REFLEXÃO DO EVANGELHO DE LUCAS 1, 1-4;
4, 14-21
Uma das características mais escandalosas e insuportáveis da conduta de
Jesus é sua defesa decidida dos pobres. Frequentemente os cristãos tentam
esconder algo que é essencial na sua atuação. Não nos enganemos. A sua mensagem
não é uma boa notícia para todos, indiscriminadamente. Ele foi enviado para
levar uma boa notícia aos pobres: o futuro planejado e desejado por Deus é
deles.
Têm sorte os pobres, os marginalizados pela sociedade, os privados de
toda a defesa, os que não encontram lugar na convivência dos fortes, os
despojados pelos poderosos, os humilhados pela vida. Eles são os destinatários
do reino de Deus, os que se alegrarão quando Deus reinar entre os seus filhos e
filhas.
Mas por que são eles os privilegiados? Será que os pobres são melhores
do que os outros para merecer um tratamento especial de Deus? A posição de
Jesus é simples e clara. Não afirma nunca que os pobres, por serem pobres, são
melhores que os ricos. Não defende um classismo moral. A única razão do
privilégio deles consiste em que são pobres e oprimidos. E Deus não pode reinar
no mundo sem que lhes faça justiça.
Deus não pode ser neutro diante de um mundo dilacerado pelas injustiças
dos homens. O pobre é um ser necessitado de justiça. Por isso a chegada de Deus
é uma boa notícia para ele. Deus não pode reinar senão defendendo o destino dos
injustamente maltratados. Se o reino de Deus for realizado, os pobres serão
felizes, porque onde Deus reina os poderosos não poderão mais reinar sobre os
fracos e os fortes sobre os indefesos.
Mas não nos esqueçamos. O que é uma boa notícia para os pobres ressoa
como uma ameaça e uma má notícia para os interesses dos ricos. Têm má sorte os
ricos. O futuro não lhes pertence. As suas riquezas impedem-nos de se abrir
para um Deus Pai.
Texto de José Antonio Pagola
Tradução: Antonio Manuel Alvarez Pérez
fonte: cebi.org.br
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