O texto abaixo é praticamente um "guia" para o catequista falar dos jogos digitais com os adolesentes. Tudo que você precisa saber para não dar nenhum "vacilo". Por que eles vão te "zoar"!
Vários catequistas com quem converso falam do problema que é prender a atenção dos adolescentes na catequese. Competir com os celulares e seus jogos e redes sociais, é uma batalha inglória! Os pais que o digam! Por isso, criei um Roteiro de encontro sobre jogos digitais para ajudar. Mas, antes, é preciso "dar uma conferencia" no texto abaixo. O Roteiro completo você encontra em nossa apostila de "Catequese com adolescentes"
JOGOS DIGITAIS: "VILÕES" E "MOCINHOS"
Falar com adolescentes sobre o perigo do vício em jogos digitais exige uma abordagem sensível e empática, já que muitos deles veem os jogos como uma parte importante de seu lazer e socialização. Não dá simplesmente para "proibir" o celular e falar mal dos jogos, é preciso seguir alguns passos se você quiser fazer um encontro frutuoso.
Aqui estão algumas estratégias para tratar do tema com os adolescentes:
1. Conecte-se com a Realidade Deles: OFEREÇA EMPATIA, comece reconhecendo que os jogos digitais são divertidos, desafiadores e uma forma comum de socializar com amigos. Isso demonstra que você entende o interesse deles. Exemplo prático: Pode ser útil falar sobre jogos populares e os aspectos positivos que eles trazem, como o desenvolvimento de habilidades estratégicas, reflexos e trabalho em equipe. Assim, eles não sentirão que você está demonizando algo que eles gostam.
2. Crie um Espaço para Debate: OUÇA O LADO DELES! Abra espaço para que os adolescentes falem sobre suas próprias experiências com jogos. Pergunte como eles se sentem em relação ao tempo que gastam jogando, e se já perceberam algum efeito negativo. Isso os ajuda a refletir sobre o tema e sentirem que estão sendo ouvidos.
2. Explique O QUE É O VÍCIO: Defina o equilíbrio, explique que o problema não é jogar, mas quando o jogo começa a ocupar mais tempo do que deveria, interferindo em responsabilidades (estudos, vida familiar, compromissos) ou outras atividades importantes. Use uma comparação fácil de entender, como o uso de celular, redes sociais ou até mesmo comida: tudo em excesso pode fazer mal, isso também vale para os jogos digitais.
O gaming disorder, ou vício em jogos eletrônicos, é um transtorno mental reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). É caracterizado por um comportamento obsessivo e persistente, mesmo diante de consequências negativas. Os principais fatores que caracterizam o gaming disorder são: Dificuldade em controlar a frequência e duração do tempo dedicado aos jogos; Priorização do jogo em detrimento de outras atividades diárias, como sono, alimentação, estudo e relacionamentos; Continuidade ou aumento da atividade de jogar, mesmo com consequências negativas.
O gaming disorder pode causar prejuízos pessoais, familiares, sociais, educacionais e ocupacionais. Além disso, o tempo prolongado diante das telas pode prejudicar a saúde dos olhos, levando à "síndrome da visão do computador". A exposição à luz azul das telas antes de dormir também pode afetar o sono e a saúde física.
O tratamento para o gaming disorder pode ser a psicoterapia e/ou psicofármacos, dependendo da necessidade. Para isso, é importante que a pessoa procure uma avaliação com um psicólogo ou psiquiatra.
3. Mostre as CONSEQUÊNCIAS DO VÍCIO: Saúde física e mental, explique que o uso excessivo de jogos pode causar problemas como fadiga, dores musculares, dificuldades de concentração, ansiedade e até depressão. O isolamento social também pode ser uma consequência. Também causa impacto nas relações e desempenho: o vício pode prejudicar as relações com a família e amigos, além de afetar o desempenho escolar e outros aspectos da vida pessoal.
4. Incorpore REFLEXÕES ESPIRITUAIS: Em uma conversa de fé, você pode falar sobre o conceito de “idolatria” de coisas que ocupam um lugar central em nossa vida e afastam nossa atenção de Deus. Utilize passagens como:
- Mateus 6, 21 – "Porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração."
- 1Coríntios 6, 12 – "Todas as coisas me são permitidas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são permitidas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma."
4. EQUILÍBRIO E MODERAÇÃO: fale da importância do autocontrole e da moderação, fazendo um paralelo com o tempo gasto em jogos e como podemos usar nosso tempo de forma mais equilibrada e saudável.
5. Ofereça ALTERNATIVAS SAUDÁVEIS: Sugira outras atividades, incentive-os a explorar hobbies além dos jogos, como esportes, música, leitura, atividades ao ar livre, ou mesmo outras formas de entretenimento online que possam ser mais interativas e saudáveis. Estabelecer limites, dê dicas práticas para controlar o tempo nos jogos, como estabelecer horários específicos para jogar, equilibrando o tempo com os estudos e outras responsabilidades.
6. TESTEMUNHOS e Histórias: Compartilhar testemunhos de pessoas que superaram o vício em jogos pode ser muito eficaz. Se possível, traga histórias de jovens que equilibraram o uso de jogos com outras atividades e viram mudanças positivas.
7. DESAFIOS POSITIVOS: Proponha desafios como passar um dia sem jogos ou tentar limitar o tempo de jogo a uma hora por dia e refletir sobre como isso os fez sentir. Muitas vezes, ao vivenciarem a mudança, eles perceberão que há vida além das telas e podem encontrar outras formas de se divertir.
8. CONHEÇA OS JOGOS QUE OS ADOLESCENTES GOSTAM: Procure se inteirar do que os adolescentes gostam e como são os Jogos, gênero, plataforma e características. Você encontra um artigo a este respeito em nosso blog:
9. Sugira aos PAIS QUE JOGUEM JUNTO COM OSA FILHOS, assim eles poderão fazer mediação e moderação.
Essas abordagens podem ajudar a tornar a conversa sobre vício em jogos mais acessível e eficaz, sem que os adolescentes se sintam atacados ou incompreendidos. O importante é sempre equilibrar o respeito pela realidade deles com a orientação para um uso saudável e consciente dos jogos digitais.
PARA CATEQUISTAS E MONITORES DE GRUPOS
O ambiente da catequese e dos encontros formativos pode ser muito propício para abordar o tema do mundo digital com adolescentes e jovens. Esse é um assunto relevante e próximo à realidade deles, e a catequese pode fornecer uma oportunidade de refletir sobre o uso ético e responsável das tecnologias, alinhando esses temas com os valores cristãos.
A tecnologia da comunicação e as novas mídias dominam o mundo de hoje. A internet não é só mais uma “ferramenta” tecnológica e sim um “mundo” onde muitas pessoas vivem e realizam seus desejos de serem “vistos” e "ouvidos". Obedecendo ao “mandato” de Cristo: Ide e evangelizai, a catequese da Igreja Católica, que convive com milhares de crianças, adolescentes e jovens - “nativos digitais” que vivem e respiram pelas redes sociais – não pode ficar de fora deste “mundo.
Mais do que nunca a Igreja, precisa assumir sua “responsabilidade” com relação a mediação deste espaço, não só na vida de tantos jovens, mas também na “formação” de seus agentes de pastoral.
Encontramos hoje na internet inúmeros sites, blogs e grupo de discussão nas redes sociais que estão fomentando esta “formação” ao catequista, não só com relação a metodologia catequética como também na utilização das diversas mídias. São na maioria leigos que estão assumindo a sua responsabilidade em fazer da rede um espaço de conversão, não só no aspecto religioso, mas, também nas atitudes com relação ao outro.
Os conselhos que mencionei, sobre falar com adolescentes sobre o vício em jogos digitais, foram baseados em princípios gerais de psicologia, educação e catequese, mas não foram retirados diretamente de obras específicas de autores. Eles são uma combinação de abordagens práticas e espirituais comumente usadas para tratar o tema com jovens, especialmente no contexto de formação religiosa. As passagens bíblicas que citei são da Bíblia Sagrada versão digital, e os versículos são amplamente utilizados em contextos cristãos para reflexões sobre temas como equilíbrio, moderação e sabedoria.
Aqui estão algumas abordagens que podem ser úteis:
1. Conectar o mundo digital com a vida de fé: Falar sobre como a tecnologia pode ser usada para fortalecer a espiritualidade, como acessar conteúdos edificantes, participar de grupos de oração online, ou mesmo utilizar redes sociais para compartilhar a fé.
2. Ética digital: Abordar questões como respeito, responsabilidade e empatia no uso das redes sociais e da internet, destacando a importância de sermos testemunhas de Cristo também no ambiente virtual.
3. Tempo e equilíbrio: Discutir sobre o uso equilibrado do tempo online, evitando a distração e o isolamento, e incentivando momentos de silêncio, oração e desconexão para se aproximar de Deus.
4. Segurança online: Falar sobre os cuidados necessários na navegação na internet, especialmente em relação à privacidade e exposição a conteúdos inadequados.
Trazer essas reflexões para o ambiente de catequese e formação pode não apenas promover o crescimento pessoal e espiritual dos jovens, mas também ajudá-los a enfrentar os desafios do mundo digital com sabedoria e discernimento.
Se você estiver buscando mais aprofundamento no assunto do vício em jogos, autores da área de psicologia e educação podem ser de grande ajuda.
1. Livros sobre Psicologia de Adolescentes e Dependência Digital:
Esses livros oferecem tanto uma visão acadêmica quanto orientações práticas sobre como entender e lidar com o impacto da tecnologia na vida dos adolescentes. Eles podem ser úteis para quem trabalha diretamente com jovens ou pais que buscam orientação.
- A criança digital: Ensinando seu filho a encontrar equilíbrio no mundo virtual. (Gary Chapman, 2019). Este livro aborda o impacto da tecnologia na educação e formação das crianças e adolescentes, com foco nos cuidados e limites que os pais e educadores devem adotar para lidar com o uso excessivo de telas.
- O Adolescente e a Internet: Laços e Embaraços no Mundo Virtual (Claudia Prioste, 2021). O livro explora os desafios que os adolescentes enfrentam no mundo digital e como isso afeta seu comportamento, incluindo a dependência de jogos, redes sociais e a forma como constroem suas identidades na internet.
- Como Lidar com a Dependência Tecnológica: Guia Prático Para Pacientes, Familiares e Educadores (Cristiano Nabuco de Abreu et al, 2020). Cristiano Nabuco, psicólogo brasileiro especialista no tema, discute os sinais de dependência digital, especialmente em adolescentes, e as formas de tratamento. O autor é uma referência no Brasil quando se fala sobre o impacto do uso abusivo de tecnologia.
- Bullying e Cyberbullying - o que Fazemos com o que Fazem Conosco? (Maria Tereza Maldonado, 2014). Quais as fronteiras entre brincadeira, agressão e perseguição implacável? A autora mostra como educadores, pais, crianças e adolescentes podem desenvolver estratégias para melhorar a comunicação e o uso saudável de dispositivos, prevenindo as ações de bullying e cyberbullying.
Adolescentes, Jogos Eletrônicos e Gaming Disorder. Departamento de Medicina do Adolescente (gestão 2022-2024) - Sociedade Brasileira de Pediatria. https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23988c-DC-Adolesc_JogosEletr_e_GamingDisorder.pdf
2. Sites de Catequese e Formação Cristã:
- Blogs como "Catequistas em Formação" e outras plataformas católicas frequentemente publicam artigos sobre o uso da tecnologia e o comportamento dos jovens no contexto da fé. Você pode encontrar orientações e reflexões sobre o tema do vício em jogos digitais. Acesse os link:
- https://www.catequistasemformacao.com/2015/08/infinita-highway.html . Infinita highway.
- https://www.catequistasemformacao.com/2016/08/os-games-no-universo-dos-jovens-e.html . Os games no universo dos jovens e adolescentes.
- https://www.catequistasemformacao.com/2017/11/encontro-pascom-da-diocese-de-sao-jose.html A catequese e o mundo digital.
3. Documentos da Igreja:
- Diretório para a Catequese (2020), publicado pelo Vaticano discute a educação e formação de jovens no contexto atual, incluindo o uso da mídia e tecnologia. Pode oferecer uma visão mais direcionada para o contexto catequético.
- Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, documento 99 da CNBB (2014). Um dos capítulos do documento aborda a evangelização na cultura digital e dá como um das pistas, motivar o aproveitamento dos recursos e linguagens das mídias digitais na catequese, despertando maior interesse nos catequizandos imersos nesses meios (Cap. VII).
4. Artigos acadêmicos:
- Impacto da era digital na saúde mental dos jovens. (SILVA, Andréia Cristina Lopes da; SOUZA, Ítala Vanessa França de; SANTOS, Roberta Kelly Silva dos. Recife, 2023). Este artigo discute a relação entre o uso de tecnologias digitais e a saúde mental dos adolescentes, abordando tanto os benefícios quanto os riscos.
- Os riscos das redes sociais para adolescentes e a importância de sua abordagem na educação. (MONTEIRO, Simone de Sousa; BRAGA, Bruna Patrícia da Silva. Congresso internacional de tecnologia na educação, Recife, 2023). Este artigo analisa como as redes sociais impactam a vida dos adolescentes, destacando questões como autoestima, socialização e riscos de dependência.
- Impactos do uso das redes sociais virtuais na saúde mental dos adolescentes. (In Revista Educação, Psicologia e Interfaces, Volume 3, Número 3, 2019). Este artigo aborda como a dependência da internet pode afetar o desenvolvimento social e emocional dos adolescentes, além de apresentar estratégias de intervenção.
5. Plataformas Online: Você pode fazer uma pesquisa usando as plataformas online, como:
- Google Scholar (scholar.google.com): Uma excelente ferramenta para encontrar artigos acadêmicos. Você pode usar palavras-chave como "dependência digital", "adolescentes e tecnologia", "saúde mental e tecnologia", entre outros, para encontrar artigos relevantes.
SciELO (www.scielo.org): Biblioteca eletrônica que oferece acesso a artigos científicos de diversas áreas, incluindo psicologia. Pesquise por termos relacionados à dependência digital e adolescentes.
Sugestões de Busca: Tente buscar por combinações de termos como "dependência de jogos digitais", "adolescentes e internet", "impacto psicológico da tecnologia", e "comportamento adolescente em ambientes digitais" para encontrar artigos específicos. Esses recursos devem ajudá-lo a encontrar uma variedade de artigos sobre o tema, tanto em contextos acadêmicos quanto práticos.
Ângela Rocha – Catequista Formadora
Graduada em Teologia pela PUCPR.
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CATEQUESE DE PERSERANÇA: ENCONTROS PARA ADOLESCENTES
Capa:
Maria Paula Rocha (Imagem: Grupo de D&D. gerada por IA)
Em um universo mágico, Nárnia, criada por C.S. Lewis, a Terra Média, de J.R.R. Tolkien, Hogwarts, e D&D, desenvolvido por Gary Gygax e Dave Arneson; não são apenas cenários de aventura, mas também locais onde a irmandade e a religiosidade se manifestam. Em Nárnia, a luta pelo bem é guiada por valores profundos de lealdade e sacrifício. Na Terra Média, a união entre diferentes raças reflete a importância da solidariedade. Em Hogwarts, a magia é mais poderosa quando compartilhada, enquanto em D&D, a cooperação entre os personagens revela a força da amizade. Juntos, esses mundos celebram a conexão espiritual que une todos em busca de um propósito maior. (ROCHA, M.P).
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Sumário da apostila de Perseverança:
SUMÁRIO DA APOSTILA DE ROTEIROS:
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