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sábado, 3 de maio de 2025

A ORAÇÃO SACERDOTAL DE JESUS - ROTEIRO DE ENCONTRO

A perda do Papa Francisco nos deixa abalados, o futuro da Igreja é um tanto incerto, mas a necessidade de oração continua.

Vamos conhecer um pouco da "despedida" de Jesus, que, tenho certeza, também é a de Francisco.

ROTEIRO DE ENCONTRO PARA ADOLESCENTES/ADULTOS

1. Tema: "Pai, que todos sejam um" – A Oração Sacerdotal (de Despedida) de Jesus 

O capítulo 17 do Evangelho de João é realmente profundo e emocionante, é conhecido como a "Oração Sacerdotal" de Jesus. Ele se despede dos discípulos e entrega ao Pai tudo o que realizou, pedindo por si, pelos discípulos e por todos os que viriam a crer. 

2. Objetivo: Compreender o momento em que Jesus se despede dos discípulos e faz uma oração por todos nós, reconhecendo o amor que Ele tem por cada um e seu desejo de unidade e fidelidade. 

3. Ambientação:

  • Cruz com luz suave ao lado.
  • Frase no painel ou quadro: "Pai Santo, guarda-os em teu nome... para que sejam um, como nós somos um" (Jo 17,11)
  • Se possível, uma música suave instrumental ao fundo na acolhida. 

4. Acolhida / Dinâmica: 

Dinâmica “O que deixo para vocês”

  • Entregar a cada adolescente um pedaço de papel colorido.
  • Pedir que escrevam algo que gostariam de deixar para os colegas da turma como uma herança espiritual (Ex.: amizade, coragem, paciência, oração etc.).
  • Depois, montar um mural com essas “heranças” em formato de coração ou cruz. 

5. Leitura Bíblica – João 17,1-26 (Sugestão: leitura em partes com comentários breves) 

Divida o capítulo em 3 momentos:

  1. Jo 17,1-5 – Jesus ora por si mesmo
  2. Jo 17,6-19 – Jesus ora pelos discípulos
  3. Jo 17,20-26 – Jesus ora por todos os que ainda vão crer 

Lectio Divina breve após a leitura:

  • O que me chamou atenção nessa oração?
  • Que palavra ou frase parece ter sido dirigida diretamente a mim?
  • O que Jesus deseja para mim? 

Reflexão e Contextualização: 

  • Esse discurso é parte da Última Ceia (Jo 13–17).
  • Jesus já sabia que sua hora estava chegando. Era sua despedida.
  • Ele não dá conselhos práticos, mas se dirige ao Pai, confiando a Ele tudo o que viveu.
  • Mostra o quanto amava os discípulos e como eles deveriam permanecer unidos e firmes.
  • A oração finaliza um longo diálogo de amor e entrega. 

Enfatizar três aspectos: 

  1. Jesus ora por nós! Ele pensa em cada um de nós mesmo naquela hora.
  2. Unidade e amor – Jesus deseja que sejamos unidos como Ele é com o Pai.
  3. A Glória de Deus está em amar – Jesus revela que glorificou o Pai vivendo o amor.

6. Atividade prática: 

Cartinha para o futuro

  • Peça que escrevam uma carta para si mesmos, como se estivessem terminando essa etapa da catequese.
  • Devem escrever: O que aprenderam, o que desejam levar para a vida, qual “pedido” fariam a Deus hoje.
  • Guardem em envelopes. Se possível, devolva essas cartas quando forem crismados ou no próximo ciclo.

7.  Compromisso:

 "Que legado espiritual deixo como discípulo de Jesus?" 

  • Convide-os a pensar numa ação concreta que gostariam de assumir: visitar um doente, rezar mais, reconciliar-se com alguém, ajudar mais em casa, etc.

8. Oração Final:

 Reze com os catequizandos o trecho de Jo 17,11b: “Pai santo, guarda-os em teu nome... para que sejam um, como nós somos um.”

Ou cante algo significativo, como “Oração pela Família” ou “Estou aqui Senhor”.

APTOFUNDAMENTO PARA A(O) CATEQUISTA

✦ Evangelho de João 17 – A Oração Sacerdotal de Jesus

Contexto Bíblico e Litúrgico

O capítulo 17 de João é o ponto culminante do chamado “Discurso de Despedida” (Jo 13–17), que Jesus fez durante a Última Ceia. Diferente dos outros Evangelhos, João não narra a instituição da Eucaristia, mas se concentra no sentido do amor-serviço e na comunhão com o Pai. A oração de João 17 é, portanto, uma síntese da missão de Jesus e seu testamento espiritual.

Por que “oração sacerdotal”? 🕊️ 

Esse título foi dado pela Tradição da Igreja porque Jesus aqui:

  • Intercede pelo mundo, como um sacerdote intercede pelo povo.
  • Oferece-se a Deus, como vítima e mediador.
  • Consagra os discípulos, como um sacerdote consagra as oferendas. 

✦ Divisão Teológica do Texto 

1. Jesus ora por si mesmo (Jo 17,1-5) 

“Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho glorifique a ti...” 

Jesus sabe que chegou sua “hora” (termo usado por João para indicar a Paixão e a glorificação). Ele não pede que a cruz seja evitada, mas que o sofrimento seja meio de revelar o amor do Pai ao mundo. Jesus glorifica o Pai cumprindo sua missão até o fim. 

🔍 Teologia:

  • A glória de Deus não é poder, mas amor revelado na entrega.
  • Jesus assume plenamente sua condição de Filho que retorna ao Pai. 

2. Jesus ora pelos discípulos (Jo 17,6-19) 

“Eles eram teus e tu os confiaste a mim... Eu rogo por eles... Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.” 

Jesus intercede por aqueles que o seguiram de perto, que ouviram suas palavras e creram. Ele sabe que eles enfrentarão dificuldades, por isso pede ao Pai:

 Que os guarde na fidelidade;

  • Que os santifique na verdade;
  • Que permaneçam unidos como Ele e o Pai são um.
🔍 Teologia:
  • A santificação é uma consagração: estar no mundo, mas sem pertencer a ele.
  • A missão dos discípulos continua a de Jesus: serem sinal do amor de Deus.

 3. Jesus ora por todos os que crerão (Jo 17,20-26)

 “Eu rogo também por aqueles que crerão em mim por meio da palavra deles, para que todos sejam um...”

 Aqui Jesus ultrapassa o tempo histórico e reza por todos os cristãos do futuro – inclusive por nós hoje. O ponto central é o desejo de unidade: que todos estejam ligados a Cristo e entre si, assim como Ele está no Pai.

 🔍 Teologia:

  • A unidade é sinal visível de Deus no mundo.
  • A missão da Igreja é ser sacramento dessa unidade – um só corpo em Cristo.
  • O amor entre os cristãos é o grande testemunho que convence o mundo.

 Frases-Chave e seu sentido espiritual: 

Versículo

Sentido teológico

A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro” (v. 3)

Vida eterna começa aqui, no relacionamento com Deus. Não é só depois da morte.

Guarda-os em teu nome” (v. 11)

Deus é protetor e fonte de comunhão. Jesus confia seus amigos ao Pai.

“Consagra-os na verdade” (v. 17)

“Verdade” em João é a fidelidade a Deus revelada em Jesus.

“Para que todos sejam um” (v. 21)

A unidade é a grande vontade de Jesus para seus seguidores

Aplicação para a catequese:

  • Jesus não só falou de amor: Ele orou por nós com amor.
  • Mesmo na dor, Ele pensava nos discípulos, e em cada um de nós.
  • O chamado de Jesus é claro: viver a fé com verdade, amor e união.
  • Terminar a catequese com essa oração é saber que não estamos sozinhos, somos parte de um corpo maior.
Catequistas em Formação
Maio/2025

 

 

 

 

 

sábado, 14 de outubro de 2023

“LAUDATE DEUM” LOUVAI A DEUS! O GRITO DO PAPA POR UMA RESPOSTA À CRISE CLIMÁTICA


NOVA EXORTAÇÃO APOSTÓLICA: “LAUDATE DEUM”, O GRITO DO PAPA POR UMA RESPOSTA À CRISE CLIMÁTICA

Laudate Deum é o título desta carta. Porque um ser humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo”. Com essas palavras, conclui-se a exortação apostólica do Papa Francisco, publicada em 4 de outubro. Um texto em continuidade com a encíclica Laudato si’ de 2015. 

Em 6 capítulos e 73 parágrafos, olhando para a COP28 em Dubai daqui a dois meses, o Sucessor de Pedro pretende fazer um apelo à corresponsabilidade diante da emergência das mudanças climáticas, porque o mundo “está desmoronando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura”. É um dos “maiores desafios que a sociedade e a comunidade global enfrentam”, “os efeitos das alterações climáticas recaem sobre as pessoas mais vulneráveis” (3). Os sinais da mudança climática cada vez mais evidentes

No primeiro capítulo, o Papa explica que, por mais que tentemos negá-los, “os sinais da mudança climática estão aí, cada vez mais evidentes”. Ele cita “fenômenos extremos, períodos frequentes de calor anormal, seca e outros "gemidos da terra”. Afirma: “é possível verificar que certas mudanças climáticas, induzidas pelo homem, aumentam significativamente a probabilidade de fenômenos extremos mais frequentes e mais intensos”. E para aqueles que minimizam, responde: “aquilo que agora estamos a assistir é uma aceleração insólita do aquecimento”.Provavelmente, dentro de poucos anos, muitas populações terão de deslocar as suas casas por causa destes fenômenos” (6).

A culpa não é dos pobres

Para aqueles que culpam os pobres por terem muitos filhos e talvez tentem resolver o problema “mutilando as mulheres nos países menos desenvolvidos”, Francisco lembra “que uma reduzida percentagem mais rica do planeta polui mais do que o 50% mais pobre”. A África, que “alberga mais da metade das pessoas mais pobres do mundo, é responsável apenas por uma mínima parte das emissões no passado” (9). Em seguida, o Papa desafia aqueles que afirmam que o menor uso de combustíveis fósseis levará “à diminuição dos postos de trabalho”. Na realidade, “milhões de pessoas perdem o emprego” devido às diversas consequências da mudança climática. Enquanto a transição para as energias renováveis, “bem administrada”, é capaz de “gerar inúmeros postos de trabalho em diferentes setores. Por isso é necessário que os políticos e os empresários se ocupem disso imediatamente” (10).

Indubitável origem humana

A origem humana – ‘antrópica’ – da mudança climática já não se pode pôr em dúvida”, diz Francisco. “A concentração na atmosfera dos gases com efeito estufa… nos últimos cinquenta anos, o aumento sofreu uma forte aceleração” (11). Ao mesmo tempo, a temperatura “aumentou a uma velocidade inédita, sem precedentes nos últimos dois mil anos” (12). Isso resultou na acidificação dos mares e no derretimento dos glaciares. A coincidência entre esses eventos e o crescimento das emissões de gases de efeito estufa “não pode ser escondida. A esmagadora maioria dos estudiosos do clima defende esta correlação, sendo mínima a percentagem daqueles que tentam negar esta evidência”. Infelizmente, a crise climática não é propriamente uma questão que “interesse às grandes potências econômicas, preocupadas em obter o maior lucro ao menor custo e no mais curto espaço de tempo possíveis” (13).

Em tempo para evitar danos mais dramáticos

"Vejo-me obrigado – continua Francisco – a fazer estas especificações, que podem parecer óbvias, por causa de certas opiniões ridicularizadoras e pouco racionais que encontro mesmo dentro da Igreja Católica. Mas não podemos continuar a duvidar que a razão da insólita velocidade de mudanças tão perigosas esteja neste facto inegável: os enormes progressos conexos com a desenfreada intervenção humana sobre a natureza” (14). Infelizmente, algumas manifestações dessa crise climática já são irreversíveis por pelo menos centenas de anos. É “urgente uma visão mais alargada… tudo o que se nos pede é uma certa responsabilidade pela herança que deixaremos atrás de nós depois da nossa passagem por este mundo” (18).

O paradigma tecnocrático: a ideia de um ser humano sem limites

No segundo capítulo, Francisco fala do paradigma tecnocrático que “consiste, substancialmente, em pensar como se a realidade, o bem e a verdade desabrochassem espontaneamente do próprio poder da tecnologia e da economia” (20) com base na ideia de um ser humano sem limites. “Nunca a humanidade teve tanto poder sobre si mesma, e nada garante que o utilizará bem, sobretudo se se considera a maneira como o está a fazer…É tremendamente arriscado que resida numa pequena parte da humanidade” (23). O Papa reitera que “o mundo que nos rodeia não é um objeto de exploração, utilização desenfreada, ambição sem limites” (25). Ele também lembra que estamos incluídos na natureza, e “isso exclui a ideia de que o ser humano seja um estranho, um fator externo capaz apenas de danificar o ambiente” (26).


LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA:


ASSISTA O VÍDEO MOTICACIONAL:

quarta-feira, 22 de junho de 2022

SEGUIR JESUS SEMPRE!


Se alguém nos perguntar “quem é Jesus Cristo”, certamente diremos o que aprendemos na catequese, como Ele veio salvar o mundo, diremos a verdadeira doutrina sobre Jesus: é o Salvador do mundo, o Filho do Pai, Deus, homem, o que recitamos no Credo». Mas, será um pouco mais difícil responder à pergunta: “É verdade, mas quem é Jesus Cristo para ti?”. Trata-se de uma ‘pergunta’ que nos deixa um pouco envergonhados, porque para dar a resposta devo pensar e entrar no meu coração". (Outubro/2018).

Por Marília de Paula Siqueira - Cidade do Vaticano


Na catequese da quarta-feira 22 de junho, o Papa cita uma frase que obviamente não é apenas para o público idoso (ao qual já dedicou 15 catequeses) mas, para todos os católicos. Disse Francisco: “O seguimento de Jesus é importante: seguir Jesus sempre, a pé, correndo, lentamente, na cadeira de rodas, mas sempre segui-lo”.

O que podemos na prática realizar para que esse seguimento possa acontecer em nossas vidas? O próprio para Francisco nos responde, com duas atitudes que podemos nos encorajar a atingir este seguimento:

Reconhecer-se pecador:

“O primeiro passo para entrar no mistério, é o conhecimento dos próprios pecados. Todos nós nos aproximamos do sacramento da reconciliação e contamos nossos pecados, mas uma coisa é dizer pecados, reconhecer pecados e outra é reconhecer-se como um “pecador”, de natureza “pecadora”, capaz de fazer qualquer coisa. Em suma, "reconheça uma sujeira".

É necessário, estar ciente de que o primeiro passo é o autoconhecimento, da própria miséria, que precisa ser redimida, que precisa de alguém para pagar: pagar pelo direito de se chamar filho de Deus.

O primeiro passo é reconhecer os pecadores, mas não na teoria, mas na prática. Dizer “Comecei a fazer isso, parei, mas se tivesse continuado neste caminho, teria terminado mal, muito mal” é “a raiz do pecado que te leva adiante”. Por isso, o primeiro passo é este: reconhecer-se pecador e contar-se as próprias misérias, ter vergonha de si mesmo: é o primeiro passo”.

Oração e contemplação:

O segundo passo é a contemplação, a oração, com a simples invocação: “Senhor, faz-me conhecer-te”. E acrescentando que "há uma bela oração, de um santo: "Senhor, que eu te conheça e me conheça". Trata-se, de “conhecer a si mesmo e conhecer Jesus”. E aqui está esta relação de salvação: a oração, não se contentar em dizer três, quatro palavras adequadas sobre Jesus porque conhecer Jesus é uma aventura, mas uma verdadeira aventura, não uma aventura de criança.

Conhecer Jesus, é uma aventura que leva a vida inteira, porque o amor de Jesus não tem limites. Ele também o lembra na carta aos Efésios: "qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade" é uma expressão para indicar, precisamente, que "não tem limites". Mas "só podemos encontrá-lo com a ajuda do Espírito Santo: é a experiência de um cristão. E Paulo diz isso: Ele tem todo o poder para fazer muito mais do que podemos pedir ou pensar. Ele tem o poder de fazê-lo. Mas temos que pedir: “Senhor, que te conheço; que quando eu falar de você, não diga palavras como um papagaio, diga palavras que nascem da minha experiência”.

Os passos para seguir Jesus foram citados por Francisco em 25 de outubro de 2018 na Missa celebrada na capela da Domus Sanctae Marthae.

FONTE: Vatican News.

terça-feira, 12 de abril de 2022

SÍNODO 2021-2023


Sínodo 2021-2023

Toda a Igreja está convocada pelo papa Francisco a percorrer o caminho rumo ao Sínodo (outubro 2023): “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Assim, ele “convida a Igreja inteira a se interrogar sobre um tema decisivo para a sua vida e a sua missão: “O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”.


Igreja Sinodal

A Igreja de Jesus Cristo, ao longo de sua história, concretizou muitos passos e aprendizados. Foi notadamente, no Concílio Vaticano II (1962-1965), que ela percebeu com clareza que o melhor jeito de ser e de caminhar, para bem cumprir a sua missão, é o “jeito sinodal”. Não se trata de tarefa fácil, exige muita preparação e profunda conversão de todos ao projeto de Deus.

Sinodalidade


Sinodalidade é o esforço coletivo e a busca contínua de aprendermos a “caminhar juntos” como irmãos e irmãs que somos. É um jeito de ser Igreja pelo qual cada pessoa é importante, tem voz, é ouvida, capacitada e envolvida na realização da missão. Não se trata mais de estar uns sobre outros, mas de nos colocarmos entre iguais para juntos fazermos a experiência de fé, frente aos desafios internos e externos que se apresentam em nosso dia a dia.







sábado, 29 de janeiro de 2022

COMBATER AS FAKE NEWS, MAS NÃO ISOLAR OS QUE TEM DÚVIDAS


Encontro do Papa com o Consórcio Internacional de Mídia Católica (Catholic Factchecking)

"Se for necessário combater as fake news, as pessoas devem sempre ser respeitadas porque muitas vezes aderem inconscientemente a elas". Palavras do Papa no encontro com aos membros do Consórcio internacional da mídia católica "Catholic fact-checking" nesta sexta-feira dia 28 no Vaticano.                                              

Dirigindo-se aos membros do consórcio internacional da mídia católica "Catholic fact-checking", o Papa Francisco convida a refletir sobre o estilo dos comunicadores cristãos diante de certas questões relacionadas com a pandemia. Para isso, ele cita algumas expressões de São Paulo VI presentes na Mensagem para o Dia das Comunicações Sociais de 1972, onde ele reconheceu o poder dos instrumentos de comunicação social sobre o comportamento e as escolhas das pessoas. O Papa Paulo VI dizia ainda que "a excelência da tarefa do informante consiste não apenas em destacar o que é imediatamente perceptível, mas também em buscar elementos de enquadramento e explicação sobre as causas e circunstâncias de cada fato que ele deve relatar". Uma tarefa, portanto, que requer um senso de responsabilidade e rigor. 

“O Paulo VI falava da comunicação e da informação em geral, mas suas palavras estão muito de acordo com a realidade se pensarmos em certas desinformações que circulam hoje na web. De fato, vocês se propõem em chamar a atenção às fake news e informações tendenciosas ou enganosas sobre as vacinas Covid-19, e o fazem colocando em rede com diferentes mídias católicas e envolvendo vários especialistas.”

ESTAR JUNTOS PELA VERDADE

Francisco lembra que o objetivo do Consórcio é "estar juntos pela verdade". Estar juntos, é fundamental no campo da informação e, em um tempo de divisões, já é um testemunho. Hoje, além da pandemia, a "infodemia" se espalhou, ou seja, "a distorção da realidade baseada no medo, que na sociedade global faz ecos e comentários sobre notícias falsificadas ou mesmo inventadas". A multiplicação de informações e a circulação dos chamados pareceres científicos também podem gerar confusão. É necessário, continua o Papa, citando o que ele já havia dito em um discurso em outubro de 2021, "fazer aliança com a pesquisa científica sobre doenças, que progride e nos permite combater melhor", considerando sempre que o conhecimento deve ser compartilhado.

Isto também se aplica às vacinas, recordou o Papa:

“Há uma necessidade urgente de ajudar os países que têm menos, mas isto deve ser feito com planos a longo prazo, não apenas motivados pela pressa das nações ricas em serem mais seguras”

"Os remédios devem ser distribuídos com dignidade, e não como esmolas de piedade. Para fazer um bem real, é preciso promover a ciência e sua aplicação integral. Portanto, estar corretamente informado, ser ajudado a entender com base em dados científicos e não em fake news, é um direito humano.

A PALAVRA  "PARA"

A segunda palavra que o Papa Francisco enfatiza é para, uma palavra pequena, mas cheia de significado: os cristãos, comentou, são contra as mentiras, mas sempre em prol das pessoas. Não devemos esquecer a "distinção entre as notícias e as pessoas". Se for necessário combater as fake news, as pessoas devem sempre ser respeitadas porque muitas vezes aderem inconscientemente a elas. E o Papa afirma ainda:

"O comunicador cristão faz seu o estilo evangélico, constrói pontes, é um artífice da paz também e sobretudo na busca da verdade. Sua abordagem não é de oposição às pessoas, ele não assume atitudes de superioridade, ele não simplifica a realidade, para não cair em um fideísmo do estilo científico. Na verdade, a própria ciência é uma contínua aproximação à resolução dos problemas. A realidade é sempre mais complexa do que pensamos, e devemos respeitar as dúvidas, ansiedades e perguntas das pessoas, tentando acompanhá-las sem jamais tratá-las com superioridade".

O Papa Francisco sublinha mais uma vez o dever como cristãos de fazer todo o possível para "evitar a lógica da contraposição", sempre tentando aproximar e acompanhar o percurso das pessoas. "Tentemos trabalhar pela informação correta e verdadeira sobre a Covid-19 e sobre as vacinas", afirmou, "mas sem criar muros, sem criar isolamentos".

VERDADE

A terceira palavra que Francisco prende em consideração é verdade, que deve ser sempre procurada e respeitada pelos comunicadores. O Papa adverte a este respeito:

"A busca da verdade não pode ser levada a uma perspectiva comercial, aos interesses dos poderosos, aos grandes interesses econômicos. Ficar juntos pela verdade significa também buscar um antídoto para algoritmos destinados a maximizar a rentabilidade comercial, significa promover uma sociedade informada, justa, saudável e sustentável. Sem uma correção ética, estes instrumentos geram ambientes de extremismo e levam as pessoas a uma radicalização perigosa".

A verdade para o cristão, continuou o Papa, não se trata apenas de coisas individuais, mas de toda a existência e também inclui significados relacionais como "apoio, solidez, confiança". E o único "verdadeiramente confiável e digno de confiança, com quem se pode contar, que é 'verdadeiro', é o Deus vivo". Jesus disse de si mesmo: "Eu sou a verdade". E conclui indicando novamente um estilo preciso de comunicação:

“Trabalhar ao serviço da verdade significa, portanto, buscar o que favorece a comunhão e promove o bem de todos, não o que isola, divide e se opõe.”


Adriana Masotti 

Fonte: VATICAN NEWS

 


 


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

A IGREJA NÃO É UMA EMPRESA

Já tinha lido esta frase do Papa Francisco nos livros e documentos que ele escreveu nos últimos anos. Mas de novo, recentemente, ele repetiu isso. Eu aprendi desde a minha adolescência, que a Igreja existe para evangelizar. É isso. Mas muitos dos nossos padres parecem não saber desta "verdade" histórica da Igreja. Evangelização. E isso se faz com acolhimento, misericórdia, escuta e preocupação com seus fieis. Os carreiristas "chanceleres" e outros tantos, doutores, mestres, teólogos, que citam grandes pensadores em sua homilias, mas não conseguem chegar ao povo mais pobre e necessitado, deveriam ler e assistir mais os vídeos do Papa para agirem de forma mais humana em suas paróquias e não serem apenas próximos a outros carreiristas leigos da elite de uma comunidade. Não é opinião, é verdade.

Palavras do PAPA

Por fim o Papa disse: 

Lembrem-se também que a Igreja não é uma organização política com esquerdas e direitas como nos parlamentos. Não é uma grande empresa multinacional dirigida por executivos que estudam como vender melhor o seu produto. A Igreja não se constrói com base em seu próprio projeto, não tira de si mesma a força para seguir adiante e não vive de estratégias de marketing. “A Igreja é formada por homens e mulheres pecadores como todos os demais, nasceu e existe para refletir a luz de um Outro, a luz de Jesus, assim como a lua faz com o sol. A Igreja existe para levar a palavra de Jesus ao mundo e tornar possível hoje um encontro com o Jesus vivo, tornando-se um veículo para seu abraço de misericórdia oferecido a todos”.


quarta-feira, 5 de maio de 2021

O PAPA FRANCISCO ESTABELECE MINISTÉRIO DE CATEQUISTA


 A Sala de Imprensa do Vaticano anunciou que na terça-feira, 11 de maio, será apresentado à mídia o Motu próprio "Antiquum ministerium". Já em 2018, o Papa havia falado da necessidade de dar a este serviço uma dimensão institucional na Igreja

O Papa tinha este tema em seu coração já há alguns anos, falou sobre isso na vídeo-mensagem aos participantes de uma conferência internacional sobre o tema, em 2018, quando declarou categoricamente que "o catequista é uma vocação". "Ser catequista, esta é a vocação, não trabalhar como catequista".

E depois acrescentava "esta forma de serviço que se realiza na comunidade cristã" deveria ser reconhecida "como um verdadeiro e genuíno ministério da Igreja". A convicção amadureceu e tomou a forma do Motu próprio Antiquum ministerium que será apresentado na próxima terça-feira (11/05) na Sala de Imprensa do Vaticano, com a presença do Arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e Dom Franz-Peter Tebartz-van Elst, delegado para a Catequese do dicastério.

NA LINHA DE FRENTE

O Motu próprio, portanto, estabelecerá formalmente o ministério de catequista, desenvolvendo a dimensão evangelizadora dos leigos desejada pelo Concílio Vaticano II. Um papel ao qual, disse Francisco na vídeo-mensagem, cabe a responsabilidade do "primeiro anúncio". Em um contexto de "indiferença religiosa - o Papa havia indicado - "sua palavra será sempre o primeiro anúncio, que atinge os corações e mentes de tantas pessoas que estão esperando para encontrar Cristo".

UMA DIMENSÃO COMUNITÁRIA

Um serviço a ser vivido com intensidade de fé e em dimensão comunitária, como foi sublinhado em 31 de janeiro passado na audiência aos participantes do encontro promovido pelo Departamento Catequético Nacional da Conferência Episcopal Italiana. " Este é o momento – disse o Papa - de ser artífices de comunidades abertas que sabem valorizar os talentos de cada um. É o tempo para as comunidades missionárias, livres e abnegadas, que não procuram relevância nem vantagem, mas que percorrem os caminhos do povo do nosso tempo, inclinando-se sobre os que estão à margem.


Alessandro De Carolis – Vatican News

FONTE:
https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-05/papa-francisco-catequista-ministerio.html



quinta-feira, 22 de abril de 2021

DIA MUNDIAL DA TERRA: 22 DE ABRIL

Dia Mundial da Terra. Jovem agricultor no Iêmen  (ANSA)

Hoje é celebrado o Dia Mundial da Terra com o tema: “Restore Our Earth” para restabelecer uma relação sustentável com a Criação. Há muitas exortações do Papa Francisco sobre o respeito pela natureza, principalmente as duas encíclicas 'Laudato si' e 'Fratelli tutti'. No seu tuíte hoje ele exorta a restabelecer um vínculo positivo com o Criador, seu vizinho e a Criação

Quebramos os laços que nos uniam ao Criador, aos outros seres humanos e ao resto da Criação. Precisamos sarar estas relações danificadas, que são essenciais para sustentáculo de nós mesmos e de toda a trama da vida”. Com este tweet, no '@pontifex', o Papa Francisco sublinhou as responsabilidades do homem em sua relação com a natureza neste Dia Mundial da Terra, que este ano mais do que nunca convida todas as nações, especialmente as industrializadas, a assumir um compromisso comum para acabar com a exploração indiscriminada dos recursos de nosso planeta.

Francisco sempre quis a criação de uma aliança entre o ser humano e o meio ambiente, que nada mais é do que uma declinação do conceito de "ecologia integral", agora conhecido em toda parte graças à encíclica "Laudato si". Tudo o que está acontecendo, desde pandemias às mudanças climáticas, tem relevância em todos os aspectos da vida, sociais e econômicos, éticos e políticos. E tudo afeta a vida dos mais pobres e frágeis, afirma com frequência o Papa, apelando para a responsabilidade de promover, com um compromisso coletivo e solidário, uma cultura do cuidado, que coloque a dignidade humana e o bem comum no centro. Justiça, equidade, segurança, do ponto de vista ambiental, são hoje para Francisco prioridades irrenunciáveis.

A redução das emissões de gases de efeito estufa, o uso racional dos recursos e outras iniciativas devem ser colocados em prática para deter o contínuo envenenamento da Terra. A própria Santa Sé, assegurou o Papa Francisco, está empenhada em assegurar que o Estado da Cidade do Vaticano reduza as emissões a zero antes de 2050, intensificando os esforços de gestão ambiental, já em curso há alguns anos, que possibilitam o uso racional de recursos naturais como água e energia, eficiência energética, mobilidade sustentável, reflorestamento e a economia circular também na gestão de resíduos.

Cuidados com a casa comum: novos estilos de vida e certezas para o futuro

Trata-se de iniciar um complexo de ações baseadas na ecologia integral, um valor para o qual Francisco pede uma educação para colocar o cuidado dos bens comuns em primeiro lugar nas políticas nacionais e internacionais e incentivar a produção sustentável mesmo em países de baixa renda, compartilhando tecnologias avançadas apropriadas. As medidas políticas e técnicas devem, portanto, se unir para criar um processo educacional que favoreça um modelo cultural de desenvolvimento e sustentabilidade centrado na fraternidade e na aliança entre o ser humano e o meio ambiente. Chegou a hora de uma mudança de rumo, pede o Papa. Não vamos tirar das novas gerações a esperança de um futuro melhor.

Giancarlo La Vella – Vatican News

FONTE: Vatican News

Imagem: CNBB

Em uma mensagem de vídeo enviada à Cúpula de Líderes Climáticos (22 e 23/04 de 2021), organizada pelos Estados Unidos, o Papa Francisco endossou o consenso científico de que o aquecimento global é parcialmente causado pelos humanos.

O papa Francisco afirmou que o planeta está no “limite” e que a humanidade precisa evitar o que chamou de “caminho da autodestruição”.

“Deus perdoa sempre, os homens perdoam de vez em quando, a natureza jamais perdoa”, disse Francisco, citando um antigo ditado espanhol. “E quando tem início esta destruição da natureza, é muito difícil pará-la.” Para o pontífice, a mudança climática e a pandemia de covid-19 mostraram ao mundo que ações urgentes e conjuntas são necessárias para enfrentar os desafios globais. Não há mais tempo a perder, segundo Francisco:

“Não se sai igual de uma crise. Saímos melhores ou piores. E se não sairmos melhores, percorremos um caminho de autodestruição”, concluiu o papa na mensagem.




sábado, 14 de novembro de 2020

DIA MUNDIAL DOS POBRES - 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Foto: Vatcan News
A data foi instituída pelo Papa Francisco ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia para ser celebrada sempre no XXXIII Domingo do Tempo Comum. 

O Papa Francisco lançou um tuíte na sua conta oficial em português neste sábado (14), véspera de Dia Mundial dos Pobres. Diz a mensagem: “a bênção do Senhor desce sobre nós e a oração alcança o seu objetivo, quando elas são acompanhadas pelo serviço dos pobres”. A reflexão do Pontífice foi extraída da mensagem divulgada para a data que tem como tema "Estende a tua mão ao pobre" (Sir 7,32) e ainda afirma: “Nestes meses, em que o mundo inteiro foi dominado por um vírus que trouxe dor e morte, desconforto e perplexidade, pudemos ver tantas mãos estendidas!”

Dia Mundial dos Pobres durante a pandemia

De fato, o Dia Mundial dos Pobres deste ano, na sua quarta edição, será celebrado neste domingo (15) mas de uma maneira diversa em relação aos outros anos, devido à Covid-19. O Papa Francisco vai presidir a missa direto da Basílica de São Pedro, com transmissão ao vivo do Vatican News às 10h na Itália, 6h no Horário de Brasília, com comentários em português. Para a cerimônia, e respeitando as medidas de segurança impostas pelas autoridades sanitárias devido ao agravamento da pandemia de Covid-19, 100 pessoas se farão presentes para representar os pobres do mundo inteiro.

A pandemia, porém, não impede a caridade do Papa: de fato, para a ocasião, foi criada uma rede de solidariedade para levar alimentos, máscaras de proteção e apoio a milhares de famílias em cerca de 60 paróquias de Roma e instituições de caridade. Além disso, no ambulatório administrado pela Esmolaria Apostólica na Praça São Pedro, pessoas carentes podem fazer o teste para a Covid-19.

Uma história de caridade e beleza

O almoço comunitário do Papa com os pobres em 2018

Todo ano, o Dia Mundial dos Pobres, procura ajudar as comunidades a refletir sobre como a pobreza está no coração do Evangelho, disse o Papa, ao instituir a data ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Na primeira edição, em 2017, cerca de 40 mil indigentes provenientes de Roma e de toda a região do Lazio, além de diversas dioceses do mundo, participaram da missa na Basílica de São Pedro. Ao final, 1500 deles participaram do almoço com o Papa na Sala Paulo VI.

Na segunda edição, em 2018, Francisco presidiu a missa e voltou a almoçar com os pobres. Contemporaneamente, em muitas paróquias, centros de voluntariado e escolas o almoço também foi oferecido aos mais necessitados. Era uma resposta ao convite do Papa feito na mensagem daquele ano, quando pedia para “dar um sinal de proximidade” aos carentes através de ações concretas de solidariedade.

Já no ano passado, na terceira edição, uma plateia de 7 mil indigentes participou de um concerto no Vaticano. Segundo o próprio Papa Francisco, um concerto para semear alegria: “a semente vai permanecer na alma de todos e fará muito bem a todos", disse Francisco por ocasião da primeira edição do ‘Concerto para e com os pobres’, de maio de 2015.

Para o Papa, de fato, os pobres têm direito não somente às necessidades básicas, mas também à harmonia e beleza como pode ser, precisamente, ouvir o som de uma orquestra, assistir a um espetáculo de circo ou fazer uma viagem para ver o mar. Todas essas iniciativas nas quais, nos últimos anos, muitos pessoas carentes puderam participar graças ao próprio Papa Francisco que ajudou a redescobrir uma nova dignidade.



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

QUERIDA AMAZONIA: EXORTAÇÃO PÓS SINODAL DO PAPA FRANCISCO

A EXORTAÇÃO DO PAPA POR UMA IGREJA COM ROSTO AMAZÔNICO

A Exortação pós-sinodal sobre a Amazônia foi publicada esta quarta-feira (12/02). O documento traça novos caminhos de evangelização e cuidados do meio ambiente e dos pobres. Francisco auspicia um novo ímpeto missionário e encoraja o papel dos leigos nas comunidades eclesiais.

“A Amazônia querida apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, o seu drama e o seu mistério.” Assim tem início a Exortação apostólica pós-sinodal, Querida Amazônia. O Pontífice, nos primeiros pontos, (2-4) explica “o sentido desta Exortação”, rica de referências a documentos das Conferências episcopais dos países amazônicos, mas também a poesias de autores ligados à Amazônia. Francisco destaca que deseja “expressar as ressonâncias” que o Sínodo provocou nele. E esclarece que não pretende substituir nem repetir o Documento final, que convida a ler “integralmente”, fazendo votos de que toda a Igreja se deixe “enriquecer e interpelar” por este trabalho e que a Igreja na Amazônia se empenhe “na sua aplicação”. O Papa compartilha os seus “Sonhos para a Amazônia” (5-7), cujo destino deve preocupar a todos, porque esta terra também é “nossa”. Assim, formula “quatro grandes sonhos”: que a Amazônia “que lute pelos direitos dos mais pobres”, “que preserve a riqueza cultural”, que “que guarde zelosamente a sedutora beleza natural”, que, por fim, as comunidades cristãs sejam “capazes de se devotar e encarnar na Amazônia”.


O sonho social: a Igreja ao lado dos oprimidos
O primeiro capítulo de Querida Amazônia é centralizado no “Sonho social” (8). Destaca que “uma verdadeira abordagem ecológica” é também “abordagem social” e, mesmo apreciando o “bem viver” dos indígenas, adverte para o “conservacionismo”, que se preocupa somente com o meio ambiente. Com tons vibrantes, fala de “injustiça e crime” (9-14). Recorda que já Bento XVI havia denunciado “a devastação ambiental da Amazônia”. Os povos originários, afirma, sofrem uma “sujeição” seja por parte dos poderes locais, seja por parte dos poderes externos. Para o Papa, as operações econômicas que alimentam devastação, assassinato e corrupção merecem o nome de “injustiça e crime”. E com João Paulo II, reitera que a globalização não deve se tornar um novo colonialismo.
Os pobres sejam ouvidos sobre o futuro da Amazônia
Diante de tanta injustiça, o Pontífice fala que é preciso “indignar-se e pedir perdão” (15-19). Para Francisco, são necessárias “redes de solidariedade e de desenvolvimento” e pede o comprometimento de todos, inclusive dos líderes políticos. O Papa ressalta o tema do “sentido comunitário” (20-22), recordando que, para os povos amazônicos, as relações humanas “estão impregnadas pela natureza circundante”. Por isso, escreve, vivem como um verdadeiro “desenraizamento” quando são “forçados a emigrar para a cidade”.
A última parte do primeiro capítulo é dedicado às “Instituições degradadas” (23-25) e ao “Diálogo social” (26-27). O Papa denuncia o mal da corrupção, que envenena o Estado e as suas instituições. E faz votos de que a Amazônia se torne “um local de diálogo social” antes de tudo “com os últimos. A voz dos pobres, exorta, deve ser “a voz mais forte” sobre a Amazônia.
O sonho cultural: cuidar do poliedro amazônico
O segundo capítulo é dedicado ao “sonho cultural”. Francisco esclarece que “promover a Amazônia” não significa “colonizá-la culturalmente” (28). E recorre a uma imagem que lhe é cara: “o poliedro amazônico” (29-32). É preciso combater a “colonização pós-moderna”. Para Francisco, é urgente “cuidar das raízes” (33-35). Citando Laudato si’ Christus vivit, destaca que a “visão consumista do ser humano” tende a “a homogeneizar as culturas” e isso afeta sobretudo os jovens. A eles, o Papa pede que assumam as raízes, que recuperem “a memória danificada”.
Não a um indigenismo fechado, é preciso um encontro intercultural
A Exortação se concentra depois sobre o “encontro intercultural” (36-38). Mesmo as “culturas aparentemente mais evoluídas”, observa, podem aprender com os povos que “desenvolveram um tesouro cultural em conexão com a natureza”. A diversidade, portanto, não deve ser “uma fronteira”, mas “uma ponte”, e diz não a “um indigenismo completamente fechado”.
A última parte do segundo capítulo é dedicada ao tema “culturas ameaçadas, povos em risco” (39-40). Em qualquer projeto para a Amazônia, esta é a recomendação do Papa, “é preciso assumir a perspectiva dos direitos dos povos”. Estes, acrescenta, dificilmente podem ficar ilesos se o ambiente em que nasceram e se desenvolveram “se deteriora”.

 O sonho ecológico: unir cuidado com o meio ambiente e cuidado com as pessoas
O terceiro capítulo, “Um sonho ecológico”, é o mais relacionado com a Encíclica Laudato si’. Na introdução (41-42), destaca-se que na Amazônia existe uma relação estreita do ser humano com a natureza. Cuidar dos irmãos como o Senhor cuida de nós, reitera, “é a primeira ecologia que precisamos”. Cuidar do meio ambiente e cuidar dos pobres são “inseparáveis”. Francisco dirige depois a atenção ao “sonho feito de água” (43-46). Cita Pablo Neruda e outros poetas locais sobre a força e a beleza do Rio Amazonas. Com suas poesias, escreve, “ajudam a libertar-nos do paradigma tecnocrático e consumista que sufoca a natureza”.
Ouvir o grito da Amazônia, o desenvolvimento seja sustentável
Para o Papa, é urgente ouvir o “grito da Amazônia” (47-52). Recorda que o equilíbrio planetário depende da sua saúde. Escreve que existem fortes interesses não somente locais, mas também internacionais. A solução, portanto, não é “a internacionalização” da Amazônia; ao invés, deve crescer “a responsabilidade dos governos nacionais”. O desenvolvimento sustentável, prossegue, requer que os habitantes sejam sempre informados sobre os projetos que dizem respeito a eles e auspicia a criação de “um sistema normativo” com “limites invioláveis”. Assim, Francisco convida à “profecia da contemplação” (53-57).
Ouvindo os povos originários, destaca, podemos amar a Amazônia “e não apenas usá-la”; podemos encontrar nela “um lugar teológico, um espaço onde o próprio Deus Se manifesta e chama os seus filhos”. A última parte do terceiro capítulo é centralizada na educação e hábitos ecológicos” (58-60). O Papa ressalta que a ecologia não é uma questão técnica, mas compreende sempre “um aspecto educativo”.
O sonho eclesial: desenvolver uma Igreja com rosto amazônico
O último capítulo, o mais denso, é dedicado “mais diretamente” aos pastores e aos fiéis católicos e se concentra no “sonho eclesial”. O Papa convida a “desenvolver uma Igreja com rosto amazônico” através de um “grande anúncio missionário” (61), um “anúncio indispensável na Amazônia” (62-65).
Para o Santo Padre, não é suficiente levar uma “mensagem social”. Esses povos têm “direito ao anúncio do Evangelho”; do contrário, “cada estrutura eclesial transformar-se-á em mais uma ONG”. Uma parte consistente é dedicada ainda à inculturação. Retomando a Gaudium et spes, fala de “inculturação (66-69) como um processo que leva “à plenitude à luz do Evangelho” aquilo que de bom existe nas culturas amazônicas.
Uma renovada inculturação do Evangelho na Amazônia
O Papa dirige o seu olhar mais profundamente, indicando os “Caminhos de inculturação na Amazônia”. (70-74). Os valores presentes nas comunidades originárias, escreve, devem ser valorizados na evangelização. E nos dois parágrafos sucessivos se detém sobre a “inculturação social e espiritual” (75-76). O Pontífice evidencia que, diante da condição de pobreza de muitos habitantes da Amazônia, a inculturação deve ter um “timbre marcadamente social”. Ao mesmo tempo, porém, a dimensão social deve ser integrada com aquela “espiritual”.
Os Sacramentos devem ser acessíveis a todos, especialmente aos pobres
Na sequência, a Exortação indica “pontos de partida para uma santidade amazônica” (77-80), que não devem copiar “modelos doutros lugares”.
Destaca que “é possível receber, de alguma forma, um símbolo indígena sem o qualificar necessariamente como idolátrico”. Pode-se valorizar, acrescenta, um mito “denso de sentido espiritual” sem necessariamente considerá-lo “um extravio pagão”. O mesmo vale para algumas festas religiosas que, não obstante necessitem de um “processo de purificação”, “contêm um significado sagrado”.
Outra passagem significativa de Querida Amazônia é sobre a inculturação da liturgia (81-84). O Pontífice constata que já o Concílio Vaticano II havia solicitado um esforço de “inculturação da liturgia nos povos indígenas”.
Além disso, recorda numa nota do texto que, no Sínodo, “surgiu a proposta de se elaborar um «rito amazônico»”. Os Sacramentos, exorta, “devem ser acessíveis, sobretudo aos pobres”. A Igreja, afirma evocando a Amoris laetitia, não pode se transformar numa “alfândega”.


Bispos latino-americanos devem enviar missionários à Amazônia
Relacionado a este tema, está a “inculturação do ministério” (85-90) sobre a qual a Igreja deve dar uma resposta “corajosa”. Para o Papa, deve ser garantida “maior frequência da celebração da Eucaristia”. A propósito, reitera, é importante “determinar o que é mais específico do sacerdote”.
A resposta, lê-se, está no sacramento da Ordem sacra, que habilita somente o sacerdote a presidir a Eucaristia. Portanto, como “assegurar este ministério sacerdotal” nas zonas mais remotas? Francisco exorta todos os bispos, especialmente os latino-americanos, “a ser mais generosos”, orientando os que “demonstram vocação missionária” a escolher a Amazônia e os convida a rever a formação dos presbíteros.
Favorecer um protagonismo dos leigos nas comunidades
Depois dos Sacramentos, Querida Amazonía fala das “comunidades cheias de vida” (91-98), nas quais os leigos devem assumir “responsabilidades importantes”. Para o Papa, com efeito, não se trata “apenas de facilitar uma presença maior de ministros ordenados”. Um objetivo “limitado” se não suscitar “uma nova vida nas comunidades”. São necessários, portanto, novos “serviços laicais”. Somente através de “um incisivo protagonismo dos leigos”, reitera, a Igreja poderá responder aos “desafios da Amazônia”.
Para o Pontífice, os consagrados têm um lugar especial e não deixa de recordar o papel das comunidades de base, que defenderam os direitos sociais, e encoraja em especial a atividade da REPAM e dos “grupos missionários itinerantes”.
Novos espaços às mulheres, mas sem clericalizações
Francisco dedica um espaço à força e ao dom das mulheres (99-103). Reconhece que, na Amazônia, algumas comunidades se mantiveram somente “graças à presença de mulheres fortes e generosas”. Porém, adverte que não se deve reduzir a Igreja a “estruturas funcionais”. Se assim fosse, com efeito, teriam um papel somente se fosse concedido a elas acesso à Ordem sacra.
Para o Pontífice, deve ser rejeitada a clericalização das mulheres, acolhendo, ao invés, a contribuição segundo o modo feminino, que prolonga “a força e a ternura de Maria”. Francisco encoraja o surgimento de novos serviços femininos, que – com um reconhecimento público dos bispos – incidam nas decisões para as comunidades.
Os cristãos devem lutar juntos para defender os pobres da Amazônia
Para o Papa, é preciso “ampliar horizontes para além dos conflitos” (104-105) e deixar-se desafiar pela Amazônia a “superar perspectivas limitadas” que “permanecem enclausuradas em aspetos parciais”. O quarto capítulo termina com o tema da “convivência ecumênica e inter-religiosa” (106-110), “encontrar espaços para dialogar e atuar juntos pelo bem comum”. “Como não lutar juntos? – questiona Francisco – Como não rezar juntos e trabalhar lado a lado para defender os pobres da Amazônia”?
Confiemos a Amazônia e os seus povos a Maria
Francisco conclui a Querida Amazônia com uma oração à Mãe da Amazônia (111). “Mãe, olhai para os pobres da Amazônia – é um trecho da sua oração –, porque o seu lar está a ser destruído por interesses mesquinhos (…) Tocai a sensibilidade dos poderosos porque, apesar de sentirmos que já é tarde, Vós nos chamais a salvar o que ainda vive”.

FONTE: https://www.vaticannews.va/pt.

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