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domingo, 4 de outubro de 2015

GOTAS DE PAZ - EVANGELHO DO DOMINGO 04/10/2015

“Por isso abandonará o homem a seu pai e a sua mãe para unir-se a sua esposa e serão os dois uma só carne. De maneira que já não serão dois mas um só. O que Deus uniu, que o homem não separe.”     Mc. 10, 7-9
     
O Evangelho deste domingo nos propõe um tema muito delicado mas também fascinante em nossos dias: o matrimônio. Na doutrina cristã ele possui três características fundamentais: deve ser fruto de uma decisão livre; deve ser estável, isto é, para toda a vida; deve ser aberto à vida, isto é, devem estar dispostos a gerar filhos. Destas características a que mais assusta hoje é: deve ser para toda a vida, pois se diz muito freqüentemente que o homem atual é muito instável e muda de idéia rapidamente. As pessoas têm medo de compromissos estáveis, se sentem inseguras sobre o futuro, e se recusam a aceitar que numa vida matrimonial existirão períodos de alegria e gozo, mas também períodos de sofrimento e dificuldades que deverão ser superados.

Muitas vezes escutei dizer entre os jovens que casar-se na Igreja é uma loucura. Que o melhor é conviver –“juntar-se”- pois quando chegam as dificuldades basta que se separem e cada um poderá “refazer” a sua vida. Meditando sobre esta afirmação: “casar-se é uma loucura”, confesso que me parece ser verdadeira, mas é incompleta. Eu a aceitaria perfeitamente se fosse assim: “casar-se é uma loucura de amor”, isto é, uma loucura que só pode realizar quem ama, e só pode entender quem experimenta este mesmo sentimento. Para uma pessoa que não ama verdadeiramente, unir-se a outra “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, amando e respeitando todos os dias da vida”, é uma coisa muito arriscada, impensável.

É somente o amor que faz nascer a segurança de que, “venha o que vier”, a união é para sempre. O desejo de “eternidade” é uma das características do amor real. Quando se tem medo do futuro, quando se pensa que não suportaria viver com esta pessoa “se ela estivesse numa cadeira de rodas”, é porque o amor que nos move agora não é verdadeiro, talvez seja uma grande atração, uma fortíssima paixão ou uma necessidade que nasce de uma carência afetiva. O amor verdadeiro é desejo de doação total. Quem o sente é capaz de dizer com muita serenidade e segurança, “quero fazer-te feliz, todos os dias da minha vida, não importa o que aconteça.” Para quem ama de verdade, até mesmo os sacrifícios se revestem  de alegria e gozo, pois são uma oportunidade de demonstrar a grandeza do amor.

Talvez estas coisas sejam difíceis  de entender com o cérebro, somente o coração é capaz de fazê-lo, e por isso, parece uma loucura casar-se. Ou então, o problema é que o mundo atual conhece pouco o amor, falta esta experiência na vida de muitos. Talvez porque muitos dos jovens já não a encontraram em seus pais.

Certamente todo matrimônio passa por momentos difíceis, principalmente quando o tempo vai passando e os dois vão se conhecendo melhor. Todos falhamos, e no casal isto acontece muito freqüentemente. Mas é necessário cada dia curar as feridas, para que não se acumulem e não se transformem em tumores, pois serão muito mais difíceis de serem curado. É necessário reconhecer os defeitos e aprender a amar também as imperfeições.

Onde reina o amor não existe a possibilidade para a separação. Diz o Pe. Zezinho: “se os pais se amassem o divorcio não viria...” Devemos estar atentos aos namorados, para que possam descobrir o caminho do amor e do conhecimento mútuo, e não ficar somente nos atalhos do prazer, da diversão e das brincadeiras. Quem não sente um amor autêntico, não deve casar-se, pois fazê-lo seria uma loucura muito grande.

Eu gostaria ainda de chamar a atenção sobre um outro ponto: o matrimonio é uma MISSÃO que Deus confia ao casal para o bem da comunidade. Casar-se é um compromisso também com Deus. Para manifestar o Seu amor por nós, Deus necessita da nossa intermediação. No matrimônio isto é muito concreto. O esposo é a pessoa escolhida por Deus para manifestar o quanto Ele ama a sua esposa. É uma missão que Deus lhe confia: deve amá-la, deve respeitá-la, deve perdoá-la, deve fazê-la feliz... até o ponto em que ela possa dizer: “tendo-te comigo experimento o quanto Deus me ama.”  Por tanto esposos: não falhem com a missão que Deus lhes confiou, se necessitas, Deus pode te ajudar. A mesma coisa serve para as esposas. Sentindo o seu amor, o seu carinho, a sua presença, o seu perdão... o seu marido deve fazer a experiência do amor de Deus. É uma missão. Por favor, não falhe!!! Que o seu marido não duvide jamais  do amor de Deus tendo-lhe  ao seu lado. E ambos, marido e mulher, têm a missão de fazê-lo aos filhos.  Quando os pais cumprem esta missão, é muito mais fácil falar do amor de Deus aos filhos, pois o experimentaram concretamente em suas vidas.

Uma última palavra sobre o texto proposto: “por isso abandonará o homem seu pai e a sua mãe para unir-se a sua esposa...” É muito importante este “abandonará seu pai e sua mãe”. É claro que não significa desprezá-los, pois a obrigação de assisti-los é para sempre, mas eles não devem intervir no casal. Nas decisões familiares a opinião mais importante deve ser a do esposo e da esposa, não a do pai ou da mãe. Sem faltar com respeito, os pais e os sogros devem ser mantidos com uma prudente distância. Juntos, esposo e esposa, são uma nova realidade “uma só carne”, e isto é fundamental para o bom andamento da família.

O Senhor te abençoe e te guarde,
O Senhor faça brilhar sobre ti o seu rosto e tenha misericórdia de ti.
O Senhor mostre o seu olhar carinhoso e te dê a PAZ.

Frei Mariosvaldo Florentino - Capuchinho


Frei Mariosvaldo Florentino, capuchinho.

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