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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

O ALTAR: SÍMBOLOS LITÚRGICOS

Piemonte - norte da Itália

O altar constitui, sem dúvida, o centro de uma igreja católica. É de tal importância que em geral é consagrado e fixo.

A Igreja, desde que construída como edifício destinado unicamente e de modo estável a reunir o povo de Deus e a realizar os atos sagrados, torna-se casa de Deus. Por isso, de acordo com antiquíssimo costume da Igreja, convém que seja dedicada ao Senhor mediante rito solene. Quando a igreja é dedicada, tudo o que nela se encontra, fonte batismal, cruz, imagens, órgão, sinos, estações da “via-sacra”, deve considerar-se abençoado e erigido com o próprio rito da dedicação, não sendo precisa nova bênção. Convém se mantenha a tradição da Liturgia Romana de encerrar sob o altar relíquias dos Mártires ou de outros Santos. 

“Nós não erigimos altares aos mártires para oferecer-lhes sacrifícios, mas ao Deus único, Deus dos mártires e nosso. São nesse sacrifício, nomeado em seu lugar e em sua ordem como homens de Deus que venceram o mundo, confessando seu nada. O sacerdote que oferece o sacrifício não os invoca, porque oferece a Deus e não a eles, embora ofereça em suas memórias. E sacerdote de Deus, não dos mártires.” (Santo Agostinho, A Cidade de Deus, livro XXII, 10).

O que representa o altar?

É um elemento bastante comum na expressão cultual dos povos. É antes de tudo o lugar do sacrifício. Pode significar ainda o centro do mundo, o lugar de encontro com a divindade. Aparece ainda como símbolo da totalidade, da pureza virginal. Por isso, era geralmente de pedra natural. Pode expressar ainda o centro de unidade.

No Novo Testamento o altar é antes de tudo a mesa sagrada da Ceia do Senhor, intimamente ligada ao Sacrifício da Cruz. O sacrifício cristão é um sacrifício espiritual de ação de graças com Cristo, em que oferecemos o nosso coração, reconhecendo a Deus como nosso Criador e Senhor. O altar cristão é essencialmente a mesa do sacrifício, realizado em forma de Ceia eucarística. É, pois, o lugar em que se torna presente o sacrifício da Cruz, sob os sinais sacramentais para que dele participemos; é igualmente a mesa do Senhor a cuja participação o povo de Deus é convidado; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia através do sacerdote ministerial.

Sendo assim, o altar tornou-se símbolo do próprio Cristo. Aí Ele se torna presente na atitude sacrifical da Cruz; aí Ele se torna presente como pão vivo descido dos céus. Como a Cruz, também cada altar cristão torna-se centro do mundo, pois Cristo é a pedra rejeitada pelos construtores, mas que se tornou pedra angular. Em torno do altar cristão, pela ação de graças que evoca o sacrifício da Cruz, realiza-se o encontro com a divindade, com Cristo-Deus e, através dele, com o Pai. Cristo constitui a totalidade, reunindo todos os povos na unidade em torno do sacrifício de reconciliação. Ele faz com que todos os homens possam recuperar a integridade original. E desta forma o altar – Cristo – torna-se o centro da unidade na comunhão fraterna.

O altar, sendo símbolo de Cristo, é também símbolo do cristão. O altar consagrado significa o coração de cada pessoa no qual arde o sacrifício do amor a Deus qual chama eterna. Santo Ambrósio considerava as virgens consagradas como altares do Deus altíssimo.
 
Frei Alberto Beckhäuser, OFM.
Sobre o livro:

Símbolos Litúrgicos - Frei Alberto Beckhäuser, OFM

Este livro fala da linguagem na Liturgia. Nela o ser humano todo procura entrar em comunhão com seu Deus. Ele, por sua vez, se comunica através de sinais que significam e transmitem a graça. Aqui o autor procura desvelar o mistério contido nos principais símbolos da Celebração católica dos sacramentos.


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