O Ofício de Trevas, por
mais que o nome evoque coisas obscuras, é uma
das orações mais belas da Semana Santa. Em alguns lugares ele é celebrado
na Segunda Feira Santa, mas o dia mais correto para esta celebração é entre a noite de Quarta-Feira até antes do
amanhecer da Quinta, marcando o início do Tríduo Pascal. Ao longo dos
séculos houve muitas formas musicadas, inclusive não apenas na forma
gregoriana, mas também na forma de música clássica. Durante muito tempo este
rito permaneceu guardado pela igreja em celebrações mais restritas, mas,
atualmente vem sendo retomado em diversas paróquias e dioceses do Brasil.
O Ofício de trevas mostra, de forma bastante clara, a figura
do servo Sofredor e, junto dEle, nos colocamos rezando e meditando sobre os
Sofrimentos de Sua Paixão e Morte na Cruz. Este nome (Ofício de Trevas) tem
diversas explicações. Entre elas:
- As trevas naturais de meia-noite ao anoitecer, ou seja, as
horas destinadas à recitação do ofício, lembrando as palavras de Cristo preso
nas trevas da noite: “Haec est hora
vestra et potestas tenebrarum” (Esta
é a vossa hora e do poder das trevas.) (Lc 22, 53);
- As trevas litúrgicas, quando durante as cerimonias da paixão apagam-se todas as luzes na igreja, exceto uma;
- As trevas litúrgicas, quando durante as cerimonias da paixão apagam-se todas as luzes na igreja, exceto uma;
- As trevas simbólicas da paixão.
Como este ofício é cantado ao cair da noite, o auxílio das
luzes de velas torna-se indispensável. No coro é colocado um candelabro de
quinze velas. Uma delas é de cor branca e todas as outras são feitas de cera
amarela e comum, como sinal de luto e pesar. No final de cada um dos Salmos que
vão sendo cantados, o cerimoniario apaga uma das velas. Ao mesmo tempo, as
luzes da igreja vão sendo apagadas também. As velas vão sendo apagadas
sucessivamente, até restar apenas uma, a branca. Esta vela não será apagada.
Continuará acesa e será levada para atrás do altar, e depois reaparece. Esta
vela branca, significa Nosso Senhor que, por breve tempo, se retira do meio dos
homens e baixa ao túmulo, para reaparecer, pouco depois, fulgurante de luz e de
glória.
No fim, apagam-se as luzes para simbolizar o luto da Igreja e
a escuridão que baixou sobre a terra quando Nosso Senhor morreu. Ao final do
ofício, todos os fiéis batem os pés no chão. O ruído no fim do ofício de trevas
significa o terremoto e a perturbação dos inimigos e recordam a desordem que
sucedeu na natureza, com a morte de Nosso Senhor. Por isso é comum que os
participantes batam os pés ou nos bancos, fazendo um barulho ensurdecedor.
A razão histórica do rito de apagar pouco a pouco as velas do
tenebrario provavelmente é uma lembrança. Semelhantemente se apagava uma vela
depois de cada salmo, para constar quantos foram recitados. Este rito remonta,
portanto, ao tempo em que ainda não havia ofícios metodicamente organizados ou
quando havia, conforme a estação do ano, mudança no número de salmos. Ao
término do ofício, o oficiante e os que o seguem, fecham o livro com estrépito.
Se você nunca participou do Ofício de Trevas, informe-se na
sua paróquia ou diocese onde a celebração acontece, e vá participar e rezar, é
um dos momentos mais lindos e profundos da Semana Santa.
Fonte: Dominus Vosbicum.
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