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quinta-feira, 5 de março de 2015

MAIS UMA VISÃO “SACRAMENTAL”...

Vocês me perdoem, mas, eu ainda me assusto com a visão "sacramental" que muitos catequistas ainda têm da catequese da nossa Igreja. Isso porque, por mais que a gente leia, discuta, divulgue e promova a visão que a Igreja pós-concílio prega, ainda tem gente achando que se faz catequese para receber sacramento!

Numa recente discussão em nosso grupo, estávamos debatendo a validade de se ter crianças na catequese, cujos pais são evangélicos. Porque estas crianças estão lá? Elas "decidiram" ser católicas a despeito da religião de seus pais? Que poder de "decisão" tem uma criança? Ou ela só quer fazer "a primeira comunhão" como muitos dos seus amiguinhos fazem?

Não dá, simplesmente não dá, para pensar que em nossa catequese tenha CRIANÇAS SENDO CATEQUIZADAS a despeito da religião de seus pais. Que eles não sigam religião nenhuma, e a criança procure uma crença que seja dela, até vai. É um direito da criança. Assim como é dever dos pais orientá-la nisso. Mas, quando os pais seguem uma religião protestante ou evangélica e o filho, criança ainda, quer ser católico, é de doer. Essa desculpa de que a criança "quer", me lembra do mesmo querer que uma criança tem de um brinquedo que o amigo da escola possui e ele não.

Que eu saiba, uma pessoa só atinge a maioridade aos 18 anos e pode, assim, fazer o que quiser e escolher a vida que quer seguir. Nossos filhos menores não fazem o que querem nem vão aonde querem sem permissão. Eles não têm maturidade suficiente para decidir, sozinhos, nada na vida, nem sequer o que vão comer. É nosso dever de pais proporcionar uma alimentação saudável para eles e, por “incrível” que pareça, dizer a eles a hora de dormir. Eles também não decidem se querem ou não ir para a escola, ou ao dentista ou visitar a Vovó.  E assim é com muita coisa. Inclusive com a fé. Um pai e uma mãe, responsáveis, jamais deixariam seus filhos na porta de uma Igreja: que não frequentam, de uma religião que eu não seguem; seja para frequentar culto, pregação, catequese ou o que quer que seja.

Onde então, nós catequistas, estamos com a cabeça ao aceitar semelhante coisa? Por que tem criança na catequese católica com pais de outra religião? Por que não vamos evangelizar e converter estes pais? Que "merreca" de discípulos missionários nós somos?
Um trecho do DNC só pra esclarecer umas coisas (Itens 33 e 34):

Catequese e evangelização
A evangelização é uma realidade rica, complexa e dinâmica, que compreende momentos essenciais, e diferentes entre si (cf. CT 18 e 20; DGC 63): o primeiro momento é o anúncio de Jesus Cristo (querigma); a catequese, um desses “momentos essenciais”, é o segundo, dando-lhe continuidade. Sua finalidade (da catequese) é aprofundar e amadurecer a fé, educando o convertido para que se incorpore à comunidade cristã. A catequese sempre supõe a primeira evangelização. Por sua vez, à catequese segue-se o terceiro momento: a ação pastoral para os fiéis já iniciados na fé, no seio da comunidade cristã (cf. DGC 49), através da formação continuada.

(Em resumo: Evangelização= Anúncio, depois catequese, depois ação pastoral).

Catequese e ação pastoral se impregnam do ardor missionário, visando à adesão mais plena a Jesus Cristo. A atividade da Igreja, de modo especial a catequese, traduz sempre a mística missionária que animava os primeiros cristãos. A catequese exige conversão interior e contínuo retorno ao núcleo do Evangelho (querigma), ou seja, ao mistério de Jesus Cristo em sua Páscoa libertadora, vivida e celebrada continuamente na liturgia. Sem isso, ela deixa de produzir os frutos desejados. Toda ação da Igreja leva ao seguimento mais intenso de Jesus (cf. CR 64) e ao compromisso com seu projeto missionário.

Conversão, Seguimento, Discipulado, Comunidade
O fruto da evangelização e catequese é o fazer discípulos: acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida, como dom da fé. Há certas condições da nossa parte, que se resumem em duas palavras evangélicas: conversão e seguimento. A fé é como uma caminhada, conduzida pelo Espírito Santo, a partir de uma opção de vida e uma adesão pessoal a Deus, através de Jesus Cristo, e ao seu projeto para o mundo. Isso supõe também a aceitação intelectual, o conhecimento da mensagem de Jesus. O seguimento de Jesus Cristo realiza-se, porém, na comunidade fraterna. O discipulado, que é o aprofundamento do seguimento, implica renúncia a tudo o que se opõe ao projeto de Deus e que diminui a pessoa. Leva à proximidade e intimidade com Jesus Cristo e ao compromisso com a comunidade e com a missão (cf. CR 64- 65; AS 127c).

Para maior esclarecimento e aprofundamento dos conceitos de evangelização, catequese, ação pastoral, iniciação cristã, formação continuada, catecumenato etc., pode-se consultar o documento da CNBB: Com adultos catequese adulta, Estudos da CNBB 80, 2001, cap. IV, nn. 86-124. Sobre a “originalidade da pedagogia da fé”.

Agora, pergunto eu: Uma criança de 11, 12 anos ou um adolescente de 13, 14 anos, recém-crismado, tem maturidade para entender tudo isso sem a mediação dos adultos? Neste caso, a família, que é a base de sua formação?

Porque, sem entender isso, receber a Eucaristia e a Crisma é mera formalidade sacramental. Não é a isso que a IVC tanto fala? Mais que uma catequese com adultos, uma catequese adulta, se faz urgente! A começar por muitos de nossos catequistas...

Angela Rocha

Catequista

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