Jesus pronunciou estas palavras ao final da última ceia e seguramente os discípulos não a haviam entendido em sua profundidade. Eles ainda não sabiam nada sobre o mistério da cruz. Não podiam imaginar até que ponto Jesus estava disposto a amá-los.
Escutando aquelas palavras, naquela noite de festa, no banquete de Páscoa, acredito que haviam dito: faremos isso muito bem! Amaremos como nos amou. Haviam recordado os momentos bonitos que haviam vivido juntos naqueles anos. Ou ainda, pensavam que também eles deveriam fazer alguma festa para seus amigos, que deveriam convidá-los para partilhar de suas alegrias... Quando naquela mesma noite Jesus foi preso pelos soldados, os discípulos foram tomados pelo medo e pelo pânico e todos fugiram... E Jesus até os ajudou a fugir... Se é a mim que quereis, deixem que eles se vão. Ali apenas começava a grande prova de amor que Jesus queria lhes dar... Jesus estava disposto a dar sua vida por seus amigos. Estava disposto a permitir que o torturassem... Estava disposto a levar a cruz em seus ombros... Estava disposto a ser escravo em uma cruz... Estava disposto a perdoar a todos os que o haviam feito mal... Estava disposto a dar até o seu espírito... Estava disposto a deixar que abrissem seu coração com uma lança. Estava disposto a entregar até a sua última gota de sangue... E tudo isso para dizer que seu amor era assim, capaz de não pensar em si mesmo, e se dar completamente, capaz de amar até o fim, até se anular completamente.
Os discípulos, ainda que tenham fugido, souberam de tudo o que havia acontecido. Mas naqueles dias estavam com tanto medo, tão transtornados que seguramente nem conseguiam pensar direito nos acontecimentos da cruz... É somente quando se encontram com Cristo ressuscitado uma, duas, três e muitas vezes, que lentamente vão perdendo o medo, e começam a recordar, refletir e entender muitas daquelas palavras que Jesus lhes havia dito antes. A ressurreição de Cristo enchia de luz cada uma de suas palavras ditas anteriormente. Agora eles podiam compreender o que antes parecia um enigma. Agora eles podiam entender o novo mandamento. O mandamento antigo era: Ama teu próximo como a ti mesmo! Este era já um mandamento bastante exigente, pois cada um acredita que tem mais direito que os demais. Nosso egoísmo nos faz muito generosos conosco mesmos e muito exigentes com os demais. Mas, do mesmo modo o critério do amor neste caso, ao final, sou sempre eu. Agora Jesus lhes havia dito: meus discípulos devem assumir um novo critério para o amor. Eu vos dou um mandamento novo: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Agora o critério não é mais: devo amar aos demais tanto quanto me amo. O critério agora é Jesus Cristo, devo amar como ele me amou, isto é, até o estremo, dando minha vida por meus amigos.
Quem ama aos demais como ama a si mesmo, já faz uma grande coisa, mas não será capaz de dar a vida, de aceitar até uma injustiça, não será capaz de se sacrificar pelos outros, pois o critério será sempre o amar a si mesmo... Mas quando o critério é Jesus Cristo, o amor se transforma em algo muito mais exigente.
Que Cristo ressuscitado nos de a graça do Espírito Santo, e que ele nos ensine a amar como Ele nos amou...
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