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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Catequese do Papa Francisco: Povo de Deus


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje gostaria de concentrar-me brevemente sobre um dos termos com o qual o Concílio Vaticano II definiu a Igreja, aquele do “Povo de Deus” (cfr. Const. Dog. Lumen Gentium, 9; Catecismo da Igreja Católica, 782). E o faço com algumas perguntas, sobre as quais cada um poderá refletir.
1. O que significa dizer ser “Povo de Deus”? Antes de tudo quer dizer que Deus não pertence propriamente a algum povo; porque Ele nos chama, convoca-nos, convida-nos a fazer parte do seu povo, e este convite é dirigido a todos, sem distinção, porque a misericórdia de Deus “quer a salvação para todos” (1 Tm 2, 4). Jesus não diz aos Apóstolos e a nós para formarmos um grupo exclusivo, um grupo de elite. Jesus diz: ide e fazei discípulos todos os povos (cfr Mt 28, 19). São Paulo afirma que no povo de Deus, na Igreja, “não há judeu nem grego… pois todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gal 3, 28). Gostaria de dizer também a quem se sente distante de Deus e da Igreja, a quem está temeroso ou indiferente, a quem pensa não poder mais mudar: o Senhor chama também você a fazer parte do seu povo e o faz com grande respeito e amor! Ele nos convida a fazer parte deste povo, povo de Deus.
2. Como tornar-se membros deste povo? Não é através do nascimento físico, mas através de um novo nascimento. No Evangelho, Jesus diz a Nicodemos que é preciso nascer do alto, da água e do Espírito para entrar no Reino de Deus (cfr Jo 3, 3-5). É através do Batismo que nós somos introduzidos neste povo, através da fé em Cristo, dom de Deus que deve ser alimentado e crescer em toda a nossa vida. Perguntamo-nos: como faço crescer a fé que recebi no Batismo? Como faço crescer esta fé que eu recebi e que o povo de Deus possui?
3. Outra pergunta. Qual é a lei do Povo de Deus? É a lei do amor, amor a Deus e amor ao próximo segundo o mandamento novo que nos deixou o Senhor (cfr Jo 13, 34). Um amor, porém, que não é estéril sentimentalismo ou algo vago, mas que é o reconhecer Deus como único Senhor da vida e, ao mesmo tempo, acolher o outro como verdadeiro irmão, superando divisões, rivalidades, incompreensões, egoísmos; as duas coisas andam juntas. Quanto caminho temos ainda a percorrer para viver concretamente esta nova lei, aquela do Espírito Santo que age em nós, aquela da caridade, do amor! Quando nós olhamos para os jornais ou para a televisão tantas guerras entre cristãos, mas como pode acontecer isso? Dentro do povo de Deus, quantas guerras! Nos bairros, nos locais de trabalho, quantas guerras por inveja, ciúmes! Mesmo na própria família, quantas guerras internas! Nós precisamos pedir ao Senhor que nos faça entender bem esta lei do amor. Quanto é belo amar-nos uns aos outros como verdadeiros irmãos. Como é belo! Façamos uma coisa hoje. Talvez todos tenhamos simpatias e antipatias; talvez tantos de nós estamos um pouco irritados com alguém; então digamos ao Senhor: Senhor, eu estou irritado com esta pessoa ou com esta; eu rezo ao Senhor por ele e por ela. Rezar por aqueles com os quais estamos irritados é um belo passo nesta lei do amor. Vamos fazer isso? Façamos isso hoje!
4. Que missão tem este povo? Aquela de levar ao mundo a esperança e a salvação de Deus: ser sinal do amor de Deus que chama todos à amizade com Ele; ser fermento que faz fermentar a massa, sal que dá o sabor e que preserva da corrupção, ser uma luz que ilumina. Ao nosso redor, basta abrir um jornal – como disse – e vemos que a presença do mal existe, o Diabo age. Mas gostaria de dizer em voz alta: Deus é mais forte! Vocês acreditam nisso: que Deus é mais forte? Mas o digamos juntos, digamos juntos todos: Deus é mais forte! E sabem por que é mais forte? Porque Ele é o Senhor, o único Senhor. E gostaria de acrescentar que a realidade às vezes escura, marcada pelo mal, pode mudar, se nós primeiro levamos a luz do Evangelho sobretudo com a nossa vida. Se em um estádio, pensemos aqui em Roma no Olímpico, ou naquele de São Lourenço em Buenos Aires, em uma noite escura, uma pessoa acende uma luz, será apenas uma entrevista, mas se os outros setenta mil expectadores acendem cada um a própria luz, o estádio se ilumina.  Façamos que a nossa vida seja uma luz de Cristo; juntos levaremos a luz do Evangelho a toda a realidade.
5. Qual é a finalidade deste povo? A finalidade é o Reino de Deus, iniciado na terra pelo próprio Deus e que deve ser ampliado até a conclusão, até a segunda vinda de Cristo, vida nossa (cfr Lumen gentium, 9). A finalidade então é a comunhão plena com o Senhor, a familiaridade com o Senhor, entrar na sua própria vida divina, onde viveremos a alegria do seu amor sem medidas, uma alegria plena.
Queridos irmãos e irmãs, ser Igreja, ser Povo de Deus, segundo o grande desígnio do amor do Pai, quer dizer ser o fermento de Deus nesta nossa humanidade, quer dizer anunciar e levar a salvação de Deus neste nosso mundo, que muitas vezes está perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, que deem esperança, que deem novo vigor no caminho. A Igreja seja lugar da misericórdia e da esperança de Deus, onde cada um possa sentir-se acolhido, amado, perdoado, encorajado a viver segundo a vida boa do Evangelho. E para fazer o outro sentir-se acolhido, amado, perdoado, encorajado, a Igreja deve estar com as portas abertas, para que todos possam entrar. E nós devemos sair destas portas e anunciar o Evangelho.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

SOLENIDADE DO CORPO E SANGUE DE CRISTO – CORPUS CHRISTI


Quando Jesus Cristo sai para tomar sol?
Na Sagrada Festa de Corpus Christi!

Essa festa móvel da Igreja Católica celebra a presença de Cristo na Eucaristia. É sempre realizada na quinta-feira seguinte aos domingo da Santíssima Trindade. Ela deixa para trás a saudade da Festa da Ascensão, o rescaldo das festanças do Divino e anima a todos: Cristo está no meio de nós, na Eucaristia. Esse mistério deve ganhar ruas e praças. Essa presença visível do pão da vida é exaltada publicamente.

O Corpo de Cristo, a hóstia consagrada, deixa a tranquilidade dos sacrários e cibórios, abandona a imobilidade das igrejas e a escuridão das capelas, santuários e catedrais. Ele percorre as ruas e praças, exposto numa custódia ou ostensório, cercado por uma multidão, brilhando ao sol ou abrigado da chuva por um pálio, um sobre véu portátil sustentado por varas. Caminha descuidadamente, dourando-se ao sol, sobre efêmeros e mágicos tapetes coloridos, obras de arte destinadas a voar e durar um dia.

Se essa rua, se essa rua fosse sua... O que você faria?


Mandava “tapetar”! 

Não podendo ladrilhar ruas com pedrinhas de brilhante, em muitas cidades portugueses e brasileiras, o costume católico é ornamentá-las na Festa de Corpus Christi com flores e desenhos para o grande e maior dos Amores passar. As ruas por onde passa a procissão de Corpus Christi são forradas com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa feitos de flores, serragem colorida, pó, cascas e grãos de café, bagaço de cana-de-açúcar, palha de arroz e diversos grãos. São verdadeiras obras de arte, efêmeras como o perfume e a beleza das flores. O costume, meio esquecido por uns tempos, tem ganhado força e participação. Cresce ano a ano.

Ornar a rua é absolutamente democrático e ocorre durante a noite e a madrugada anterior à procissão. As casas também recebem adornos, vasos de flores nas fachadas, belas toalhas rendadas e colchas decoradas são debruçadas nas janelas. Todos podem participar.

Assim como as celebrações dos ritos pascais e as festanças do Divino, a festa de Corpus Christi também atrai turistas e visitantes a diversas cidades brasileiras, além das históricas de Minas Gerais, como Matão, Guaranésia, Pirapora e tantas outras conhecidas e reconhecidas cada vez mais pela beleza dos felpudos tapetes mágicos com que ladrilham suas ruas e corações.

Qual a origem da Festa de Corpus Christi?

A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século XIII. A Igreja sentiu necessidade de realçar a presença real do Cristo no pão consagrado. A festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV, com a Bula Transiturus de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a festa da Santíssima trindade, que acontece no Domingo depois de Pentecostes. O decreto de Urbano IV teve pouca repercussão porque ele morreu em seguida. A celebração propagou-se por algumas Igrejas, como na Diocese de Colônia na Alemanha, onde Corpus Christi é celebrada desde antes de 1270. Seu ofício foi composto por São Tomás de Aquino. Porque a Eucaristia foi celebrada pela primeira vez na Quinta-feira Santa, Corpus Christi se celebra sempre neste dia da semana.

Fonte: 
Miranda, Evaristo Eduardo de. Guia de curiosidades Católicas. Pgs. 162-164. Petrópolis: Vozes, 2007.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Coordenação e Organização na Catequese


A organização na catequese supõe vários níveis de atuação, desde a menor das comunidades, a paróquia, o nível diocesano, regional até o nacional. Passa também pela necessidade de pequenas ações que ajudam a estruturar todo o trabalho, tornando a prática catequética racional e eficiente, deixando assim, espaço para que a Graça de Deus inspire os encontros e os agentes da pastoral de maneira que a administração não se torne um “peso” para as equipes.

Em relação a isso, o Diretório Nacional de Catequese dedica todo um capítulo ao Ministério da Coordenação e a organização da catequese, a partir do item 314 até o 330. O Diretório Geral para a Catequese (DGC) em seu item 272 afirma que: "A coordenação da catequese é uma tarefa importante no âmbito de uma Igreja particular. Ela pode ser considerada: no interior da própria catequese, entre as suas diversas formas, dirigidas às diferentes idades e ambientes sociais e; com referência aos laços que a catequese mantém com as outras formas do ministério da Palavra e com outras ações evangelizadoras”.

A coordenação da catequese não é um fato meramente estratégico, voltado para a eficácia da ação evangelizadora, mas possui uma dimensão teológica de fundo. A ação evangelizadora deve ser bem coordenada porque ela visa à unidade da fé, a qual, por sua vez, sustenta todas as ações da Igreja. Não se pode perder de vista que a função de coordenar tem em vista a realização do Projeto de Deus, o serviço a Deus, feito na alegria, na simplicidade, na humildade e entusiasmo. Segundo o DNC (320), “a organização da catequese necessita ser mais evangelizadora e pastoral do que institucional”.

Não podemos esquecer também que a organização da catequese na diocese tem como ponto de referência o Bispo e sua equipe de coordenação. A coordenação diocesana da catequese, formada por uma equipe (bispo, padres, diáconos, religiosos e catequistas), assume a direção das atividades realizadas na diocese (DGC 265; DNC 327 ,letras de a até p).

O coordenador da catequese deve sempre ser escolhido a partir de critérios como: experiência de vida cristã e comunitária, bom relacionamento com as pessoas, vida de espiritualidade e oração e uma sólida formação catequética. A partir daí é necessário pensar numa “equipe” de coordenação. Uma pessoa só jamais será capaz de assumir toda a responsabilidade da organização catequética. Esta equipe de coordenação precisa buscar atingir três processos:

a) Animação: criar condições para que todos participem do trabalho com seus esforços e conquistas. Animar significa “gerar vida”. Um coordenador desanimado influência negativamente sobre o grupo. Não se pede um otimismo alienante, mas uma sadia e cristã visão da realidade, tendo em vista a busca do melhor para a comunidade. Entusiasmado significa “cheio de Deus”.

b) Comunhão fraterna: incentivar o bom nível de relacionamento interpessoal no grupo de catequistas. A experiência de comunhão, torna-se sinal de conversão e caridade dentro da comunidade. Conviver com a diferença dos outros só traz enriquecimento, quando é partilhada de maneira construtiva e numa visão de fé.

c) Mobilização: “a união faz a força”, quando todos estão unidos pelo mesmo ideal, ainda que haja diferenças pessoais, toda a comunidade é mobilizada em prol dos objetivos a serem atingidos. Para que a comunidade se mobilize é necessário:

Organização: Planejar de forma participativa, com avaliações constantes e;
Articulação: Todos os níveis devem estar articulados e a coordenação deve orientar e supervisionar os trabalhos, sempre na linha da co-responsabilidade.
Interação: Busca de um bom relacionamento entre toda a equipe.

Algumas sugestões para a organização paroquial:

a) Em relação à “secretaria”:

- Manter os dados em dia: catequistas, catequizandos, turmas, dados da região, forania, Vicariato e da diocese;
- Organizar fichas para os catequistas, com informações importantes (data de nascimento, endereço, telefone, datas e/ou local de batismo, comunhão, crisma e matrimônio, se for o caso...)
- Ter um arquivo organizado dos catequizandos com dados pessoais, endereço da família, data de batismo, telefone de contato;
- Manter as fichas dos catequizandos atualiza com relação aos níveis (etapas) e tempo de catequese;
- Comunicar imediatamente a todos os catequistas, informações recebidas, através de documento, quadro de avisos ou caderno de anotações;
- Preencher e entregar as informações solicitadas pelas instancias superiores sempre que forem pedidas;
- Manter um quadro de avisos com informações úteis para a catequese, além do simpático mural de aniversariantes, mensagens, e outras criatividades que possam surgir.

b) Em relação ao grupo de catequistas:

- Formar uma equipe de coordenação em todos os níveis (etapas) e em todas as comunidades catequéticas;
- Animar o planejamento participativo, envolvendo todo o grupo de catequistas, sabendo ouvir críticas e sugestões e manifestando objetivos claros e bom conteúdo nas reuniões;
- Zelar pela formação do grupo, atingindo também os auxiliares e catequistas de outros núcleos, e não só da matriz;
- Visitar e/ou fazer reuniões em outras comunidades, evitando que tudo seja centralizado apenas na matriz. Há grupos que se sentem felizes em acolher os catequistas da comunidade. Que estes momentos sejam bem aproveitados.
- Realizar reuniões mensais com todos os tipos de catequese na paróquia, para assuntos gerais;
- Incentivar o grupo para que se reúna semanalmente para planejamento dos encontros;
- Cuidar para que cada grupo trabalhe com o material da diocese e a programação feita pela comunidade;
- Criar ambiente fraterno, alegre e responsável para que a convivência do grupo seja o maior testemunho de comunidade catequética;
- Apresentar os catequistas ao sacerdote e afirmar constantemente que a catequese deve ser feita em união com as diretrizes diocesanas e paroquiais;
- Incentivar a participação de todos nos eventos da comunidade, paróquia, região e diocese. Nunca deixar sua paróquia sem uma representação de catequistas.
- Buscar junto a comunidade e ao pároco que a comunidade custeie o estudo de alguns catequistas nas Escolas regionais e diocesanas;
- Incentivar os catequistas a buscar formação bíblica, litúrgica, espiritual;
- Promover encontros de lazer e momentos de oração.

c) Em relação à estrutura material:

- A catequese precisa ao menos de uma “salinha” para o mínimo de estrutura de suas atividades;
- Criar alternativas (rifas, festas, bingos,...) para que as comunidades possam adquirir o material didático necessário para o trabalho catequético onde as paróquias tem dificuldades de sustentação das pastorais;
- Atualizar o quadro de avisos da catequese, sempre que for necessário;
- Montar, uma “biblioteca da catequese”, com doações ou compra de material, para que os catequistas possam encontrar subsídios para seu trabalho pastoral;
- Criar materiais próprios da comunidade, aproveitando os talentos que Deus deu a pessoas da comunidade, mesmo que estas não sejam catequistas.

Concluindo

Organizar o trabalho catequético exige muita capacidade de abnegação e alegre doação . E um dos grandes instrumentos da equipe de coordenação deve ser o diálogo amigo, verdadeiro e fraterno. Caminhar para a unidade da comunidade, respeitando a diversidade, exige que evitem rótulos preconceituosos, que se busque em conjunto o Reino de Deus, ainda que por caminhos diferentes.

“Exercer o ministério da coordenação na catequese é gerar vida e criar relações fraternas. É promover o crescimento da pessoa, abrindo espaço para o diálogo, a partilha de vida, a ajuda aos que necessitam de presença, de incentivo e de compreensão. Esse ministério se alimenta na fonte da espiritualidade que decorre do seguimento de Jesus cristo. Não é uma função, mas uma MISSÃO que brota da vocação batismal de servir, de animar, de coordenar. Através da coordenação, o projeto de catequese avança, cria relações fraternas, promove a pessoa humana, a justiça e a solidariedade. A coordenação procure ser missionária, inserida na comunidade, formadora de atitudes evangélicas, comprometida com a caminhada da catequese e com as linhas orientadoras da diocese.” (DNC 316).


Fontes:
DGC - DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE. Congregação para o clero, 1997.
DNC – DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE.  Publicações da CNBB, Documento 84.  2006.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ser comunidade...


 O que é, afinal, ser comunidade?

Fui ao dicionário buscar as várias definições de comunidade. Desde a definição da Biologia que diz que comunidade é o conjunto de todos os organismos vivos, de todos os tipos, que habitam um dado ecossistema, até a simples definição de que comunidade é qualidade do que é comum; congregação, comunhão; agremiação; sociedade. E achei também uma definição muito “chique” de um escritor: “É uma aglomeração de pessoas relacionadas entre si, que contam com recursos físicos, de pessoas, de conhecimento, de vontade, de instituições, de tradições, etc.” Cheguei até a aprender também uma nova palavra: Biocenose, que é: O Conjunto de todas as populações (microorganismos, animais e vegetais) que coexistem em um determinado lugar (região) e que mantém relações entre si, isso quem diz é a ecologia. A sociologia define como o: Agrupamento que se caracteriza por forte coesão baseada no consenso espontâneo dos indivíduos. E a Política considera o Grupo social cujos membros ocupam uma área geopolítica determinada e compartilha interesses, valores e aspirações.

Não encontrei lá, no dicionário, nenhuma definição dada pela nossa Igreja ou pela religião. Lendo aqui e ali achei uma informação que diz que a palavra comunidade, referindo-se à religião ou a igrejas, surgiu nos Estados Unidos no movimento neo-pentecostal. Mais nada. Podemos claro, encontrar documentos preciosos como a Constituição Dogmática “Lumien Gentium” (LG) que trata sobre a Igreja e ensina que ela é “sinal e instrumento, da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano”. A Constituição pronuncia que a Igreja é o reino de Cristo sem, no entanto, referir-se a ela como comunidade.

Mas acho que não é bem isso que significa SER COMUNIDADE...

E eu digo que não é fácil ser comunidade. Muitas vezes, tratando-se de nossa igreja, eu não me sinto comunidade. Porque, para mim, ser comunidade está intrinsecamente ligado a ser Igreja. E essa Igreja é aquela com letra maiúscula. È a grande construção formada por pedras vivas e como diz tão poeticamente um dos nossos mestres catequetas, “ligados pela argamassa da catequese”. Ser comunidade para mim, é ser IGREJA! E ouso dizer que poucos de nós, conseguem ser de verdade.

Etimologicamente a palavra grega ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek que significa para fora e klesia que significa chamados. Se traduzirmos literalmente a palavra “Igreja”, veremos fica: “chamado para fora”, se referindo a sair do pecado e atender o chamado fazendo parte do grupo e servindo ao Senhor. Deste conceito podemos tirar que a Igreja deixa de ser uma simples instituição ou um objeto inanimado e passa a ser VIVA. Somos tirados do pecado para viver na Igreja, em comunidade, tendo um Pai em comum e um exemplo vivo, Cristo, cujo objetivo maior é lutar pelo bem comum de todos, como irmãos.
E aí eu me pergunto: Somos mesmos estes tijolinhos todos unidos, formando a verdadeira Igreja de Cristo?

Ângela Rocha

sábado, 21 de abril de 2012

Homilia do Domingo


3º. Domingo do Tempo Pascal

Os discípulos de Emaús voltaram para a comunidade e contaram à experiência que tiveram no caminho. Aqueles que tiveram o coração abrasado pela Palavra e que reconheceram o Senhor no partir do Pão estavam tão maravilhados, que não podiam deixar de contar aos seus amigos sua experiência. A Igreja faz isso há séculos: conta a história do passado, transmite o seu legado marcado pela experiência de fé de homens e mulheres. Mais do que isso: faz a memória do passado, atualiza a história da salvação, a presença do Cristo Ressuscitado.

Porém, o anúncio dos discípulos não foi suficiente. Mesmo a aparição do próprio Cristo não tirou todas as dúvidas do coração da comunidade reunida. O texto do Evangelho nos diz que estavam tão alegres que ainda não foram capazes de acreditar no que viam. No dizer popular: “era bom demais pra ser verdade!” Jesus deseja dissipar o medo, mas ainda encontra discípulos vacilantes, que tardam em acreditar. Mesmo diante dos sinais da vitória do Senhor, somos ainda tantas vezes tardos em crer.

A aparição de Jesus tem um aspecto pedagógico importante. O Senhor insiste sobre sua presença real: os discípulos podem o tocar e verificar que ele tem carne e osso, que pode comer peixe assado. Portanto, não é uma aparição fantasmagórica.

Esta insistência de Jesus mostra a continuidade entre o Ressuscitado e o Jesus humano. A ressurreição é uma nova realidade (Jesus não está condicionado ao tempo e ao espaço), mas o Ressuscitado é o mesmo Jesus que comia, bebia e conversava com sua comunidade de discípulos, o mesmo que morreu na cruz. Por isso, traz nas mãos e pés as marcas da crucifixão. Os pés surrados que calçavam rudes sandálias e que o levaram pelas estradas empoeiradas da Palestina. As mãos que tanto acolheram e mostraram o amor. Mãos e pés agora feridos por chagas estão presentes no corpo do Ressuscitado. Também nossas mãos deveriam ter as marcas do amor, e nossos pés os instrumentos dos passos de entrega.

A Páscoa é “junção” da vida, morte e ressurreição de Jesus. Este é o anúncio querigmático dos apóstolos: “Este Jesus que viveu entre nós, foi por nós condenado e morto, ressuscitou, está vivo!” A Igreja iria proclamar a totalidade do mistério. Seria um erro enfatizar apenas uma destas duas etapas da vida do Cristo. Por um lado, os discípulos poderiam ficar com saudade do Jesus que vivia com eles (em um dos relatos, Jesus pede que Maria Madalena não o detenha no seu retorno ao Pai). Por outro, poderiam ficar com a felicidade da ressurreição e esquecer-se de todas as ações e palavras de Jesus de Nazaré. Hoje se corre o risco de uma visão unilateral sobre Jesus. Muitos têm apenas o Cristo da Glória e vivem uma fé verticalista ou que se limita a uma experiência religiosa sem consequências na vida. Outros têm Jesus como um mestre, mas perderam a dimensão da fé naquele que venceu a morte e está conosco presente até o fim dos tempos.

Sem isolar alguma dimensão de Cristo, acreditamos que a vida de Deus encarnado se dá no cotidiano, na nossa inserção no mundo e no enfrentamento das cruzes do dia a dia. Por outro lado, temos a certeza de que a vida com suas contingências será superada pela vida nova oferecido pelo Senhor ressuscitado. Mas somente chegaremos à glória pela cruz. Assim, não existe vida e morte sem ressurreição, como não existe ressurreição sem a nossa história. A Palavra nos convida a viver a totalidade do mistério cristão, oferecendo nossa vida, enfrentando as lágrimas da existência, enquanto esperamos a vitória de toda dor e sofrimento.

Diante do mistério da cruz e ressurreição, não podemos ficar de braços cruzados. No final do discurso de Pedro, há um convite à conversão. A segunda leitura nos convida a romper com o pecado. Jesus, o Cristo, convida-nos a não termos medo. Que o Tempo da Páscoa nos traga vida nova de ressuscitados. Que vençamos as mortes diárias, que enchamos o mundo com a Ressurreição, com a vida de Deus.

Pe Roberto Nentwig

"Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força!"
(2Cor 12,9)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA



Doutrina Social da Igreja (DSI) é o conjunto dos ensinamentos contidos na doutrina da Igreja Católica e no magistério da Igreja Católica. Faz parte dela, numerosas encíclicas e pronunciamentos dos Papas e tem suas origens nos primórdios do cristianismo.  A DSI tem por finalidade fixar princípios, critérios e diretrizes gerais a respeito da organização social e política dos povos e das nações. É um convite a ação. A finalidade da doutrina social da Igreja é "levar os homens a corresponderem, com o auxílio também da reflexão racional e das ciências humanas, à sua vocação de construtores responsáveis da sociedade terrena" (Encíclica Sollicitudo rei socialis, de João Paulo II, publicada em 1987, pelo 20º aniversário da Populorum progressio).

Foi enriquecida pelos Padres da Igreja, teólogos e canonistas da idade média e pelos pensadores e filósofos católicos dos tempos modernos. "A doutrina social da Igreja se desenvolveu no século XIX  por ocasião do encontro do Evangelho com a sociedade industrial moderna, suas novas estruturas para a produção de bens de consumo, sua nova concepção da sociedade, do Estado e da autoridade, suas novas formas de trabalho e de propriedade" (CIC 2420). A Doutrina Social da Igreja considera que a "a norma fundamental do Estado deve ser a prossecução da justiça e que a finalidade de uma justa ordem social é garantir a cada um, no respeito ao princípio da subsidiariedade, a própria parte nos bens comuns." (Deus caritas est, 26-27)

Através de numerosos documentos e pronunciamentos, a Doutrina Social da Igreja aborda vários temas fundamentais, como a pessoa humana, sua dignidade, seus direitos  e suas liberdades, a família, sua vo­ca­ção e seus direitos, inserção e participação responsável de cada homem na vida social,  a promoção da paz, o sistema econômico e a iniciativa privada, o papel do Estado, o trabalho humano, a comunidade política, o bem comum e sua pro­mo­ç­ão, no respeito dos princípios da solidariedade e subsidiariedade,  o destino universal dos bens da natureza e cui­dado com a sua preservação e de­fe­sa do ambiente, o desenvolvimento in­tegral de cada pessoa e dos povos e o primado da justiça e da caridade. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja)

A existência da Doutrina Social da Igreja, no entanto, não implica a participação do clero na política, que é proibida pela Igreja, exceto em situações urgentes. Isto porque “a missão de melhorar e animar as realidades temporais, nomeadamente através da participação cívico-política, é destinada aos leigos” (CIC 2242). Logo, a hierarquia eclesiástica, não está aí para formar ou dirigir governos, nem para escolher regimes políticos; ela está para formar pessoas que consigam formar e dirigir governos nos quais a liberdade leve à genuína realização humana.
Em 1891, com a revolução industrial, o papa Leão XIII, sentindo a urgência dos novos tempos e das "coisas novas" promulgou a encíclica Rerum Novarum. A ela seguiu-se a encíclica Quadragesimo anno, de Pio XI em 1931. O beato papa João XXIII publicou, em 1961, a Mater et magistra e Paulo VI a encíclica Populorum Progressio, em 1967, e a carta apostólica Octagesima adveniens, em1971.João Paulo II, publicou três encíclicas:Laborens exercens (1981), Sollicitudo rei socialis (1987) e, finalmente Centesimus annus em 1991.

No entanto, a Doutrina Social da Igreja somente foi apresentada de modo sistematizado e orgânico em 2004 no Compêndio da Doutrina Social da Igreja, fruto de trabalho do Pontifício Conselho Justiça e Paz.

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja, é um dos documentos mais belos sem e falando de valores sociais, e  pode ser encontrado  neste link:


Fonte: Internet.

sábado, 24 de março de 2012

O grão de trigo...

“Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.” – (Jo 12,24)


Estas palavras de Jesus, muito mais eloqüentes do que um tratado, revelam o segredo da vida. Não existe alegria de Jesus que não seja fruto de uma dor abraçada. Não há ressurreição sem morte.

Aqui Jesus fala de si mesmo e explica o significado da sua existência. Faltam poucos dias para a sua morte. Será dolorosa, humilhante. Por que morrer, justamente Ele que se definiu “Eu sou a Vida”? Por que sofrer, Ele que é inocente? Por que ser caluniado, esbofeteado, escarnecido, pregado numa cruz, a morte mais desonrosa? E sobretudo por que Ele, que viveu na união constante com Deus, haveria de sentir-se abandonado pelo seu Pai? Também Ele sente medo da morte. No entanto, ela terá um sentido: a ressurreição.

Jesus tinha vindo para reunir os filhos de Deus dispersos, para derrubar toda e qualquer barreira que separa povos e pessoas, para irmanar os homens divididos entre si, para trazer a paz e construir a unidade. Mas havia um preço a ser pago: para atrair todos a si, Ele deveria ser levantado da terra, na cruz. Daí a parábola, a mais bonita de todo o Evangelho: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.” Aquele grão de trigo é Ele.

Neste tempo de Páscoa Ele se apresenta a nós do alto da cruz – seu martírio e sua glória – como sinal de amor extremo. Ali Ele doou tudo: aos carrascos, o perdão; ao ladrão, o Paraíso; a nós, sua mãe e o próprio corpo e sangue. Deu a sua vida até o ponto de gritar: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”.

Eu escrevia em 1944: “Sabes que Ele nos deu tudo? Que mais poderia dar-nos um Deus que, por amor, parece esquecer-se de que é Deus?” E deu-nos a possibilidade de nos tornarmos filhos de Deus: gerou um povo novo, uma nova criação.
 
No dia de Pentecostes o grão de trigo caído na terra e morto já florescia qual espiga fecunda: três mil pessoas de todos os povos e nações são transformadas “num só coração e numa só alma”. Depois são cinco mil, e depois… “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.”

Esta Palavra dá sentido também à nossa vida, ao nosso sofrimento, à nossa morte, quando ela chegar.

A fraternidade universal pela qual desejamos viver, a paz, a unidade que queremos construir ao nosso redor é um vago sonho, uma ilusão, se não estivermos dispostos a percorrer o mesmo caminho traçado pelo Mestre.
O que fez Ele para “produzir muito fruto”?
 
Compartilhou todo o nosso modo de ser. Assumiu sobre si os nossos sofrimentos. Conosco, Ele se fez trevas, melancolia, cansaço, contraste… Experimentou a traição, a solidão, a orfandade… Numa palavra: Ele “se fez um” conosco, carregando tudo aquilo que para nós era um peso.
 
Assim devemos fazer também nós. Enamorados deste Deus que se faz nosso “próximo”, temos um modo para demonstrar-lhe a nossa imensa gratidão pelo seu infinito amor: viver como Ele viveu. E a nossa chance está em nos tornarmos “próximos” de quem passa ao nosso lado na vida, estando dispostos a “nos fazermos um” com ele, a abraçar a dor de uma divisão, a partilhar um sofrimento, a resolver um problema, com um amor concreto que sabe servir.

Jesus no abandono se doou completamente. Na espiritualidade centralizada Nele, Jesus Ressuscitado deve resplandecer plenamente e a alegria deve testemunhar que isso é verdade.

Chiara Lubich

* Ver também VIDEO:  http://youtu.be/kTsVX-MHWUY  -A Caminho de Jerusalem

sábado, 3 de março de 2012

HOMILIA DO DOMINGO

2º. Domingo da Quaresma – B

A Quaresma e a Páscoa manifestam dois momentos da existência. Por um lado, enfrentamos a cruz, a dor, o drama, a renúncia, as lágrimas... De outro, temos a vida, a alegria, o gozo, a paz, a ressurreição. O Mistério Pascal é composto das realidades de morte e ressurreição, cruz e vida.

Abraão enfrentou a dor da renúncia, quando o Senhor pediu o sacrifício de seu filho amado e único. O Primogênito deveria ser consagrado a Deus, e Abraão levou isso a sério, não se opondo ao desejo divino. No momento crucial, Deus poupou a vida de Isaac e se alegrou pela fidelidade de seu servo. A dor de Abraão não é sem sentido, mas é sinal de fidelidade. Desta dor, nasce a vida. Também somos convidados a renunciar, em algumas ocasiões, aquilo que nos é precioso. Precisamos identificar que é o nosso Isaac. O Senhor o convida a oferecer alguma coisa a ele. O que? Deus fará a renúncia se transformar em alegria.

O sacrifício de Abraão prefigura o sacrifico divino. Deus ofereceu o seu próprio filho, ofereceu-se a si mesmo. Nas palavras de Paulo, se Deus é capaz de oferecer seu filho, como não nos daria tudo junto com ele? Deus deseja nos dar a vida.

No Tabor, Deus antecipa a sua ressurreição, concede um gostinho prévio do que espera os discípulos. Mas não deixa que fiquem sobre o monte, pois a cruz os espera. Por vezes, discursos romantizados falam da alegria de se fabricar tendas para que se usufrua das consolações divinas. No entanto, Jesus deixa claro que não quer tendas, pois estas simbolizam o imobilismo, o comodismo diante da vida e da missão. É preciso descer o Monte Tabor.

Na lógica do evangelho, não existe ressurreição sem cruz, mas não existe cruz sem a antecipação gratificante da transfiguração do Senhor. Poderíamos esperar o Deus das gratificações, do milagre, da prosperidade, a religião utilitarista afeita ao tempo de Pós Modernidade. Mas Deus nos quer seguidores capazes de enfrentar a cruz.

Porém, a cruz não deve ser uma busca do sofrimento em si mesmo. Deve ser a doação de nosso tempo, de nossos sentimentos, de nossos esforços, de nossa energia em função do bem, dos irmãos. A cruz torna-se possível pela graça. A transfiguração é o sinal do combustível que Deus nos concede para que a cruz não se torne um fardo pesado, mas um caminho para a vida verdadeira. A Quaresma é uma oportunidade para que Deus conceda este combustível que nos faz oferecer a vida. Mesmo diante das propagandas do valor da preservação de si mesmo como caminho para a felicidade, a Palavra de Deus é um apelo forte que nos conduz a fazer da vida um dom. Não construamos tendas que escondem a realidade, mas tenhamos a coragem de descer do monte para que o Mistério da Páscoa aconteça em nossa vida.

Pe. Roberto Nentwig

Um bom final de semana a todos!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pedagogia de Deus


Saber e Saber fazer, faz parte de nossa caminhada catequética. São processos que constroem o catequista. E nessa busca pelo saber, encontramos o alerta de que temos que nos apoiar nas ciências modernas (DNC 150 e 151). Uma delas a Pedagogia. Não a pedagogia tradicional descrita como “teoria da educação e da instrução” (Dic. Aurélio), mas a Pedagogia Catequética, que vai além, sendo, também, a “condução” de nossos catequizandos ao caminho da fé. “A pedagogia catequética tem uma originalidade específica, pois seu objetivo é ajudar as pessoas no caminho rumo à maturidade da fé, no amor e na esperança. (...) Para isso Deus se serve de pessoas, grupos, situações, acontecimentos...” (DNC 146).

A palavra Pedagogia tem origem grega, formada por: paidós (criança) e agogé (condução). No entanto, é preciso entender que, aplicada à catequese, ela vai além da mera condução da “criança”, palavra que descreve uma das etapas do crescimento do indivíduo. Ela conduz a “pessoa”, em qualquer idade cronológica.

Como princípio, temos a Pedagogia de Deus como modelo a seguir. Seguidas da pedagogia de Jesus, da ação do Espírito Santo e do modo de proceder da Igreja (DNC, capítulo quinto, inteiramente dedicado a Catequese como educação da fé). Mas o que é afinal essa pedagogia? Pois bem, a Pedagogia de Deus é proporcionar ao homem , encontrar-se, crescer e assim, conquistar a paz e o sentido de sua existência.  Deus dá todas as condições necessárias para que isto aconteça, através de Sua Palavra, por meio dos acontecimentos do cotidiano e das vivências do dia a dia. 

Para ilustrar melhor o conceito, encontramos nos itens 40 a 48 da Catequese Renovada – Orientações e Conteúdo – DOC 26 da CNBB, orientações a respeito da Pedagogia de Deus e sua revelação.

Deus se revela por meio de um processo, uma caminhada, não é uma coisa que acontece de uma vez só. Não porque Deus não quer comunicar-se por inteiro a nós. Deus é comunicação, Deus é amor, Ele está sempre junto de nós. Nós é que nos afastamos, somos nós que precisamos desse processo lento e permanente de Revelação, porque somos seres em construção.

Em outras palavras, a humanidade não está preparada par acolher a Deus plenamente, inteiramente. Muitos obstáculos nos separam de Deus, muitos pecados nos desviam.

Deus então, procura guiar a humanidade de volta ao caminho. Procura orientá-la, aproximá-la de Si. Torna-se para seu povo como um pai ou uma mãe que ensina à criança os caminhos da vida. Torna-se um mestre ou educador, que ensina aos alunos caminhos mais adiantados em busca da verdade e da felicidade. “Como um pai educa seu filho, assim Deus educa seu povo.” (Dt 8, 5)

Nos encontros de Deus com o seu povo e seus profetas, é possível reconhecer que Ele fala partindo de algo que os homens já conhecem, que pertence à experiência deles, e procura levá-los a descobrir e compreender algo novo do seu ser, do seu amor, da sua vontade. Ou ainda: Deus ilumina o seu povo e seus profetas para que compreendam o sentido da história que estão vivendo, dos acontecimentos que Deus quis ou permitiu.

Nesse sentido, a catequese, inspirada na pedagogia de Deus busca incentivar a participação ativa dos catequizandos na mudança da sociedade, com a missão permanente de inculturar-se buscando uma linguagem capaz de comunicar a Palavra de Deus e a Profissão de Fé da Igreja (Credo), conforme a realidade de cada pessoa. É preciso assumir as realidades humanas e iluminá-las com o Evangelho, a Boa Nova.

Nisso temos o exemplo de Jesus, o Verbo, que se fez carne, assumiu a natureza humana e a cultura de um povo conforme o seu tempo (EN 18 e 20).

Ângela Rocha

Fontes:

CNBB, Diretório Nacional de Catequese. Catequese como educação da fé. Pgs. 97-115. Brasília, Edições CNBB, 2006.

CNBB, Catequese Renovada – Orientações e Conteúdo. Pgs. 20-22. 39ª Ed. São Paulo, Paulinas, 2009.

Paulo PP VI, Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi. Roma, dezembro de 1975. Encontrada em:


PEDAGOGIA CATEQUÉTICA



Fonte: Blog do Manoel Xavier
http://deusnaminhafamilia.blogspot.com/2011/07/o-modo-de-proceder-de-deus-e-pedagogia.html