A IMPORTÂNCIA DOS
RETIROS ESPIRITUAIS
Retiro
significa sair do seu lugar de convívio, afastar-se; deixar suas atividades
para buscar uma reflexão...
Lembro
ainda que a palavra Retiro é mais ampla, pois se refere a todos aqueles que se
recolhem para orar, tendo assim um encontro mais profundo com Deus (Mt 6, 5-8).
Todas as pastorais deveriam ter, em seu cronograma anual, um retiro espiritual.
E também os catequistas deveriam participar te tais atividades, pois precisam
também encher “suas talhas” com a Graça de Deus, visando que elas não fiquem
secas.
POR QUE DEVEMOS FAZER RETIROS?
O
Retiro é fundamental para fortalecer a fé das pessoas, pois elas deixam suas
preocupações diárias para voltar seu pensamento para o Senhor. E nesses dias de
refúgio, os jovens e adultos podem perceber a importância de suas famílias, a
valorização das amizades, além de todos poderem passar pelo “deserto”
entendendo a plenitude da fé. Lembro que o “deserto” não dever ser visto como
algo sem vida, estéril, ou duro de caminhar, mas como algo fértil. E essa
fertilidade poderá nos transformar e nos renovar na caminhada. Não podemos
esquecer que Jesus, em vários momentos, saía várias vezes para rezar, para
meditar:
“Venham vocês também
para um lugar deserto e descansem um pouco” (Mc 6, 31)
“Partiram na barca para
um lugar solitário, à parte”. (Mc 6, 32)
“Retirou-se para uma
região vizinha do deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ali se detinha com
seus discípulos. ” (Jo 11, 54).
Num daqueles dias ele
subiu com os seus discípulos a uma barca. Disse ele: Passemos à outra margem do
lago. E eles partiram. (Lc 8, 22)
“A hora já estava bem
avançada quando se achegaram a ele os seus discípulos e disseram: Este lugar é
deserto, e já é tarde”. (Mc 6, 35).
“Mas ele costumava
retirar-se a lugares solitários para orar”. (Lc 5, 16).
Os
retiros espirituais, de formação, as vivências ou os chamados acampamentos são
muito importantes para aprofundar nossa fé. Os retiros podem ser de metade de
um dia, de um dia, de três dias, de uma semana... Depende da sua finalidade e
do público-alvo.
PLANEJAMENTO
É
interessante dividir a coordenação em equipes visando dinamizar a organização e
também impedir que alguém fique sobrecarregado. Equipe de finanças, cozinha,
música, momentos de oração, formação, intercessão, apoio, dinâmica,
ornamentação, dentre outros, são necessários.
Nem
sempre nossa coordenação é numerosa e essas “mini-equipes” ficam representadas
por uma ou duas pessoas, todavia, já é uma boa divisão de tarefas. Nas reuniões
preparatórias cada equipe apresenta seus avanços e o retiro vai tendo sua
estrutura montada. Peça, se possível, a presença do sacerdote em algumas dessas
reuniões, visando apresentar o que vem sendo estruturado e pedindo orientações
e sugestões.
COMO PREPARAR O EVENTO
Para
a realização dessa atividade, é necessário ter em mente o objetivo do retiro,
ver a realidade do grupo e buscar apoio e orientação com o sacerdote de sua
comunidade. A equipe de coordenação precisa estar fortalecida e sem problemas
internos, pois algo assim pode comprometer seu evento. Eis as principais etapas
da organização:
-
Pensar o tema do retiro (ponto
fundamental que abrangerá as demais partes do evento);
-
Projetar o programa (corpo do retiro
com as pregações, os momentos de oração, animações, desertos, lembrancinhas,
celebração com o padre, as músicas, as dinâmicas, a ornamentação...)
-
Pesquisar o melhor local (é
necessário pesquisar um local que traga as melhores condições para receber os participantes
e para a realização das atividades pensadas no programa do Retiro).
Além
dessas medidas, é necessário lembrar do transporte, da alimentação, lista do
que levar, Missa de entrega ou envio (se houver), autorização dos responsáveis,
possíveis gastos, os horários, material de primeiros socorros, mensagens dos
amigos e responsáveis.
COLHENDO OS FRUTOS
Cada
Retiro é um momento único, mesmo que você repita o tema e as atividades nos anos
seguintes. Não se pode prever as suas consequências na vida de cada pessoa, mas
tenha certeza que o Espírito Santo irá agir e fará que essa pessoa tenha um
encontro maior com Deus. Talvez você pense que essa atividade requer muitas
atenções, traz inúmeras dificuldades e obstáculos para a sua realização, porém
não se esqueça que você não estará sozinho (a)! O sacerdote é o seu maior
aliado e ainda você dispõe da sua equipe de coordenação.
Ao
iniciar esse grandioso projeto, você irá compreender a importância dos retiros
na vida das pessoas; entenderá que será necessária persistência e trabalho
árduo para montar toda a sua estrutura; tenha toda a calma e paciência para
executá-lo junto com sua equipe; você achará as respostas para suas principais
dúvidas e verá o quão maravilhoso é o seu resultado, pois os retiros são
magníficos momentos de forte interiorização e maior sintonia com nosso amado
Deus. Lance essa ideia em seu grupo, movimento ou pastoral.
COMO REALIZAR UM RETIRO
DE CATEQUESE
Um
retiro de Catequese deve ser um momento especial de vivência da fé, onde o
catequizando tem a oportunidade de sentir a presença de Deus em sua vida de
modo mais intenso.
Assim
um retiro de catequese deve transpirar espiritualidade, levando ao encontro
consigo mesmo e com o Espírito que o anima. Para isso, é importante que
quem organize esteja atento a todos os detalhes que podem propiciar o
ambiente necessário a essa experiência.
Planejar,
escolher, preparar, acolher, vivenciar e enviar; são ações imprescindíveis num
retiro.
1. PLANEJAR: “Quem se põe a construir sem antes sentar
para calcular…” (cf Lc 14,28). Para que um retiro seja uma experiência de
fé é preciso planejar bem, estabelecendo o objetivo principal, o caminho a
seguir, os meios para alcançá-lo.
Exemplo: um retiro para a vivência do perdão.
Objetivo: descobrir
o perdão de Deus como dom gratuito de amor.
Caminho: evangelho
do Filho pródigo – Lc 15, 11-24
Meios: encenação
do evangelho, meditação, dinâmica de perdão.
2. ESCOLHER: é preciso escolher
quem, onde, quando e como tudo será feito.
Quem vai participar, quem
vai se colocar a serviço, quem vai assessorar, buscando pessoas da comunidade,
que sejam próximas do processo catequético e comunguem dos mesmos ideais
da comunidade. De nada adianta levar pessoas importantes para falar aos adolescentes
e jovens se essas pessoas não falarem a mesma língua da comunidade e não forem
conhecidas por eles.
Aonde se realizará o
retiro, escolhendo um local que seja propício à meditação ao silêncio, tranquilidade.
Um lugar que tenha espaço agradável, bonito e aconchegante, onde os
catequizandos se sintam bem.
Quando será
realizado o retiro, levando em conta que deve ser num momento importante para a
vida de fé. Ex.: um retiro para a vivência do perdão antes da celebração
do sacramento da penitência (alguns dias ou mesma algumas horas antes), dando
sentido para ambos.
Como realizar o retiro, buscando os recursos
materiais que irão dar condições para que tudo corra bem e não falte nada.
3. PREPARAR: desde o convite para
participar do retiro até a lembrança de despedida, tudo deve ser preparado com
antecedência e com muito amor. Fazer os convites com
capricho e carinho. Entregar esses convites pessoalmente. Preparar o ambiente
com flores, quadros, imagens que reflitam o tema. Preparar a alimentação, fazer
as mensagens de incentivo que vão ser entregues ao longo do dia. Essas mensagens são estratégicas e ajudam a refletir.
capricho e carinho. Entregar esses convites pessoalmente. Preparar o ambiente
com flores, quadros, imagens que reflitam o tema. Preparar a alimentação, fazer
as mensagens de incentivo que vão ser entregues ao longo do dia. Essas mensagens são estratégicas e ajudam a refletir.
4. ACOLHER: no dia do retiro,
durante todo o tempo, os catequizandos devem sentir-se acolhidos. O
acolhimento não pode ser restrito à chegada, quando recebem as boas vindas, mas
deve ser constante em todo tempo. Acolher é estar atento aos sentimentos e
necessidades de todos, é ter uma palavra amiga e carinhosa em todos os
momentos, é ajudar nas dificuldades de cada um.
5. VIVENCIAR: o retiro deve levar á
vivência da espiritualidade, num processo crescente de participação pessoal. É
preciso que tudo colabore para que haja uma verdadeira experiência de fé. Não
uma catarse emocional coletiva, onde o que fica é apenas uma emoção momentânea,
mas uma experiência pessoal e profunda, que leve à confiança plena em Deus.
6. ENVIAR: “Senhor, é bom estarmos aqui…” (cf. Lc 9,30) os participantes de um
retiro sempre se sentem felizes após essa experiência, mas não podem ficar
parados, devem
descer a montanha e voltar para casa, para a vida cotidiana, onde serão testemunhas do que vivenciaram e sentiram no mais íntimo, não por palavras, mas com a vida transformada.
descer a montanha e voltar para casa, para a vida cotidiana, onde serão testemunhas do que vivenciaram e sentiram no mais íntimo, não por palavras, mas com a vida transformada.
* * * * * * * *
DICA: Este material foi
retirado do livro “Como preparar um
Retiro” que orienta todas essas tarefas descritas acima e ainda traz
inúmeros exemplos de retiros já realizados para exemplificar toda a teoria
explicada no decorrer do mesmo.
FONTE:
SANTOS, Juberto de
Oliveira. Como Preparar um Retiro. Petrópolis:
Vozes, 2009.
AGORA ALGUMAS DICAS DA
“TIA ÂNGELA”...
É
muito comum os retiros “pré-eucaristia” e “pré-crisma”, feitos alguns dias ou
semanas antes dos sacramentos, mas, é bom lembrar que estes retiros devem
priorizar momentos de “espiritualidade” e reflexão, nunca queira fazer uma catequese
“emergencial” nestes momentos. Os temas da catequese já foram explorados nos
encontros, agora é a hora de nos “recolhermos” em nós mesmos e refletirmos
sobre tudo que aprendemos neste tempo de catequese. Nada de “ensino”. É momento
de “espiritualidade” mesmo!
Outra
observação é que na primeira eucaristia, algumas crianças ainda têm pouca
idade, 10, 11 anos. Cuidado com os temas e os momentos “meditativos” com eles.
Pode ser que estejamos exigindo algo além da maturidade deles. Mas vale, neste
caso, explorar a relação de amizade e companheirismo do grupo. Rezar juntos e
desejar continuar a caminhada juntos para o sacramento da crisma é o principal
objetivo agora. Explore este sentimento de “companheirismo” que eles têm. É um
passo para se pensar em “ser uma comunidade”.
E
por fim, é preciso dar uma atenção especial aos PAIS. Quem sabe um retiro com
os pais não seja mais frutífero para a caminhada dos filhos na Igreja, do que
com os próprios? Ou, melhor ainda, um retiro com a família. Não é preciso que
sejam “dias”, podem ser somente algumas horas, um dia todo. Experiências neste
sentido tem sido frequente e os relatos impressionantes. Tente!
Ângela
Rocha
Catequistas
em Formação
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