Hoje foi meu quarto encontro
com as crianças da catequese. Tenho onze crianças agora para evangelizar: “fazer
ecoar a palavra de Deus”. E eu levo isso muito a sério! Semana que vem, não
teremos encontro na quarta. Então fizemos nossa páscoa hoje.
Levei para cada um, um
saquinho de doces e um cartão: “Mais doce
que o chocolate é o enorme amor de Jesus, que morreu na cruz por nós!”.
Apesar de ensinar
metodologia nos encontros de formação, minha metodologia, às vezes, é um tanto
diversa daquela que tem escrito nos livros. Procuro sempre copiar Jesus:
acolho, escuto, ensino com a palavra, e deixo que eles se iluminem com aquilo
que entenderam. Não sigo uma regra de: Acolhida,
oração inicial, motivação, leitura, atividades de fixação, compromisso... O
método ver-julgar-agir-rever é ótimo, mas com crianças é preciso saber adaptar isso
aos momentos “deles”.
Para começar, se formos
seguir um cronograma de encontro de fio a pavio, corremos o risco de fazer
orações mecânicas, leituras mecânicas, atividades chatas e falar de
compromissos que ninguém vai seguir. Então em alguns encontros não fazemos
orações. Algumas vezes as crianças estão tão dispersas que nem sabem o que
estão falando...
E deixo que eles se “iluminem”
com a Palavra sem forçá-los a acreditar no que EU acredito. Meu entendimento
das Escrituras Sagradas jamais vai ser o de uma criança de dez ou onze anos,
então, deixo que uma mente de dez anos veja Jesus com uma mente de dez anos,
não com uma de quarenta e três.
E isso, por vezes, não é
fácil! Hoje lemos a passagem de João 20, 19-29, que fala de Tomé. Que não
acreditava na ressurreição se não pudesse ver com os próprios olhos, a Jesus e
suas chagas. A atividade consistia em pedir a eles que me dissessem o que tinha
entendido quando Jesus disse: “Felizes
daqueles que crêem sem ter visto”. Bom, pra um adulto é fácil (ou não...).
Imediatamente nos vem a mente que a Fé é a crença no mistério da ressurreição
do Senhor. Mesmo sem termos estado lá para ver.
E para uma criança, o que é
isso?
Lemos a passagem mais de uma
vez e mesmo assim as crianças tiveram dificuldades em me dizer afinal, o que
Jesus queria dizer com aquilo. É por isso que odeio “seguir roteiro”. Quando vi
que aquilo que tinha nas mãos parecia ser “vazio” para minhas crianças, tive
vontade de pegar aquele roteiro, rasgar, mastigar e cuspir pela janela...
Então partimos para o mais
factível. Vocês já viram Deus? Como ele é? Não, ninguém viu. Só imaginam Deus. Vocês já viram Jesus em
carne e osso? Ao vivo não. Jesus
eles já viram nas imagens, na cruz na Igreja, na imagem do Sagrado Coração no
altar. E vocês acreditam em Deus? Acreditam em Jesus? Acreditam que ele
morreu crucificado e dali três dias acordou de novo? E a resposta foi um
unânime e sonoro: Sim!!! Então
chegamos a seguinte conclusão: Somos todos felizes.
Sendo assim, deixamos
roteiro pra lá e fomos para a Praça do Santuário sentar aos pés da cruz comendo
nossos chocolates de páscoa enquanto eu contava das antigas tradições. Eles
amaram a história de que antigamente as pessoas apagavam as luzes das velas e
lampiões e até do fogão, na Sexta-Feira Santa e só iam acender no sábado, com o
fogo novo, que era feito no pátio da Igreja e aceso com pedras. Nossa, Tia! Você sabe acender fogo com
pedra? E falei do Rito Medieval do Ofício das Trevas. E falei do
Lava-pés, que o padre lava e beija os pés dos fiéis, da denudação do altar, da
benção da água do Batismo, da Vigília, que antigamente a Primeira Eucaristia
era no Sábado, que havia toda uma preparação especial para esse momento, da
missa da Ressurreição, do som maravilhoso de todos os sinos tocando e da beleza
do Glória a Deus. Resumindo: Deixei-os doidinhos para ver tudo isso
acontecendo! Pobres pais que vão ter que ir a Igreja nessa Semana Santa, mesmo
não querendo...
E nós fizemos a oração do
Pai-Nosso. Lá no meio da praça com todo mundo passando e olhando... Que catequista doida!
Ângela Rocha
Catequista Amadora
(aprendendo, aprendendo...)
(25/03/2010)
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