ENCONTRAR DEUS...
Elias talvez esperasse encontrar a
Deus no terremoto, na ventania ou no fogo. Acabou o encontrando na suavidade da
brisa mansa. É uma experiência interessante: Deus está onde agente menos espera
que Ele esteja.
Onde vamos encontrá-lo hoje? Nos
milagres, nas grandes pregações, nas fervorosas novenas? Acredito que sim, mas
pode estar onde menos esperamos: “numa tarde bela, diante da beleza da
natureza, aquele que não é a mata, aquele que não é a luz, se revela…” (Juan A.
Ruiz de Gopegui). Deus sempre se revela por uma mediação, cabe a nós
encontrarmos estes lugares de epifania divina: por vezes seremos surpreendidos,
pois Ele pode estar tão perto que não o percebemos, como experimentou Santo
Agostinho, ao entender que Ele estava no seu interior. Assim, Deus pode estar
muito perto no dia a dia da vida: no Sol que nasce, na flor que desabrocha, no
sorriso da criança, na conversa simples de uma velhinha enferma que deseja um
pouco de atenção, na nossa casa, no nosso trabalho, na rua… Ali Deus está como
a brisa mansa de Elias.
A brisa é o lugar do encontro. O
barulho, por sua vez, significa, na primeira leitura, a idolatria do povo que
se rendeu ao deus Baal – o deus do barulho. Hoje, na busca desenfreada por
experiências religiosas, pode-se cair facilmente na idolatria de uma falsa
experiência de Deus. Há também barulhos fora da religião, barulhos que não
elevam, que servem apenas para anestesiar consciências. A verdadeira
experiência é o amor que se revela no silêncio. Onde reina o amor, Deus ali está.
Onde está a brisa mansa, Deus ali aparece. Também vemos no Evangelho que Jesus
se retirava para o silêncio o passava um bom tempo alimentando sua intimidade
com o Pai. Desta intimidade brotava seu amor e confiança.
A presença de Deus também se manifesta
no meio das contrariedades da vida. Elias havia caminhado muito, fugindo de
Jezabel que queria matá-lo. Caiu desfalecido pelo caminho e foi encorajado por
Deus para ir até o Horeb. Na profunda angústia, tem o consolo do Senhor. Do
mesmo modo, no Evangelho, Pedro encontra o Senhor no meio da tempestade. No
meio do agito das ondas, Deus permite ser tentado. Permite que o discípulo o
questione na condicional: “Se tu és,…”, como que quisesse uma prova, uma
confirmação. Os papéis às vezes se invertem: é Deus que nos prova: Ele deixa
que a barca balance, deixa Pedro afundar, para provar a fé no momento de
aflição. Quando Deus nos prova, quando o barco balança e tudo parece estar
indo por água abaixo, temos a chance de clamar Àquele que
acalma as águas turbulentas.
Pe. Roberto Nentwig
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