A ESPERANÇA CRISTÃ VENCE AS TRAGÉDIAS DO
MUNDO
Na audiência geral e partindo da
passagem do livro do Apocalipse cap. 21 (“Eis que faço novas todas as coisas”),
o Papa Francisco prosseguiu o ciclo das suas catequeses sobre a esperança
cristã, sublinhando que a esperança cristã baseia-se na fé em Deus que sempre
cria novidade na vida do homem, cria novidade na história, cria novidades no
cosmos, porque o nosso Deus é o Deus da novidade e surpresas.
Não é, portanto, próprio do
cristão caminhar olhando para baixo sem elevar os olhos para o horizonte, como
se todos o nosso caminho se apagasse aqui, como se na nossa vida não houvesse
nenhum destino e nenhum porto de chegada, e fôssemos forçados a vaguear
eternamente, sem qualquer motivo para os nossos esforços. Isto não é próprio do
cristão, ressaltou o Papa acrescentando:.
“As páginas finais da Bíblia nos
mostram o horizonte último do caminho do crente: a Jerusalém do Céu, a
Jerusalém celeste. Esta é imaginada antes de tudo como uma tenda imensa, onde
Deus acolherá todos os homens para habitar definitivamente com eles. E esta é a
nossa esperança”.
E quando, finalmente, estivermos com
Deus – prosseguiu o Papa - Ele usará uma ternura infinita conosco, como um pai
que acolhe os seus filhos que por muito tempo se cansaram e sofreram. Ele
apagará toda a lágrima dos seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem
lamentação, nem aflição, porque as coisas anteriores passaram.
E o Papa convidou a meditar esta
passagem da Sagrada Escritura não de maneira abstrata mas concreta, depois de
ler uma história dos nossos dias, o telejornal ou a primeira página dos
jornais, onde se veem tantas tragédias e notícias tristes. E Francisco deu o
exemplo de Barcelona e do Congo (só para citar apenas dois casos), onde existem
tantas notícias tristes. E muitas outras notícias tristes, disse ainda o Papa,
como os rostos das crianças aterrorizadas pela guerra, ao choro das mães, os
sonhos fracassados de tantos jovens, os refugiados que enfrentam viagens
terríveis e muitas vezes são explorados ... A vida infelizmente é também isso.
E por vezes nos apeteceria dizer que é sobretudo isso, disse o Pontífice, mas
com esta observação:
“Pode ser. Mas há um Pai que chora conosco;
há um Pai que chora lágrimas de infinita piedade para com os seus filhos. Nós
temos um Pai que sabe chorar, que chora conosco. Um Pai que espera por nós para
nos consolar, porque conhece os nossos sofrimentos e nos preparou um futuro
diferente. Esta é a grande visão da esperança cristã que se expande por todos
os dias da nossa existência, e nos quer reanimar”.
Deus não quis as nossas vidas por
engano, continuou o Papa, e Ele nos criou porque nos quer felizes, e se nós
aqui, agora, vivemos uma vida que não é a que Ele queria para nós, Jesus
assegura-nos que o próprio Deus está operando o seu resgate. A morte e o ódio,
portanto, não são as últimas palavras pronunciadas na parábola da existência
humana, e ser cristão implica uma nova perspectiva, um olhar cheio de
esperança.
E contrariamente aos que pensam que a
vida retém toda a sua felicidade na juventude e no passado, que a vida é uma
decadência lenta, ou que as nossas alegrias são apenas episódicas e passageiras
e que, perante as tantas calamidades, dizem: "Mas, a vida não faz
sentido”, Francisco ressaltou:
“Mas nós, cristãos, não acreditamos
nisso. Acreditamos, antes, que no horizonte do homem existe um sol que ilumina
para sempre. Acreditamos que os nossos dias mais belos ainda estão por vir.
Somos mais pessoas da primavera que do outono”.
E o Papa convidou cada qual a
perguntar-se no coração, em silêncio, e responder, se é um homem, uma mulher,
um menino, uma menina da primavera ou do outono, acrescentando que nós vemos os
rebentos de um mundo novo e não as folhas amareladas nos ramos, não nos
fechamos em nostalgias, arrependimentos e lamentações mas sabemos que Deus quer
que sejamos herdeiros de uma promessa e incansáveis cultivadores de sonhos,
somos da primavera, aguardando a flor, aguardando o fruto, aguardando o sol que
é Jesus.
A concluir, o Papa sublinhou que o
cristão sabe, portanto, que o Reino de Deus está crescendo como um grande campo
de trigo, mesmo que no meio haja ervas daninhas; sempre existem problemas,
mexericos, guerras, doenças ... existem problemas, mas o trigo cresce e, ao
fim, o mal será eliminado:
“O futuro não nos pertence, mas sabemos
que Jesus Cristo é a maior graça da vida: é o abraço de Deus que nos espera no
final, mas que já agora nos acompanha e nos consola na caminhada. Ele nos
conduz à grande "tenda" de Deus com os homens, com muitos outros
irmãos e irmãs, e levaremos a Deus a recordação dos dias vividos aqui”.
E será bonito descobrir naquele
instante que nada ficou perdido, nada, nem mesmo uma lágrima: nada ficou
perdido; nenhum sorriso e nenhuma lágrima. Naquele dia seremos realmente
felizes e vamos chorar, mas vamos chorar de alegria – concluiu Francisco.
O Papa Francisco, como habitualmente,
também se dirigiu aos fiéis de língua portuguesa tendo saudado em particular os
fiéis da Paróquia de Ribeirão e os grupos de brasileiros, convidando-os a se
deixarem guiar pela ternura divina, para poderem transformar o mundo com a sua
fé:
"Saúdo os peregrinos de língua
portuguesa presentes nesta Audiência e através de cada um de vós, saúdo todas
as famílias dos vossos Países. Dirijo uma saudação particular aos fiéis da
paróquia de Ribeirão e aos grupos de brasileiros. Deixai-vos guiar pela ternura
divina, para que possais transformar o mundo com a vossa fé. Deus vos
abençoe".
Nas saudações ao grupo de língua
italiana o Papa saudou cordialmente os jovens, os doentes e os recém-casados,
convidando-os a elevar o olhar ao Céu para contemplar o esplendor da Santa Mãe
de Deus, que recordamos – disse Francisco - na semana passada na sua Assunção,
e ontem invocamos como nossa Rainha. Cultivai para ela uma devoção sincera,
para que esteja ao vosso lado na vossa existência cotidiana.
E por fim o Papa dirigiu o seu pensamento
exprimindo afetuosa proximidade para com os que sofrem por causa do terremoto
que na noite de segunda-feira atingiu a ilha de Ischia. Rezemos pelos mortos,
pelos feridos, pelas suas famílias e pelas pessoas que perderam suas casas –
concluiu o Papa.
RADIOVATICANA.VA
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