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quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

ESPIRITUALIDADE DA CRIANÇA COM AS PESSOAS DE SUA CONVIVÊNCIA

 Imagem: Pixabay

PARTE I - PRIMEIRA INFÂNCIA

 Texto bíblico: Jr 1, 4-8

Veio a mim a palavra do SENHOR: Antes que te formasse no seio de tua mãe, eu te conheci, antes de saíres do ventre, eu te consagrei e te fiz profeta para as nações.” Respondi: “Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou apenas um menino”. O SENHOR me respondeu: “Não diga: ‘Sou apenas um menino’, pois irás a todos a quem eu te enviar e dirás tudo o que eu mandar dizer. Não tenhas medo deles, pois estou contigo para te livrar . Oráculo do SENHOR.”

(Bíblia CNBB, 3ª edição,2019)

 

Inspirado pelo texto do Livro do Profeta Jeremias, em que Deus o chamou para anunciar os seus oráculos, no contexto de um povo sempre em guerra; e também em muitos outros textos que traz a Sagrada Escritura, falando a respeito de como Deus prepara todos; bem como em Jesus Cristo, que cumpre as promessas de Deus para a salvação; pode-se entender que o despertar da Espiritualidade humana, vem desde o seio materno, ou ainda, bem antes disso, na gravidez, planejada ou não, quando Deus une o homem e a mulher para serem portadores e geradores de vida.  

Quando se inicia uma gestação, a mãe cuidadosa faz todo acompanhamento do pré-natal se preparando para o grande dia do nascimento do filho ou da filha. A partir disso, toda mãe começa a transmitir seus sentimentos e anseios. Mãe e filho(a) estão interligados (as). Tudo que acontece em torno da mãe, afeta o sentimento do filho ou da filha dentro do ventre. A mãe dotada de uma experiência de fé, começa a transmitir a sua religiosidade por meio de orações e dos desejos de que tudo corra bem durante a gestação.

Depois que a criança nasce, ela vai percebendo o mundo ao seu redor, a começar pela sua mãe, depois pelas pessoas entorno. E, à medida que vai crescendo, percebe o ambiente e se deslumbra com tudo: com as árvores, com as flores, com a grama, com a água, com os animais, com os objetos que lhe despertem atenção, enfim, a criança contempla tudo à sua volta.

Também enquanto se desenvolve, a família lhe mostra a comunidade de fé que frequenta. Assim, ela começa a explorar o espaço da celebração, engatinhando, subindo, descendo, batendo palma, olhando fixamente ao altar, pois, tudo lhe chama a atenção. Se os adultos estão olhando fixos ao altar,  a criança também repete o gesto.

A partir do Concílio Vaticano II, começam as orientações catequéticas para as famílias por meio de diversos documentos da Igreja. Elaborou-se em 1992,  um novo Catecismo da Igreja Católica, que é uma exposição da fé católica e da doutrina da Igreja. Trata-se de um documento de referência para o ensino da doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana, com o qual pode-se conhecer o que a igreja professa e celebra, vive e reza em seu cotidiano. E assim sucessivamente, outros documentos voltados para a Iniciação à Vida Cristã foram surgindo. Sem adentrar especificamente, na trajetória histórica, mas, trazendo à nossa situação e tempos atuais, a Igreja vem orientando o ensino da fé pela Catequese com Inspiração Catecumenal, que é a Catequese que era realizada no início da Igreja Primitiva, voltado para os adultos.

A partir disso, percebeu-se a necessidade também de se aplicar essa inspiração às crianças e adolescentes. As celebrações de Inspiração Catecumenal despertam nas pessoas experiencias de fé inusitadas, possibilitando que se mergulhe profundamente no mistério de Cristo.

Mas, assim como somos filhos e filhas de Deus de forma integral, o que vivenciamos no seio da família, reflete nos demais ambientes de nossas vidas.  Somos influenciados pelo meio. 

A criança quando entra na catequese, mesmo que seja na Catequese Infantil, normalmente a partir de 5 anos, já vem com uma história de vida e experiências familiares só dela, e conforme vai participando do grupo e das atividades lúdicas, demonstra interesse por figuras, símbolos, gestos, permite-lhe despertar a sua espiritualidade natural, que ela já possui, herdada dos pais e do ambiente ao seu redor, basta incentivá-la.

Como proporcionar à criança pequena, momentos de espiritualidade? Neste período de pandemia, como trabalhar esse tema, trazendo à criança a superação do distanciamento do grupo de convivência?

Sugestões do que pode ser realizado:

·         Em um tapete, sentado ao chão com seus familiares, pode se ler uma história bíblica (não todo o texto bíblico), mas trechos – exemplo: da Criação; do Nascimento do Menino Jesus (de preferência mostrando figuras); realizar uma Narrativa do texto e propor a Ela que feche os olhos e faça um pedido, ou uma oração do jeito da criança;

·         Na possibilidade de espaço externo da casa, brincar ao ar Livre e falar sobre os animais, plantas, flores, nuvens, pássaros, vento... tudo sendo obra do Criador. A criança percebe e compreende segundo a sua maturidade;

·         Rezando o Santo Anjo todas as noites com a criança ou qualquer oração de cunho pessoal. Ensinar à criança que orar é “falar” com Deus;

·         Se for apropriado, e costume da família, educar para o Terço  rezando uma dezena com a criança (O terço todo ela vai aprendendo com o tempo;

·         Conversar sobre Maria, ensinar alguns cantos como:  “Mãezinha do Céu” e outros que a família conhece;

·         Manusear com ela alguns livros de história bíblica, contos, mensagens.

 

 

E mesmo depois que a criança voltar ao contato social da catequese, continuar com as mesmas propostas.

Neste artigo, abordamos os aspectos gerais da criança pequena, nos próximos, serão vistas as demais idades. Para isso, usa-se como referência os livros de Psicopedagogia de Calandro e Ledo (2019), referenciados ao final. A proposta é auxiliar o catequista em sua pedagogia catequética, seja para a catequese familiar, seja para catequese nas comunidades quando a pandemia nos permitir retornar.

 

Catequista: Alessandra Rodrigues França da Silva

Paróquia Nossa Senhora da Boa Esperança-Pinhais/PR

Arquidiocese de Curitiba

 

FONTES DE PESQUISA:

ARQUIDIOCESE DE CURITIBA - COMISSÃO BÍBLICO CATEQUÉTICA. Formação Básica de Catequistas-subsídio com os principais temas para formação de catequistas. Curitiba: Editora Arquidiocesana, 2008

CALANDRO, Eduardo; LEDO, Jordélio Siles.  Psicopedagogia Catequética: reflexões e vivências para a catequese conforme as idades. Vol.1 – Criança. 1 ed. São Paulo: Paulus, 2019.

______.  Psicopedagogia Catequética- reflexões e vivências para a catequese conforme as idades. Vol.2 – Adolescentes e jovens, 1ª ed.. São Paulo: Paulus, 2019.

CNBB. Diretório Nacional de Catequese – DOC 84. 5ª ed. São Paulo: Paulinas, 2007.

PAPA FRANCISCO. Amoris Laetitia: sobre o amor na família. Exortação Apostólica pós-sinodal..  São Paulo: Paulus,2016.

 


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