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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

ESQUEMA DO ENCONTRO CATEQUÉTICO

Nunca é demais lembrar...

PASSOS METODOLÓGICOS DE UM ENCONTRO CATEQUÉTICO

“A catequese não é uma supérflua introdução na fé, um verniz ou um cursinho de admissão á Igreja. É um processo exigente, um itinerário prolongada de preparação e compreensão vital, de acolhimento dos grandes segredos da fé (mistérios), da vida nova revelada em Cristo Jesus e celebrada na liturgia”. ( DNC, n. 37).


A catequese é um processo, com etapas e programação sistemática, progressiva. Dentro dessa programação teremos muitas ações, uma delas é a realização dos encontros de catequese, que devem ser planejados e preparados, o que não pode ocorrer de última hora.

Vamos entender um pouco do que é necessário para o bom desenvolvimento de um encontro de catequese, ou seja, quais são os passos metodológicos. Mas, antes de usar os passos é necessário observar o “objetivo” daquele encontro: 

OBJETIVOS: o “onde” queremos chegar com aquele tema, o que queremos atingir com aquela proposta, o que queremos “mudar” na vida daquelas pessoas que nos escutam, enfim, parte-se de um ponto para se chegar a algum lugar. 

PASSOS METODOLÓGICOS: 

01 – ACOLHIDA: 

O grupo precisa se sentir esperado, acolhido, apresentado de um para o outro. Sempre podemos realizar um sinal, um gesto ou uma atitude de acolhida. Quando iniciamos um trabalho catequético com um grupo é bom gastar mais tempo para entrosar o grupo, o que pode ser realizado com o uso de dinâmicas. Isso ajuda a criar vínculos com o grupo. 

02 – MOTIVAÇÃO: 

Motivar não é apenas usar dinâmicas ou recursos. Motivar na catequese é dar motivo, razão para estar no encontro e ser parte do grupo de catequese, através de um processo que movimenta e entusiasma, encaminhando cada catequizando para a prontidão no acolhimento da mensagem bíblica.


A motivação deverá ser realizada em vista do objetivo traçado para o encontro. Todos nós sabemos o que queremos ensinar no nosso encontro, logo, precisamos analisar se a dinâmicas ou recursos atendem ao nosso objetivo ou se serão mais uma brincadeira, entre tantas outras que o nosso catequizandos aprende.

Para sabermos se a dinâmica ou recurso cumpriu o seu papel, devemos ouvir os comentários dos catequizandos. Se fizerem referência mais para a técnica do que para o que descobriram com ela, aplicamos apenas uma dinâmica, um recurso. Mas, se os comentários estiverem ligados à técnica e à descoberta de algo novo, interagindo com o conteúdo, aí motivamos e despertamos para a compreensão e aplicação na vida. Serviu, portanto como canal de comunicação, por onde a mensagem irá passar, pois a primeira porta se abriu.

03 – PALAVRA 

A narração do texto bíblico mantém a atenção sobre o fato, pois é sempre agradável ouvir alguém contar uma história. Daí a importância do catequista preparar-se antecipadamente e poder substituir a leitura pela narração ou proclamação da Palavra. 

É sempre bom explorar o texto bíblico proporcionando aos catequizandos o estudo do fato mais de perto, fazendo perguntas, realizando dinâmicas para que a mensagem e a atitude de Jesus e de outras pessoas, favoreça a compreensão de que a Bíblia contextualiza a história do povo de Deus. 

É importante, também, que o catequista associe o texto bíblico as situações do hoje, para que haja por parte do catequizandos a compreensão de que o processo, a caminhada continua. Essa caminhada é decorrente da maturidade e situação histórica do povo. É sempre necessário estabelecer um elo com a realidade dos catequizandos, através de uma adaptação da Palavra de Deus de acordo com aquilo que envolve a comunidade. 

Antes de apresentar o texto bíblico, podemos destacar a Palavra de Deus de diferentes maneiras:

- Passar a bíblia de mão em mão;

- Deixar a Bíblia em um lugar de destaque, para que cada catequizando coloque a mão e faça um pedido;

- Colocar pedras sobre a Bíblia, para propiciar um momento de pedido de perdão, para  que os catequizandos possam se expressar enquanto retiram as pedras;

- Amarrar a Bíblia com cordas para que aos poucos possam ir desamarrando;

- Preparar uma entrada oficial e solene da Bíblia;

- Cantar antes da proclamação. 

Um método que se consolida-se cada vez mais é a Leitura Orante (Lectio Divina), evidentemente, considerando-se a maturidade dos interlocutores. As crianças também podem ser moldadas a ler e ouvir com esse método, bastando que o catequista se preocupe em falar a “linguagem” das crianças.

 

Leitura bíblica – (usando os passos da leitura orante)

a)    Leitura: um, duas vezes para marcar as palavras, mensagens.

O que o texto diz?

- Contexto;

- Personagens, cenas, ações...

b) Meditação: O que o texto me diz?

- Colocar neste passo o tema do encontro – (reflexão de acordo com a leitura bíblica).

c) Oração: O que eu posso responder à mensagem do texto?

     - Orações prontas;

     - Orações espontâneas

d) Contemplação: Como posso descansar na presença de Deus e permitir que Ele transforme minha vida?

 - Reflexão que mais tarde leva à ação;

 - Momentos de silêncio.

 04 – ORAÇÃO (3º e 4º passos da leitura orante) 

É o ponto alto do nosso encontro, é o momento da inter-relação: Deus-catequizandos-catequista. É o momento do silêncio, da explicitação, de nosso louvor, agradecimento e o pedido de ajuda a Deus, para conseguirmos fidelidade, coragem e esperança na caminhada. É neste momento que devemos estar preparados e preparar o grupo para a escuta e o diálogo com Deus, assim teremos percorrido os caminhos de um verdadeiro encontro. Se isso não acontecer poderemos ter ficado nas aulas de catequese, não em verdadeiros encontros de catequese. 

Percebemos que partimos para o encontro catequético analisando algo da própria vida dos catequizandos: motivados por uma situação, um símbolo, um fato, apresentamos a Palavra de Deus (texto bíblico) que nos mostrará uma proposta em relação a nossa realidade e nos dará luzes para a caminhada, abrindo caminho para o momento da oração.

 

Podemos aproveitar as fórmulas (Pai-Nosso, Ave-Maria...), os textos da Bíblia, como as orações espontâneas. O importante é educar para a oração, a fim de que não sejam apenas rezas mecânicas. Devemos educar o catequizando para se colocar diante de Deus de modo espontâneo.


05 – ATIVIDADES (DINÂMICAS): 

Muito mais do que brincadeiras e jogos, as dinâmicas devem ajudar no processo de aprendizagem e vivência dos catequizandos. Elas não são um fim em si mesmas, mas uma ferramenta para se atingir um objetivo. 

As atividades na catequese são um processo de ensino-aprendizagem, por meio dos quais é possível perceber o que foi assimilado pelo catequizando, sobre a mensagem apresentada. Portanto, devem estar a serviço da fé. É importante não ficar preso apenas ao que é escrito ou expresso pelo catequizando. É necessário dar um passo a mais, transformando a atividade em uma ação transformadora, gerando o envolvimento na comunidade. É insuficiente realizar encontros com perspectivas de comunidade e o catequizando não experenciar a prática participativa. 

São muitos os momentos em que podemos propiciar envolvimento dos catequizandos, com ações transformadoras na comunidade: organização de campanhas sociais; missões; encontros de casais; encontros das diversas pastorais; organização da festa do padroeiro (a), etc. 

06 – COMPROMISSO: 

É o momento do agir. Pode ser considerado o 5º passo da leitura orante: levar para a vida o que se aprendeu nas leitura da Palavra. 

É algo que procuramos fazer a partir da nossa realidade individual, daquilo que aprendemos, que descobrimos e queremos melhorar ou mudar. O catequista atua neste momento do encontro como aquele que fornece pistas para despertar as atitudes de vida fraterna na comunidade, no grupo de amigos e vida familiar, usando como referencial o tema trabalhado no encontro. Uma proposta de agir deve partir sempre das condições reais do catequizando, daquilo que é possível realizar. 

É um meio pelo qual o catequizandos toma consciência de que alguma coisa deve ser feita sobre o assunto trabalhado, sentindo-se comprometido com a mensagem e com a mudança, a partir das suas necessidades e de forma espontânea. A proposta do agir na catequese deverá ser um convite para partilhar e servir, saindo de si em busca do encontro com o outro e com Deus. 

07 – AVALIAÇÃO (Feita depois do encontro) 

É o processo de reflexão em torno da tarefa catequética com função construtiva. O que se avalia:

-  Os elementos do processo catequético

 Ação do catequista

-   O desenvolvimento

-  A resposta do catequizando. 

O catequista deve perceber após o encontro se os objetivos traçados foram atingidos. É o momento de rever procedimentos e corrigir os rumos para o próximo encontro. Listar ponto positivos e negativos observados é um bom ponto de partida para a correção de encontros futuros. 

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES: 

É importante destacar que o planejamento não garante que o encontro vai ser um “sucesso”, pois muito dependerá da ação do Espírito Santo, que age no catequistas e nos catequizandos,  mas, o planejamento é uma ferramenta para que a caminhada do grupo possa ser bem trabalhada. 

Cabe salientar, também, que os momentos deste método não são estanques e nem sequências de operações, mas um processo. Neste sentido nosso conceito de método deve ser ampliado deixando de lado concepções de que o método é só uma questão didática de cada encontro catequético, com passos que precisam ser seguidos à risca. 

Este pensar exige uma visão mais global e menos segmentada, portanto se torna necessário que o catequista realize o planejamento do Itinerário Catequético que seu grupo vai percorrer durante um determinado tempo, tendo sempre em mente o fim da caminhada, ou seja, o objetivo. Assim, não se trabalha a soma de elementos transmitidos nos encontros, encontro por encontro, mas o conjunto de ações que vai se realizando e que irão ajudar a chegar ao objetivo. 

ITINERÁRIO: 

O catecismo da Igreja Católica diz que para tornar-se cristão é preciso ser iniciado na fé cristã “por um Itinerário e uma iniciação que passa por várias etapas” (n. 1229). A palavra itinerário, numa simplificação didática, significa mapa do caminho. Precisamos traçar o caminho por onde andar. Neste caso, trata-se do conjunto de elementos que unidos levam aos mesmos objetivos. 

Uma catequese de modelo escolar se preocupa mais com a transmissão de conteúdo, aula após aula. Na catequese, queremos avançar para um itinerário global, ou seja, um plano que inclua elementos de transformação, que não se limite ao encontro de catequese e ao conteúdo do manual. Alguns elementos são fundamentais neste itinerário: 

  • Palavra (o conteúdo da fé);
  • Encontro de catequese;
  • Celebrações (nos encontros e com a comunidade);
  • Envolvimento da família;
  • Ações (que geram a transformação da vida do catequizando, na família, na comunidade e na sociedade). 
Baseado em tudo o que vimos, podemos montar um quadro simplificado dos passos de um encontro catequético:

ESQUEMA DE UM ENCONTRO

 

 

 

 

A

N

T

E

S

Interlocutores

(Catequizandos)

Quem são nossos catequizandos? Idade, etapa, catequese de eucaristia, de crisma...

Duração

Duração do encontro: 1 hora, 1 hr e meia, 2 horas...

Local

Sala de catequese, Templo, casa do catequizando, do catequista... Como vai ser ambientado?

Tema

Conteúdos

Qual será o tema trabalhado no encontro? Qual o conteúdo a ser explorado?

 

Objetivo(s)

 

 

Que objetivo eu quero atingir com o tema proposto?

Material

(Recursos)

Texto, canto, Bíblia, velas, flores, cartaz, etc...

 

 

 

 

 

 

D

U

R

A

N

T

E

 

 

 

Passos

metodológicos

Motivação

Vou usar uma dinâmica? Uma brincadeira? Vou contar uma história? Cantar uma música?

Palavra

Qual a Palavra, texto bíblico que vai fundamentar o tema?

Oração

Como será o momento orante do grupo? Orações espontâneas, fórmulas...

 

Atividades educativas

Que atividades vou trabalhar para assimilar o conteúdo? As atividades não se limitam a exercícios e escritos, podem incentivar ações transformadoras fora do momento do encontro.

 

Atividades

Compromisso

(sócio-transformador)

Que pistas posso dar aos catequizandos para que levem para sua vida o que viram no encontro? Como despertar a consciência de que algo precisa ser feito sobre o assunto e que gere mudanças na vida do catequizando. É um convite para partilhar e servir, ir em busca do outro e de Deus.

D

E

P

O

I

S

 

 

Avaliação

Avaliação do encontro pelo retorno recebido dos interlocutores.

Avaliar se os recursos utilizados atingiram seu objetivo.

Se o conteúdo foi assimilado satisfatoriamente e se são necessárias mudanças de conduta num próximo encontro.


Ângela Rocha
Catequista e formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.

FONTES:


CNBB. Diretório Nacional de Catequese – DNC 157-162. Brasília: Edições CNBB, 2006.

CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. Diretório geral para a Catequese - DGC 84-87; 148-161. São Paulo: Paulinas, 2009.

PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Diretório para a Catequese - DpC. Documento da Igreja 61. Brasília: Edições CNBB, 2020.

MACHADO, Leo Marcelo Plantes. Formação Básica de catequistas, Metodologia Catequética. Editora Arquidiocesana de Curitiba, 2013.

OLENIKI, Marilac L. R., MACHADO, leo Marcelo Plantes. O encontro de catequese. Petrópolis: Vozes, 2005.



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