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sexta-feira, 21 de julho de 2023

SALMO RESPONSORIAL

Imagem: Soundcloud - Pe Evald
O SALMO NA LITURGIA

O salmo, na missa, faz parte integrante da liturgia da palavra, não podendo por isso ser omitido. É prolongamento da palavra bíblica, em sentido lírico-meditativo, tendo portanto o mesmo valor da palavra de Deus. É também canto de repouso e de meditação.

Sempre que celebramos a Eucaristia, depois da primeira leitura a comunidade reza um Salmo, ao qual chama "Responsorial". Em outras palavras: é a nossa resposta à primeira leitura.

A lógica da liturgia da Palavra, na Eucaristia, é a do diálogo entre Deus e nós.

Deus nos fala (primeira leitura) e nós respondemos rezando (Salmo responsorial); Deus fala-nos mais uma vez (segunda leitura) e nós respondemos aclamando (aclamação ao Evangelho); Deus fala-nos em Jesus (Evangelho) e nós respondemos acreditando (Profissão de Fé - Credo).

Esta é a lógica da Liturgia da Palavra, entre os cristãos.

Para irmos treinando a resposta que estamos chamados a dar à Palavra de Deus que está entre nós e para irmos rezando, enquanto, o Domingo não vem, vamos ao salmo deste domingo dia 23 de julho de 2023:

 

Sl 85(86),5-6.9-10.15-16a


Ó Senhor, vós sois bom e clemente,
sois perdão para quem vos invoca.
Escutai, ó Senhor, minha prece,
o lamento da minha oração!

R. Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!

As nações que criastes virão
adorar e louvar vosso nome.
Sois tão grande e fazeis maravilhas:
vós somente sois Deus e Senhor!

R. Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!

Vós, porém, sois clemente e fiel,
sois amor, paciência e perdão.
Tende pena e olhai para mim!
Confirmai com vigor vosso servo.

R. Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!


O SALMISTA

O ministério de cantar como salmista é um dos mais importantes que os leigos podem realizar na celebração. Na última reforma, recuperou-se o Salmo Responsorial, depois de, durante séculos, ter sido substituído pelo "gradual" ou pelo "tracto", que requeriam cantores muito especializados e se realizavam sem a participação da comunidade.

A origem do Salmo Responsorial e do ofício de salmista remonta à sinagoga e às suas celebrações litúrgicas. Nos textos dos Padres do século IV, como Ambrósio, Agostinho ou João Crisóstomo, inteiramo-nos da importância que lhe concediam nas comunidades cristãs de então.

O ministério do salmista está cheio de técnica musical e de fé. Sabe música e realiza o seu ministério pensando em ajudar a comunidade: "para desempenhar bem a sua função, é necessário que o salmista seja competente na arte de salmodiar e dotado de pronúncia correcta e dicção perfeita" (IGMR 102; cf. OLM 56; in EDREL 858). Entoa as estrofes do Salmo para que a comunidade o possa ir meditando serenamente e responder com o seu estribilho ou antífona cantada. O papa S. Dâmaso fala do "placidum modulamen" do salmista, uma "modulação plácida" que ajuda a ir aprofundando o sentimento do salmo.

Mas, ao mesmo tempo, canta a partir de dentro, «escutando», ele próprio, o que disse a leitura e, agora, o Salmo, saboreando a salmodia, alegrando-se, meditando, suplicando, aclamando ou pedindo perdão, segundo o salmo que está a cantar para si e para os outros.

Realiza o seu ministério, a partir do ambão, porque o Salmo é também Palavra de Deus. E, em princípio, fá-lo um ministro distinto do que proclamou a primeira leitura.

(José Aldazábal in: https://www.liturgia.pt/dicionario)

COMO CANTAR O SALMO:

É importante lembrar que a forma musical do salmo, conforme apresentada no Lecionário, é a responsorial, diferente do estilo antifonal da Liturgia das Horas. O Salmo Responsorial consiste num refrão, cantado por todos, e estrofes (divididas em versos/membros), cantadas por um solista. No início do salmo, o refrão é cantado duas vezes: a primeira vez, apenas pelo solista (tendo a função de propor a melodia para a assembleia), e a segunda vez (repetição) já é cantada por toda a assembleia. Entre cada estrofe, e ao final o refrão, é cantado sempre por toda a assembleia.

As melodias dos Salmos Responsoriais devem ser sóbrias e orantes, a fim conduzir toda a assembleia a um mergulho no mistério celebrado.

O refrão deve ter melodia simples, para que a assembleia possa aprender e cantar com facilidade. Preferencialmente, que seja uma melodia silábica, com apenas uma nota por sílaba, sendo admitido algum pequeno ornamento, porém deve-se pensar sempre no texto. Evitem-se ritmos complexos ou rápidos e outros elementos que dificultem o cantar da assembleia. A melodia do refrão não deve ser nem muito aguda nem muito grave e sua tessitura vocal – a extensão entre a nota mais grave e mais aguda – não supere uma oitava ou no máximo dez notas. É importante ter um cuidado especial com a tonalidade, a fim de que favoreça a participação, tanto de vozes femininas, quanto masculinas. Quanto à participação do coral, a melodia do refrão pode ser cantada pelo coro, porém nunca sobrepor-se à voz principal que é cantada por uma das vozes do coro e toda a assembleia. A melodia do refrão priorize o texto literal do Lecionário, evitando excessivas repetições.

As estrofes (versos): é melhor que sejam cantadas por um salmista, mas também podem ser cantadas por dois ou mais cantores; porém, é sempre necessário pensar na primazia e inteligibilidade do texto.

As estrofes são divididas em versos/membros, podendo cada estrofe ter 2, 3, 4, 5 ou 6 versos/ membros e, no mesmo salmo, podemos ter variações do número de versos/membros por estrofes, conforme o indicado no Lecionário. Que o desenvolvimento da linha melódica seja claro para não dificultar a compreensão do texto cantado, e o seu ritmo deve ser o ritmo do próprio texto, algo como “falar cantando”, não se alongando demais em determinadas sílabas ou correndo com o texto em outras – estilo recitativo.

O arranjo instrumental deve sóbrio e discreto. Na música ritual, cada momento exige interpretação própria conforme a ritualidade o exige. Por exemplo, no Salmo Responsorial os instrumentos quase se calam. Para o Salmo Responsorial, priorizem-se sons contínuos, que fazem uma base harmônica de sustentação para a voz que está em primeiro plano. [É preciso ter muito cuidado e bom senso no uso da percussão. Há diversos momentos da celebração que a percussão é bem-vinda (abertura, glória, aclamação, santo…)]. No Salmo Responsorial deve-se primar pela leveza e sobriedade e o seu volume nunca se sobreponha à voz do salmista e da assembleia.

É importante salientar que as melodias utilizadas para o Salmo Responsorial geralmente são “melodias-tipo”, ou seja, são esquemas melódicos que podem ser adaptados ao texto de vários salmos. O melhor exemplo disso é o que consta nos hinários litúrgicos, onde a mesma melodia do Salmo Responsorial está presente por várias semanas, com a mudança apenas do texto semanal.

O salmista necessita ter um mínimo de formação espiritual, litúrgico-musical e técnica:

a)Formação espiritual – cultivar o hábito da leitura orante da primeira leitura e do salmo responsorial; saber orar com o salmo, sabo­reá-lo como Palavra de Deus para sua vida atual; saber cantar de forma orante e postura de quem está em atitude de oração.

b)Formação bíblico-litúrgica – aprofundar o sentido literal e cristológico dos salmos; estudar cada salmo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de salvação de Deus.

c) Formação musical – saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção e até mesmo saber ler uma partitura simples; aprender as melodias dos Salmos Responsoriais; saber se entrosar com os instrumentos musicais que acompanham o canto do salmo.

d)Formação prática – saber manusear o Lecionário e o Hinário Litúrgico; saber em que momento subir ao ambão, como se comunicar com a assembleia, como usar o microfone; conhecer os vários modos de se cantar o salmo.

Fonte: Comissão Pastoral para a Liturgia da CNBB – Setor Música e Canto Pastoral 

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