Esse é um grande dilema e um desafio enfrentado nos quatro
cantos do mundo católico. As queixas são as mesmas; pais ausentes na vida
espiritual do filho (a), pais desmotivados, pais sem religiosidade.
Esse é um problema que não só eu, mas muitos catequistas passam,
pelos relatos que acompanhamos nos nossos grupos. Vou usar aqui, minha
comunidade como exemplo.
Resido em Mirassol D'oeste – MT, catequista da Paróquia
Sagrada Família de Nazaré. Parece que o único dia que consigamos a atenção dos
pais, é o primeiro dia da catequese, pois, eles precisam preencher a ficha de
inscrição dos (as) filhos (as). Neste dia todos os catequistas se apresentam,
informam qual etapa vão ficar responsáveis e sempre damos aquele mesmo “puxão
de orelha” referente a sua participação na vida espiritual do filho e da igreja.
Já usamos até dinâmicas para explicar que o filho segue o exemplo de fé dos
pais e responsáveis. E fazemos a mesma pergunta todos os anos: "Qual
exemplo seu filho (a) está seguindo? A resposta é o silêncio.
Muitos pais apenas enviam seus filhos (as) à catequese, à missa
e às celebrações, sem, no entanto, participar ou colaborar com a presença dos
filhos. Poucas vezes o responsável acompanha e participa. Isso quando não cobra
do catequista que este leve as crianças à missa e as celebrações.
Assim temos catequizando que vão empurrados pelos pais apenas
para adquirir os sacramentos. Ao término da crisma, poucos catequizandos
continuam participando da Igreja.
Com isso chegamos à conclusão de que:
“Precisamos evangelizar as famílias. elas estão perdendo a
noção do sagrado, da importância de Deus na vida da família. Jesus catequizava
os adultos e acolhia as crianças. Nós catequistas estamos fazendo o caminho
inverso. Resumindo: precisamos evangelizar a família! Afinal de contas, ela é a
primeira catequista da criança. Catequese com base familiar é catequese
permanente."
Mas, como podemos fazer isso? Um ótimo começo é a implantação
da "Catequese familiar" . Onde o segredo é valorizar a família
e buscar estreitar o relacionamento família/Igreja.
Não somente o catequista e o padre são responsáveis pela
catequese das crianças agora, a família passa a ter uma co-participação.
Mas, como motivar os pais a participar da Catequese Familiar?
Como convencê-los de que precisam “voltar” à catequese?
Primeiro é necessário colocar o tema em pauta nas reuniões e encontros de pais, onde
podem ser desenvolvidos temas motivadores que ajudem a sua formação cristã e valorização
da educação dada pela família. Os pais precisam sentir a necessidade de
aprofundar a sua fé e conhecimento da nossa Igreja. Percebe-se que a própria
família já vem sentido a necessidade de “atualização” com relação aos conteúdos
ensinados às crianças na catequese.
“Os pais não se sentem comprometidos! ”. Essa é uma grande
verdade e um desafio ao catequista. Isso faz com que as crianças e adolescentes
tenham um número excessivo de falta nos encontros e não encontrem “resposta” em
família, ao ensino que recebem na Igreja.
Que fazer para motivar os pais que têm filhos na catequese a
participarem destes encontros? Como fazê-los se interessar pela educação
religiosa dos filhos e a formarem-se como verdadeiros cristãos, de modo a ajudar
as crianças a desenvolverem sua fé?
Algumas ações neste sentido podem ser empreendidas:
a) Em primeiro lugar é valorizá-los: E procurar que aqueles
que participam se sintam enriquecidos. O interesse e a participação dependem do
conteúdo e da própria dinâmica dos encontros. Além de enriquecer os encontros
deve-se também encontrar uma forma de chegar aos pais e motivá-los a
participar.
b) A primeira e a mais tradicional, mas, sempre válida e
indispensável, são as convocações para reuniões. Nela deverá constar o conteúdo
e os objetivo da reunião, assim como uma introdução e conclusão que valorizem o
conteúdo e a participação dos pais ou educadores.
c) Um segundo método de motivação será a participação dos
pais na preparação e realização de uma pequena atividade em cada um dos
encontros. Esta atividade pode ser a ambientação, a acolhida e até mesmo sobre
o tema a ser desenvolvido. Desta forma, os pais tendem a aprofundar a sua
formação, buscando perguntas e respostas. Este método permite o empenho dos
pais na sua formação cristã e a dos seus filhos, já que necessitam de uma
preparação prévia. Então em família, deverão procurar informações e sentidos da
sua fé. Com isso se estabelece um maior contato entre a Família e a Igreja,
levando os pais a colaborar cada vez mais com a catequese paroquial.
d) Outra oportunidade está relacionada à facilidade com que
hoje nos comunicamos com as famílias, seja pelas redes sociais ou por grupos de
Whatsapp. A tecnologia nos proporciona um contado mais rápido e direto com as
pessoas.
* Neste tempo de isolamento social, é imprescindível o contato com
os pais pelas redes sociais. E é também uma ótima oportunidade para despertar o
interesse deles numa catequese que os ajude a orientar os filhos. Os pais
também podem ser catequistas dos filhos com a devida orientação.
e) Outros momentos propícios para despertar o interesse dos
pais pela catequese familiar são: a Inscrição na catequese; a abertura do ano
catequético; a Preparação e Celebração das festas de catequese, etc.
Estes dois aspectos, valorização e motivação,
supõem uma preocupação de fundo:
Como sensibilizar a família para a educação cristã dos
filhos? Como evangelizar a família e torná-la evangelizadora?
Aqui situa-se o problema fundamental: a evangelização dos
adultos. Os encontros de pais, com filhos na catequese, são apenas um
aspecto deste problema que é muito mais profundo, e só encontra a resposta
adequada na evangelização da família. Por isso, a paróquia precisa estar
preparada também para oferecer aos pais o Catecumenato de Adultos, mesmo
que tenham os sacramentos da iniciação.
Outra coisa importante é conhecer a realidade e o contexto em
que vivem as famílias da comunidade. Para o desenvolvimento dos encontros da
catequese familiar são necessários alguns elementos de apoio, que necessitam de
um trabalho prévio e aprofundado, com relação à realidade concreta dos
participantes, ou seja, a sua situação religiosa. Para isso é preciso colher
alguns dados nas inscrições da catequese ou nas visitas às famílias: se tem os sacramentos
da iniciação, se são casados, se são impedidos de concretizar o casamento
religioso, se um dos cônjuges não é católico, etc.
Numa perspectiva evangelizadora, abordar nestas
reuniões/encontros, as atitudes fundamentais de fé em que as crianças e
adolescentes são iniciados, de modo que os pais possam acompanhar e colaborar
no processo da educação cristã dos filhos e, eles próprios, se sintam
estimulados a crescer na fé.
Nestes encontros, devemos reforçar o que o Concílio Vaticano
II afirma:
“A família é a primeira escola de virtudes sociais, de que
todas as sociedades precisam. Este dever da educação familiar é de tal
importância que, quando falta, dificilmente pode ser substituído” (GS 3; e DGC 179).
Tendo em vista que os pais são muito sensíveis ao crescimento
dos filhos, é oportuno introduzi-los no itinerário de fé em que estes são iniciados:
oração, vida comunitária e familiar, participação na eucaristia, sentido de
pecado e penitência, interesse pela Palavra de Deus, etc.
A Catequese Familiar é algo que vale muito a pena implantar e
trazer para a nossa realidade assim mudar a realidade de nossa
Comunidade/Igreja.
Obs.: Usei como base alguns trechos da Apostila "Catequese Familiar
uma proposta de iniciação à vida Cristã” criada por Ângela Rocha do Catequistas
em formação, onde encontramos muita orientação e direção para
que possamos colocar em prática a Catequese Familiar.
Saiba mais sobre a apostila pelo site: www.catequistasemformacao.com
Jéssica Caroline R.F. De Brito - Mirassol D'oeste - MT
Paróquia Sagrada Família de Nazaré.
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