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domingo, 28 de julho de 2024

ESPIRITUALIDADE PRÁTICA OS 10 ENSINAMENTOS DO SERMÃO DA MONTANHA - 9º e 10º


ESPIRITUALIDADE PRÁTICA
OS 10 ENSINAMENTOS DO SERMÃO DA MONTANHA - 9 e 10
(Mateus 5, 6 e 7)

Pe. Rui Santiago, cssr.

O NONO ENSINAMENTO – Não julgar (Mt 7, 1 e ss).

Não julgueis, para que não sejais julgados.

É um mandamento tão simples: Não julgar! Como é que não entendemos ainda? A não olhar para o outro condenando-o. Quantas vezes já dissermos na nossa vida: “Ah, se eu soubesse...”. Julgamos alguém por causa desta ou daquela situação, por aquela palavra, por aquela maneira de reagir, e julgamos e fazemos logo um “filme” que continua em nossa cabeça. Depois a gente descobre que a pessoa estava assim porque tinha perdido alguém nesse dia. E nós? “Ah se eu soubesse...”. Pois é, não sabia, nuca sabe. Admita que diante do outro está sempre diante de um mistério, sempre. Até aquela pessoa com quem vive há 40 anos, na mesma casa. Você não tem o manual de instrução desta pessoa não! Há muita coisa que essa pessoa faz, diz, reage que você não sabe de onde vem e nem porquê. Você vive consigo mesmo deste que nasceu e não se entende! Vai tentar entender os outros?

Pelo menos, a humildade. Quantas vezes eu digo: Não sei como fiz isso, isso não sou eu! Quantas vezes reconhecemos que somos um mistério para nós mesmos. Que não entendemos muitas das nossas reações, escolhas, medos, ansiedade, opções, intenções... Se eu sou tão enigmático para mim mesmo, como é que pode passar pela minha cabeça que eu tenha conhecimento sobre alguém, suficiente para julgá-lo? Como? Se você não tem o conhecimento suficiente para se converter, para partir do princípio que está diante de um mistério... Não é que “se eu soubesse”, a verdade é que você não sabe mesmo!

Nós aprendemos com Jesus a não condenar ninguém, sobretudo quem está condenado pelos profissionais da condenação que existem em todos os tempos e lugares. Sobretudo quem já está condenado pela sua condição de sofrimento interior. Nós aprendemos com Jesus a não condenar. Ninguém, ponto! Não é ninguém exceto qualquer coisa. É ninguém mesmo! Exceto somos nós que inventamos. No Evangelho não está. Nós não sabemos o outro decor.

Não julgar não é apenas generosidade. Não julgar é uma questão de consciência da própria ignorância, de não saber do outro. Não julgar vem da humildade. De reconhecer que não conhecemos o suficiente para acertar.

Por isso Jesus culmina esta conversa desse nono ponta da espiritualidade prática aqui, no versículo 12: Não julgareis, não julgarás. Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a vocês. Nisso está a essencialidade da lei e dos profetas.

O DÉCIMO ENSINAMENTO –  (Mt 7,6).



Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem.

A décima pérola da sabedoria Jesuânica, o décimo ensinamento da espiritualidade prática está em Mt 7,6, que diz, em outras palavras:

Olha que nem tudo vale a pena. Não morra por qualquer coisa. Não vá chafurdar em qualquer coisa. Não entregue o teu melhor, não coloque o melhor de ti nas mãos de um motivo qualquer. Quantas vezes se mata por aquilo que não tem importância nenhuma? Não se gaste nem se desgaste. Não seja casmurro querendo que tudo e todos aceitem seu ponto de vista. Primeiro que é só a vista de um ponto. Segundo porque até isso vemos mal. Terceiro porque não é assim tão importante ter razão. Quando você luta a chafurdar na lama para pôr um colar de pérolas no pescoço de um porco... Deixa pra lá. Há nisso, neste “não deis as coisas santas aos cães” , as pérolas aos porcos... há nisso um convite de Jesus muito prático e muito importante, mais ainda, há um convite a ter sempre na sua vida um reservatório do sagrado. Quer dizer uma intimidade consagrada a ser oferecida só face a face. Uma intimidade, um segredo vital que só se entrega mão a mão.

Jesus propôs isto, ensinou isto antes de haver redes sociais. Parece que isso se perdeu um “pouquinho”, a noção de reserva, do íntimo, do sagrado, do inviolável, da relação, do que é para ser face a face, que só se entrega em mãos. Cuidado! Cuidado com o lamaçal, cuidado com a pocilga, o chiqueiro... não coloque as pérolas da sua vida num chiqueiro, porque as pérolas são coisas para você entregar na surdina, é por o anel que se coloca no dedo em surdina. As pérolas são para fazer um colar que se coloca no pescoço, em surdina. As pérolas transportamos para o mundo do face a face. Não as desperdice, quando eles não querem, não as percebem, não lhes dão valor, vão pisar e depois atirar contra vocês como se fossem pedras. Ou seja, faça o discernimento do que vale a pena e do que não vale. Das lutas que valem a pena lutar e das lutas que faz à toa, que passam... Quais são as lutas que merecem a sua vida. Dizem que são poucas, muito poucas.

Estas são as 10 pérolas de sabedoria prática de Jesus que estão no Evangelho de Mateus, capítulos 5, 6 e 7. Vamos escutar um poema oração, a “Palavra-Pessoa” do poeta Daniel faria:

“Há uma palavra, esta que chamamos amor (EVANGELHO), que é uma palavra-pessoa, pois só se fala dela se existe um sujeito do outro lado dela. Há essa Palavra-gente... Só posso viver, só quero viver cabendo nela, uma palavra que me pronuncia, um verbo que se conjuga comigo. Há então, essa palavra-pessoa e posso amá-la e quero amá-la até a transformação. Essa palavra gente me busca e me molda. Me faz e me consome...”.

Pe. Rui Santiago - Centro de Espiritualidade Redentorista de Braga PT.

Obs. Transcrição do sermão feito no CER de Braga – Portugal, por Ângela Rocha.

sábado, 27 de julho de 2024

ESPIRITUALIDADE PRÁTICA OS 10 ENSINAMENTOS DO SERMÃO DA MONTANHA - 8º


ESPIRITUALIDADE PRÁTICA
OS 10 ENSINAMENTOS DO SERMÃO DA MONTANHA
(Mateus 5, 6 e 7)

Pe. Rui Santiago, cssr.

O OITAVO ENSINAMENTO – Dominar o olhar (Mt 6, 22-23).

A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.

A lâmpada do corpo são os olhos. Tudo começa no olhar, na higiene do olhar. Sem limparmos e lavramos os olhos não há como enxergarmos. Precisamos treinar o nosso olhar. Nossos olhos agarram muita coisa, fica muita poeira, depois vemos tudo com este filtro. É decisiva  higiene do olhar. E pelos olhos começa a nossa desgraça. O pecado original na Bíblia é ver o mal. E o que é ver o mal? É “inver”, o contrário de ver. Você veja é o contrário de “você inveja”. Verdade! A palavra inveja é o contrário de ver, do nosso latim “invides”, é uma anulação da visão. Isso é invejar. Invejar é ver o mal. E não ver ou ver ao contrário. Invejar é revirar os olhos diante do outro e vê-lo assim, de olhos revirados. 

No livro do Gênesis diz que tudo começa com o olhar, porque ele é muito curioso, porque nós temos na primeira página da Bíblia, aquela da criação, aquele poema fantástico do Criador, em que diz: “E Deus olhou e viu que era belo”, Tov em, hebraico. (Belo e bom é a mesma coisa em hebraico). E Deus viu que era belo e bom. E ficou feliz com aquilo e mais nada. E pelas outras coisas, pássaros e seus chilreios, Deus olhou e viu que era belo. E continuamente este refrão. Viramos a página, continuamos a ler e aparecem Adão e Eva, essa parábola mítica da nossa condição - porque é o que nós somos – a insinuação, na nossa vida personificada em Eva. E qual é a insinuação? : “Adão, ouvi dizer que Ele nos proibiu de alguma coisa... Disse que podíamos comer de tudo e tal, mas dessa árvore não.”

A árvore da penetração do bem e do mal. É assim que se chama. Não é “conhecimento”, a palavra é penetração. Tem o conceito de romper, rasgar. De forçar. E o homem não pode “desvirginar” esta árvore, esta sabedoria. “Deixa lá, não manipules isso, Deus disse que podíamos comer de tudo menos essa... do bem e do mal”. E a insinuação, essa manha dentro de nós a dizer: “Ah não!, Ele disse isso porque sabe que se eu comer meus olhos vão se abrir e vão ver...”.

Você vê qual é o desejo aí? Vão abrir os olhos e eles vão ver. Mas, eles estavam cegos? E continua e diz que nesse momento Eva olhou e viu, olhou o fruto e viu que era bom para comer. Opa! Tá tudo estragado! Reparem que Deus também tinha se fartado de olhar. Deus olhou e viu... “para” estraga tudo.  Deus encanta-se e admira com a criação. Qual o nosso olhar? Isso é belo e quero! É o olhar da criação mimada, criança de todas as idades. Ela olhou e viu que era bom... para si mesma! Então venha porque é bom para mim. Deu ao marido e nesse momento abriram-se os olhos, viram que estavam nus. E nesse momento eles viram-se mal. Viram-se envergonhados um do outro. Coisa que nunca tinha acontecido. Há um abrir os olhos que faz ver o pior. É uma maneira de ver o que há de pior. Invejar é este o problema do olhar. É ver o que é bom, mas, não é bom ali. Aquela pessoa faz aquilo muito bem-feito, faz bem aquela atividade... Mas, eu não consigo admirar “ali” como bom. Era bom pra mim, era bom se eu que fizesse e fosse. Dá uma raiva que seja ele a fazer! Isso é inveja! 

São Tomás de Aquino define a inveja como a tristeza pelo bem alheio. Que não tem nada a ver com cobiça. A cobiça pode até ser boa: o outro faz um bem, faz uma coisa bem, desta ou daquela maneira e gera em mim um dinamismo de cobiça, ou seja, também quero e vou lutar para fazer isso também. Isso é bom. A cobiça tem muito de bom. A inveja não. 

A inveja deixa no meu íntimo, na minha espiral, no meu torvelinho, a zanga pela não admissão de que aquilo é um bem e é bom, mas não é meu. Há uma tristeza enorme por isso. A inveja é assim. E diz a escritura que o curioso é que tudo começa por aí... A desgraça dos olhos. Por isso Jesus diz: Cuidado gente! Olha que para a vida estar iluminada ou as escuras... onde é que se joga isso? Onde é que se desliga a luz? Qual é a lâmpada do corpo? São os olhinhos! É o que Jesus diz, não com este tom, mas ele diz “A lâmpada do corpo são os olhos...”. Por isso, cuida dos teus olhos, são lanternas para manter sua vida iluminada. Se seus olhos estão no escuro, sua vida é escura. Veja como é que está vendo, não inveje, não deseje. Que aliás é um pecado que ninguém tem... Você conhece uma pessoa invejosa? Que admite isso? Não existe. Não escutamos essa confissão de pessoa alguma. 

Coisa curiosa: há dois pecados que ninguém tem, inveja e preconceito. Vocês conhecem alguma pessoa preconceituosa? Que diga que é? Não existe no mundo, ninguém admite isso. Na  lista clássica dos pecados mortais, admitimos todos, até com certa vaidade... A luxúria, rabo de saia, a carne é fraca e tal... Comer todo o pudim, é verdade, sou guloso. Qualquer outro pecado, nós justificamos, admitimos que temos até com algum júbilo. A ira... tenha calma... ter calma nada, não posso ver isso... Não é ira, é zelo. Todos os pecados são admitidos, mas vocês não encontram ninguém que admita ser invejoso. É algo tão original que vem do relato primordial da Escritura. É algo fundante a nós, está na intertela da nossa estrutura íntima, que nós não vemos e não admitimos. Invejoso? Eu? Quero ver as pessoas felizes e tal... Ninguém é invejoso e preconceituoso. Tem preconceito contra negros? Não, não. Eles são preguiçosos, mas isso não é preconceito... Ninguém é invejoso ou preconceituoso. Nós somos muito falhos para tocar no que é de mais íntimo em nós. Isso é intocável em nós... 

E dentro disso, inveja, deste olhar torto, distorcido está o mandamento tão simples, tão basilar a Jesus que é o “não julgarás”. Porque é isso que acontece quando temos inveja. E é isto que acontece quando a gente é preconceituoso, ou seja, vemos mal, vemos torto, invejamos, julgamos, condenamos.

Pe. Rui Santiago - Centro de Espiritualidade Redentorista de Braga PT.

Obs. Transcrição do sermão feito  no CER de Braga – Portugal, por Ângela Rocha.


sexta-feira, 26 de julho de 2024

ESPIRITUALIDADE PRÁTICA OS 10 ENSINAMENTOS DO SERMÃO DA MONTANHA - 7º


ESPIRITUALIDADE PRÁTICA
OS 10 ENSINAMENTOS DO SERMÃO DA MONTANHA
(Mateus 5, 6 e 7)

Pe. Rui Santiago, cssr.

O SÉTIMO ENSINAMENTO – acumular tesouros (Mt 6, 19-21, 24.

“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam”.

Passamos a vida toda tentando provar a Jesus que não é bem assim... que Ele exagera um pouquinho: Deus Jesus e Deus dinheiro. No original, Jesus não disse “dinheiro” versículo 24, falou sobre o deus Mamom, (deus pagão da prosperidade) palavra aramaica/hebraica para dinheiro, riqueza, aqui personificada por Jesus. Ou seja, esse mandamento prático é o da liberdade com relação às coisas, que é tão difícil.

O nosso problema não é sermos escravos das coisas, mas a ideia das coisas, a ganância das coisas, é o endeusamento do TER. Aqui há uma cadeia: ter dá-nos a ilusão tão grande de poder que acreditamos que “se eu tiver, eu posso”... Eu queria, mas não posso, não tenho...

Dá-nos uma enorme sensação de poder, poder nos dá a ilusão tão grande de controlar. Controlar nos dá a grande ilusão de estarmos seguros. E no fundo esta é a questão: o nosso desejo mais profundo é estarmos seguros. Então todo o resto é entrar na cadeia desta ideia de segurança que passa pelo ter, poder para controlar, para estar tranquilo, para estar seguro. O que é uma ilusão.

O mundo já tem tempo e história para percebermos que que é uma ilusão. Mas, ao mesmo tempo, o que é curioso, é que nenhum de nós é imune a esta ilusão, somos receptivos a isso. O que aprendemos de Jesus e de tantos outros seguidores é que só podemos dar o que temos. O que você não é capaz de dar, não te pertence. O que não é capaz de dar, se precisar, você não tem. A coisa que te tem. Qual é a maneira mais eficaz de não ser roubado? 100% eficaz? Qual é o método antirroubo 100% eficaz? É DAR. Não há outro.

Se não quiser que nada na sua vida seja roubado, ponha sua vida em forma de dádiva, ponha tua vida em formato de casa de partilha, abra a mesa, abra os braços, abra a mão, parta o pão, distribua o vinho.

Como a morte morreu na morte de Jesus? Morreu porque quando chegou a Jesus já não tinha nada para tirar, Ele deu tudo antes dela, ela chegou tarde demais na vida de Jesus. Esta é a lógica de Jesus. Este é o convite do Reino de Deus. A partilha é o segredo da abundância. A segurança não nos vem pela cadeia do ter, poder, etc. A segurança vem dos irmãos. Você arranja um irmão e aí vai estar a sua segurança. Você cria, você gera, você entra na cadeia da fraternidade e aí vai ter a experiência profunda, verdadeira, definitiva do que é estar seguro, tranquilo e poder respirar em paz, porque sabe que não está só. Aconteça o que acontecer vai viver em rede. Não ande na vida sem rede, por falta dela você se estatela no chão na hora da queda, a sua segurança está na irmandade. Na cadeia da fraternidade não está o ter para poder, para controlar, para ter segurança. Não se fie no ter, poder, controlar para estar seguro.

Este é o segredo de Jesus. Que quando começa a chamar os seus discípulos, começa a formar uma rede de irmãos. André e seu irmão Simão, Tiago e sue irmão João que eram pescadores que viviam consertando redes, agora são irmãos que vem construir redes, mas são redes para outras pescas, porque são redes de mãos dadas, é gente em rede. E são os nós que nos salvam. Jesus fez da sua vida uma experiência como um pão que se parte e reparte. Fazer da vida um cálice com que se brinda, que se passa de mão em mão, que se verte para outros.

Jesus não amaldiçoou o dinheiro, os bens, amaldiçoou a ganância, porque aí é que está o problema. Viver na lógica do dom é o que diz este sétimo ensinamento de sabedoria. O que vem a seguir é olhar os lírios do campo, as aves do céu, olhai...

E vocês andam cheios de medo. Por que? Por que vivem como órfãos? É o que Jesus diz: Vocês não têm um Pai que sabe do que vocês precisam? Que está de olho aberto? Vivem como se não tivessem Pai, como se não fossem irmãos...

Qual o mandamento que Jesus dá aqui? Procurem em primeiro lugar o Reinado de Deus. Não é para que em primeiro lugar trate da sua vidinha e depois no tempo livre vê lá o que pode fazer pelo Reino de Deus, tipo voluntariado. Procure primeiro o Reino de Deus, viva dessa maneira, é o que Jesus diz. E o resto será acrescentado. A lógica do dom funciona. Não é a lógica da preguiça. Jesus não está fazendo elogia da preguiça, é o elogio da fraternidade, porque esse é o modo de proceder do Reino de Deus.

Por que vocês vivem como se não tivessem Pai e como se não tivessem irmãos? Porque cada um vai tratar de si e depois, insensatamente, espera que Deus vã tratar de todos? Isso não funciona! Porque Deus não trata de todos um a um, Deus trata do todo, não de todos, mas DO TODO. Essa é a lógica do Reino. Procurem primeiro o Reino de Deus, todo os resto será acrescentado.

Jesus não amaldiçoa o dinheiro e os bens. Amaldiçoa a nossa desconfiança. A lógica da partilha nós não acreditamos que funcione. Nós achamos que a esmola chega, mas, a esmola não é evangélica. A partilha funciona, a esmola não chega para cumprir o mandato do reino, porque a esmola não faz do outro um irmão, a esmola mantem o outro como um pobre.

A lógica evangélica é a lógica do Reino de Deus é dar o salto da boa esmola para a ousadia da fraternidade, para a ousadia da partilha e para usar a irmandade. Este é o salto do Reino de Deus, do modo de proceder do Reino de Deus, que vai além. Jesus conta aquela parábola de um homem rico que teve num ano uma grande sorte na colheita e que pensou consigo mesmo: “Onde vou por tudo isso? Não cabe no celeiro”. Era tratar de si para consigo, teve uma oportunidade de partilha... e morreu.

Pe. Rui Santiago - Centro de Espiritualidade Redentorista de Braga PT.

Obs. Transcrição do sermão feito no CER de Braga – Portugal, por Ângela Rocha.