A Quaresma é um tempo
propício para renovar a comunidade dos fiéis e os catecúmenos pela Liturgia,
pelos exercícios quaresmais, pela preparação para o Batismo, pela penitência.
No Catecumenato
(Catequese) com Adultos, o Rito da Eleição (celebrado no 1º Domingo
da Quaresma) assinala a entrada neste tempo forte, no qual são celebrados os Escrutínios
(no 3º, 4º e 5º Domingos da Quaresma).
“Os escrutínios,
solenemente celebrados aos Domingos, têm em vista (…) descobrir o que houver de
imperfeito e fraco no coração dos eleitos, para curá-los; e o que houver de
bom, forte, santo, para consolidá-lo.” (RICA 25)
Escrutínio é na
verdade, um exame minucioso no coração de cada um, quanto as suas disposições
em abraçar a fé cristã. Em cada celebração, os eleitos são chamados a examinar
sua consciência para identificar tudo o que os afasta da proposta de vida
oferecida por Jesus. É convidado a discernir suas escolhas à luz da Palavra de
Deus e a reconhecer sua fragilidade como pessoa humana e acolher a graça divina
que lhes é oferecida.
As celebrações dos
escrutínios são, portanto, momentos de discernimento, na oração, sobre a
situação de conversão de cada um e de estímulo a uma vida verdadeiramente unida
a Cristo. Junto, a comunidade, também é enriquecida pela escuta e meditação da
Palavra, sendo chamada a examinar sua vida e a crescer no seguimento de Jesus.
Na celebração dos
escrutínios há dois “momentos” fortes: a oração de exorcismo e a imposição
das mãos.
§
O objetivo da oração
é pedir que o Espírito Santo ajude os catecúmenos em seu crescimento interior e
que eles se coloquem abertos à ação do Espírito.
§
O gesto de impor as
mãos sobre os catecúmenos que acompanha a oração de exorcismo significa a vinda
do poder de Deus, isto é, de seu Espírito sobre eles – para libertá-los de toda
incredulidade e de toda dúvida e fortificá-los na virtude da fé, da esperança e
da caridade.
A palavra vem do grego, ex-orkizein
(conjurar, lançar fora). O Evangelho, relata, com frequência, episódios em que
Jesus, com o seu poder, liberta os possessos do demônio. Esse mesmo encargo foi
transmitido aos discípulos, no dia da Ascensão: “Eis os milagres que
acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demônios em meu nome…” (Mc
16,17).
O exorcismo é uma ação, como a
bênção, constituída de palavras e gestos – insuflação, imposição das mãos,
sinal da cruz ou aspersão com a água benta –, pela qual a Igreja, em nome de
Deus, liberta e protege do mal. Não é um sacramento, mas sim um sacramental que
se aplica a uma pessoa ou a uma coisa (exorciza-se a água, os óleos, os
lugares), que transmite o poder salvador e a vitória pascal de Cristo,
libertando-as da influência do demônio (cf. Lc 8,26-39; Jo 12,31).
No novo Ritual do Batismo de
Crianças, o exorcismo usa a forma de súplica: a oração dos fiéis prolonga-se
com uma oração que pede fortaleza para as crianças no caminho da vida, e
proteção contra todo o mal. Este exorcismo está acompanhado pela unção
pré-batismal no peito, ou, se parecer melhor, a imposição das mãos sobre a
cabeça, significando, em ambos os casos, a fortaleza que se pede a Deus para
esta luta.
No Ritual de Adultos fala-se,
para o tempo do catecumenado, de uns “primeiros exorcismos” ou “exorcismos
menores”, que se realizam com as mãos estendidas sobre os catecúmenos,
pedindo a força de Deus para “a luta entre a carne e o espírito” e
mostrando a necessidade e a confiança do auxílio divino (RICA 101 e 109-118).
Depois, na Quaresma, na celebração dos escrutínios, volta-se a
repetir este gesto:
“No rito do exorcismo, celebrado
pelos sacerdotes ou pelos diáconos, os eleitos, já instruídos pela Igreja sobre
o mistério de Cristo que salva do pecado, são libertados das consequências do
pecado e da influência diabólica, são robustecidos para prosseguirem a sua
caminhada espiritual, e abrem o coração para receberem os dons do Salvador”
(RICA 156).
A oração deste exorcismo é muito
expressiva (cf. RICA 164). Num tempo em que a figura do demônio é objeto de
dúvidas e discussões, o exorcismo é um ato de fé no Mistério Pascal de Cristo e
a aplicação da sua força vitoriosa na luta contra o mal.
A palavra “escrutínio” vem do
latim, scrutari (esquadrinhar, examinar). Aplica-se o termo, por
exemplo, à recontagem de votos nas eleições. No mundo cristão, dá-se este nome
às provas e celebrações – feitas de oração, leitura e exorcismos – que se fazem
sobretudo no caminho do catecumenado batismal.
No Ritual da Iniciação Cristã de
Adultos explica-se a razão de ser destes escrutínios, na Quaresma que
precede o Batismo (RICA 154-159). A sua finalidade é purificar as almas e os
corações, proteger contra as tentações, retificar a intenção, conseguir um
sério conhecimento de si mesmo e promover a vontade a seguir, fielmente, a
Cristo (RICA 154).
Em outras ocasiões, o escrutínio
adquire sobretudo o sentido de exame dos candidatos a um sacramento: por
exemplo, na ordenação ministerial ou na Profissão religiosa. Toma então a forma
de um diálogo com eles, a respeito da sua intenção e disposições.
Apesar de alguns estudiosos
orientarem para se fazer os escrutínios somente com os catecúmenos, na
Arquidiocese de Curitiba é entendimento geral, que se faça o Rito da Eleição e
os escrutínios com todos por razões pastorais. Muito mais do que por motivos
sacramentais, o catecumenato deve ter por objetivo aprofundar o mistério da fé
e a vivência cristã. É difícil explicar, mas basta ver as experiências com
aqueles que participam, como ficam tocados e emocionados. Isso é fazer
"mistagogia", conduzir ao mistério. Já com as crianças não se faz
escrutínios e sim, Celebrações penitenciais adaptando os escrutínios.
A Liturgia dos
escrutínios marca profundamente toda a caminhada catequética de inspiração
catecumenal com gestos, símbolos, orações e textos bíblicos; as celebrações são
momentos privilegiados para a experiência de fé e a Palavra nelas proclamada
chama a atenção de cada catecúmeno e catequizando para a ação de Deus em suas
vidas.
Celebram-se três escrutínios,
para favorecer o progresso no conhecimento do pecado e no desejo de salvação em
Cristo. Têm lugar, sendo possível, nos domingos III, IV e V da Quaresma, com as
leituras do *ciclo A (samaritana, O Cego de nascença e a Ressurreição de
Lázaro), na presença da comunidade, que ora pelos *eleitos. Também no caso de
crianças em idade de catequese se fazem estes escrutínios (RICA 330-333), que
se convertem praticamente em celebrações penitenciais para os que vão ser
batizados e seus familiares. Trata-se sempre de escrutar o coração do
catecúmeno e ajudá-lo a conhecer a sua própria debilidade, a vencer o mal e a
aderir a Jesus Cristo (RICA 25).
* Eleitos : Assim se
chamam os catecúmenos, depois do rito da inscrição do seu nome, que dá entrada
ao Tempo da Purificação e Iluminação, anterior ao Batismo.
Os
escrutínios, seguindo a pedagogia quaresmal, querem proporcionar aos eleitos o
conhecimento de si mesmos por meio do exame de consciência e da verdadeira
penitência; instruir e formá-los para que tenham consciência do pecado,
querendo libertar-se de suas consequências e da influência do mal, purificando
o espírito e o coração. As orações estimulam as vontades para que se unam mais
estreitamente a Cristo, se impregnem do senso da redenção, ser fortaleçam
contra as tentações e adquiram um sentido mais profundo de Igreja. Assim
fortalecidos em seu caminho espiritual, reavivam o desejo de amar a Deus e
abrem os corações para receber os dons do Senhor no sacramento. (RICA 154-159).
O 1º Escrutínio tem como tema a água viva que Jesus promete à samaritana. A celebração segue o RICA para os catecúmenos. Para os crismandos, as orações dos exorcismos desse escrutínio serão feitas em forma positiva, evitando todo o aceno à culpa original e referindo-se somente às culpas pessoais e às tentações. “Celebra-se o 1° Escrutínio no 3° Domingo da Quaresma, usando-se sempre as fórmulas do Missal e do Lecionário do Ano A (Evangelho da Samaritana)” conforme RICA 160.
Celebra-se o 2° Escrutínio no 4° Domingo da Quaresma, usando-se sempre as fórmulas do Missal e do Lecionário do Ano A (Evangelho do Cego de nascença), conforme RICA 167.
O 2º Escrutínio tem como tema a Cura do cego de nascença. A celebração segue o RICA para os catecúmenos. Para os crismandos, as orações dos exorcismos desse escrutínio serão feitas em forma positiva, evitando todo o aceno à culpa original e referindo-se somente às culpas pessoais e às tentações.
Celebra-se o
3° Escrutínio no 5° Domingo da Quaresma, usando-se sempre as fórmulas do Missal e do Lecionário do Ano A (A
ressurreição de Lázaro) conforme RICA 174.
O 3º Escrutínio tem como tema Jesus ressuscita Lázaro. A celebração segue o RICA para os catecúmenos. Para os crismandos, as orações dos exorcismos desse escrutínio serão feitas em forma positiva, evitando todo o aceno à culpa original e referindo-se somente às culpas pessoais e às tentações.
Na liturgia, o Escrutínio começa após a Proclamação da Palavra e da homilia.
Ângela Rocha
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