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quinta-feira, 28 de março de 2024

O TESTAMENTO – JOÃO 13,1-17,31b-35



Estamos na semana santa, segundo a tradição cristã de matriz católica e algumas igrejas cristãs. Hoje é um dia muito solene e sua solenidade se dá pelo fato da memória nos remeter a noite do testamento. Isto mesmo! A noite em que Jesus deixou um testamento para os seus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei!” Nada de mais poderíamos dizer. Todo mundo sabe que, o amor move de certo modo o mundo e o sentido das nossas vidas e as relações desde que mundo é mundo e nos entendemos “por gente”. O que há de “novidade” nisto? O que Jesus traz “de novo” que é “diferente” e que, ao mesmo tempo, o distingue de todos e “qualquer tipo de amor”?

É disso que trata o texto das leituras de hoje, proclamadas na ação litúrgica deste dia nas igrejas, nas comunidades e nas famílias. O evangelho de João é um grande anúncio do amor de Deus a partir da vida, da existência e da mensagem de Jesus. Neste evangelho os conceitos não bastam, é preciso gestos e ações simbólicas fortes que remetem ao mais profundo daquilo que está sendo dito, apresentado. O gesto do lava-pés carrega toda uma força, todo um sentido e, o gesto de comer juntos, fazendo a grande ação de graças (eucaristia em grego) tem como pano de fundo tudo o que significa e representa Jesus para os seus seguidores. Para entender Jesus e sua mensagem é preciso está em sintonia com o grande projeto do Pai: o amor. Pois, o amor salva vidas, o amor acolhe, o amor inclui, o amor perdoa, o amor nos move ao encontro do outro, o amor transforma pessoas, dá sentido aos nossos engajamentos, as nossas lutas, e suaviza e cura onde dói no coração.

A leitura que agora nos é proposta para ler e meditar, Jo 13,1-15 ou 13,1-17.31b-35, nos remete à aquela noite que antecipa o ato supremo da paixão e que em cada Eucaristia litúrgica nas igrejas rememoramos com o compromisso de amar como Ele nos amou. Dessa cena evangélica podemos tirar muitos ensinamentos, mas creio que por hora, dois saltam aos olhos: o amor é sempre entrega, doação e não há explicação; e quem quiser ser discípulo de Jesus é preciso ser o menor, o servidor, o amoroso, sempre e em qualquer circunstâncias. Isto é um distintivo que faz toda a diferença. Este é o testamento de Jesus.

A quinta-feira santa, mais que “institucionalizar” um ato, um gesto, quer e nos remete a institucionalizar o Amor. Amar como Jesus amou, aprender dEle como amar hoje é imperativo. Se o nosso amor enquanto seguidores e seguidoras de Jesus não faz diferença na sociedade que aí está, é preciso rever todo nosso entendimento e seguimento a Jesus.

Por fim, o texto de hoje contextualizado no âmbito da páscoa judaica, começa nos falando do sentido da vida de Jesus entre nós: Seu senso de missão cumprida perante o Pai e o seu amor pelos seus discípulos, os pobres, o povão com quem conviveu. E para entender sua missão, lembremos o que o evangelista João no início de seu escrito nos diz quando fala que Deus, o Pai, amou de tal forma o mundo que enviou Seu Filho para salvar o mundo (Jo 3,16-17s), isto é, dá vida plena e sentido profundo para a existência de tudo criado (Jo 10,10) aqui. Eis a missão de Jesus! Agora Ele volta para o Pai dando-nos a própria vida como ato supremo de amor. De agora por diante, também nós, no dia a dia, somos chamados a “reinventar” aqui e agora em nossas vidas e nos ideais que assumimos como cumprimento da Justiça e da Vida, esse ideal e esse ato supremo de Jesus: o amor.

E agora, pergunto a você leitor/a amigo/a: O que nos distingue das demais pessoas enquanto seguidores de Jesus na luta, no engajamento, nos ideais que abraçamos através de nossos movimentos, pastorais e grupos afins? Em que o nosso amor é continuação do amor de Jesus? Em que fazer memória dessa quinta-feira santa muda tua forma de pensar e agir? Como o Testamento de Jesus te impacta nesse momento atual quando, o país vive uma crise de narrativas religiosas, de intolerância, de fake news, e amigos/as, famílias inteiras são afetadas em suas relações, por acreditarem em valores que aparentemente bons, dividem o povo e corrompe sua alma em nome do sagrado e de Jesus? Fica a provocação… Que o Testamento e com ele, o Seu autor, possa ser nossa inspiração em todo tempo, lugar e circunstâncias nos ajudando a sermos pessoas e discípulos melhores. Boa meditação para ti.

Por, Sebastião Catequista – CEBI PE

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