Jesus sabia muito bem que o amor é a única dinâmica capaz de ajudar a pessoa a realizar-se de modo equilibrado e feliz. Foi esta a razão pela qual ele fez do amor o seu Mandamento.
O judaísmo do seu tempo tinha uma multidão de mandamentos, normas e preceitos. Esta multiplicidade de leis, ritos e preceitos eram de tal modo numerosos que muitas vezes os próprios Sacerdotes e Doutores da Lei se sentiam confusos perante esta multiplicidade de leis e preceitos.
Jesus era um excelente conhecedor de Deus e do Homem. Ao aperceber-se da inutilidade de tantos mandamentos e preceitos, Jesus resolveu resumi-los a um só um mandamento. “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).
São Paulo entendeu muito bem a opção de Jesus pelo amor e a sua atitude perante a Lei. Por isso ele não hesitou em declarar que a Lei não tem qualquer valor para a salvação. Eis o que ele diz na Carta aos Gálatas: “Nós acreditamos em Cristo Jesus. De fato, nós somos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei, pois nós sabemos que ninguém é justificado pelas obras da Lei” (Gal 2, 16).
O evangelho de Mateus põe na boca de Jesus uma afirmação com um alcance enorme. Segundo essa afirmação, Jesus não veio para anular a Lei, mas sim para a cumprir de modo pleno. Com estas palavras, Jesus queria dizer que a maneira de realizar de modo perfeito as grandes aspirações mais autênticas da Lei é amar (Mt 5, 17).
São Paulo vai exatamente nesta linha quando afirma: “Amar o próximo como a si mesmo resume e cumpre toda a Lei ” (Rm 13, 8). E logo a seguir acrescenta que o amor é o pleno cumprimento da Lei (Rm 13, 10).
Inspirado nos ensinamentos de Jesus, São Paulo compôs um hino que é das coisas mais belas que alguém escreveu sobre o amor:
“Ainda que eu fale as línguas dos anjos e dos homens, se não tiver amor não passo de um bronze que soa e faz barulho.
Mesmo que eu tenha o dom da profecia e conheça
todos os mistérios e toda a ciência;
Ainda que tenha uma fé tão grande que possa mover
montanhas, se não tiver amor, nada sou.
Mesmo que eu distribua todos os meus bens e
entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me
aproveita.
O amor é paciente e prestável.
O amor não é invejoso nem arrogante.
O amor não é orgulhoso, não faz nada de
inconveniente e não gira sempre à volta do seu interesse.
O amor não se irrita nem guarda
ressentimento.
Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.
O amor desculpa tudo e acredita sempre.
Espera tudo e tudo suporta. O amor jamais passará”.
(1 Cor 13, 1-8).
Jesus convidou os discípulos a amar ao jeito de Deus, isto é, a viver o amor como caridade. A caridade é o amor à medida de Deus, de alcance universal e incondicional. Eis o que ele diz no evangelho de São Mateus:
Mas eu digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai
pelos que vos perseguem.
Fazendo assim tornar-vos-eis filhos do vosso Pai
que está nos Céus,
o qual faz com que o sol se levante todos os dias
sobre bons e maus
e faz cair a chuva sobre justos e pecadores (…).
Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai do céu é
perfeito”. (Mt 5, 43-48).
Em Comunhão Convosco,
Pe. José Santos Calmeiro Matias
(Padre redentorista
português falecido em 2010, um grande missionário da nossa Igreja).
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