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segunda-feira, 30 de março de 2015

FELIZES AQUELES QUE ACREDITAM

Hoje foi meu quarto encontro com as crianças da catequese. Tenho onze crianças agora para evangelizar: “fazer ecoar a palavra de Deus”. E eu levo isso muito a sério! Semana que vem, não teremos encontro na quarta. Então fizemos nossa páscoa hoje.

Levei para cada um, um saquinho de doces e um cartão: “Mais doce que o chocolate é o enorme amor de Jesus, que morreu na cruz por nós!”.

Apesar de ensinar metodologia nos encontros de formação, minha metodologia, às vezes, é um tanto diversa daquela que tem escrito nos livros. Procuro sempre copiar Jesus: acolho, escuto, ensino com a palavra, e deixo que eles se iluminem com aquilo que entenderam. Não sigo uma regra de: Acolhida, oração inicial, motivação, leitura, atividades de fixação, compromisso... O método ver-julgar-agir-rever é ótimo, mas com crianças é preciso saber adaptar isso aos momentos “deles”.

Para começar, se formos seguir um cronograma de encontro de fio a pavio, corremos o risco de fazer orações mecânicas, leituras mecânicas, atividades chatas e falar de compromissos que ninguém vai seguir. Então em alguns encontros não fazemos orações. Algumas vezes as crianças estão tão dispersas que nem sabem o que estão falando...

E deixo que eles se “iluminem” com a Palavra sem forçá-los a acreditar no que EU acredito. Meu entendimento das Escrituras Sagradas jamais vai ser o de uma criança de dez ou onze anos, então, deixo que uma mente de dez anos veja Jesus com uma mente de dez anos, não com uma de quarenta e três.

E isso, por vezes, não é fácil! Hoje lemos a passagem de João 20, 19-29, que fala de Tomé. Que não acreditava na ressurreição se não pudesse ver com os próprios olhos, a Jesus e suas chagas. A atividade consistia em pedir a eles que me dissessem o que tinha entendido quando Jesus disse: “Felizes daqueles que crêem sem ter visto”. Bom, pra um adulto é fácil (ou não...). Imediatamente nos vem a mente que a Fé é a crença no mistério da ressurreição do Senhor. Mesmo sem termos estado lá para ver.
E para uma criança, o que é isso?
Lemos a passagem mais de uma vez e mesmo assim as crianças tiveram dificuldades em me dizer afinal, o que Jesus queria dizer com aquilo. É por isso que odeio “seguir roteiro”. Quando vi que aquilo que tinha nas mãos parecia ser “vazio” para minhas crianças, tive vontade de pegar aquele roteiro, rasgar, mastigar e cuspir pela janela...

Então partimos para o mais factível. Vocês já viram Deus? Como ele é? Não, ninguém viu. Só imaginam Deus. Vocês já viram Jesus em carne e osso? Ao vivo não. Jesus eles já viram nas imagens, na cruz na Igreja, na imagem do Sagrado Coração no altar. E vocês acreditam em Deus? Acreditam em Jesus? Acreditam que ele morreu crucificado e dali três dias acordou de novo? E a resposta foi um unânime e sonoro: Sim!!! Então chegamos a seguinte conclusão: Somos todos felizes.

Sendo assim, deixamos roteiro pra lá e fomos para a Praça do Santuário sentar aos pés da cruz comendo nossos chocolates de páscoa enquanto eu contava das antigas tradições. Eles amaram a história de que antigamente as pessoas apagavam as luzes das velas e lampiões e até do fogão, na Sexta-Feira Santa e só iam acender no sábado, com o fogo novo, que era feito no pátio da Igreja e aceso com pedras. Nossa, Tia! Você sabe acender fogo com pedra? E falei do Rito Medieval do Ofício das Trevas. E falei do Lava-pés, que o padre lava e beija os pés dos fiéis, da denudação do altar, da benção da água do Batismo, da Vigília, que antigamente a Primeira Eucaristia era no Sábado, que havia toda uma preparação especial para esse momento, da missa da Ressurreição, do som maravilhoso de todos os sinos tocando e da beleza do Glória a Deus. Resumindo: Deixei-os doidinhos para ver tudo isso acontecendo! Pobres pais que vão ter que ir a Igreja nessa Semana Santa, mesmo não querendo...

E nós fizemos a oração do Pai-Nosso. Lá no meio da praça com todo mundo passando e olhando... Que catequista doida!

Ângela Rocha
Catequista Amadora (aprendendo, aprendendo...)

(25/03/2010)

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