CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Subsídios
teológico-litúrgico-pastorais
Documento
Aprovado pela 18ª Assembleia da CNBB
Itaici,
14 de fevereiro de 1980
APRESENTAÇÃO
Apresentamos à Igreja no Brasil este Documento Batismo de Crianças - Subsídios teológico-litúrgico-pastorais.
O 1º texto foi redigido, revisto e aprovado num Encontro de Bispos e peritos em Liturgia, Pastoral e Meios Populares, realizado no Rio de Janeiro.
Esse texto foi enviado aos Regionais para suas contribuições.
Em abril de 1979, por decisão da Assembleia da CNBB, o Documento foi examinado por uma Comissão Especial de Liturgia, integrada por representantes escolhidos pelos Regionais.
A Comissão,
apesar de valorizar o Documento, julgou oportuno fosse ele reelaborado,
transferindo-se seu exame e sua votação para a Assembleia de 1980.
O novo texto foi, em novembro de 1979, examinado por uma Equipe de Peritos num Encontro em São Paulo e, em dezembro, enviado aos srs. Bispos.
A Assembleia Geral extraordinária da CNBB, em fevereiro de 1980, aprovou, com emendas, o novo texto por unanimidade, havendo apenas uma abstenção.
O DOCUMENTO
Este Documento não desfaz o 1º Documento, de todos conhecido, sobre a Pastoral do Batismo, editado em 1973, mas o completa, com subsídios teológicos que ajudam a sua compreensão a partir dos passos progressivos da própria celebração batismal, como também com subsídios litúrgico-pastorais, que ajudam sua celebração de maneira mais adaptada à cultura e à índole simples da maioria do nosso povo.
À Introdução seguem-se três partes e uma breve Conclusão:
Na Introdução, apresentam-se os objetivos do Documento, a razão de ser da adaptação do rito, a situação da celebração batismal no Brasil, em seu contexto geral e especial, e a divisão.
Na I Parte: "Sentido teológico do sacramento do batismo, a partir do rito", oferecem-se subsídios teológicos, percorrendo a sequência da celebração batismal, à semelhança das catequeses mistagógicas, nas quais, revelando-se o sentido dos ritos, introduzem-se os fiéis na compreensão e vivência dos sacramentos.
Na II Parte: "Sugestões para a
preparação do batismo", depois de recordar inicialmente a necessidade de
uma pastoral orgânica para uma celebração ideal do batismo, apresentam-se
subsídios pastorais relativos à sua preparação remota e próxima.
Na III Parte: "Sugestões para uma
celebração mais adequada do batismo", depois de algumas observações
prévias, propõem-se vários subsídios relativos à maneira de realizar cada rito
da liturgia batismal.
Na Conclusão, faz-se um apelo aos agentes de pastoral e situa-se o Documento dentro do objetivo geral da Ação Pastoral da Igreja no Brasil.
VALOR
O Documento respeita o Ritual do Batismo, enriquecendo-o de subsídios teológico-litúrgico-pastorais. Não tem caráter obrigatório, deixando aos srs. Bispos liberdade em sua aplicação. Entretanto, sua aprovação pela Assembleia é de um valor pastoral incalculável, porque, recolhendo esforços pastorais dispersos pelo Brasil, ajuda ao mútuo enriquecimento das Igrejas e cria melhores condições, em matéria de Liturgia, para uma sadia unidade na pastoral orgânica de todo o país. Colocando este Documento nas mãos da Igreja que vive no Brasil, esperamos atender ao grande objetivo que os Bispos do Brasil se propuseram: oferecer orientações para a celebração do Batismo de Crianças, de um modo mais adaptado à cultura e à índole de nosso povo, em sua maioria simples.
Dom
Romeu Alberti
Responsável
pela Linha da Liturgia
INTRODUÇÃO
Objetivos do presente documento
1. Por ocasião da 13ª Assembleia Geral da CNBB, em fevereiro de 1973, os Bispos do Brasil aprovaram um documento intitulado "Pastoral do Batismo", inserido no opúsculo "Pastoral dos Sacramentos de Iniciação Cristã" publicado na Série "Documentos da CNBB", sob o nº 2b. Visava-se, com aquele documento, a "uma renovação da pastoral batismal" e "esclarecer problemas práticos, decorrentes da situação atual da Igreja no Brasil" (cf. Pastoral do Batismo, Introdução).
2. Uma recomendação, no final do documento citado, pedia a realização de duas tarefas: "Solicitamos aos órgãos competentes a preparação de orientações práticas sobre a maneira de celebrar o batismo, bem como a tarefa de promover a adaptação do rito à cultura e índole do nosso povo" (cf. SC 37-40; Ibid., nº 6,1).
3. O presente documento deseja, ao menos em parte, corresponder àquele pedido. Refere-se primariamente à liturgia ou celebração do sacramento do batismo, tendo em vista, sobretudo, a grande maioria de nosso povo — trabalhadores rurais, operários e outros assalariados urbanos — com o fim de oferecer pistas para adaptar a celebração ao seu mundo e à sua mentalidade. Trata-se de um esforço criativo e inicial de aculturação, que apresenta, em vários momentos, sugestões litúrgico-pastorais alternativas a serem aproveitadas conforme as diversas circunstâncias.
Razão de ser da adaptação
4. Os Bispos,
no Concílio Vaticano II, reconheceram a utilidade e mesmo a necessidade de
adaptar a liturgia à índole dos diferentes povos. Basta lembrar duas passagens
da Constituição sobre a Sagrada Liturgia: "Salva a unidade substancial do
rito romano, dê-se lugar a legítimas variações e adaptações para os diversos
grupos, regiões e povos" (SC 38).
5. Tanto
"A Iniciação Cristã — Observações Preliminares Gerais" (nº 30-33)
como a introdução ao "Rito da Iniciação Cristã dos Adultos" (nº 64 e
ss) trazem um capítulo expresso sobre as "adaptações que podem ser feitas
pelas Conferências Episcopais". A tais adaptações é que se refere a
recomendação do Episcopado Brasileiro transcrita acima.
6.
Oferecem-se algumas pistas para as Igrejas particulares, situadas em contextos socioeconômico-religiosos tão diversificados, como as
encontramos nas várias regiões do País, seja no interior seja nos centros
urbanos e suas periferias.
7. Com efeito, este sacramento merece especial atenção por duas razões: primeiro, por ser celebrado com frequência; segundo, por ser fundamental e revelador para todo o conjunto da vida cristã.
Situação da celebração do batismo no Brasil
a) Contexto geral da situação
8. Poderíamos
iniciar o exame da liturgia batismal no Brasil, recordando o fato pastoral
descrito no Documento "Pastoral do Batismo", em especial, as razões
que levam os fiéis a pedir o batismo para seus filhos (nº 1.1-3) e as atitudes
dos pastores frente a esse pedido (nº 4,1-4.4).
9. Naquele
documento, apresentam-se razões com conotações de natureza teológica mais
acentuada, razões supersticiosas, razões de cunho social e razões de ordem
econômica — algumas válidas, outras questionáveis — para, tomadas em conjunto,
tentar esclarecer o fato de a população do Brasil ser, na sua quase totalidade,
uma população de batizados.
10. Em relação à atitude dos pastores, observava-se uma diversidade de linhas de ação no tocante à administração do sacramento do batismo indo desde a negação do batismo às crianças até à exigência de uma séria preparação, no contexto de uma renovação de toda a vida eclesial.
b) Contexto especial da situação da celebração do batismo no Brasil
11. Voltando
nossa atenção para a própria celebração do batismo, recordamos o quadro já
decidido na "Pastoral do Batismo" (nº 3) destacando quanto segue:
a) Existem comunidades eclesiais no Brasil em que a
celebração do batismo, bem como sua preparação e posterior acompanhamento,
constituem um exemplo a imitar. Muitas das orientações e sugestões que aparecem
neste documento já estão sendo praticadas em tais comunidades.
b) Em muitas outras comunidades eclesiais, porém,
verificam-se deficiências que repercutem negativamente na vida cristã das
pessoas e das próprias comunidades.
São estas as falhas que ocorrem com maior frequência:
§ Preparação insuficiente,
quando não inexistente, de pais e padrinhos, antes teórica que vivencial, por
vezes mais burocrática que pastoral, sem o auxílio de uma equipe formada para
esse trabalho, sem distinção entre cristãos afastados da Igreja e cristãos
integrados na vida comunitária.
§ Celebração apressada ou
rotineira, sem animação e entusiasmo, sem explicação do sentido dos ritos, sem
distribuição de funções dentro de uma equipe de celebração, sem variação ou
adaptação aos diferentes grupos; mera execução mecânica de cerimônias; leitura
inexpressiva de textos.
§ Passividade dos presentes,
muitas vezes desprovidos de participação e vivência.
§ Visão do batismo como
assunto individual, sem implicações para com a Igreja e cada comunidade
eclesial.
§ Redução do batismo a um
fato social, que responde a uma tradição familiar e cultural ou a uma obrigação
religiosa, desconhecendo sua natureza de celebração de um mistério, de um
acontecimento religioso fundamental, isto é, a inserção em Cristo, a incorporação
à Igreja, a purificação do pecado, a filiação divina etc.
§ A fragilidade ou mesmo
ausência de compromisso com a educação da fé e o desenvolvimento da vida cristã
e eclesial da criança, por parte dos pais, padrinhos e da comunidade.
§ A importância
desproporcional atribuída aos padrinhos, em prejuízo dos pais, que são os que
decidem o batismo dos filhos e se responsabilizam pelo desenvolvimento da vida
cristã iniciada no batismo.
§ A escolha de padrinhos sem
levar em conta a sua situação em relação à Igreja e a sua vida cristã.
§ Concepções mágicas e
supersticiosas acerca do batismo, presentes tanto na solicitação do batismo
como em sua celebração.
§ a evasão de cristãos menos
conscientizados para outras paróquias ou dioceses onde não se fazem exigências
de preparação para o batismo.
§ exigências demasiado rígidas com o perigo de transformar a Igreja em grupo fechado (gueto) numa atitude injusta para com pessoas não suficientemente esclarecidas.
Divisão do documento
12. O presente documento compreende, além da Introdução, as seguintes partes: Sentido teológico do sacramento do batismo a partir do rito; Sugestões para a preparação do batismo; Sugestões para uma celebração mais adequada do batismo; Conclusão.
I – PARTE
SENTIDO TEOLÓGICO DO SACRAMENTO DO BATISMO A PARTIR DO RITO
13. Na
explicação do sentido teológico do batismo, percorreremos a sequência de ritos que compõem a sua celebração, à
semelhança das antigas catequeses mistagógicas, com as quais se procura
descortinar o sentido dos ritos e, assim, introduzir o neobatizado na
compreensão e na vivência dos sacramentos.
1. Ritos iniciais
14. À porta da Igreja, o celebrante saúda as pessoas presentes e estabelece com elas um diálogo. Em seguida, o celebrante, os pais e os padrinhos traçam o sinal da cruz sobre a fronte de cada criança.
a) Recepção
15. O
acolhimento exprime o ingresso na comunidade eclesial.
16. Os
batizandos são recebidos à porta da igreja para significar que ainda não
pertencem à Igreja, na qual entrarão pela porta do batismo.
17. Com
efeito, o batismo é a porta de entrada para a Igreja: "É necessário que,
pelo batismo, todos sejam incorporados nele (em Cristo) e na Igreja, seu
corpo" (AG 7; cf. AG 6, PO 5, AA).
19. O batismo é aquele sinal da fé sem o qual, ordinariamente, não se pode "entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5). De outro lado, porém, a fé, "que opera pela caridade" (Gl 5,6), pode manifestar-se, de certa maneira, até fora dos limites visíveis da Igreja, em toda boa obra em favor dos irmãos, sobretudo dos mais pobres e pequeninos (cf. Mt 25,32-40).
b) Canto de entrada
20. O canto de entrada faz eco ao apelo do salmista ao dizer: "Atravessai suas portas com louvor, os seus átrios com hinos; exaltai-o, bendizei seu nome (Sl 99,4). Eu me alegrei, porque me disseram: iremos à casa do Senhor" (Sl 121,1).
c) Saudação
21. O
celebrante, como o pai de família, saúda os presentes em nome do Pai que nos
criou e nos predestinou a sermos "conformes à imagem de seu Filho, para
que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8,29).
22. Recebe-os alegremente em nome da família dos filhos de Deus reunida no Espírito Santo, à cuja frente foi colocado para dispensar a cada um o pão a seu tempo — (cf. Mt 24,45).
d) Presença da comunidade
24. Batizam-se as crianças normalmente, com a presença e participação da comunidade.
25. O homem,
por natureza, necessita da comunidade. Não pode viver sozinho. Basta lembrar a
família, a pequena comunidade, a sociedade civil. Uns precisam da ajuda e do
apoio dos outros.
26. "Não
é bom que o homem esteja só", diz Deus a respeito de Adão (cf. Gn 2,18). E
dá-lhe uma companheira. No Antigo Testamento, Deus fez de Israel o seu povo
escolhido e celebrou com ele uma Aliança (Ex 19,24). Constituiu-o como
"nação santa" (Ex 19,6). Cristo não veio para salvar a cada um
isoladamente, mas "para reunir os filhos de Deus dispersos" (Jo
11,52), para que houvesse "um só rebanho e um só pastor" (Jo
10,5-6).
27. Pelo
batismo, o homem se torna membro da Igreja, Povo de Deus. Diz o Vaticano II:
"Aprouve a Deus santificar e salvar os homens, não singularmente, sem
nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que o conhecesse
na verdade e santamente o servisse" (LG 9). Essa comunidade de salvação,
esse Povo de Deus é a Igreja. A ela Jesus confiou o Evangelho e o batismo,
quando disse: "Ide, fazei discípulos todas as gentes, batizando-as em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19).
28. Por tudo
isso, o cristão autêntico leva vida de comunidade eclesial e participa
regularmente de uma das comunidades locais nas quais subsiste e opera a Igreja
de Cristo (cf. SC 26,27,41,42; Pastoral da Eucaristia, cap. 1º).
e) Diálogo
29. O NOME — O diálogo sobre o nome é rico de significação. Cada ser humano é único, irrepetível, insubstituível em sua singularidade pessoal. Somos pensados e amados por Deus, desde a eternidade e para toda a eternidade nesta individualidade singular, e assim devemos ser vistos e acolhidos pelos outros. Podemos possuir coisas e delas dispor a nosso bel-prazer, usando-as, subordinando-as a nossos interesses, trocando-as. Com as pessoas, não podemos fazer o mesmo.
31. O
relacionamento interpessoal e comunitário, se permeado de amor autêntico,
favorecerá o desabrochar do "eu" no mútuo reconhecimento e na doação
desinteressada.
32. O nome
exprime esta identidade pessoal a ser reconhecida pelos outros, chamada a
colocar-se a serviço de todos.
33. Na
comunidade eclesial, este mútuo respeito será a base de um conhecimento
verdadeiro e de um amor autêntico, no qual o conhecimento deverá desabrochar. A
medida em que seus membros se conhecerem, sobretudo, nas comunidades menores
intraparoquiais, melhor a família de Deus expressará sua união com Cristo, o
Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas e por elas é conhecido (cf. Jo 10,14).
Dar a vida pelas ovelhas (Jo 10,15), amando-as como Cristo as amou (cf. Jo
15,12.17) é a consequência do conhecimento amoroso e
do mútuo respeito.
34. Na
Sagrada Escritura, além disso, o nome é parte essencial da pessoa (cf. 1Sm
25,25), de tal forma que o que não tem nome não existe (Ecl 6,10), sendo a
pessoa sem nome um homem insignificante, desprezível (Jó 30,8). O nome equivale
à própria pessoa (Nm 1,2.42; Ap 3,4; 11,13).
35. Por isso,
ao dar uma missão a alguém, Deus lhe muda o nome: assim com Abraão (Gn 17,5),
com Jacó (Gn 32,27ss), com Salomão (2Sm 12,25). Da mesma
forma, no Novo Testamento, Jesus
muda o nome de Simão para Pedro (Mt
16,18; cf. Mc 3,16-17) e os Apóstolos mudam o nome de José
para Barnabé (cf. At 4,36). O nome de Jesus simboliza a sua missão: Jesus (do
hebraico, Yehoshúa) significa Javé salva (cf. Mt 1,21). O nome, em
outras palavras, vem a significar a missão que se recebe na história da
salvação.
36. No
batismo, reconhece-se oficialmente o nome da criança. Recorda muitas vezes o
nome de um santo. Aquele que nasce para a vida da graça, no seio da Igreja,
liga-se simbolicamente àquele que, depois da peregrinação da fé, nasceu para a
vida da glória, animando-o com seu exemplo e ajudando-o com sua intercessão
(cf. Prefácios dos Santos). Daí a conveniência de se evitar nomes estranhos e
extravagantes.
37. PEDIDO DO
BATISMO — São os pais que pedem o batismo para seus filhos. A criança não tem
ainda consciência nem autonomia suficiente para tal ato, como, aliás, para
tantos outros atos de sua vida. Vive, em tudo, na dependência dos adultos.
38. Os pais,
se cristãos, não querem que seus filhos cresçam apenas física, psicológica e
intelectualmente; querem vê-los crescidos integralmente. Por isso, desde muito
cedo, proporcionam-lhes o batismo, o banho do novo nascimento pelo qual, de
simples criatura, a criança passa a ser filho de Deus, de simples membro da
família humana, passa a ser membro vivo da família de Deus, a Igreja.
39. Ao ser
incorporada a Cristo, repleta do Espírito Santo, consagrada para a vida eterna,
a criança passa a possuir dentro de si um dinamismo novo, sobrenatural, a fé, a
esperança e a caridade, que, a seu tempo, pela educação e pela prática da vida
cristã, na família e nas demais comunidades eclesiais, irá desabrochando numa
fé consciente e assumida, responsável e progressivamente adulta.
40. Para
marcar as etapas desse desenvolvimento, renovam-se, publicamente, em
determinados momentos da vida, os compromissos batismais, especialmente na
primeira comunhão, na crisma e na vigília pascal.
f) A educação da fé pelos pais
g) A colaboração dos padrinhos
43. No cumprimento deste compromisso de educar seus filhos na fé, os pais são ajudados pelos padrinhos. Depois dos pais, padrinho e madrinha representam a Igreja, nossa Mãe, "que, pela pregação e pelo batismo, gera, para uma vida nova e imortal, os filhos concebidos do Espírito Santo e nascidos de Deus" (LG 64). Representam a Comunidade que, ao enriquecer-se com a entrada de um novo membro, vê sua responsabilidade também acrescida.
h) O sinal da cruz
44. Concluem-se os ritos iniciais, marcando a fronte de cada criança com o sinal da cruz. Que significa isso?
45. Marcam-se
livros, roupas, animais com o nome de seu dono ou outro sinal. Muitas pessoas
andam com distintivo ou emblema do seu clube, da sua escola, da sua associação
esportiva. É um sinal de pertença.
46. Na noite
da Páscoa em que fugiram do Egito, os israelitas marcaram as portas de suas
casas com o sangue do cordeiro pascal. Assim o anjo justiceiro, que passaria,
podia reconhecer as casas dos israelitas e poupar os seus primogênitos (cf. Ex
12).
47. O profeta
Ezequiel viu como Deus mandou marcar, com seu sinal, a fronte das pessoas
oprimidas. Quando passaram os emissários para matar os malfeitores, sabiam a
quem deviam poupar (cf. Ex 9,4-7). Da mesma maneira, serão poupados, no dia da
vinda do Senhor, todos os que forem assinalados com o sinal do Deus vivo (cf.
Ap 7,2-4 e 9,4).
48. O sinal do cristão é a cruz de Cristo. Quem é marcado com a cruz pertence a Cristo e à sua Igreja. Não pode ser escravo de outros senhores ou adorar outros deuses.
2. Liturgia da Palavra
49. Terminados os ritos iniciais, talvez celebrados à porta do templo, no corpo da Igreja proclama-se a palavra de Deus, elevam-se nossas preces a Cristo e aos santos, e, finalmente, unge-se o peito de cada criança com o óleo dos catecúmenos.
a) Leituras bíblicas e homilia
50.
O próprio Deus dirige-nos a palavra (cf.
1Ts 2,13; Rm 10,14; 2Cor 2,17; Rm 15,18-19; 2Cor 13,3; Lc 10,16) através das
leituras bíblicas, do Antigo e do Novo Testamento.
51. Enquanto
as leituras nos recordam que Deus interveio realmente em nossa história, a
homilia testemunha, aqui e agora, a intervenção do Deus vivo em Jesus Cristo e
no dom do Espírito.
52. Em ambas
as formas, a palavra de Deus é proclamada e acolhida na fé. A realidade do
batismo só é conhecida através da fé.
53. Se
todos os sacramentos nutrem, fortalecem e
exprimem a fé (cf. SC 59), com
muito maior razão o batismo,
que é, por excelência, o
"sinal da fé" (cf. Iniciação Cristã, Observações
Preliminares Gerais, nº 3).
55. Além disso, os pais, ao pedirem o batismo para seus filhos menores, assumem o compromisso de educá-los na fé. Para tanto, é preciso que conheçam e vivam melhor o conteúdo da fé cristã, expresso verbalmente na Bíblia e na pregação da Igreja.
b) Oração dos fiéis
56. Os fiéis invocam a misericórdia de Deus, conscientes de sua incapacidade e da absoluta necessidade da graça de Deus para se obter e se viver com coerência e perseverança a vida nova do batismo: "Sem mim, nada podeis fazer".
c) Invocação dos santos
58. Para nós
são estímulos e exemplos; junto a Deus são nossos intercessores. Próximos de
nós pela humanidade, estão próximos a Deus pela santidade. Neles a vida
batismal floresceu até à plenitude.
59.
Neste instante da liturgia batismal, a Igreja peregrina na terra se une à
Igreja triunfante no céu (cf. Ap 5,8; 8,3) para pedir a graça de Deus em favor
daqueles que ainda se encontram no limiar da Igreja. É a comunhão dos santos.
60. Após a invocação de Maria, Mãe do Filho de Deus — que se torna nossa Mãe no batismo — segue-se a invocação de são João Batista, são José, são Pedro e são Paulo e outros que podem ser acrescentados — como os padroeiros das crianças, da Igreja ou do lugar em que se celebra o batismo — terminando-se com a invocação de todos os santos.
d) Oração
61. Nas
orações com que o celebrante conclui a liturgia da palavra, recorda-se a missão
de Cristo, libertador do pecado (1Tm 1,15) e de suas consequências (cf. Lc 4,18 ss; 7,18 ss), e portadora de
salvação.
62. Jesus
Cristo, Filho de Deus, pela sua encarnação, vida, morte e ressurreição,
transforma radicalmente a vida humana e o próprio universo, abrindo
definitivamente toda a realidade e a história humana para o desígnio de Deus,
que quer a plenitude da vida humana (cf. Jo 10,10), numa comunhão filial para
com Deus, fraternal para com os outros, senhorial para com o mundo.
63. Deus
"quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.
Porque há um só Deus, e há um só mediador entre Deus e os homens, que é Jesus
Cristo homem, o qual se deu a si mesmo para a redenção de todos" (1Tm
2,4-5).
64. Embora a salvação possa ser dada sem a mediação visível da Igreja e o conhecimento expresso de Cristo e de Deus (cf. LG 16; GS 22), a fé explícita e o consequente batismo são o meio ordinário de recebê-la. É dentro destes limites que devemos entender as palavras de Jesus: Aquele que crer e for batizado será salvo; o que não crer será condenado (Mc 16,16); "Em verdade te digo: quem não nasce do alto não pode ver o Reino de Deus (...) quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus" (Jo 3,3.5).
65. O Cristo liberta do "espírito do mal" (cf. Ef 6,16; 1Jo 3,8; Mt 6,13), do "poder das trevas" (cf. Cl 1,13; Jo 8,12), do pecado (cf. Mt 9,2.6.13; Lc 5,20; 7,48 etc.), introduz no "reino da luz" (cf. Cl 1,12-13; Jo 8,12; 12, 35-36.46; Ef 5,8; 1Ts 5,5; 1Pd 2,9), dá ao cristão força e proteção para fazer frente às provações e "resistir com coragem às solicitações do mal" (cf. 1Cor 10,13; 2Pd 2,9; Ap 3,10).
e) Unção pré-batismal
67. Os
antigos lutadores se ungiam com óleo em todo o corpo para fortificar os
músculos e para dificultar que os adversários os agarrassem. Semelhantemente,
preparando-se para as lutas que deverá travar para ser fiel à vocação cristã e
à missão que receberá no batismo, o batizando é ungido no peito.
68. "Tendo recebido a couraça da justiça resistais aos artifícios do diabo" (Ef 6,11.14; Is 11,5; 59,17; 1Ts 5,8). Revestidos da armadura de Deus (cf. Ef 6,11), os cristãos estão preparados para resistir à força inimiga e vencê-la. De seus lábios brota um hino de confiança: "tudo posso naquele que me conforta, o Cristo" (Fl 4,13).
3. Liturgia sacramental
a) Oração sobre a água
70. Mesmo
"durante o tempo pascal, nas igrejas em que a água foi consagrada na
Vigília pascal, para que não falte ao batismo o louvor e a súplica, faça-se a
oração sobre a água..." (Rito para o Batismo de Crianças, nº 55).
71. Junto à
fonte batismal, o celebrante bendiz a Deus, recordando o admirável plano
segundo o qual Deus quis santificar o homem, pela água e pelo Espírito.
72. Diante de
nossos olhos passam as principais figuras do batismo presentes na história da
salvação: a criação (Gn 1,2.6-10; 1,21-22), o dilúvio (Gn 7,9), a travessia do
Mar Vermelho (Ex 14,15-22), o batismo de Jesus nas águas do Jordão
(Mt 3,13-17), a água que correu do lado aberto de Cristo na Cruz (Jo 19,34).
73. Na ordem
de Cristo, após a ressurreição — "Ide, fazei discípulos, todos os povos, e
batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo "(Mt 28,19) ,
passa-se da figura à realidade, da prefiguração à realização.
74. O
simbolismo da água é de fundamental importância para se compreender a
significação do batismo.
Mergulhar e
sair da água significa morrer e ressurgir.
75.
"Batizar", com efeito, significa imergir ou submergir na água.
76. O
Apóstolo Paulo vê no batismo com água um sentido fundamental.
Mergulhar nas águas batismais e sair delas exprime o morrer para o pecado e o
ressurgir com Cristo. Morrer para o pecado, ressurgir para a vida nova em
Cristo. "Com ele fomos sepultados pelo batismo para participarmos da
morte, para que assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai,
assim também nós vivamos uma vida nova. Pois se fomos unidos a ele pela
semelhança da morte, também o seremos pela semelhança da ressurreição" (Rm
6,4-5).
77. Diz o
Concílio Vaticano II: "Pelo sacramento do batismo, o homem é
verdadeiramente incorporado a Cristo crucificado e glorificado... segundo estas
palavras do Apóstolo: Com ele fostes sepultados no batismo e nele fostes
co-ressuscitados" (Cl 2,12; cf. 1Pd 3,21-22) (UR 22).
78. Por sua
Páscoa, ou seja, sua passagem da morte à vida, ele nos salvou. Ensina ainda o
Vaticano II: "Esta obra da redenção humana... completou-a Cristo Senhor,
principalmente pelo mistério pascal de sua sagrada paixão, ressurreição dos
mortos e gloriosa ascensão" (SC 5). "Morrendo, destruiu a morte; e
ressurgindo, deu-nos a vida" (Missal Romano, Prefácio da Páscoa I).
79. Pelo
batismo, os homens tomam parte nesta morte e ressurreição de Cristo:
"Assim também vós, considerai-vos mortos ao pecado, porém, vivos para Deus
em Nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 6,11). "O batismo recorda e realiza
o mistério pascal, uma vez que por ele os homens passam da morte do pecado para
a vida" (Rito para o Batismo de Crianças, A Iniciação Cristã, nº 6). É por
isso que, ao sermos batizados, renunciamos ao pecado e a todo mal e fazemos
nossa profissão de fé, dizendo firmemente que Deus nos salva do pecado e da
morte por seu Filho Jesus.
80.
Observadas as devidas precauções, o rito de mergulhar a criança na água
batismal e retirá-la exprime melhor esta ideia
do que o derramar a água na fronte.
A água dá vida
81. A água é
necessária para a vida. Sem água, morre a plantação, morrem os animais e as
pessoas. Na seca, a terra se torna deserta; quando volta a chover, tudo
renasce.
82. Deus
criou para o homem um lugar de delícias, donde saía um rio, dividido em
quatro braços para regar o paraíso (Gn 2,10-14).
Quando os profetas prometiam a salvação, comparavam esta salvação com chuvas,
orvalhos, fontes e rios, que mudariam a terra seca em novo paraíso (cf. Is
35,1.6-7). A água é também sinal do
Espírito Santo que dá a vida eterna (cf. Jo 7,37-39).
83. Assim,
pela água do batismo, o homem recebe a vida divina, renasce "da água e do
Espírito" (Jo 3,5). "A Igreja gera para uma vida nova e imortal os
filhos concebidos do Espírito Santo e nascidos de Deus" (LG 64). Quem é
batizado participa de modo especial da vida de Deus (cf. 2Pd 1,4). Por isso, os
batizados são de fato "filhos de Deus" (cf. Jo 1,12-13) e com razão
chamam a Deus de Pai (cf. Rm 8,14-17; Gl 3,26ss).
84.
Pelo batismo, o homem recebe o Espírito Santo (cf. At
1,5; 4,2; 19,1-13). É o Espírito que faz do cristão filho de Deus (Rm 8,14-17;
Gl 4,6). Ensina são Cirilo de Jerusalém: "A água corre sobre o corpo
externamente, mas é o Espírito que batiza totalmente a alma, no interior"
(PG 33,1009). Renascemos da água e do Espírito (cf. Jo 3,5); Fomos lavados pelo
poder regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele ricamente derramou
sobre nós (Tt 3,5-6). "O que é mais importante no batismo é o Espírito Santo,
por quem a água opera" (Crisóstomo, PG 60, 21). Por isso, o cristão há de
ter consciência desta presença do Espírito Santo.
A água lava
85. Depois de
um dia de trabalho, um banho de água lava o corpo e renova o espírito, dando
boa disposição. As chuvas tiram o pó das estradas e da rua. É com água que
lavamos a roupa, a louça e os utensílios da casa.
86. Em muitas
passagens, a Bíblia fala da água que lava e limpa (2Rs 5; Zc 13,1-2; Ex 36,25).
O Salmo 50 pede a limpeza interior: "Lava-me mais e mais da minha culpa e
purifica-me do meu pecado" (Sl 50,2).
87. O banho
com água unido à palavra da vida, que é o batismo (cf. Ef 5,26), lava o homem de toda culpa, tanto
original, como pessoal" (Rito para o Batismo de Crianças; A Iniciação
Cristã, nº 5).
88.
"Morrer ao pecado" (cf. Rm 6,2) é assim a primeira condição de quem
se batiza, "porque o Senhor nos renovou no batismo e fez de nós homens
novos" (Agostinho, PL 36,966). "O homem novo" é o homem
transplantado do pecado para a vida pelo batismo, é o homem tornado filho de
Deus, membro de Cristo e da Igreja, é o homem chamado a viver como cristão e
não como pagão ou pecador.
A água destrói a corrupção
89.
Paradoxalmente, a mesma água que é fonte de vida, também tem um poder
destruidor natural.
90. Através
do dilúvio (Gn 6,7), Deus quis acabar com a corrupção e maldade dos homens. As
águas da chuva subiram até cobrir tudo e todos. Somente Noé e sua família se
salvaram na arca.
91. Os
israelitas ficaram livres dos egípcios, atravessando o Mar Vermelho a pé
enxuto, ao passo que os egípcios foram sepultados nas águas (Ex 14). A água foi
a salvação de Israel e a perdição dos egípcios.
92. O Salmo
68 é uma profecia da morte e ressurreição de Jesus. Os maus querem afogar o
justo nas águas, mas Deus não permite. Salva-o das águas da morte,
conservando-lhe a vida.
93. O batismo é como o dilúvio, que destrói a corrupção e liberta do pecado. É início duma nova humanidade. Exige que vivamos uma vida nova de filhos de Deus. O batismo é como a passagem do Mar Vermelho: liberta da escravidão e da maldade e introduz no reino dos filhos de Deus. Jesus Cristo é quem dá esta força ao batismo.
b) Promessas do batismo
94. Antes do
batismo, os pais e padrinhos, em nome dos batizados, proferem as promessas
batismais, renunciando ao pecado e proclamando a fé em Jesus Cristo.
95. O batismo
infunde nas crianças uma vida nova, nascida "da água e do Espírito
Santo" (Jo 3,5). Em sua condição de crianças, elas são, real e
verdadeiramente, enxertadas em Cristo e na Igreja. Recebem uma vida nova, são
lavadas do pecado original nas águas do batismo, a fé lhes é infundida, são
consagradas ao serviço do Reino de Deus, tornam-se templo do Espírito Santo e coerdeiras da vida eterna.
96. Não têm,
porém, consciência disso, como também nós não tínhamos à época do nosso
batismo. Não são capazes de renunciar a nada nem abraçar compromisso algum.
97. Os
adultos que as apresentam para o batismo, ao renovarem as promessas do seu
batismo, assumem o compromisso de "educá-las na fé", a fim de que a
vida nova do batismo possa desenvolver-se e, um dia, ser consciente e
livremente assumida pelos próprios batizados.
98. Na fé da Igreja, as crianças são batizadas; no compromisso de viverem autenticamente como filhos de Deus, como irmãos, como seguidores de Cristo, pais e padrinhos se propõem a educar a fé de seus filhos e afilhados, pelo testemunho de vida, pela palavra, pela vivência comunitária e pela participação da liturgia.
Renúncia
99.
Renuncia-se ao pecado e às suas manifestações, ou então, ao demônio, autor e
princípio do pecado, às suas obras e seduções.
100. No
início da história, nossos pais foram tentados (Gn 3,1-5.13) e
sucumbiram (Gn 3,6). No deserto, o povo tentado cedeu às forças escravizadoras
do mal (cf. Nm 11). Jesus, ao inaugurar a etapa final da história da salvação,
também é tentado no deserto, antes de iniciar
a sua missão, mas resiste, vence o
demônio em seu próprio terreno (cf. Lc 4,1-13; Mt
4,1-11; Mc 1,12-13; Lc 11,14s). O novo Adão (1Cor 15,45;
15,21-22; Rm 5,12-21), cabeça do novo Povo de Deus (cf. Rm 9,25; Tt 2,14;
1Pd 2,9-10; Ap 21,3), ao passar pelas mesmas provações do primeiro Adão e do
antigo povo, resiste com a mesma naturalidade com que possui o Espírito.
101. O povo
israelita esquecera sua missão e seu Deus e quer voltar às cebolas do Egito; ao
ser convidado a transformar as pedras em pães, Jesus diz que não só de pão vive
o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (cf. Dt 8,3), denunciando
assim a tentação de querer a salvação por seus próprios meios e não por aqueles
que Deus quer. Os israelitas tentaram a Deus, exigindo um sinal; recusando-se a
saltar do alto do templo, Jesus recusa-se a apresentar um espetáculo
sensacional (cf. Dt 6,16). Entregara-se o povo ao serviço dos ídolos;
negando-se a adorar o demônio, Jesus renuncia a qualquer riqueza e dominação
mundana (cf. Dt 6,3).
102. O modelo
de renúncia é Jesus, o Servo de Javé. Jesus não veio para ser servido, mas para
servir a Deus e ao seu povo, dando sua vida pela salvação de muitos (cf. Mc
10,45). Não usa sua condição messiânica para "matar a fome", para a
"vanglória" ou para "dominar". Evita este caminho, por mais
sedutor que apareça à primeira vista. Decide trilhar o caminho da pobreza, da
fraqueza, do serviço simples e humilde até a morte, seu maior e decisivo
serviço. "Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de
cruz" (Fl 2,8).
104. Jesus é
fiel até o fim à realização de sua missão em forma de servo, superando todas as
tentações, não só do inimigo, mas também do seu amigo Pedro: "Afasta-te,
Satanás, tu és para mim um escândalo, pois te deixas levar por considerações
humanas e não por pensamentos divinos" (Mt 16,22-23).
105. São Pedro nos alerta: "Sede sóbrios e vigiai, porque o demônio, vosso adversário, anda ao redor, como um leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé..." (1Pd 5,8-9).
107. O
batismo, com efeito, é o sacramento
que proclama e celebra a fé em Cristo e em tudo o que ele fez e anunciou. É o
"sinal" sacramental da fé, isto é, um rito que manifesta e realiza o
que cremos, pelo poder de Cristo (Rito para o Batismo de Crianças. A Iniciação
Cristã, nº 3).
108. Para
alguém ser batizado, é preciso que faça sua profissão de fé. É preciso
proclamar publicamente que acredita em Jesus Cristo, o Filho de Deus, que
derramou sobre nós o Espírito Santo e nos quer conduzir ao Pai (cf. Mc
16,15-16).
109.
"Mas como crerão sem terem ouvido falar? E como ouvirão falar, se não
houver quem pregue? (Rm 8,14). Por isso, a primeira tarefa da Igreja para com
os batizandos é anunciar-lhes Cristo e seu Evangelho. É procurar que conheçam o
Filho de Deus, se convertam a ele e queiram segui-lo (cf. Mt 28,19).
110. O
batizando, através dos responsáveis por ele — seus pais e padrinhos — aceita o
anúncio de Cristo mediante o ato de fé e a conversão (cf. SC 6). "É
necessário que todos reconheçam a Cristo e a ele se convertam e pelo batismo
sejam implantados nele e na Igreja, seu Corpo "(AG 7).
111. O
batismo é apenas o início da vida cristã. Deve ser completado pelo crescimento
na fé que se celebra na Confirmação e na Eucaristia e por toda a vida do
cristão. "O batismo é só o início que tende a conseguir plenamente a vida
em Cristo. Por isso, o batismo se ordena à completa profissão de fé... e à
total participação na comunhão eucarística (UR 22).
112. O
batismo de crianças, acenado no Novo Testamento, quando se fala do batismo de
"casas inteiras" (cf. At 16,15-33, 1Cor 1,16), é motivado na
necessidade ordinária do batismo para a salvação.
113. Além
disso, argumenta-se, sobretudo, a partir das discussões em torno de um maior
esclarecimento sobre a doutrina do pecado original, que as crianças contraem o
pecado original sem culpa pessoal e, por isso, devem poder libertar-se dele,
mesmo sem decisão pessoal. A fé atual, que as crianças não têm, é suprida pela
fé dos pais, dos padrinhos e de toda a Igreja, que, ao pedir o batismo para as
crianças, aceitam também a obrigação de levar a criança à plena realização
pessoal, antecipando, assim, de alguma maneira, a fé pessoal futura. A fé,
sendo dom de Deus, não depende dos homens, dos cuidados dos educadores e dos
esforços das crianças, mas da graça de Deus. A fé, infundida no batismo como
capacidade sobrenatural, se transforma em ato sempre e somente através da graça
preveniente de Deus que, de sua parte, mantém o empenho assumido na hora do
batismo. Da mesma forma que outras capacidades e atividades, a fé será
pessoalmente assumida quando o batizado for capaz de colocar atos
verdadeiramente pessoais. A educação no ambiente familiar e eclesial deverá
propiciar este florescimento da fé em termos pessoais.
c) Batismo
115.
"O banho com água unido à palavra da
vida" (cf. Ef 5,26), que é o batismo, lava os homens de toda culpa, tanto
original como pessoal e os torna "participantes da natureza divina"
(cf. 2Pd 1,4) e da "adoção de filhos" (cf. Rm 8,15; Gl 4,5). O
batismo é, pois, o "banho da regeneração" (cf. Tt 3,5) e do
nascimento dos filhos de Deus, como é proclamado nas orações para a bênção da
água. "Invoca-se a Santíssima Trindade sobre os batizandos, que são
marcados em seu nome, para que lhe sejam consagrados e entrem em comunhão com o
Pai, o Filho e o Espírito Santo..." (Rito para o Batismo de Crianças, nº
5).
116. Por que
se batiza em nome do Pai, do Filho e do Espírito? Qual o significado desta
invocação?
117. O
batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo baseia-se no mandato de
Jesus, segundo o Evangelho de Mateus (cf. Mt 28,19).
118. Pelo
batismo, tornamo-nos morada da Santíssima Trindade (cf. Jo 14,15-17.23; 1Jo
2,6.24.27-28; 3,6.24; 4,12-16; 5,20).
119. O
batismo nos faz filhos do Pai, irmãos do Filho, templos do Espírito Santo.
120. Na economia
da salvação, o Pai toma a iniciativa de enviar o Filho
para que nos tornemos filhos de Deus (cf. 1Cor
8,6); o Filho se encarna e, redimindo-nos, abre-nos a possibilidade de nos
tornarmos filhos de Deus (cf. Rm 8,14-17.28); o Pai e o Filho mandam-nos o
Espírito Santo que renova os nossos corações e nos leva a dizer:
"Pai" (cf. Gl 4,4-7).
121. Somos
elevados à condição de filhos enquanto recebemos do Pai e do Filho uma
participação no Espírito filial de que Cristo possuía a plenitude passando a
ter para com o Pai uma relação semelhante à que Cristo tinha (cf. Mc 14,36).
122. Criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,27), que é comunhão de pessoas, e portanto, destinado a viver em comunhão, o homem, pelo pecado, separa-se de Deus e dos outros. Desfigura-se. O batismo transforma intrinsecamente e regenera o homem (cf. Tt 3,4-7; 1Pd 1,3-5; Jo 3,38) divinizando-o. Torna-o capaz de viver, nos limites da natureza humana, uma comunhão semelhante à comunhão trinitária, tanto com Deus como com os outros. É o Espírito Santo que une os batizados numa família, na qual todos são chamados a viver, em Cristo, o Filho, sua comunhão filial para com o Pai e, em Cristo, o Irmão, sua comunhão fraternal com os irmãos.
d) Unção com o crisma
123. Logo
depois do batismo com água, a criança é ungida com o santo crisma.
124. Cristo
quer dizer Ungido. Jesus foi ungido com o Espírito Santo (cf. Lc
4,16-22; Is 61,1-6), para realizar sua missão libertadora, como sacerdote,
profeta e rei.
125. O
cristão, no batismo, torna-se membro de Cristo e de seu povo. É ungido para,
como membro de Cristo e da Igreja, continuar a missão de Cristo hoje.
Missão sacerdotal
127. O povo cristão, por força do batismo, oferece sua vida a Deus e aos irmãos no serviço de cada dia (cf. Rm 12,1; 1Jo 3,16) e, como fonte e cume desta doação, participa "cônscia, plena e ativamente das celebrações litúrgicas" (SC 14). "Os fiéis são consagrados para formar um povo de sacerdotes e reis (cf. 1Pd 2,4-10), de sorte que... por toda parte deem testemunho de Cristo" (AA 3).
Missão profética
128. Onde quer que vivam, pelo exemplo da vida e pelo testemunho da palavra, devem todos os cristãos manifestar o novo homem que pelo batismo vestiram" (AA, 11). "Os fiéis são obrigados a professar diante dos homens a fé que receberam de Deus pela Igreja" (LG 11).
Missão real-pastoral
129. Cristo é
o Rei e o Senhor do mundo inteiro. Os batizados têm a missão de se esforçar
para que todos os homens aceitem e amem a Cristo Senhor (cf. AG 36). Os
cristãos, vivendo seu compromisso, são como o fermento que vai transformando o
mundo, segundo o plano de Deus (cf. AG 15).
130." Além disso, o batismo é o sacramento pelo qual os homens passam a pertencer ao corpo da Igreja, co-edificados para constituir a habitação de Deus no Espírito" (Ef 2,22), como "povo santo, sacerdócio régio" (1Pd 2,9); é também o "vínculo sacramental da unidade existente entre aqueles que com ele são marcados" (cf. UR 22). Por causa desse efeito imutável, declarado na própria celebração do sacramento na liturgia latina, quando os batizados são ungidos pelo crisma na presença do Povo de Deus, o rito do batismo deve ser tido em alta estima por todos os cristãos, e não pode ser novamente conferido a quem já o tenha recebido validamente das mãos de irmãos separados" (Rito para o Batismo de Crianças, nº 4).
e) A veste branca
f) A vela acesa
133.
"Recebei a luz de Cristo", diz o celebrante. Os pais acendem no Círio
Pascal a vela de cada criança.
134. Temos
aqui o rito da luz e do fogo.
136. Na
Bíblia, Cristo é chamado "luz para iluminar os povos" (Lc 2,32). Uma
estrela brilhante conduz os Magos até o Salvador recém-nascido (Mt 2, 2.10). A
Escritura compara o céu com a luz eterna, e o inferno com as trevas exteriores
(cf. Ap 22,5; Mt 25,30).
137. O
próprio Cristo diz de si mesmo: "Eu sou a luz do mundo" (Jo 8,12) e
dos discípulos: "Vós sois a luz do mundo... Assim brilhe a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras" (Mt 5,14-16). O
Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos sob a forma de fogo (cf. At 2,3).
138. No batismo, Cristo ilumina todos os batizados com sua luz. Diz Pedro: "Cristo vos chamou das trevas para a sua luz admirável" (1Pd 2,9). E são Paulo: "Outrora, éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Andai, pois, como filhos da luz (Ef 5,8).
139. Assim, como a vela tende a difundir em torno de si a sua luz e o seu calor, também o cristão, feito membro de Cristo e da Igreja pelo batismo, deve difundir em torno de si o Reino de Deus. Participa da missão da Igreja: "Os leigos pelo batismo foram incorporados a Cristo, constituídos no Povo de Deus e a seu modo feitos partícipes da missão sacerdotal, profética e real de Cristo, pelo que exercem sua parte na missão de todo o povo cristão, na Igreja e no mundo" (LG 31).
g) "Éfeta"
140. O rito do Éfeta, em que o celebrante toca os ouvidos e os lábios do batizando, recorda os gestos salvíficos de Jesus, libertando as vítimas da surdez e da mudez, que, além de seu valor próprio, remetiam para uma realidade mais profunda: a libertação da surdez e da mudez espirituais. Pede-se que o Senhor Jesus, que libertou a tantos (cf. Mt 11,4-5), abra os ouvidos do batizando para a Palavra de Deus e sua boca para a proclamação da fé. A audição da Palavra de Deus, na fé e na caridade, deve tender à sua proclamação, pela palavra, pela vida e pela celebração.
Rito final
a) Oração do Senhor
b) Bênção
143. Pelas bênçãos, agradece-se a Deus pelos bens que ele nos dá e pede-se que não venha a faltar o conjunto de bens necessários à vida do novo cristão em tudo dependente de sua família — de modo especial da mãe e do pai — e da comunidade maior. A vida humana acha-se envolvida pela vida divina que a cria, sustenta, enriquece e plenifica. O Deus que nos quer bem, em sua bondade, não nos pode deixar sem os bens necessários à nossa bem-aventurança.
II - PARTE
SUGESTÕES PARA A PREPARAÇÃO
DO BATISMO
145. Para se
tender a uma celebração ideal do batismo, o presente documento poderá ser de
real ajuda. Mas requer-se também a contribuição de outros setores da pastoral,
orientada como um todo orgânico, tais como a ação missionária, a catequese, a
pregação, a criação e o desenvolvimento de verdadeiras comunidades eclesiais de
base, a diversificação dos ministérios etc.
146. Além disso, é indispensável que todos os ministros hierárquicos de uma região adotem os mesmos padrões de preparação e celebração do batismo. A fuga de fiéis para outros lugares, onde o batismo se celebra sem exigências, é ruptura da unidade e sinal de uma pastoral que não educa o povo.
Preparação remota para o batismo
147.
Aplicam-se à preparação remota do batismo todos aqueles elementos que se
afiguram de grande importância para a renovação da vida eclesial, dentro de uma
pastoral orgânica e global: a luz do Concílio Vaticano II e da IIIª Conferência
Geral do Episcopado Latino-Americano em Puebla: o relacionamento pessoal sobre
o qual se deve construir todo o trabalho de evangelização; a necessidade de
fazer da recepção, às vezes mecânica e passiva, dos sacramentos, uma autêntica
celebração da fé; a formação de verdadeiros centros de comunhão e participação
nas "igrejas domésticas", comunidades eclesiais de base, coordenadas
e animadas a nível paroquial e diocesano; uma participação mais qualificada e
diversificada dos leigos na Igreja e no mundo.
148. Todos os meios aptos ao alcance devem ser utilizados na educação dos fiéis para a vivência eclesial-comunitária, cuja origem e fundamento encontra-se no sacramento do batismo, de tal forma que a Igreja possa ser, cada vez mais e melhor, sinal e instrumento de comunhão, de participação e de libertação integral.
Preparação próxima para o batismo
149. Todo o
esforço do conjunto da pastoral resulta necessariamente numa preparação da
celebração do batismo. Mas é necessária também uma preparação específica para
este sacramento.
150. No caso
de batizandos adultos, o "Rito da Iniciação Cristã dos Adultos"
apresenta todo um roteiro de formação. Tratando-se de crianças, a preparação
é feita sobretudo com os pais e os padrinhos. É importante, todavia, motivar
também a participação dos outros membros da família e da comunidade eclesial de
base em que a família esteja inserida.
151. Segundo
o ensino e a prática autêntica da Igreja, é função dos pais e padrinhos assumir
a educação cristã da criança, batizada antes do uso da razão. Durante a
preparação, devem tomar consciência clara desta responsabilidade.
152. Na
realidade, os principais educadores cristãos da criança serão normalmente os
pais, e mais raramente os padrinhos. É, pois, com os pais que se deve ter
especial atenção durante a preparação para o batismo. O Ritual sublinha esta
responsabilidade primeira dos pais, preferindo que a mãe ou pai segure a
criança no momento de derramar a água (Rito, nº 60).
153. Uma
equipe de agentes de pastoral, quando bem formada, será de inestimável proveito
na preparação do batismo. Esta equipe representa a comunidade no empenho de
levar novos membros à fonte batismal: valoriza o leigo na Igreja; reparte as
responsabilidades com o sacerdote; muitas vezes, atinge melhor a família dos
batizandos que o próprio padre. O conteúdo da preparação, dentro do amplo tema
do batismo, inclua o compromisso do cristão com a Igreja e com o próximo, numa
autêntica vida comunitária.
154. Quanto
ao modo de preparação, é preciso insistir que ela seja mais vivencial e
educativa do que intelectual e instrutiva. Não se deveria falar em cursos, mas
em reuniões ou encontros de preparação, nos quais haja reflexão, diálogo,
oração e alguma celebração. Muito recomendáveis são as visitas às famílias dos
batizandos, com o fim de integrá-las melhor à comunidade eclesial por laços de
verdadeira amizade e de fé.
155. Onde for necessário, faça-se uma preparação mais longa dos pais (cf. Ritual para o Batismo de Crianças. Observações Preliminares, nº 25). Ao lado da preparação, serão ajudados a crescer na vida cristã, e a criar, assim, um ambiente familiar propício ao desenvolvimento da graça batismal de seus filhos.
Preparação e rito em etapas
156.
A preparação em etapas, com ritos, é o procedimento normal no batismo de
adultos.
157.
No batismo de crianças, esta modalidade serve a mais de um objetivo: preparar
melhor os pais para o cumprimento de sua importante missão; aproximar da
comunidade eclesial todas as famílias, especialmente as mais afastadas, a fim
de conhecer mais exatamente suas condições de vida.
158.
Recomenda-se esta modalidade de preparação, integrando palestras, orações e
ritos, inclusive para os casos normais de pais já preparados.
159.
Tratando-se de famílias afastadas da convivência eclesial, o período de
preparação deve estender-se por um espaço de tempo maior. Neste caso,
sobretudo, é muito eficaz a associação de palestras com orações e ritos
adaptados ao nível de consciência eclesial dos participantes.
160. Cabe ao
ministro ou responsável pelo catecumenato batismal adaptar as etapas a cada
família.
161. Damos alguns exemplos de ritos que poderiam ser associados a palestras durante a preparação ao batismo. A forma e o número de sua utilização ficam a cargo dos agentes pastorais. Não serão viáveis em toda parte. Principalmente, é preciso averiguar as reais possibilidades das famílias dos batizandos e dos agentes de pastoral.
a) Inscrição do nome
162. Nesta etapa, os filhos são apresentados à comunidade, dentro da celebração da missa ou do culto, após a homilia e antes da oração dos fiéis. Cada família entrega a ficha completa de seu filho, para a futura inscrição no livro de batizados. Esta ficha deve concordar com os dados do registro civil. Estabelece-se um diálogo com os pais sobre o valor da iniciativa que estão tomando de pedir o batismo para seus filhos e as responsabilidades daí decorrentes. Recebe-se a promessa dos pais de prepararem-se devidamente para o batismo dos filhos. Eventualmente, dá-se uma bênção especial para os pais e os filhos, no fim da celebração.
b) Reuniões comunitárias ou visitas domiciliares
163. Na casa
dos pais ou na igreja, faz-se uma leitura bíblica relacionada com o batismo,
conversa-se sobre o sentido da Palavra de Deus em nossa vida, alertando os pais
para a responsabilidade que têm de transmitir o Evangelho aos filhos, pela
palavra, mas, sobretudo, pela vida.
164. Pede-se realizar o rito do "Éfeta", segundo o Ritual do Batismo de Adultos (nº 83) e o rito da imposição do sinal da cruz, segundo o Ritual do Batismo de Crianças (nº 41). Como sinal do compromisso dos pais em preparar-se convenientemente para o batismo dos filhos, eles poderiam dirigir-se à estante da leitura e beijar a Bíblia.
c) Entregas
III PARTE
1. Observações prévias
a) O batismo como entrada na Igreja e na comunidade
166. Na
celebração do batismo, é importantíssimo realçar que este sacramento é a porta
de entrada para a Igreja, Povo de Deus e Corpo de Cristo. Ora, a Igreja não
subsiste em forma de indivíduos avulsos, mas se organiza em comunidades locais,
maiores e menores, como as dioceses, paróquias, comunidades eclesiais de base e
famílias. Os batizandos devem, pois, normalmente receber o batismo na sua
própria comunidade, e não fora dela, por exemplo, em algum santuário ou
maternidade ou noutra paróquia.
167. O Rito atual do batismo de crianças exprime apenas vagamente a entrada do batizando na Igreja. Como se poderia tornar mais explícito este aspecto fundamental do batismo?
Aqui vão algumas sugestões:
168. • Por
princípio, batizar as crianças em suas próprias comunidades locais.
169. •
Normalmente, devem estar presentes os pais (pai e mãe) das crianças, pois terão
parte saliente na celebração e assumirão compromissos especiais.
170.
Onde for viável, celebre-se o batismo, ao menos de vez em quando, em uma missa
dominical, em que se faz a aspersão da água, conforme o Missal prevê (cf. Rito
para Batismo de Crianças, nº 29).
171. • Os
pais em cerimônia própria podem apresentar seus filhos à comunidade, durante
uma missa dominical, depois da homilia e antes da oração dos fiéis. Nesta
ocasião, pode-se fazer a inscrição prévia e a cerimônia do diálogo inicial
sobre o nome.
172. • Os
pais e padrinhos sejam acolhidos cordialmente à porta da igreja e tomem parte
na procissão de entrada.
173. • Dê-se preferência à celebração do batismo simultâneo de várias crianças.
174. • Sempre
que possível, nas saudações, nas exortações e orações, mencione-se claramente o
nome da comunidade em que se realiza a celebração.
175. • À
entrada da igreja poderiam ser colocados cartazes murais representando uma
família, um povo em marcha, uma comunidade reunida. Retratos do Papa e do Bispo
diocesano mostrariam a unidade da comunidade local com a Igreja particular e
com a Igreja universal.
176. • Para mostrar que o batismo é o primeiro passo para a vida sacramental, pode-se levar uma das crianças até o altar, explicando o sentido deste gesto.
b) Promover a participação segundo a índole do nosso povo
177. Sendo
que a maioria dos nossos fiéis pertence às camadas populares, é imprescindível,
na celebração do batismo, como, de resto, em toda a pastoral, respeitar à sua maneira própria de ser e de expressar-se.
178. O homem
do povo é, em primeiro lugar, o homem do "agir" e do
"fazer". Prefere gestos e símbolos às muitas palavras. Convém, pois,
na celebração litúrgica, dar-lhe muitas ocasiões de participar por meio de
gestos e atitudes corporais.
Para tanto, sugerimos o seguinte:
179. •
Valorizar as procissões durante o desenrolar da cerimônia: da porta de entrada
no centro da igreja, na passagem dos Ritos Iniciais para a Liturgia da Palavra;
do centro da igreja para os bancos em frente do presbitério, durante a primeira
parte da Liturgia Sacramental: daí à fonte batismal, no momento do batismo, e,
por último, ao altar, formando um círculo em redor dele.
180. •
Dramatizar as leituras bíblicas, propiciando a participação de vários leitores.
181. • Fazer
com que os pais e padrinhos acendam juntos a vela no Círio Pascal e a segurem
juntos, em seguida.
182. • Dar
tempo suficiente para que os pais e padrinhos marquem, com o sinal da cruz, a
testa de seus filhos e afilhados; valorizar gestos como as unções, o acender a
vela no Círio Pascal, o colocar a veste branca.
183. • O
homem do povo exprime-se de modo concreto, contando fatos reais, sem longos
raciocínios abstratos. Por isso, na homilia, nas preces e nos comentários dos
ritos, mas, especialmente, durante toda a preparação, é muito importante
mencionar fatos concretos, solicitar breves depoimentos e apresentar exemplos
tirados da vida do povo.
184. É sabido que o povo alimenta um forte sentimento de solidariedade, que traduz em mil gestos de apoio mútuo. Esta qualidade pode ser enriquecida sob o impulso da caridade cristã e do espírito comunitário-eclesial. Acentue-se, pois, na celebração do batismo, a dimensão comunitária deste sacramento, conforme se explicou acima.
São meios aptos para isso:
185. • A
escolha de padrinhos que se destaquem pela participação na vida comunitária e
na solução de problemas comuns.
186 .• A participação da família dos batizandos na celebração do batismo das crianças.
187.• A
celebração do batismo na comunidade eclesial de base, onde os laços de comunhão
são mais fortes, ou, pelo menos, a presença de representantes das várias
comunidades do batismo celebrado na sede da Paróquia.
188. • A
acolhida dos batizandos à porta da igreja pelo pároco e pela equipe responsável
pelo batismo, tanto na fase preparatória como durante a celebração.
189. Toda complexidade e multiplicidade de ritos e palavras causa confusão na mente do povo. Evitem-se, portanto, os longos monólogos do celebrante, o acúmulo de ritos, a linguagem e o vocabulário alheios ao falar comum do nosso povo. Um animador ou comentarista pode ser de muito proveito na explicação e introdução dos ritos. Deve-se preferir o tom pessoal e informal, que comunica mais, ao linguajar literário e artificial.
c) Cantos apropriados
190. O uso de
cantos apropriados facilita e aumenta a participação do povo na liturgia.
Apropriados são os cantos litúrgicos que exprimem louvor, súplica, ação de
graças. Mensagens evangélicas, conteúdos catequéticos, pequenos conteúdos
doutrinários podem ser muito bem transmitidos através do canto.
191.
Instrumentos musicais poderão animar o canto.
192. O Ritual do Batismo permite, por exemplo, cantar um canto alegre de entrada, um canto de meditação após a leitura, um canto de agradecimento a Deus pela água, um ato de fé, uma aclamação após o batismo, um canto de agradecimento, e um hino à Virgem Maria, entre outros.
d) Clima de alegria
193. O
batismo é morte e ressurreição com Cristo. Por conseguinte, o clima geral de
toda a celebração deve ser de alegria, festa, ressurreição, esperança, e não de
tristeza, apatia, pressa, formalidade.
194. No
momento de derramar a água, ou logo após a celebração, um alegre toque do sino
traduz, em algumas comunidades, o júbilo pelo renascimento de mais um filho. Um
cântico apropriado também ajudará o clima de alegria. Em alguns lugares,
soltam-se foguetes.
195.
Concluída a cerimônia, dê-se o abraço da paz e, onde for costume, a comunidade
presente felicita a família do batizado.
196. Algumas comunidades celebram a alegria do batismo, realizando uma festinha comunitária nos dias de batizados. Deve-se ao menos lembrar ao povo o significado das festividades que já se fazem, tradicionalmente, em seus lares, por ocasião de um batizado.
e) Ministros do batismo
197. "Os
Bispos, os presbíteros e os diáconos são os ministros ordinários do batismo. Em
cada celebração desse sacramento, lembrem-se de que operam na Igreja em nome de
Cristo e pela força do Espírito Santo. Por conseguinte, sejam cuidadosos na
administração da Palavra de Deus e na celebração do mistério. Que evitem a todo custo qualquer censura
razoável dos fiéis por acepção de pessoas" (cf. SC 32; GS 29) (A
Iniciação Cristã — Observações Preliminares Gerais, nº 11).
198. É,
porém, muitas vezes aconselhável, dada a nossa realidade pastoral, que nas
paróquias, com muitas comunidades ou nos grandes centros divididos em setores
ou áreas de evangelização, sejam formados ministros leigos do batismo, que
disponham de tempo para preparar e realizar o batismo. Uma Igreja,
verdadeiramente Povo de Deus, incentiva seus membros a que assumam tarefas
diversificadas.
199. Os
ministros sejam aceitos e indicados pela comunidade e por seu pároco e instituídos
pelo bispo.
201. Evite-se
o perigo de clericalizar os leigos e se instruam os fiéis sobre a plena
validade do batismo celebrado pelos ministros leigos, nas condições previstas
pelo direito.
202. Em vista desta situação, "todos os leigos, uma vez que são considerados membros de um povo sacerdotal (...), procurem aprender, conforme sua possibilidade, a maneira correta de batizar em caso de necessidade" (cf. Rito para Batismo de Crianças, nº 17).
f) A equipe de celebração
204. Tal distribuição de tarefas valoriza as pessoas, desperta o interesse e a participação e tem fundamento teológico na diversidade de ministérios com que a Igreja é enriquecida (cf. SC 14,26 e 28).
2. Os ritos do batismo
a) Ritos iniciais
205. RECEPÇÃO
— Os pais e padrinhos podem aguardar, junto à entrada da igreja, a chegada do
celebrante com a equipe do batismo.
206. CANTO DE
ENTRADA — Pode-se também organizar uma procissão de entrada dos pais, dos
padrinhos e das crianças, enquanto se entoa um alegre canto de batismo ou de
convite à reunião da comunidade.
O celebrante
e seus ministros recebem o grupo no interior da igreja. Se o número de
batizados for grande, não permitindo a procissão, haja sempre um bom
acolhimento. A procissão poderá ser feita com apenas a família de um batizando,
representando as demais.
207. SAUDAÇÃO
— O celebrante saúda os pais e os padrinhos com um aperto de mão, quando
possível, e com palavras amigas. Depois, incentiva a todos os presentes com
palavras como estas: "Sejam bem-vindos. A comunidade estava ansiosa por
recebê-los. Vocês se prepararam seriamente...".
208. DIÁLOGO
— Segue o diálogo sobre o nome da criança, o pedido do batismo e advertência
sobre o compromisso que pais e padrinhos vão assumir. De preferência, tudo se
faça em forma de diálogo direto e simples, usando a terceira pessoa, com
expressões como estas: "Que nome deram para a criança", "qual o
nome da criança?", "como se chama a criança?", e a seguir:
"O que vieram pedir à Igreja de Deus para seu filho?", "por que
vieram à casa de Deus hoje?". Em algumas regiões do Brasil, a forma usual
de tratamento é a segunda pessoa.
209. SINAL DA
CRUZ — Encerram-se os ritos iniciais, traçando o sinal da cruz sobre a fronte
de cada criança. O gesto de traçar a cruz sobre a fronte deve ser feito pelo
celebrante, pelos pais e pelos padrinhos. O mesmo se presta admiravelmente a
uma pequena catequese sobre a redenção e pertença a Cristo.
210. Se os ritos iniciais foram realizados à entrada da igreja, faz-se, neste momento, uma procissão até o centro da igreja.
b) Liturgia da Palavra
211.
IMPORTÂNCIA DA LITURGIA DA PALAVRA — Uma forma de realçar a importância da
palavra seria trazer processionalmente a Bíblia até o centro da igreja, dando
uma brevíssima explicação deste rito.
212. Onde for
possível, convém que um dos pais faça uma das leituras. No fim, para melhor
exprimir sua adesão e compromisso, os pais beijam a Bíblia ou realizam outro
gesto adequado.
213. Se o
batismo for celebrado numa missa dominical, convém que se leia o Evangelho do
domingo, para acompanhar a liturgia dominical, escolhendo-se um texto batismal
para a primeira ou segunda leitura.
214. As
leituras sejam ordinariamente introduzidas com breves palavras, aptas a prender
a atenção dos ouvintes e a facilitar a compreensão do texto.
216. Nunca se
omita a proclamação do texto bíblico, embora possa, a seguir, ser recontado ou
parafraseado por um ou mais dos presentes.
217. Além das
versões da Bíblia já admitidas para a liturgia, pode-se usar qualquer outra
versão aprovada por autoridade eclesiástica e que seja mais adequada à cultura
e linguagem dos ouvintes.
218. HOMILIA
— Na homilia, seria interessante oferecer a todos (pais, padrinhos e equipe de
batismo) a possibilidade de dar testemunhos sobre a preparação que se faz e de
participar na reflexão sobre o texto sagrado.
219. Não se
deixe de apontar também os deveres da comunidade inteira para com os
recém-batizados.
220. Depois
da homilia — que convém seja breve — o Ritual sugere uma oração em silêncio.
Este silêncio talvez seja mais proveitoso durante ou após a ladainha.
221. ORAÇÃO
DOS FIÉIS E LADAINHA — A ladainha, enriquecida pela invocação dos santos
padroeiros das crianças e da comunidade local, lembra que formamos uma só
Igreja com os santos. A ladainha poderá ser cantada.
222. CONCLUSÃO DA LITURGIA DA PALAVRA — Apesar de termos, na XI Assembleia Geral da CNBB em 1970, permitido a omissão da unção pré-batismal no caso de serem muito numerosos os batizandos, esta permissão deve ser interpretada restritivamente, de modo que não se perca, pelo desuso, a riqueza de conteúdo deste gesto. A unção pré-batismal é muito apreciada pelo povo. É sinal da força de Cristo penetrando na criança. O comentador, como em outros momentos da celebração, poderá intervir, esclarecendo os presentes sobre o significado deste gesto, aliás, muito diferente da unção pós-batismal.
223. Terminada a Liturgia da Palavra, todos ou, pelo menos, o celebrante, os pais, os padrinhos e as crianças, dirigem-se ao local do batismo, normalmente situado no presbitério.
c) Liturgia sacramental
224. BÊNÇÃO
DA ÁGUA — Por este rito, agradece-se a Deus pelo dom da água e invoca-se a
força do Espírito Santo. Como participação de todos na invocação do Espírito
Santo, poderia haver orações espontâneas ou um canto, como "A nós descei,
divina luz".
226.
PROMESSAS BATISMAIS: RENÚNCIA E PROFISSÃO DE FÉ — A exortação que se faz aos
pais e padrinhos, antes de receber deles a renovação das promessas batismais,
deve deixar claro o empenho dos pais e padrinhos em viver o próprio batismo, de
modo que sejam capazes de educar cristãmente seus filhos e afilhados.
A renovação
das promessas batismais é ocasião de os pais e padrinhos e de toda a comunidade
reassumirem conscientemente a graça de seu batismo e o compromisso de vivê-la.
227. RENÚNCIA
— Em lugar da palavra "renunciar", pode-se usar outra expressão, como
"lutar contra", "desistir de", "não querer nada
com", "combater".
228.
Conserve-se a palavra "demônio". É muito concreta e popular, ainda
que seja necessário esclarecer a fé do nosso povo a respeito.
229. Na
renúncia, é útil mencionar, como recomenda o próprio Ritual, alguns pecados que
mais ocorram na comunidade. Os próprios pais e padrinhos, durante a preparação
para o batismo, podem sugerir quais sejam estes pecados. As renúncias ou
promessas que as manifestam poderão, pois, ser de várias formas, além das
previstas no Ritual.
230. PROFISSÃO DE FÉ — Convém, conforme as circunstâncias, acrescentar aos textos da profissão de fé, para torná-los mais acessíveis ao nosso povo, o que segue:
—Vocês
acreditam em Deus, Pai, que fez tudo o que existe, que nos ama e deseja a
felicidade de todos os seus filhos?
—Acreditamos.
— Vocês
acreditam em Jesus Cristo, Deus Filho, que se fez homem como nós, nasceu da
Virgem Maria, sofreu e morreu para nos salvar, foi sepultado, ressuscitou dos
mortos e subiu ao céu?
—Acreditamos.
—Vocês
acreditam em Deus, Espírito Santo, que mora em cada um de nós e dirige
invisivelmente a Igreja?
—Acreditamos.
—Vocês
acreditam na Igreja Católica, pela qual cada um de nós é responsável?
—
Acreditamos.
—Vocês
acreditam que nós, aqui na terra, vivemos uns dependendo dos outros e em união
com os que já estão junto com Deus?
—Acreditamos.
—Vocês
acreditam que Deus perdoa os pecados, quando nos arrependemos e nos
confessamos?
— Acreditamos.
—Vocês
acreditam que os mortos vão ressuscitar com Jesus e que os bons vão entrar na
vida eterna?
—
Acreditamos.
— Vocês
acreditam que Jesus está presente na Eucaristia como nossa oferta a Deus e
nosso alimento?
—
Acreditamos.
—Vocês
acreditam que o Papa e os Bispos continuam a missão dos Apóstolos e de Pedro,
mantendo a Igreja unida e fiel?
—Acreditamos.
—Vocês
acreditam que a família deve ser uma comunidade de vida e de amor e é a
primeira responsável pela vida cristã de seus membros?
—Acreditamos.
231. A
realização de um gesto concreto, durante a renúncia e a profissão de fé, como
colocar a mão sobre a Bíblia ou sobre a cruz, no caso de os batizandos serem
poucos, ou de manter a mão estendida em direção ao altar ou ao sacrário, no
caso de serem muitos os batizandos, reforçará o sentido deste rito. Pode-se
pronunciar as promessas falando ou cantando.
232. BATISMO
— O celebrante alerta para a importância do momento. O rito da água é o ponto
culminante da liturgia batismal.
234. Sendo
possível, o acólito pode chamar as crianças uma a uma pelo nome ou pelo nome
dos pais para que se aproximem da pia batismal.
235. No
momento do batizado, é preferível que a própria mãe segure a criança, uma vez
que são os pais que pedem o batismo para seus filhos e são os principais
responsáveis por seu crescimento na fé. Os padrinhos devem tocar a criança.
Caso não haja incompreensão do gesto, conforme os costumes locais, o pai também
deve tocar a criança.
237.
Ensine-se ao povo a usar a água benta como recordação do batismo e dos
compromissos batismais nele assumidos. Na missa dominical, use-se de vez em
quando, o rito do "asperges" como lembrança do batismo, início da
celebração.
238. UNÇÃO
COM O CRISMA — Convém lembrar que esta unção é o sinal da verdadeira
consagração a Deus que o batismo realiza, tornando os batizandos participantes
da missão profética, sacerdotal e real de Cristo, o Ungido.
239. Para que
o rito seja mais expressivo, use-se realmente óleo, e não apenas algodão
umedecido com pouquíssimo óleo. O algodão que se usa é para secar o dedo do
celebrante, não para enxugar o lugar da unção.
240. VESTE
BRANCA — A imposição da veste branca oferece algumas dificuldades práticas. Por
isso, ou se procure realizar bem esse rito ou se omita.
241. É bom
lembrar que esse rito será mais significativo se a criança for revestida com a
veste branca neste preciso momento. Contudo, é mais prático que as crianças
estejam vestidas de branco desde o início da celebração. Os pais e os padrinhos
devem ser orientados sobre esse assunto na preparação para o batismo, para que
não comprem enxoval de outra cor para as crianças.
242. Deve ser
abolido o costume de impor à criança um simples lencinho branco ou uma toalha
em lugar da veste verdadeira. As igrejas poderiam ter uma "veste",
aberta nas costas, que se usasse por cima da roupa da criança.
244. Os pais
e padrinhos acendem suas velas no Círio Pascal, exprimindo, assim, o seu
compromisso de manter acesa a chama da fé em si mesmos e na criança.
245.
Oportunamente, pode-se aproveitar algo da liturgia do Sábado Santo, como por
exemplo, levantar o Círio Pascal e cantar: "a luz de Cristo",
enquanto todos respondem: "a Deus damos graças" ou então:
"ilumine-nos, Senhor".
246. Se o
batismo for realizado à noite, podem-se apagar as luzes e deixar que o Círio
Pascal ilumine todo o ambiente.
247.
Recomende-se aos pais que guardem a vela batismal, para que a criança a use por
ocasião da primeira comunhão.
248. EFETA —
Este rito, apesar de ser significativo, no Ritual do Batismo para o Brasil não
é obrigatório.
Ritos finais
249. PROCISSÃO ATÉ O ALTAR — A procissão com canto e velas acesas até o altar significa a comunhão de todos em Cristo, a quem o altar simboliza, e o direito que as crianças batizadas têm de participar do culto cristão, sobretudo da Eucaristia.
250. Os
filhos têm direito à mesa da família. Pode significar também que pertencem à
Comunidade eclesial. Não viverão o cristianismo isoladamente, mas em
comunidade, uma vez que, em Cristo, são filhos do mesmo Pai e irmãos entre si.
252. O
PAI-NOSSO — A exortação exprime a ideia
de que o batismo é a porta para os demais sacramentos e para a vida em
comunidade eclesial. O pai-nosso é um resumo do Evangelho e é a oração que os
cristãos rezam, desde a antiguidade, antes das refeições,
inclusive antes da refeição eucarística. É a oração dos "filhos de
Deus" que se dirigem ao "Pai".
253. Pode-se
rezá-lo com os braços abertos e levantados, numa atitude filial.
254. BÊNÇÃO E DESPEDIDA — Na bênção final, conviria mencionar também os padrinhos, usando para eles uma fórmula como esta:
Deus
todo-poderoso, pelo batismo, tornou-se nosso Pai e nos presenteou com uma
grande família. Que ele abençoe os padrinhos destas crianças, para que ajudando
seus pais e representando o compromisso de toda a comunidade com seus novos
membros, levem seus afilhados a serem dignos de Deus.
255. Para
encerrar a celebração, cante-se um hino de louvor, por exemplo, "O Senhor
fez em mim maravilhas", durante o qual o celebrante poderá aspergir os
participantes com água batismal, a fim de que se recordem de seu batismo e de
seus compromissos batismais.
257.
CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA — A "consagração" a Nossa Senhora, que o
Ritual põe como facultativa, por vezes assume, na mentalidade popular, uma
importância tal que parece ter valor igual ao batismo.
258. Alguns
falam em padrinhos e madrinhas de consagração.
Para se chegar a certo equilíbrio, seguem algumas sugestões:
259.
—Acentuar que a verdadeira consagração a Deus e a Cristo é o batismo.
260. —Usar
uma fórmula apropriada, em que Maria apareça como o modelo de perfeição
consagrada a Deus.
261. —
Realizar a consagração depois de toda a cerimônia do batismo e não logo depois
do pai-nosso.
262. —
Respeitar os costumes da religiosidade popular, deixando, por exemplo, que os
pais levem a criança batizada até o altar de Nossa Senhora, ou, antes da
despedida, rezando todos juntos a ave-maria.
3. Depois da celebração
263.
Sugere-se que sempre se dê à família uma certidão de batismo.
264. Como
recordação do batismo, pode-se entregar à criança ou aos pais um texto com uma
pequena dedicatória, contendo, por exemplo, os pontos mais importantes da
doutrina sobre o batismo e suas consequências para a vida do cristão.
265. Para
incentivar o espírito comunitário, sugere-se que a comunidade promova uma festa
de confraternização depois do batismo.
CONCLUSÃO
267.
Apresentamos com este documento aos pastores das nossas comunidades e seus
agentes de pastoral, de modo especial às equipes que ajudam os pais e padrinhos
na preparação para o batismo de crianças, subsídios teológico-pastorais para a
celebração do primeiro sacramento. O documento será de proveito na medida em
que ele for estudado e aplicado.
Temos certeza de que ele poderá contribuir para uma melhor evangelização da sociedade brasileira, a partir da opção pelos pobres, como o exige o Objetivo Geral da Ação Pastoral no Brasil, em sequência à III Conferência do Episcopado Latino-americano em Puebla.
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O Documento 19 da CNBB está disponível no site da Edições CNBB:
https://www.edicoescnbb.com.br/livros-digitais/batismo-de-criancas-documentos-da-cnbb-19-digital
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