A princípio pode parecer estranho, mas, é cada vez mais frequente ver crianças pequenas brincando durante a celebração da missa. Isso porque os pais, junto com as crianças, levam os mais diversos brinquedos à missa para distrair os pequenos: bonecas, carrinhos, livrinhos de estórias, mini games e ... cartas de “bafo”! É, isso mesmo! Outro dia, no banco a minha frente, dois meninos passaram a celebração inteira jogando “bafo”. Que o barulho incomodasse aos demais, sem problemas... Aos pais não incomodou!
E essa tem sido uma prática constante nas missas que frequento (e olha que vou a muitos lugares diferentes!): cada vez mais as crianças têm a liberdade de fazer o que bem entendem, de levarem o que bem entendem consigo e de se comportarem como bem entendem. Parece ser essa a nova “pedagogia” dos pais: para que os filhos se comportem, usa-se de todos os subterfúgios, incluindo aí, e principalmente, o brinquedo. E esse brinquedo - que até pode ser um pouco louvável quando não se trata do celular - acaba por ser objeto de barganha para que o filho se comporte num ambiente social. Porque não é só na missa, vemos isso em muitos lugares. O bom e velho “não” e o “agora não é hora” não existe no vocabulário dos pais hodiernos.
E eu me pergunto, onde está a educação que os pais devem dar aos filhos? E por educação eu me refiro a isto mesmo que você está pensando: ao comportamento social! Como já ouvi de muitos avós por aí: “Essas crianças de hoje em dia, não tem educação”...
De fato, os pais de hoje convivem com o que se pode chamar de “chantagem” dos filhos: desde pequenos eles aprendem que uma boa birra, alguns gritos e um choro estridente pode conseguir qualquer coisa. Nos tempos dos nossos avós eram uns bons tapas no bumbum e um castigo. Hoje em dia, ah, hoje em dia: Isso tem recompensa!
O tempo que os pais têm para ficar com os filhos, dialogar ou ensinar o que quer que seja, se tornou escasso, raríssimo entre tantos afazeres e compromisso. Melhor ceder a vontade dos pequenos e colaborar com a criançada se quisermos que elas colaborem conosco. Que tipo de adultos eles serão no futuro? Isso não importa. Que tipo de cristão católico teremos no futuro? Não importa. Importa a nossa paz de espírito.
E eu não posso deixar de pensar que nós, catequistas, somos um tanto responsáveis por isso. Afinal, quem foi que levou “bonecos” pra missa primeiro? Com certeza nossos fantoches, palhacinhos e brincadeiras para que as crianças “prestassem atenção” na missa (algo que, definitivamente não é para as crianças, e nem tampouco será se assim caminhar as coisas), são responsáveis também por essa “pedagogia” do avesso: pode brincar sim, em todo e qualquer lugar. Que se traduz, na verdade, em pais "obedecendo" aos filhos e cedendo a qualquer capricho. O que me leva a pensar naquele velho bordão: Não é o mundo que estamos deixando para nossos filhos, mas, que tipo de filhos estamos deixando para o mundo.
VEJA
ALGUMAS DICAS PARA QUEM TEM FILHOS PEQUENOS:
- A missa dominical deve ser uma constante na vida das
crianças: sempre no mesmo horário e no mesmo local para que as crianças se
acostumem ao ambiente e às pessoas que vai encontrar. Ir à missa de vez em quando (raramente) não ajuda!
- Converse sempre com a criança sobre como deve ser seu
comportamento na missa. Converse antes de ir à missa, na porta da Igreja e
quando se acomodarem em seus lugares. Seja específico e explique o que está
acontecendo e não seja vago ao pedir que se comporte, isso não faz sentido
para crianças pequenas.
- Se a criança tem horário de sono ou refeição próximos do
horário da missa, ela ficará irritada. Escolha um horário longe destas rotinas.
- Oferecer alimentos e permitir que levem brinquedos é um
hábito a ser evitado. Ter hora para brincar é tão importante quanto a hora do
sono e da refeição. Brincado em qualquer lugar e horário, a criança não vai
entender o valor do convívio social e da interação com a comunidade.
- Usar um brinquedo
silencioso para crianças menores de 2 anos, até pode parecer uma boa, mas pode
virar hábito quando ficarem maiores.
- Recompensas como balas, sorvetes, etc. podem ser negociados
após o término da Missa, e pode se tornar uma rotina desejada por eles. Mas,
cuidado para que isso não seja uma “troca” para que ela vá à missa. Use como uma forma de convívio com as crianças.
- As crianças pequenas podem ser orientadas a andar se
estiverem inquietas. Até os 3 anos mais ou menos as
crianças não conseguem manter o foco em uma coisa por muito tempo, distraí-las
caminhando no fundo da igreja pode ajudar, mas, elas são capazes de compreender o silêncio e podem ser educadas para isso. Em algumas Igrejas tem espaço para mães que querem acalmar o choro ou irritação dos pequenos.
- Após os 3 anos de idade as crianças são capazes de se
manter sentadas em seu lugar, com poucas exceções. Leve-as para tomar água ou fazer xixi se necessário, mas, pergunte se elas precisam ir ao banheiro ANTES de começar a missa.
- Quanto mais "silenciosa" é a missa, melhor é a compreensão da
criança sobre seu sentido, evite missas “barulhentas”, com cantos altos demais,
louvores, etc. A missa precisa ser “ensinada” como momento de oração, de escuta,
de tranquilidade.
- Dê preferência a igrejas com ambientação que favoreça a
reverência: as crianças compreendem onde estão se o meio exterior refletir o
silêncio e o respeito. Elas se comportam se tiverem exemplo a seguir.
- Assim que a criança se tornar mais “independente”,
incentive-a a participar dos pequenos serviços oferecidos aos pequenos:
cestinha de coleta, procissão de entrada, bênção ás crianças do final da missa,
etc.
- Não esqueça de elogiar o bom comportamento dela e comente em
casa fatos da missa, o que a criança observou lá, quem, coisas interessantes, etc.
Ângela Rocha
(Mãe católica de 4 filhos que frequentou a missa com os pequenos por muito tempo!)
Catequistas em Formação
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