Estourar algumas pipocas, colocar em saquinhos de plástico ou
copinhos descartáveis, achar umas carinhas no Google imagens e... está pronta a Lembrancinha de Páscoa para as
crianças ou para os amigos.
Claro que um cartãozinho também não seria nada mal:
"Faça
da sua páscoa um "estouro": Jesus ressuscitou!"
ou
"Sejamos os cordeiros da Páscoa, como Jesus o foi por nós!"
ou
"Alegre-se! Nesta festa do Cordeiro, tem pipoca!"
ou
"Sejamos os cordeiros da Páscoa, como Jesus o foi por nós!"
ou
"Alegre-se! Nesta festa do Cordeiro, tem pipoca!"
ou
“Transforme-se em nova
pessoa: Viva a Páscoa de Jesus!”
O resto vai da criatividade do catequista...
* As imagens foram coletadas na internet. Não sabemos o autor da ideia, mas, merece os parabéns! Agradecemos se o autor se manifestar para darmos a ele ou ela, o crédito.
PARA INSPIRAÇÃO:
Rubem Alves tem um texto maravilhoso sobre a Pipoca, que ele descreve
como “objeto poético”. Meditando, ele descobriu que o bom pensamento é como a pipoca que estoura, nasce de forma inesperada e imprevisível.
E para ele a pipoca tem sentido religioso!
O SENTIDO RELIGIOSO
DA PIPOCA
“(...) A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande
transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que
devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que
acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, Quebra-Dentes,
impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos
transformar em outra coisa - voltar a ser crianças! Mas a transformação só
acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a
ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando
passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida
inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não
percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa
situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor,
perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de
dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas
ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o
sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando
cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua
casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não
pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina
aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande
transformação acontece: PUF!! - E ela aparece como outra coisa, completamente
diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que
surge do casulo como borboleta voante.
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela
morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca.
É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro. ”
Mas, lembra o poeta, tem o piruá:
“(...) Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. Piruás são aquelas
pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que
não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. Ignoram o
dito de Jesus: "Quem preservar a
sua vida perdê-la-á". A sua presunção e o seu medo são a dura casca do
milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida
inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para
ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os
piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. Quanto às pipocas que
estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é
uma grande brincadeira... nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca
iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu".
Rubem Alves
* O texto é um enxerto de uma
publicação na coluna que o autor mantinha no jornal "Correio
Popular", de Campinas (SP).
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