenal é
uma resposta à necessidade de completar a formação bíblica e missionária dos
batizados.
A inspiração catecumenal da
Iniciação à Vida Cristã é uma proposta de metodologia em tempos de conversão
pastoral. E, por ser caminho metodológico, fará surgir um jeito, um modo de ser
Igreja-comunidade, que será diferente do nosso jeito de ser Igreja atual. Mas
para isso, é preciso investir na inspiração catecumenal por completo, não
apenas em partes. Esse é o tema da eclesiologia da Iniciação à Vida Cristã de
inspiração catecumenal, tema de nossa próxima contribuição. Até lá.
Ariél Philippi Machado
Teólogo
Assessor de catequese na Arquidiocese de
Florianópolis-SC
Fonte: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário