Há mais de 40 anos atrás (1977), a CNBB publicou um documento chamado Diretório Para Missa Com Grupos Populares, que tinha como anexo o DIRETÓRIO PARA MISSA COM CRIANÇAS, aprovado pela Sagrada Congregação para o Culto Divino em 01 de novembro de 1973.
Apesar de antigo, o documento ainda tem sua validade e valor como instrução, ele se mostra ainda atual em sua essência e abertura. E é fruto da intenção do Concílio Vaticano II em promover a participação ativa de todos nas celebrações, inclusive das crianças, naquilo que lhes é possível, é claro. O Diretório surgiu como uma resposta ao anseio da Igreja de conhecer mais sobre o tema. Não veio “de cima para baixo”, mas a partir de experiências concretas recolhidas de várias partes e bem refletidas para se retirar os exageros. Com todas essas experiências surgem orações mais acessíveis e um novo lecionário. Em 1966, foi feita uma quarta redação levada a Paulo VI que fez por escrito suas reflexões e, em 1973, o Documento final foi publicado. Em fevereiro de 1977, na Assembleia Geral da CNBB, ele foi aprovado.
O Diretório Para Missa com Crianças se desenvolve em três capítulos:
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Como iniciar as crianças na existência cristã e prepará-las para a Eucaristia?
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Como acolher as crianças nas celebrações com adultos?
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Como conduzir a celebração quando a Missa tem na maioria crianças?
Desde o início do texto, um embasamento da Psicologia garante que a criança é capaz de participar por envolvimento do mundo dos adultos. Progressivamente seu desejo de compreender e participar de uma maneira mais completa. Daí vale ressaltar a atitude da família, insubstituível na transmissão da fé e do espírito celebrativo. Não são necessárias grandes explicações sobre o mistério que se celebra, mas sim grande acolhida e envolvimento. A segregação da família, pluralismo ou a indiferença religiosa criam novos desafios. O que vivemos e celebramos não é respaldado pela sociedade atual.
Mais do que suscitar uma prática religiosa regular nosso objetivo deve ser que a Eucaristia seja o centro das nossas vidas. Criar uma comunicação lúdica e orante e sair da mentalidade “escolar” devem ser metas da Liturgia e da Catequese, que estão intimamente unidas. A fonte da Catequese é a Liturgia, que celebra o conteúdo da fé. E é na Catequese que se aprende a celebrar. Não são realidades dissociáveis. A integração precisa ser ainda maior.
É preciso criar condições para que a criança viva a sua fé. A começar pelos pais, depois o celebrante, os catequistas, a comunidade. Alguns pontos se fazem notar: iniciar a criança no valor do silêncio não como hiato vazio, mas como momento precioso para acolher a palavra de vida; introduzir a criança no canto; valorizar a celebração da Palavra.
Por outro lado, o Diretório enfatiza também que a Catequese precisa ter também
uma dimensão humana: aprender valores, saber conviver com os outros, agradecer,
pedir perdão.... atitudes que também são exercitadas na celebração.
Nas celebrações com adultos a criança não deve ficar em “quarentena”, pois ela tem o direito de ser introduzida na vida litúrgica da comunidade. Sua participação requer uma atenção especial.
Sugestão:
1.
As crianças menores podem ser reunidas em um lugar próximo adequado e voltarem
para a Bênção final;
2.
Em outro local, as crianças participam de uma Liturgia da Palavra mais adequada
e voltam para a Liturgia Eucarística ou;
3.
Dá-se atividades adequadas para a sua mais efetiva participação (ex. coleta, ofertório,
etc.).
Esta última tem se mostrado ser a mais adequada para a nossa realidade. Na terceira parte do Diretório, vê-se que não se trata de ocupar as crianças durante a Missa para que não se distraiam, mas sim de ajudá-las a celebrar e viver a fé. O padre deve evitar um discurso muito infantil, mas também muito rebuscado. Quanto aos adultos presentes, eles estão ali para rezar junto com as crianças e não para fiscalizá-las.
Celebrar com as crianças é ir com elas ao encontro do Senhor que se nos reúne, nos revela, se nos oferta e se nos dá na Sagrada Comunhão.
O Diretório se mostra em alguns aspectos reservado e em outros, aberto. Não podemos nos esquecer de que celebramos o maior acontecimento da nossa fé: não é mera lembrança, é atuação na vida presente de cada um de nós. Cada um acolherá esse mistério dentro de suas possibilidades. Assim, toda a preparação deve girar em torno disso. A música vocal e instrumental bem preparada e adaptada é de grande importância: a melodia não deve se sobrepor à letra, nem os instrumentos à voz, nem o coral à assembléia.
Não basta assistir, é preciso participar, ou seja, fazer parte. O uso de imagens e símbolos visuais é também ponto de destaque, que precisam ser usados. Que nada se imponha, mas que esteja a serviço do essencial. O espaço também contribui para a melhor participação.
Pode-se dizer que a Igreja nunca se interessou tanto na integração das crianças
na Liturgia. É preciso prepará-las, iniciá-las. Todas as comunidades se ocupam
sobre esse tema. Adaptação, porém, não significa improvisação: minha
criatividade deve estar subordinada ao meu bom conhecimento das orientações da
Igreja. A Missa é uma só, mas terá uma preparação especial voltada para o
público infantil, sem reduzir a celebração somente à elas. Caso contrário, será
uma celebração tão infantil que, depois de passar de determinada faixa etária,
não mais se interessará por ela.
O importante agora, é unirmos nossa experiência valiosa de dedicação de todos para nos integrarmos mais e nos sentimos membros participantes desse processo histórico, trazendo como originalidade a consciência do que deu certo ou não e a novidade de fazer viver o projeto, o intento do Diretório com as crianças de hoje da nossa comunidade, de tal maneira que elas se sintam bem na celebração e possam viver e rezar sua fé.
Liturgia e Palavra, Liturgia e Sacerdócio, Celebrar a
Eucaristia Hoje, Eis o Mistério da Fé. (Cônego Antônio José de Moraes).
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Um comentário:
É importante criar um ambiente acolhedor, favorável à espiritualidade e que prenda a atenção das crianças. Não é uma tarefa fácil. Especialmente quando são muito pequenas. Os cantos com gestos, são antilitúrgicos?
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