Num mosteiro vivia um monge perfeito. Observava o silêncio,
jejuava, era pontual em tudo. Todos diziam que, ao morrer, ele iria para o céu,
com sapato e tudo. Um dia, já velhinho, ele achou que era chegado o momento de
partir e foi escalando a alta montanha, até chegar às portas do céu. Bateu,
bateu e nada. A porta não se abriu. Ficou decepcionado. Resolveu voltar ao
mosteiro e fez mais um ano de jejum, oração, silêncio.... No final do ano,
estava tão fraco de jejuar que quase não conseguiu subir aquela ladeira até as
portas do céu. Bateu, bateu e nada.
Nosso monge ficou muito triste. “Eu fiz tudo para me salvar”,
dizia. “O que será que falta ainda? ” Pensou, pensou e, de repente, lembrou-se
de que o último monge que havia chegado ao mosteiro falara que hoje quem não
prega o Evangelho, não pode mais se salvar. Imediatamente, voltou para a terra
e pegou o primeiro navio que partia para a África. No primeiro porto, já desceu
e começou a pregar. Mas era um país muçulmano e mandaram-no de volta para o
navio. Ele não desanimou e acabou encontrando um povo mais acolhedor para quem
começou a pregar. Trabalhava e falava com tanto entusiasmo que, ao final de um
ano, quase todos haviam aderido ao Cristianismo. Voltou ao paraíso e, com todo
o ardor missionário, bateu na porta. Voltou a bater e nada.
Aquela porta parecia mesmo emperrada. “Mas fiz tudo certo e
preguei o Evangelho. O que falta para me salvar? ” Sentou, pensou, pensou e
lembrou que um dia, lá nas missões, alguém lhe falara que havia mais uma coisa
nova na Igreja: “Quem não trabalha para os pobres, não se salva mais”. Ele
voltou para a terra e inscreveu-se como voluntário num grande hospital. Foi
cuidar daqueles que estão nas enfermarias, os mais pobres, dos pobrezinhos que
ficam ali jogados. Dia e noite, esteve aí, acudindo a um, falando com o outro,
consolando um terceiro.
Passado mais um ano, resolveu voltar a subir aquela ladeira. Estava tão cansado que quase não conseguiu chegar. Mas havia feito a última coisa que lhe faltava para se salvar. Bateu, bateu e nada. Reuniu todas as forças. Bateu, bateu e nada.
Só uma coisa faltava. Sentou numa pedra, muito triste. Pensou, pensou e não conseguia encontrar resposta. “Eu fiz tudo para me salvar. Acho que até fiz mais do era preciso. Eu tinha que me salvar! ”. De repente olhou para o lado e viu uma criança brincando. A criança olhou para ele, sorriu e perguntou: “Quer brincar comigo? ”. Então ele esqueceu tudo, inclusive a sua salvação eterna e foi brincar com ela. Logo a seguir, escutou um barulho. Olhou para o lado e viu que a porta estava se abrindo. Pela primeira vez, estava fazendo algo gratuitamente, por amor, sem pensar na recompensa, sem pensar na sua salvação eterna. E a porta abriu-se.
(Desconhecemos o autor)
* * * * *
Lembrei das muitas discussões que temos na catequese, das
muitas soluções que se apresentam para nossos problemas, das muitas atitudes de
"ajoelhar e rezar", dos muitos pedidos de ação, mas, sempre do
Espírito Santo e não nossas de verdade.
Além de fazer tudo por gratuidade devemos sempre "fazer
alguma coisa", rezar só não basta, pedir "iluminação" quando
nada fazemos para mudar a realidade, não basta. É preciso coração puro e desprendido.
Catequistas em Formação
Nenhum comentário:
Postar um comentário