Como deve ser um itinerário de catequese com
relação à Bíblia e seus ensinamentos? Como se pode trabalhar o “Seguimento a
Jesus” usando os ensinamentos do Antigo Testamento?
Por
mais que o catequizando venha de uma família onde tenha recebido os primeiros
ensinamentos de fé, devemos começar a catequese "apresentando" Jesus
ao catequizando, fazendo-o "acolher" Jesus em seu coração, acreditando
nele. É a conversão mostrando as ações Dele nos Evangelhos. E o
"seguimento" só vem depois da conversão, para seguir Jesus é preciso
então saber "de onde Ele veio", o que fez com que Deus mandasse à
terra, seu único filho? Para isso é preciso conhecer a história da salvação
contida no Antigo Testamento. No entanto, é preciso frisar que esta etapa da
catequese de crianças, ainda não exige um estudo aprofundamento do AT. Pode-se
apresentar a criação relacionada ao grande amor de Deus por nós ao nos fazer “senhores”
de todas as criaturas e da natureza e, assim, responsáveis por ela. Em seguida
o início das alianças com os patriarcas e a história do povo escolhido por
Deus: reis, juízes, profetas; mesmo assim, relacionando sempre com os
Evangelhos. Depois, numa terceira etapa vem o conhecimento dos sacramentos e da
Igreja, ou seja, ali é que se "adere" realmente à causa maior de
Jesus, o "Reino de Deus". É trabalhando na comunidade ajudando aos
outros e sendo discípulo missionário que se adere de verdade à fé.
Jesus
veio para fazer uma "Revelação", que somente por Ele se chega ao Pai.
É por meio dos ensinamentos de Jesus que chegamos ao Pai, bondoso, amoroso, que
perdoa e cura. Se começarmos a catequese pelo Antigo Testamento, que Deus os
catequizandos conhecerão primeiro? Aquele Deus dos patriarcas, exigente e
que castiga o homem pelos seus erros, muitas vezes, até sem piedade? Será que é
este Deus que converte? Não seria melhor primeiro aprender de Jesus o quanto o
Pai é bom e só depois conhecer a caminhada do povo escolhido?
Assim
como temos catequistas que acreditam que a catequese deve ser “ordenada” pelos
livros da Bíblia, ou seja, do Gênesis ao Apocalipse, muitos acham que focar o
Antigo Testamento pode se mostrar sem necessidade. De forma alguma ele pode ser
ignorado, afinal, trata-se da Tradição e origem da nossa fé. Mas, é preciso dar
o "foco" que se deve, à luz de hoje, do mundo de hoje, da pedagogia
de hoje.
Por
exemplo: ao falar do Gênesis, valorizar a criação, a natureza, os animais e os
homens criados por Deus; ao citar os patriarcas estamos falando de um povo
"escolhido" por Deus, de Abraão, de Moisés, que deixaram tudo que
tinham por "confiança" em Deus; juízes, reis, como as várias
tentativas de se juntar um povo em torno de uma mesma fé; e os profetas como
aqueles que vinham preparando o caminho para a chegada do Messias. Tudo tem
importância. Claro que algumas leituras são mesmo muito difíceis de entender e
podem ser deixadas para quando houver mais maturidade.
Outra
coisa, os Mandamentos da Lei de Deus estão entre as bases da nossa fé. E eles estão no AT. Como não falar de como eles foram passados ao homem? Lembra-se de Jesus com os
discípulos de Emaús: Ele falava e "explicava" as Escrituras. Que
escrituras? As que ele conhecia: a fé judaica, o Pentateuco (Torá) e os profetas.
E ainda Jesus falando: ele não veio para
desfazer as leis e sim para acrescentar uma nova, o amor.
Ângela Rocha
Catequista
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