HOMILIA DO 28º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B
Um homem rico
pergunta a Jesus o que deve fazer para “ter a vida eterna em herança”
(evangelho). Jesus vê que o homem está preocupado com o que é bom – “Só
Deus é bom, e mais ninguém”. O homem é um judeu exemplar, observa todos os
mandamentos. Mas, segundo Jesus, isso não é o suficiente para ele: é capaz de
algo mais. Simpatizando com ele, Jesus o convida para que o acompanhe em
sua missão. “Vai, vende tudo que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um
tesouro no céu”. Diante disso, o homem se desanima: é rico demais. “É mais
fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino
de Deus”. (O Reino de Deus não é propriamente o que costumamos chamar de “Céu”;
é o modo de viver que Jesus veio instaurar, o reino de amor, de justiça e de
paz, onde é feita a vontade de nosso Pai celeste. O rico não conseguiu
entregar-se a essa nova realidade … )
Os discípulos se
assustam com a severa observação de Jesus. Então, ele acrescenta: “Para os
homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível” (Mc
10,27). Portanto, vamos deixar o assunto nas mãos de Deus.
No fim, Jesus fica
triste porque uma pessoa tão prendada não foi capaz de segui-lo pelo caminho e
assim gozar, desde já, a alegria de participar da implantação do Reino. Suas qualidades
humanas não foram suficientes para superar o apego aos bens do mundo. Por si
mesmo, não conseguiu libertar-se. Só Deus o poderia libertar.
Contrariamente à
opinião corrente, a riqueza não deve ser vista como privilégio, como recompensa
de Deus, mas como empecilho para participar do Reino. Os pobres têm maior
facilidade em arriscar tudo para realizar a partilha e a renúncia que o Reino
exige. Têm menos a perder. Ora, se Jesus aconselha esse desapego tão difícil,
mas para Deus nada é impossível, convém pedir a Deus essa graça do desapego,
para ter a felicidade de participar do Reino que Jesus veio implantar. Então, a
gente recebe a “herança eterna”.
Segundo a 1ª
leitura, Salomão pediu a Deus não a riqueza, mas a capacidade de governar com
sabedoria. Na realidade, Deus lhe deu também a riqueza, mas apenas como
sobremesa; o importante mesmo é a sabedoria para bem servir.
Lição: o rico não deve pensar que vai conseguir a herança eterna com base
em suas posses, poder, capacidade intelectual ou coisa semelhante. Tem de pedir
a Deus, como graça, algo que não está incluído no pacote do poder: a capacidade
de participar do Reino. Também não deve estar exclusivamente preocupado com
“salvar sua alma” quando tudo lhe for tirado, mas peça desde hoje a Deus a graça
do desapego para participar desse Reino, que já começou no mundo daqueles que
seguem Jesus. Na alegria do servir encontrará a garantia da “herança eterna”.
Se um rico
participa ativamente do Reino, não será por causa de sua riqueza, mas apesar
dela. Tendo bens, transforme-os em instrumentos de comunhão fraterna e viva
como se não os possuísse.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes
FONTE: franciscanos.org
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