Acolher... Acolher significa
aceitar, receber. Acolher é sentir o outro e assim, enxergar sua alma. É
enxergar no outro o reflexo de si mesmo que pede acolhida e que precisa, mais
do que de uma solução, um exemplo ou uma palavra amiga. É como um abraço, e “dentro de um abraço, tudo mais já se está
dito”.
Quem “chega”, seja de onde for, precisa de
acolhida. A Igreja precisa ser acolhedora. Foi justamente por falta de acolhida
na Igreja que hoje sou catequista. E muito, muito, apaixonada pela missão.
Desde que comecei a trabalhar pelas pastorais na
Igreja, dediquei-me à comunicação. Começou porque sempre gostei de escrever e
trabalhar com o visual. A apresentação dos ambientes, o que a Igreja fala por
meio da música, das apresentações, em encontros, retiros, etc. Assim, fui
convidada a ajudar na implantação da “Pascom” (Pastoral da Comunicação) na
Paróquia. E foi um dos trabalhos mais apaixonantes que já fiz.
Durante dois anos me dediquei totalmente à
Pastoral da Comunicação, cujo objetivo maior é a integração de todas as
Pastorais e Movimentos que existem na Igreja. Aprendi muito neste tempo, apaixonei-me
pela comunicação.
Depois, mudei de paróquia e fiquei meio “sem
chão”. Uma das coisas que mais me deixou triste, foi ter que deixar aquela
missão maravilhosa que Deus tinha me dado na Igreja: Comunicar as coisas Dele. Logo
que cheguei na nova cidade, fui procurar a Paróquia do meu bairro. Conversei
com o padre e me coloquei à disposição para qualquer coisa, disse-lhe o que eu
sabia fazer e que estava disposta a ajudar em que eles precisassem.
Durante o ano que morei no bairro, frequentando
a missa todos os domingos, nunca me chamaram para ajudar em nada. Senti-me tão
vazia e tão sem objetivo. A Igreja que eu frequentava ficava ao lado da
Universidade onde trabalhava e a três quadras da minha casa. Eu queria
“pertencer”, mas, não fui acolhida.
Ainda bem que eu tinha feito muitos amigos
junto a Pascom Diocesana e fui convidada a fazer parte dela e do Conselho
editorial do boletim. Mas aquele era um serviço que não me parecia suficiente,
esporádico, “de vez em quando”, não era ação de fato. Tínhamos que divulgar a pastoral
da comunicação nas Paróquias, organizar os eventos da diocese, ajudar a montar
o boletim e só. Senti-me muito frustrada. Nos últimos dois anos eu não tinha
parado um minuto sequer. Mas, o que fazer? Não precisavam de mim.
Um ano depois, mudei de bairro e comecei a ir
às missas em outra paróquia, era mês de janeiro, meu segundo ano na cidade. E,
no final da missa, o padre falou que precisavam muito de catequistas na
paróquia. E eu pensei: por que não? Quem
sabe posso ajudar em alguma coisa.
E esse foi o início de uma outra paixão. Nos
primeiros seis meses, foi desafiador. As crianças eram difíceis, eu não tinha
preparo nenhum para aquilo e a organização da catequese era uma “desorganização”.
Na verdade, pensei que primeiro ia fazer um curso, sei lá. Mas foi apenas com a
“cara e a coragem” que enfrentei aquelas doze crianças.
Foi um ano de provações e de provocações. Ao
mesmo tempo em que me abalou um pouco tanta falta de vontade das crianças, falta
de participação dos pais, falta de comprometimento das catequistas, falta de
uma coordenação efetiva; me deu uma vontade enorme de fazer alguma coisa. Pensei em sair da catequese logo que
pudesse. Aquilo não parecia para mim. Mas, quando vi, já fazia parte da
coordenação, ia a todas as formações e eventos da catequese e me envolvia cada
vez mais.
E aquilo que parecia ser só por aquele ano, já
está no 12º. E parece que vai durar até eu não ter mais forças para estar lá!
Porque Deus quer que eu esteja lá, manda sinais sempre!
E um deles foi a “acolhida”, ou falta dela, que
me faz permanecer na Igreja e tentar mudar as coisas. Não fosse a primeira
“rejeição” eu não teria descoberto o quanto a missão de catequista é
maravilhosa. Mas, eu poderia, simplesmente, nunca mais ter tentado...
Importante é fazer com que as pessoas se sintam acolhidas e que o "Bem vindos" não fique só no cartaz da parede.
Ângela Rocha
Catequistas em Formação
angprr@gmail.com
* Ângela Rocha estará coordenando também, de uma oficina sobre ACOLHIDA, no Catequistas em Formação, dias 7 a 9, em Aparecida SP.
2 comentários:
Está é você minha doce e valente amiga! Em pouco tempo que a conheço, percebi que você se dedica ao máximo em tudo que faz, se não for pra fazer bem feito então nem começa a fazer. Parabéns pelo sei caráter te admiro muito!
Que lindo seu depoimento, eu também gosto muito de sentir esse acolhimento e de acolher,faz com que nós tenhamos vontade de voltar.....sempre que viajo vou à missa e procuro sempre trazer novas idéias para minha paróquia sobre a acolhida de cada lugar.....amei sua história ❤ Deus abençoe sua missão!!!
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