Santa Teresa D'Ávila |
Orar
é “falar com Deus”. A oração autêntica é
aquela que transforma a pessoa, para orar de verdade a pessoa precisa se
recolher em si mesma. No mundo de hoje somos projetados para "fora",
damos importância demais ao que acontece ao nosso redor e esquecemos-nos de
olhar para dentro da gente.
Por
isso, ao orar com os nossos catequizandos precisamos nos desprender um pouco do
"roteiro". Normalmente a gente chega e já é de praxe que todos se
levantem, rezem o Pai Nosso, Ave Maria, Santo Anjo ou outra oração. E, quase
sempre, esta oração é vazia. As crianças estão ali agitadas, querendo contar as
novidades, conversar com os colegas, querem ser vistas e querem atenção... E
nós queremos que elas calem a boca para que possamos começar o encontro!
A
oração é antes de tudo a "busca" de Deus, ela precisa ser pessoal,
silenciosa, contemplativa. Aí nos esbarramos num “porém”: crianças não
conseguem isso com facilidade! A capacidade de abstração de uma criança é bem
pequena. Por isso a importância do ambiente: de uma vela acesa, da bíblia, de
incenso, da água benta, do silêncio, respiração pausada, olhos fechados. Então
precisamos ensinar ás crianças que a oração é uma “conversa”, onde se “escuta”
mais do que se fala. Orar é uma relação de amor, é criar uma relação de amizade
com Deus, onde ele te escuta e, mesmo sem parecer que responde, Ele age na sua
vida.
E
nós não nos voltamos para Deus só com a boca ou o pensamento, é preciso
voltar-se pra Ele com todo nosso ser. Lembrar-se da Trindade, Pai, Filho e
Espírito Santo, que, pela bondade do Pai, faz morada em nós. E podemos, sempre,
usar as fórmulas. Desde que as orações sejam “trabalhadas” antes em sua
essência. O que se diz a Deus em cada frase do Pai Nosso? De onde vêm as frases
da oração à Virgem Maria? Por que invocar o Santo Anjo? Qual é o significado de
professar o Creio? É preciso “sentir” em cada frase que sai de nossa boca o
significado que ela tem em nosso intelecto.
Enfim,
é preciso criar o "clima", orar sem dispersar o pensamento. E não é
fácil fazer isso com as crianças. Como já foi dito, elas não tem a capacidade
de contemplação acentuada, é preciso então lembrá-las do "concreto",
daquilo que acontece com ela no dia a dia, das suas pequenas e angústias e
medos; e lembrá-las que basta fechar os olhos e conversar com Deus, contar e
ele em pensamento tudo que acontece, que dá medo, tristeza, angústia... E Ele,
como Pai amoroso, abraça, traz paz, tranquilidade e te envolve com seu manto de
amor.
Para
ajudar, existem alguns "exercícios" que podem relaxar o corpo e a
mente que é possível fazer, no entanto, sempre com cuidado de não constranger
ninguém ou obrigar.
Um
deles é pedir que tirem os sapatos, coloquem a planta dos pés no chão, que
sintam a energia que emana da terra, do ambiente que Deus criou para nossa
morada, que vai subindo devagar pelas pernas, joelhos, estômago, coração até
chegar ao cérebro, berço do pensamento. Que respirem o ar pausadamente,
sentindo o Espírito Santo se mover para dentro e para fora do seu corpo; fechar
os olhos e pensar que, mesmo no escuro, Deus segura sua mão. Outro exercício é
primeiro situar-se na realidade deles, perguntar como estão as pessoas que
convivem com eles: quem está triste, doente, quem conseguiu alcançar um grande
objetivo, está alegre por uma conquista, etc.; e relacionar isso ao louvar,
agradecer e suplicar.
Mas,
não é em todo encontro que você vai conseguir a verdadeira oração com eles.
Existirão momentos em que o “agito” será bem maior que a vontade de orar. Deixe
a oração para o final então, quando a “energia” baixar um pouco, quando a calma
estiver presente. Então não é preciso começar, necessariamente, o encontro pela
“oração inicial”. Com o passar do tempo, as crianças entram numa rotina e acabam
ficando no “automático”.
Como
começar meu encontro então? Com um alegre e animado bom dia, boa tarde, boa
noite, mostrando que estão ali para um encontro de amigos e não uma “aula de
catequese”. Lembre às pessoas (e isso vale para adultos também), que elas estarão
reunidas para um encontro e pedir que façam o sinal da cruz, pois estarão ali
em nome da Trindade. Em seguida use uma motivação, algo que desperte
curiosidade pelo tema. Que pode ser uma brincadeira, uma história, uma
dinâmica, uma música... E até uma ORAÇÃO, diferente daquelas que estamos
acostumados a fazer.
Uma dica: Um estudo sobre Oração: Itinerário Mistagógico segundo Santa Tereza D'Ávila. Excelente fonte de inspiração para a oração. Como subsídio para o catequista, bem entendido, para o catequizando ainda é cedo! Temos os arquivo para download ali em cima na aba do blog.
Também temos alguns textos sobre oração:
"Entra no teu quarto", excelente para entender um pouco
o que é orar.
E você pode achar interessante também este: ROTEIRO DE ENCONTRO: ENSINANDO A ORAR.
Temos também ORANDO NA CATEQUESE.
Ângela
Rocha
Catequista
Um comentário:
É o que procuro fazer nos encontros de catequese. Graças a Deus meus catequizandos não se dispersam muito. Gosto de colocar uma música calma, sentar no chão.
Nilzene Vieira
Paróquia São Geraldo
Piratininga
BH - MG
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