Hoje, entende-se por família um
grupo de pessoas identificado não somente por laços sanguíneos, de parentesco, mas
também por compromissos em comum, que vivam num mesmo lar. Não identificamos mais
uma família somente como pai, mãe e filhos. A figura da Sagrada Família hoje
precisa ser reinterpretada: Temos muitas crianças abandonadas pelo pai ou mãe,
criadas pelos avós ou tios. Temos mães solteiras com a função também de pai,
apesar de, na realidade, não poderem substituí-lo por completo. Temos também o
caso do pai sem a presença da mãe, que deixam os filhos a encargo da avó ou da
madrasta, no caso de reconstrução de vida matrimonial. E temos filhos adotivos
de pais ou mães homo afetivos. Mudanças
culturais e sociais fazem surgir outros tipos de família na sociedade: a
família formada por dois pais ou duas mães, pessoas que sentem a necessidade de
expandir seu amor a quem precisa de amor. E não nos cabe o papel de julgadores.
Cabe-nos o papel de amá-los.
Independente do perfil da família,
ela ainda está relacionada à imagem da Sagrada Família. Isso porque, mesmo
considerando os laços de cooperação, valores, união e parceria num ambiente
familiar, o essencial mesmo, é o AMOR que os une. Não importa como essa família
é formada. O importante é que exista amor entre esses componentes. E nada mais
exemplar que o compromisso assumido por São José ao tornar-se o “Pai” de Jesus,
o exemplo de Maria ao colocar-se como geradora do filho de Deus, e a mensagem
de amor deixada por Jesus: O amor não escolhe, não julga, não discrimina. O
Senhor poderia ter vindo em qualquer lugar, mas, escolheu vir numa FAMÍLIA,
crescer sob a proteção de um Pai e de uma Mãe.
Vemos exemplos de crianças que
são criados somente pela avó ou que os avós assumem o papel de mãe e pai, elas não
apresentam problemas comportamentais nem de carência, pois o amor está sempre
presente em sua vida. Vemos crianças filhas de pais separados que também não
apresentam qualquer problema em seu crescimento como pessoa, quando na relação
entre os pais há respeito e amor ao filho. Por outro lado, temos crianças com
famílias aparentemente estruturadas, que demonstram distúrbios comportamentais e
dificuldades de integração social.
A família é a base de
desenvolvimento de um ser humano. Não importa se ele é adotado, se foi criado
pelos avós, tios ou até mesmo por famílias fora dos padrões que a sociedade
aceita. A relação com a família vai repercutir por toda a vida. Porque o
sinônimo de família é AMOR, é proteção, é cuidado, é testemunho.
Esta semana iniciamos a Semana da
Família na Igreja, comemorando o Dia dos
Pais, aquele que é relacionado à São José na Sagrada Família. E que grande
exemplo de “Pai” nós temos aqui! E é um exemplo a ser seguido, não só pelo
gênero masculino. É um exemplo a ser seguido: pelo Pai que é pai, pela mãe que
é Pai também, pelo avô ou avó que é
Pai e por todos aqueles que assumem o compromisso de amar, proteger e
cuidar de uma FAMÍLIA.
Vemos hoje na sociedade uma quase
veneração pelo papel da Mãe, que muitas vezes assumem o papel de pai na
família, pela completa ausência deste. A mulher já exerce quase todas as
atividades antes restrita aos homens. Alguns pais até se sentem esquecidos,
preteridos... não só nas comemorações, mas, no próprio papel de “Pai”, gerador
e provedor da família. Mais do que uma valorização pela “fotografia” que se
desenha hoje da família, em suas tão diferentes constituições, é necessária a
valorização do PAI, como homem, como figura tão necessária à família, em seu
papel e exemplo, de “passos” ou “pegadas” a serem seguidas.
Os pais hoje em dia não têm tempo
de dar a devida atenção e orientação sobre os verdadeiros significados valores de
fé a serem seguidos. Aliás, alguns nem sabem mais. Dá-se a responsabilidade da
educação à escola e da iniciação a vida cristã à catequese. E assim, temos
muitas crianças “órfãs” de formação cristã, órfãs na fé. E o Pai delega à mãe a
responsabilidade de levar o filho a escola e à catequese, sem uma participação
ativa, sem lembrar do seu papel no “desenho” do caminho a seguir, de condutor
da família. Juntos, Pai e Mãe, tenham eles o “desenho” que tiverem nessa nova
“fotografia” familiar, devem andar juntos nessa luta pelo resgate do verdadeiro
amor, do respeito pelo outro, da fraternidade para com os irmãos, na caridade
para com os mais pobres.
Sem esquecer o doce e forte exemplo da
família de Nazaré, a família de hoje pode encontrar também, sua inspiração na
Família Trinitária, aonde seus membros, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, sem
confundir suas identidades e papéis, acolhem-se inteiramente e se doam
inteiramente um ao outro, incessantemente, permanente e fielmente, assim como
juntos se doam da mesma forma a todos nós, vivendo em plena alegria e
realização.
Vemos hoje, muitas vezes, em nossas
famílias biológicas e em nossas famílias humanas e espirituais, um ou mais
membros que necessitam de você, PAI, ou de vocês, TODOS juntos, como família.
De que modo, pessoalmente ou como FAMÍLIA, você pode contribuir para a
superação dos desafios que se colocam diante das famílias de hoje? Como fazer da família luz para a
vida em sociedade?
Que a Sagrada Família, assim como
tantas famílias que se santificaram juntas até hoje, intercedam por nós, e na
oração e na Trindade, encontremos esta resposta.
Ângela Rocha
Catequistas em Formação
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