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segunda-feira, 22 de abril de 2019

CANTANDO A LITURGIA


Vamos iniciar este texto perguntando: Onde estão as referências bíblicas sobre dos cantos usados em nossas celebrações? O Apóstolo Paulo, poderá nos direcionar em sua carta aos Colossenses, que assim escreve:

 E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. (Colossenses 3,15-17)

Também Atos dos Apóstolos nos ensina:

E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. (Atos 2,46).

Nota-se que o canto faz parte das tradições que os apóstolos deixaram como herança à Igreja de Jesus Cristo. O canto esteve sempre presente nas reuniões e celebrações que aconteciam e acontecem em nome de Deus. É importante para sinalizar a alegria do Espírito que habita em nossos corações cantando. No entanto, para que haja coerência, é bom observarmos a orientação do magistério da nossa Igreja.

Um canto será litúrgico quando celebrar e for sinal simbólico, sensível e significativo dos fatos passados dos Mistérios de Cristo. É uma forma de expressão na santificação, glorificação e louvor à Deus em comunhão com Ele e com nossos irmãos de fé. Por isso dizemos que cantamos a liturgia. Portanto, o canto litúrgico terá as mesmas características que tem a ação litúrgica, sendo: memorial / orante / contemplativo / trinitário / crístico ou centrado em cristo / pascal / eclesial /eucarístico/ narrativo / proclamativo / histórico salvífico /profético.

No Catecismo da Igreja Católica também encontramos a importância do canto:

1157. O canto e a música desempenham a sua função de sinais, dum modo tanto mais significativo, quanto mais intimamente estiverem unidos à ação litúrgica, segundo três critérios principais: a beleza expressiva da oração, a participação unânime da assembleia nos momentos previstos e o carácter solene da celebração. Participam, assim, na finalidade das palavras e das ações litúrgicas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis”. (CIC- 1157).

Dizia Santo Agostinho que “Cantar é próprio de quem ama”. Toda vez que um ministério se dispõe a servir cantando, estará manifestando o seu amor a Deus, expressando a alegria e o amor que sente em estar na presença divina do Pai Celestial. Assim, os cantores dever ser exemplo constante desse amor que sentem e manifestam por meio da sua voz.

Para ajudar nesse ministério de cantar a liturgia, selecionamos alguns critérios para escolha do repertório Litúrgico:
  • Inspiração divina deve ser o requisito principal na criação de um canto litúrgico. Por isso se faz necessário estar em sintonia na oração com Deus e o Espírito Santo, sendo ainda importante que os textos dos cantos sejam embasados na Sagrada Escritura ou inspirados nela, evitando explicitações desnecessárias, moralismos, intimismos, chavões;
  • As melodias devem ser acessíveis à grande maioria da assembleia;
  • Evitar melodias e textos adaptados de canções populares, trilhas sonoras de filmes e de novelas;
  • Seja levado em conta o tipo de celebração, o momento ritual em que o canto será executado e as características da assembleia;
  • Conhecer e respeitar os tempos do ano litúrgico e suas festas, assim como a realidade, e a cultura da comunidade, expressando o mistério pascal de Cristo numa união com todo o rito do dia;
  • Observe o rito: Alguns ritos na missa, como por exemplo, o Cordeiro de Deus, não pode ser modificado;
  • Quanto às músicas: procurar escolher cantos e tons e ensaiar com antecedência, consultando a liturgia diária;
  • Antes de toda e qualquer celebração, converse com o sacerdote e exponha o que o ministério preparou em unidade com a equipe de liturgia;
  • Ensaie com o povo antes da missa os cânticos novos;
  • Importante participar de encontros de formação de liturgia e canto com frequência. Sempre buscando o conhecimento vindo de nossos pastores;
  • Convidar pessoas para fazerem parte desse ministério, repassando a importância de estar em sintonia com os desejos de Deus.  


Missa não é show, Jesus é o centro da celebração, não desvie a atenção da assembleia com excessivas expressões faciais ou gestuais durante a interpretação de um canto, seja em conjunto, em solo vocal ou instrumental. As vestimentas também não devem desviar a atenção. Por isso o ideal é não usar roupas chamativas, decotadas, transparentes na celebração Eucarística. Comportar-se e vestir-se discretamente se faz necessário para que só Cristo seja enaltecido.

O ideal é que durante a celebração não ocorra comunicação verbal entre o ministério de música. Porém, em caso de extrema necessidade de algum diálogo, faça-o da forma mais discreta possível. Nada mais desagradável do que um ministério se entreolhando com ar desesperado, para saber qual o próximo canto.

Nas celebrações, se faz necessário que o ministério de música ajude o povo a rezar por meio de canções. Para isso é bom evitar harmonias complicadas. Cuidado para não cair na tentação de mostrar seus dotes artísticos na ocasião da celebração. As pessoas precisam se sentir tocadas e convidadas a cantar junto com o ministério de canto, e não só serem expetadores.

Devemos ser sensatos para ouvir e escolher um bom canto, assim como escolhemos nossa alimentação diária. O mesmo acontece com as músicas que ouvimos que é alimento espiritual para nossa alma, juntamente com outros atos de fé que vivenciamos. O que ouvimos e cantamos deve ser agradável para si e para aqueles que nos cercam. Um ministério de música deve ser distribuidor de música saudável para a alma, um distribuidor da benção de Deus.

Estar a serviço do canto litúrgico é basicamente contribuir na santificação dos fiéis e ter a honra de colocar os dons que recebemos de Deus a serviço Dele como prova maior do nosso amor e gratidão a Ele. Todo empenho nesta obra será recompensado pelo Pai.


Contribuição: Sandra Fretta G. Malagi - Laranjeiras do Sul – PR





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