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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

A CATEQUESE A SERVIÇO DA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

Imagem: diocesedeuruguaiana.org.br


A Catequese tem passado por muitas mudanças, respondendo aos desafios de uma nova situação histórica: A verdadeira Iniciação à Vida cristã. A Igreja assume, a partir do Concílio Vaticano II, o pedido de restauração do catecumenato.

As linhas fundamentais deste processo, podem ser assim resumidas:

1-   Catequese como iniciação à fé e vida da comunidade

Do século I ao V a Catequese iniciava nos mistérios da fé (Mistagógica) envolvendo Catequese e Liturgia,  testemunhadas na comunidade. (At  2,42-47) -Catecumenato.

2-   Catequese como processo de imersão na cristandade

Do século V ao séc. XVI a catequese se realizava pela participação numa vida social, profissional e artística marcada pelo religioso, num ambiente cristão presente na sociedade inteira, o poder civil se une ao eclesiástico. Desaparece o catecumenato dos primeiros séculos.

3-   Catequese como instrução

A partir do século XVI, a catequese torna-se intelectualizada (catecismos), instruindo a doutrina com pouca ligação com a comunidade e a liturgia. Muito devocionismo e sacramentalista.

4-   Catequese como educação permanente para a comunhão e participação na comunidade de fé.

No século XX o Concílio Vaticano II (1962-65) estabelece a volta ao Catecumenato, uma catequese que une fé e vida. Caminha com a comunidade, com a liturgia, torna-se experiência e vivência. Iniciação aos mistérios da fé centralizada no mistério pascal de Cristo. É a catequese de Iniciação à Vida Cristã aonde, gradualmente, as crianças (e adultos) vão entrando conscientes e ativamente na comunidade celebrante, assimilando sua pertença na vida da Igreja.

O catequizando e a Liturgia  

Não é fácil iniciar as crianças na liturgia pois as palavras e os sinais não estão adaptados à capacidade delas, e sim aos adultos. Como Igreja que são, precisam ser educadas como cristãs através da iniciação eucarística. É importante que elas sintam-se “celebrantes” na missa com crianças e não somente como espectadoras (missa para as crianças). A missa não é de crianças nem de adultos, é da comunidade.

A iniciação eucarística introduz nas grandes atitudes que formam o conteúdo da Eucaristia:

      a) Reunimo-nos com outros para celebrar: o sentido da “comunidade” na celebração;

        b) Escutamos a Palavra que Deus nos dirige;

    c) Damos graças e bendizemos a Deus;

    d) Recordamos e oferecemos o sacrifício de Cristo na cruz;

    e) Comemos e bebemos juntos a Eucaristia;

    f)   Despedimo-nos assumindo um maior compromisso de vida cristã: viver e anunciar o Evangelho. 

Os valores humanos necessários na formação eucarística, portanto são:

         ·        O saber fazer (celebrar) algo em comum com os outros;

·        A ação do cumprimento;

·        A capacidade de escutar;

·        A atitude de pedir e dar perdão;

·        A expressão de agradecimento a quem nos fez bem;

·        A linguagem dos símbolos;

·        O comer fraternalmente com outros;

·        A experiência de uma celebração festiva.

Tudo o que for feito - no seio da família, na catequese ou escola - para fomentar nas crianças essas atitudes positivas vai preparando-as e introduzindo-as em uma celebração eucarística saudável e ativa. Esses valores humanos são básicos para depois conduzi-las aos valores cristãos na “celebração do Mistério de Cristo”.

O acesso das crianças à fé cristã e sua celebração é uma experiência pessoal que deve ser propiciada principalmente  pela FAMÍLIA e pela COMUNIDADE. Os primeiros mestres são os pais, para isso a necessidade de uma formação permanente dos pais. A comunidade por seu testemunho é a “escola de instrução cristã e litúrgica” com seus agentes (padrinhos, catequistas, grupos, associações).

O Diretório para Missas com crianças (aprovado em 1973 pelo papa Paulo VI) enfatiza a “força didática” da própria celebração. Uma Eucaristia bem celebrada leva aos poucos a penetrar na sua dinâmica.

A iniciação eucarística não deve ser separada da iniciação eclesial: Eucaristia e Igreja não podem se separar. As crianças desde pequenas devem compreender que Cristo nos chama a cada um, mas não sozinhos, e sim em comunidade.

A iniciação à Eucaristia não é apenas instrução ou explicação, mas deve fomentar a relação pessoal com Deus, experimentar a fé, a comunhão. Dar o significado da Missa através de seus ritos e orações, com destaque a Oração Eucarística, a oração central da celebração.

A catequese que prepara para a Primeira Comunhão precisa não só ensinar as verdades da fé e o que é a Eucaristia; mas sim, o que é pertencer ao “Corpo de Cristo”, à Igreja. Realçar que a primeira comunhão eucarística é a primeira vez que as crianças vão “participar ativamente com o povo de Deus, plenamente inseridas no Corpo de Cristo”, ou seja, simultaneamente  na mesa do Senhor e na comunidade dos irmãos”. Não esquecer que celebrar bem a Palavra já é uma primeira “comunhão” com Jesus Cristo.

Celebrações de várias espécies, mais informais também, podem iniciar as crianças nas atitudes básicas para celebrar a Eucaristia:  O sentido do silêncio, da saudação, do louvor comum, da ação de graças, do canto. As celebrações da Palavra, sobretudo no Advento e na Quaresma (SC 35,4) conduzem ao apreço pela Palavra de Deus.

Nas missas os adultos são um exemplo vivo para as crianças: às vezes elas olham mais a cara e o comportamento dos adultos que o altar, percebendo instintivamente  se é ou não importante o que se está celebrando.

Para as crianças pequeninas, o Diretório sugere celebrações especiais em outro local, fora da missa. Não para “entreter” com animadores que saibam interagir com as crianças, mas para “celebrar” segundo a sua capacidade, com alegria e com seriedade a Palavra de Deus que as interpela.

A presença das crianças deve ser notada através de monições, atenção na homilia, nos ministérios a elas confiados (preparar o local, cantar, tocar, proclamar as leituras, recitar as orações, etc.). Diferenciar os ministérios onde ela “atua, intervém”, da participação que é ver, escutar, atender, etc., enfim celebrar.

Gestos e posturas do corpo precisam ser valorizados, pois, Liturgia é “ação de toda a pessoa humana” e não apenas da inteligência e da vontade humana. O CORPO TAMBÉM FALA! É preciso explicar os gestos e sinais clássicos da celebração cristã como, por exemplo: o fato de utilizar  o pão e vinho, o elevar as mãos no Pai-Nosso, etc.

A importância do visual: 

A linguagem da liturgia afeta todos os sentidos. As crianças respondem melhor à linguagem dos sinais e símbolos, ornamentos, etc., que às simples palavras.

Por meio da Mistagogia vai se introduzindo o mistério: explica – celebra - explica, etc. Nunca a liturgia deverá aparecer como algo árido e somente intelectual, ela tem que passar pelo coração, experienciar.

É importante ajudar as crianças a “preencher os momentos de silêncio”, educando-as a concentrar-se em si mesmas, meditar, louvar e rezar a Deus em seu coração.

A Oração Eucarística é a parte central da missa. Faz pouco tempo que é escutada em voz alta. Há necessidade de dar o texto para a criança ler e saborear, não fazer uma catequese meramente teórica. Evitar o costumeiro estudo da missa parte por parte, vista de uma vez, intelectualizada. Passar ao método mistagógico, que faz enxergar o invisível como ato de fé . Esse método baseia-se nos passos:

ü 1º- partir do sentido antropológico (significado comum e cotidiano);

ü 2º- ver como aparece (o gesto, objeto, símbolo, etc.)na Bíblia;

ü 3º- analisar o significado que adquire na vida cristã e na celebração;

ü 4º- extrair o compromisso que a evangelização e o rito cristão anunciam e celebram para suscitar e alimentar a fé.

Percebe-se que o mistério não se ensina nem se aprende, ele ultrapassa a verdade intelectual, racional, pois é uma verdade de Revelação e Descoberta.

 

* Organizado por:

Helena Okano
Ângela Rocha

Fontes de pesquisa:

ALDAZÁBAL, José. Celebrar a eucaristia com crianças. São Paulo: Paulinas, 2008

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição típica Vaticana. São Paulo: Loyola, 2000.

CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Documento nº 84. São Paulo: Paulinas, 2006.

CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a sagrada liturgia. São Paulo: Paulinas, 1998.

NERY, Israel. Iniciação ao  seguimento de Jesus - slides 37ss - Formação para catequistas. Londrina, 2009.

BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Edições Paulinas, 1973.




 

 

 

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