Você se preocupa mais em procurar as soluções ou em
procurar os culpados?
Vamos refletir um pouco sobre os tantos problemas que
encontramos pelo caminho... ou pelo corredor!
Ora
aqui está um dos segredos fundamentais do coração sábio. Que implica uma nova
maneira de olhar e agir. Preocupar-se em procurar de maneira mais comprometida
as Soluções, do que os Culpados!
Vamos
a um exemplo: estou passando e encontro uma bolacha caída no chão do corredor.
Quando eu passo, o primeiro pensamento é a pergunta sobre o culpado:
“Quem deixou aqui esta bolacha?!”
Depois,
é possível que, em vez de apanhar a bolacha, eu faça antes uma caminhada até à
sala para perguntar:
“Quem deixou cair uma
bolacha no corredor?”
Ao
ouvir a confissão do culpado, talvez volte atrás e a apanhe, enquanto dou algum
“sermão moralista” sobre a importância de não deixar cair bolachas no chão do
corredor (como se a pessoa que deixou cair tivesse feito de propósito!...). Aí,
ao voltar para apanhar a bolacha, já vou sereno porque já sei quem foi o
culpado. Ou, melhor ainda: talvez não a apanhe mesmo, e diga ao “culpado” que ele
mesmo vá apanhar. Claro, ele que se torne solução das suas próprias culpas!
Há
ainda outras hipóteses. Por exemplo: vejo a bolacha caída, e imediatamente a
apanho do chão (claro, acompanhado pelas frases do costume: “é sempre a mesma coisa… blá, blá, blá…”).
No entanto, a mente não serena… as soluções para os problemas não nos costumam
chegar… só sossegamos quando descobrimos os culpados. Por isso, apesar de me
ter tornado solução para o “problema”, ao chegar à sala perguntarei:
“Quem deixou cair uma bolacha no chão?”
Uma
pergunta que já é totalmente desnecessária e inconsequente, porque a situação
já está resolvida e, num grupo de adultos, ninguém deixa uma bolacha no chão de
propósito para depois ter que ser “educado” por mim! Podes pensar em muitos
exemplos do teu dia-a-dia… As crianças são mestras neste tipo de imaturidade: “Não fui eu! Se não fui eu o culpado, porque
vou ser a solução?”
Mas,
se fossem só as crianças…
Tudo
pode mudar – tudo vai mudar! – na medida em que você estiver disposto a
encontrar sempre as soluções de maneira mais urgente que os culpados. A maior
parte das vezes, essa lógica é apenas uma sutil maneira de estarmos sossegados…
Mas,
ainda assim, atenção! Porque o sábio não é aquele que sabe as soluções para
tudo e tem sempre na manga uma cartada milagrosa. Esses não são sábios mas, algo
parecido com fanfarrões, sábio é aquele que se torna solução para as situações
em que se sentir capaz de intervir validamente.
Rui Santiago cssr
Padre Redentorista
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