
Oi querida Andréia!
Esses sentimentos todos eu tive no mês de junho: Um bando de adolescentes de 12 anos me pôs pra correr da catequese. Eu me vi sem saber bem como conduzir essa criançada que pensa que é gente grande e age, na maioria das vezes, como crianças birrentas. Pior é que a gente fica mais perdido que eles. E por mais que eu sinta falta das turmas de catequese penso que fiz o certo em parar um pouco.
Porque estava indo para os encontros angustiada e "revoltada", porque nada do que eu fazia parecia agradar a eles. E olha que me considero uma pessoa bem criativa! Enfim, não havia como seguir o planejamento, também não havia como brincar porque se eu brincava a coisa virava uma zorra total. E um belo dia, me vi chorando copiosamente depois de um encontro.
Ah, e vocês não imaginam o que é isso para uma pessoa que se acha "poderosa", admitir meu fracasso e que errei, e errei feio, não foi nada fácil! No entanto, ter saído da catequese me fez enxergar uma série de coisas. Uma delas é que a gente não está pronta nunca e nem vai ficar tão cedo. É preciso reconhecer quando simplesmente “não dá”.
Outra é que estamos fazendo algo que vai totalmente contra o mundo de hoje. Pelo menos o mundo urbanizado das cidades grandes. Acredito que nas pequenas comunidades a coisa ainda tenha jeito. Mas aqui, onde os pais vão a Igreja exclusivamente pelo social e as crianças nunca fizeram uma oração fora da Igreja, é complicado.
Estamos enfim, remando contra a maré. Estamos "aprofundando" a religião para quem nunca se encontrou com Jesus. E estamos "criando" os pais do futuro, que serão mais ausentes ainda do que estes que estão aí.
Estou dizendo que tudo está perdido? Não, claro que não. A gente tem é que dar mais atenção para o que se vem dizendo desde o Concílio vaticano II: Catequese é com adulto, catequese é com adultos. Criança não decide, adulto é quem decide, adulto é quem conduz. O documento Catequese renovada fala isso! E os adultos (pais) estão perdidos! Nem eles sabem o que fazer com os filhos! Como é que a gente vai saber?
Estamos, na verdade, mais que “jogando” pérolas aos porcos; estamos lutando na lama do chiqueiro para por colar de pérolas nos porcos. E quem não concorda comigo me diga se mais de 10% dos seus catequizandos permanece na Igreja depois do sacramento. Se permanecem, meus queridos catequistas, vocês são santos abençoados!
Outro dia perguntei a um padre o que a gente faz quando sente que um catequizando, ao final do período de preparação para o sacramento, que normalmente se traduz em tempo cronológico de anos ou meses, não está preparado para recebê-lo. Se o catecúmeno, como no RICA não teria que ser de fato “Eleito” (considerado preparado) para receber o sacramento? Ele não soube me responder e ensaiou algo como: "Fica difícil depois de uma caminhada, um processo, recusar o sacramento". Ou seja, já está pré-estabelecido que catequese é mero detalhe, o que interessa é o sacramento mesmo.
Então, se está escrito num itinerário que a catequese é de dois anos para a crisma, pouco interessa se ao final disto alguém sabe o que significa o sacramento. E dê-se por feliz se algum dia você encontrar algum ex-catequizando na missa!
Por isso minha amiga, não se sinta mal, não fique envergonhada. E se bater papo for a melhor estratégia, use. Porque dependendo do que você falar, ninguém vai prestar atenção mesmo! E vamos torcer para que as lideranças de nossa Igreja pensem, numa iluminação abençoada do Espírito Santo, que é preciso catequizar a família em primeiro lugar!
Angela Rocha – Londrina PR
*Acompanhe as próximas cartas...
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